Crise, leis e teletrabalho

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Charge do Cazo

 

Num ambiente de incertezas e vacilos, a exemplo do que temos visto tanto na área econômica quanto política e mesmo no âmbito do judiciário, resta-nos esperar pelo desfecho geral que, necessariamente, virá no pós-pandemia e que, segundo previsões gerais, não será nada fácil. Até mesmo no politizado ambiente da saúde pública, tão urgente e necessário neste momento, governos federal e dos estados, além de não se entenderem sobre estratégias no combate ao Coronavírus, têm rendido trabalho extra para a polícia.

Nas diversas frentes abertas em investigações para apurar boa parte do paradeiro dos recursos destinados ao enfrentamento da doença, os milhões de reais vão sendo encontrados em cuecas, em adegas de vinhos caros, em carros de luxo, em casas de prostituição e outros ambientes insalubres, desaparecendo como que por magia, da noite para o dia. Nesse cenário, o Brasil, que espera os seus claudicantes administradores em 2021, será marcado por crises que vão muito além da imaginação e da capacidade de gestão desses personagens.

Com um cenário dessa natureza que vai se armando à frente, o perigo maior é ter que contar com esse time de pernas de pau, formado pelo escrete atual de nossas lideranças públicas. Interessante observar que o Brasil, que continua funcionando e que não parou um só instante durante essa pandemia, é formado apenas por cidadãos que vivem e trabalham longe da ação atabalhoada dos governos, sobrevivendo distantes das armadilhas e entraves político-administrativos inventados por burocratas que não têm o que fazer. Exemplo desse Brasil, que tem pressa em sair da melhor forma possível dessa pandemia, é composto por milhões de brasileiros que abraçaram e vão aperfeiçoando a cada dia o teletrabalho, mesmo às custas de longas jornadas, tudo para que o país não entre também em compasso de espera. A necessidade, diz ditado antigo de Portugal, faz o sapo pular, é mãe da invenção e da indústria, faz a razão e ensina a rezar, além de, em momentos de crise, fazer as leis e aguçar o engenho.

Com tudo isso é que tem sido possível o processo de continuidade e o girar tanto da máquina pública quanto de outras múltiplas atividades laborais. Por isso, vem causando preocupação o anúncio feito, agora, de que políticos, em consonância com os parasitas sindicais, estão estudando a criação de um conjunto de leis regulamentando o teletrabalho, estabelecendo normas que precisam ser observadas por patrões e empregados no exercício do home office.

Embora não se descarte a necessidade de estabelecimento de critérios justos para a realização do teletrabalho, o perigo é, mais uma vez, a burocracia Kafkiana ressurgir na forma de exigências que atendam políticos do governo e sindicalistas ligados a partidos, todos desejosos em criar normas que tragam benefícios não ao trabalhador, mas a si próprios. O mais danoso seria estabelecer diretrizes legais rígidas para uma experiência totalmente nova e revolucionária como o trazido pelo home office, em plena pandemia e na proximidade de novas eleições, longe do olhar dos trabalhadores.

O perigo com a criação de normas mal feitas, costuradas de forma apressada e sem consulta ampla, é que elas podem não apenas desestimular e acabar com o teletrabalho, como deixar milhões de novos desempregados, tudo em nome de um Estado que sempre se prestou a beneficiar o andar superior.

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Não existe dignidade no trabalho quando nosso trabalho não é aceito livremente.”

Albert Camus, jornalista, escritor, dramaturgo e filósofo francês nascido na Argélia

Albert Camus. Foto: wikipedia.org

 

Trem bom!

Parcerias com o Ministério da Infraestrutura compartilham conhecimento em cursos que vão até novembro. “O Governo Federal está iniciando, a partir desse acordo, tratativas para propor novas políticas públicas que irão viabilizar o transporte ferroviário de passageiros. Acredito que, com essa capacitação, teremos grandes avanços técnicos para o segmento e conseguiremos consolidar e potencializar o turismo e a economia do país”, afirmou o secretário da SNTT, Marcello Costa.

Marcello Costa. Foto: Alberto Ruy/Aescom.

 

Ilegal/legal

Mais uma regularização que deixa a população da região de cabelo em pé. Dessa vez é a bela região da Vargem Bonita. Segue a 1ª etapa que consiste em verificar se a área está localizada em acordo com o PDOT no que diz respeito à área passível de regularização.

 

Defenda-se

Centenas de alunos que tinham, no Complexo Esportivo Claudio Coutinho, DEFER, a oportunidade de desenvolver aptidões no desporto, até competindo nacionalmente em salto ornamental, natação, karatê, estão desolados com a ordem da saída do local, depois da parceria Arena BSB.

Foto: Renato Alves / Agência Brasília

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

No supermercado da Asa Norte a carne chega somente às 15 horas. Pela manhã, não há. Outro dia o açougue funcionou só até 18 horas, porque não havia luz. Assim, se vive na Asa Norte. (Publicado em 19/01/1962)

Retrato de um mundo pós-pandemia

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Foto: filadendron via Getty Images

 

Na visão daqueles que têm como função refletir sobre a existência humana sobre o planeta, tanto os filósofos pessimistas, quanto os mais realistas acreditam que o denominador comum do mundo pós-pandemia será o caos. Se formos nos ater à teoria que indica que o caos seria um fenômeno que precede a ordem e é necessário para eternizar o ciclo da própria vida, estamos no limiar de novos e incertos tempos, o que seria uma marca registrada do próprio século XXI, que teve início, de fato, com a derrubada das Torres Gêmeas, em Nova Iorque, em 11 de setembro de 2001.

De lá para cá, o mundo vem num processo de transformação acelerado, que parece ter seu apogeu agora, com a paralisação global imposta por uma pandemia jamais vista e cujas consequências ainda não sabemos quais serão. Para alguns cientistas, mais ligados às áreas de epidemiologia e infectologia, o fenômeno da virose, que ainda se alastra em várias partes do mundo, pode durar vários anos, modificando, em vários aspectos, a vida em sociedade tal como conhecíamos até então.

Como na letra da música que diz, “nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia…”, possivelmente estamos assistindo o parto dolorido de um novo mundo, mas, para isso, será preciso que o velho ceda lugar ao que vem pela frente. Para os historiadores, não há surpresas nesse fenômeno, o mundo existe entre uma sístole e uma diástole e isso não pode ser alterado, faz parte da roda gigantesca que move todos. Para alguns gurus da economia, estamos no preâmbulo final do que seria o capitalismo tradicional, com a instalação de uma nova ordem, talvez mais centrada em aspectos como a igualdade, o compartilhamento, a reciclagem, o reaproveitamento, a redução do consumo e outras formas de produção que, ao menos, minore o processo de esgotamento dos recursos naturais.

Nesse ponto, estamos sendo como que empurrados, ladeira abaixo, a mudar de comportamento, pelo próprio planeta Terra, por conta de um processo de rápidas mudanças climáticas, provocadas pela ação deletéria e egoísta da humanidade. Nesse processo de mudanças gerais, até mesmo as grandes cidades sentirão os efeitos de uma nova época, sendo esvaziadas, com a possibilidade de um retorno das pessoas aos campos e à uma vida mais comunitária. Não se trata aqui de previsões feitas numa bola de cristal, anunciando um novo e regenerado mundo.

O que parece vir pela frente não deixa alternativas. Para alguns cientistas políticos, nessas mudanças, até mesmo o grande Leviatã, representado pelo Estado onipresente e opressor, perderá muito de seu antigo prestígio, assim como boa parte da classe política e dirigente atual, que, aliás, já vinha tendo muito de seu prestígio posto por terra, em muitas partes do mundo ocidental. A descrença no Estado, na classe política, no capitalismo talvez sejam as mudanças que mais se farão sentir doravante, com reflexos ainda incertos para todos.

Vivemos o que filósofos, como o italiano Franco Berardi, chamam de “epidemia de solidão”. É na solidão que o homem é capaz de refletir plenamente sobre si. Para Bernardi, o vírus produziu, no corpo estressado da humanidade, uma espécie de fixação psicótica, que foi capaz de deter o funcionamento abstrato da economia. Para esse filósofo e professor da Academia de Brera, em Milão, autor de livros como “Futurabilidade”, “Fenomenologia do Fim”, “Fábrica da Infelicidade” e outros, o isolamento social, forçado pela pandemia do Covid-19, levou, como há milhares de anos vem acontecendo, a humanidade, na figura dos filósofos, a compreender, conceber e organizar o pensamento coletivo.

Essa é, para os que pensam o mundo, uma grande possibilidade de transformar tais fenômenos em conceitos que irão iluminar novos caminhos. Na sua avaliação, é preciso, antes de tudo, acreditar que existe uma saída ética, política e científica da atual crise, que poderá ser gerada pela própria imaginação filosófica. Ou é isso ou será a barbárie e a extinção, como muitos pregam por aí. Talvez o imprevisto subverta os planos do inevitável.

Para ele, a missão da filosofia é imaginar o imprevisível, produzi-lo, provocá-lo e organizá-lo. Mas é no campo econômico onde o filósofo enxerga as mudanças mais profundas, com um possível colapso do que chama de “nós estruturais”, com consequências sérias para a demanda, para o consumo, e com um período de deflação pela frente de longo prazo, o que , por sua vez, provocará uma crise também na produção, com reflexos diretos no desemprego.

Segundo acredita, mais do que uma simples depressão, poderá haver o fim do modelo capitalista, com a implosão de uma série de conceitos e estruturas que mantêm as sociedades unidas. Isso não quer dizer que haverá, ainda, por um certo período, um grande fortalecimento das empresas digitais, o que poderá estimular um certo controle tecno-totalitário por partes de alguns governos.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre toda a vida”

Sêneca, filósofo estoico e um dos mais célebres advogados, escritores e intelectuais do Império Romano. (Wikipedia)

Sêneca. Imagem: reprodução da internet

 

Boa notícia

Guardem esses nomes com carinho: Luiza Kimura Cardoso de Oliveira, Julia Oliveira Coelho, Eduardo Augusto Ramalho Duarte, Mariana Carvalho Delamagna, Luíza Gadelha, Tales Maier Flores. Mal entraram na universidade, arregaçaram as mangas para ajudar a garotada que não teve a mesma oportunidade de um bom ensino. No Colégio João Paulo II, material de estudo está sendo distribuído gratuitamente. Veja, a seguir, alguns vídeos publicados sobre essa iniciativa digna de ser imitada pelos nossos governantes.

Link no Instagram: #diadovoluntariado

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Se há um Setor em Brasília que não merece ser multado é aquele. São industriais que acreditam em Brasília, construíram, montaram, em muitos casos, maquinaria custosíssima, e hoje não tem a mínima assistência dos poderes públicos, a não ser na hora do imposto ou da multa. (Publicado em 14/01/1962)

A Polêmica do compartilhamento dinâmico de espectro introduzido pela 5G

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Foto: Albert Gea/Reuters

 

Como repetia o filósofo de Mondubim, em certas circunstâncias, “há males que vêm para o bem”, isso se forem bem absorvidos o que eles possam produzir em ensinamentos. Vale até lembrar frase infeliz proferida pelo ex-presidente Lula, ao afirmar em entrevista recente: “Ainda bem que o monstro do coronavírus surgiu”. Deixando de lado as sandices habituais do ex-presidente, para quem vale a máxima do “quanto pior, melhor”, o fato de a pandemia do Covid-19 ter deixado suspensas muitas iniciativas de interesse da população tem servido para que, ao menos, tenha uma pausa, forçada e necessária, o caso da polêmica discussão sobre a implantação da nova tecnologia de comunicação 5G, para uma melhor reflexão de todos sobre um tema ainda tão cheio de sombras e presságios.

De fato, a questão do chamado Compartilhamento Dinâmico de Espectro (DSS, em inglês), trazido pela nova tecnologia 5G, precisa, ainda, antes de ser adotado em nosso país, ser estudado com extrema cautela, pois, por detrás dessa novidade de conexão super-rápida, escondem-se armadilhas que necessitam ser previamente esclarecidas e desarmadas.

Com a pandemia provocada pela virose do Covid-19, vinda supostamente direto da China, surgiram, em todo o mundo, muitas interrogações sobre a possibilidade de o governo ditatorial daquele país estar organizando, por meio dessa nova tecnologia desenvolvida pela gigante local Huawei, um conjunto de estratégias e táticas geopolíticas que dariam ao Partido Comunista Chinês, que controla o país com mão de ferro, acesso ilimitado a dados pessoais de praticamente todos os cidadãos do planeta.

Não é pouca coisa e, se isso for verdadeiro, trata-se de uma estratégia global de dominação que seguiria os passos deixados após a invasão dos produtos chineses em todos os mercados do globo. Mais do que uma estratégia de marketing, visando aumentar lucros, o que é normal no mundo do comércio, a estratégia montada pelo PCC estaria associada a uma estratégia muito maior de dominação do resto do mundo, conforme programado pelo estatuto do próprio partido.

Para alguns analistas do tema, trata-se de uma guerra pela soberania cibernética que está em andamento e cujos movimentos são feitos com a tradicional paciência e tenacidade dos chineses. Teoria da conspiração ou não, o fato é que países que levam a sério a questão de segurança de seus dados estratégicos e dos dados das suas populações já resolveram impedir a expansão da tecnologia 5G, montada pela multinacional Huawei em seus territórios.

Estados Unidos, Grã Bretanha, Austrália, Japão e outros países desenvolvidos, simplesmente, têm impedido a implantação do DSS pela Huawei. É preciso lembrar que, dentro da própria China, o governo determina que as empresas que operam dentro do seu território devem armazenar seus dados e torná-los acessíveis às autoridades locais, sob pena de prisão.

No caso do Brasil, onde a tecnologia 5G está sendo lançada neste momento, em algumas poucas localidades de São Paulo e Rio de Janeiro, o risco de avançarmos com essa armadilha, com os olhos vendados, por supostas vantagens econômicas imediatas, é imenso, dado o que já sabemos sobre a fraqueza de nossa classe política ao dinheiro.

Aquartelada em casa, a população precisa se posicionar, pressionando as lideranças políticas para que esse tema não avance sem um aval majoritário e consciente de todos os brasileiros.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Há tantas imparcialidades quantos os autores, e jamais foi possível por de acordo dois críticos imparciais sobre um mesmo assunto, quer ele seja a virtude de Lucrécia Bórgia ou o gênio de Napoleão.”

Carlos Malheiro Dias, jornalista, cronista, romancista, contista, político e historiador português.

Carlos Malheiro Dias. Foto: wikipedia.org

 

Quarentena

Para matar a saudade dos tempos dos selos, nossa leitora foi aos Correios levar uma encomenda e uma cartinha para as netas que moram em Connecticut. Voltou para a casa com a encomenda nas mãos. Nenhuma correspondência para os E.U.A. tem sido recebida pelos Correios.

Foto: L.C. Leite/Folhapress

 

Sem titubear

Uma iniciativa honesta e surpreendente. A academia Smart Fit, conhecida na cidade pelos preços atrativos, em posse das fichas dos clientes, durante a pandemia, cancelou automaticamente a matrícula dos frequentadores com mais de 60 anos.

 

Sem pudor

Por outro lado, escolas infantis, que cobram o valor de uma mensalidade do curso de medicina para crianças de 4 anos de idade brincarem, ameaçam os pais, que querem trancar a matrícula em tempos de pandemia. Invocam a Lei nº 12.796/2013, que estabelece a idade escolar para a educação infantil.

Foto: Arquivo Pessoal/Washington Luiz (correiobraziliense.com)

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Outra reivindicação do SIA: água. O uso de bombas e poços artesianos é uma emergência, e deveria ter existindo somente ao tempo da fundação da cidade. (Publicado em 12/01/1962)

Lições de casa

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Imagem: negocios.empresaspioneiras.com

 

         Fosse colocado na balança das experimentações da humanidade, o ano de 2020 teria o mesmo peso e o significado de outros períodos de extrema aflição, experimentados pela humanidade, como aqueles que marcaram as Primeira e Segunda Guerras Mundiais, ou mesmo os atentados terroristas às Torres Gêmeas, nos Estados Unidos, em novembro de 2001.

         Na realidade, o século XXI foi descortinado com a mau augúrio dos atentados terroristas em todo o mundo, sinalizando, a todos, que esse seria um tempo que não passaria em branco. Vivemos essas primeiras duas décadas em sobressaltos. Tratam-se aqui de tempos para serem varridos da memória pelo simples fato de que nos recordam, a todo o instante, a extrema fragilidade e  fluidez de nossas vidas.

         Para os filósofos e os pensadores da condição humana, são tempos férteis e cheios de aprendizados e, quem sabe, de novas perspectivas, aceleradas pela imposição de um isolamento social que tornou até as mais febris e movimentadas cidades do planeta, em lugares fantasmas, habitados apenas pela memória. Neste exato instante, em muitos cantos do planeta, pessoas das mais diversas especializações estão debruçadas, refletindo sobre mais essa encruzilhada em que se depara a espécie humana, buscando compreender que alternativas seriam viáveis e seguras para uma mudança de rumo.

         Por certo, para o bem ou para o mal, todos aqueles, que buscam respostas para o acontecido em 2020, concordam num ponto: nada será como antes. De antemão, temos como prioridade não morrermos acometidos pela virose traiçoeira. No contexto em que nos encontramos, temos algumas esperanças de que a espécie humana possa reavaliar seu papel sobre o planeta. Aos olhos de alguns economistas, alguns sistemas que vínhamos experimentando terão suas rotas alteradas. A começar pelo sistema capitalista e sua variante: a globalização.

          Não é certo, ainda, pensar a pandemia como resultado extremo do próprio capitalismo. Tampouco é sabido se a pandemia virá para enterrar esse sistema e inaugurar outro, com a face mais humana. O que se sabe é que depois da peste negra ou peste bubônica, entre os anos 1347 e 1351, quando 200 milhões de pessoas, na Europa e Ásia, pereceram, o sistema feudal, predominante naquelas regiões, deixou de existir, cedendo lugar ao capitalismo comercial.

         Também naquela ocasião, acredita-se, a peste teria viajado através da rota da seda, desde o Oriente, atingindo a Europa, a partir também da Itália, tal qual ocorreu com a Covid-19. Qualquer sistema, por maior e mais sofisticados que sejam seus mecanismos, tem seu ciclo. Com o capitalismo parece não ser diferente. No plano íntimo de cada um de nós, há ainda mudanças que se anunciam necessárias, mas que ainda não vislumbramos bem. As pessoas e as famílias estão sendo postas a provas duríssimas e isso, de certo, provocará reflexões, o que, por sua vez, abrirá portas para transformações.

          Temos claro que é impossível pensar em mudanças do sistema, seja ele qual for, sem mudanças nos indivíduos. Os sistemas refletem quem somos, gostemos ou não da premissa. Pouco antes da eclosão da pandemia, vivíamos o dilema do aquecimento global e ele ainda está ocorrendo. Esse fator externo também contribuirá para mudanças tanto no comportamento íntimo de cada um, quanto terá seus reflexos no sistema capitalista, principalmente em quesitos como o consumo e a distribuição de renda.

         Um fator vinculado à pandemia, e que não pode ser ignorado, é o aumento sensível da pobreza e de pessoas em situação de risco. O ultra liberalismo e o hiper capitalismo, seus princípios éticos, parecem estar com os dias contados. Coube à China comunista, controlada por uma ditadura burocrática e insensível, mostrar ao mundo os horrores do capitalismo levado ao extremo.

         A pandemia serviu, entre outras mil lições, para demonstrar o quanto pode ser nocivo à humanidade aparelhar, politicamente, órgãos das Nações Unidas, como a OMS. Aqui no Brasil, também as lições trazidas pela crise são inúmeras e deverão ser adotadas. A começar por uma mudança de rumos no próprio governo. O capitalismo industrial e poluidor terá que ceder espaço, cada vez maior, a um tipo de construção de riqueza que não agrida o meio ambiente e, sobretudo, o próprio homem. São lições de casa que, entre outras mil, haveremos de fazer, literalmente, em casa.

 

A frase que foi pronunciada:

“Pode-se morrer mais do que uma vez. A sepultura é que é só uma, para cada homem.”

Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco foi um escritor português, romancista, cronista, crítico, dramaturgo, historiador, poeta e tradutor. Foi ainda o 1.º Visconde de Correia Botelho, título concedido pelo rei D. Luís. (Wikipedia)

Camilo Castelo Branco. Foto: wikipedia.org

 

Solidariedade

Pelo Instagram, Ivan Mattos convida a comunidade de Brasília a conhecer seu trabalho em parceria com outros fotógrafos.  Veja, na página Fotografias Solidárias, como você poderá ajudar a Casa de Ismael, que está precisando demais do apoio de todos.

Publicação feita no perfil oficial do projeto Fotografias Solidárias no Instagram

 

Humano

Uma mensagem simpática do ex-governador Rodrigo Rollemberg, aos amigos, pelo WhatsApp. Coisa de quem cresceu na cidade e cativou muita gente. Veja no blog do Ari Cunha.

 

Leitor

Não é à toa que o Lago Norte tem tido aumento expressivo nos casos de dengue. A última casa da QL2, conjunto 8, acumula resto de obras no local, deixando os vizinhos em polvorosa. Isso há anos. Mas, até agora, nada foi feito, apesar das inúmeras reclamações.

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

As firmas instaladas ali são obrigadas a um sacrifício enorme, porque ficam completamente isoladas do resto da cidade. E um telefonema interurbano para ser completado, tem que ser no posto da W-3. (Publicado em 12/01/1962)

Rodin: um pensador do futuro

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Foto: culturagenial.com

 

Uma das mais famosas esculturas de todos os tempos, conhecida em todo o planeta, retrata um homem nu, sentado sobre uma rocha em posição de profunda meditação. De autoria do escultor francês, Auguste Rodin (1840-1917), a obra O Pensador foi finalizada em 1904 e desde então tem sido usada como referência na representação da condição humana, racional e eternamente colocada entre o pensamento abstrato e a ação concreta. A dualidade que está entre a pausa da meditação e o movimento da ação é a própria síntese da nossa espécie, presente em nossas vidas desde sempre. Com o isolamento social de mais de cem dias, imposto agora pela virose mortífera, estamos justamente experimentando a condição de pensar a vida, meditar sobre a possibilidade de uma futura e possível ação, enquanto vamos percebendo que, bem ou mal, a vida continua a correr do lado de fora de nossas casas e não espera por ninguém.

A ideia idílica de que a pandemia poderia atuar para lapidar nosso comportamento, agindo como um escultor sobre a rocha, aos poucos vai sendo deixada de lado. Permanecemos os mesmos ou talvez ainda mais ariscos e agressivos. O isolamento prolongado tem nos obrigado à reflexão e isso já é um grande avanço. Por anos, temos agido sem pensar. Não resta tempo, principalmente num mundo acelerado pelo comando das máquinas. Antropólogos e outros estudiosos, que analisam a trajetória humana sobre a Terra, apontam ser fundamental, à nossa evolução como espécie, o ato de pensar. Essa característica, própria dos humanos, facilitaria a vida num mundo geralmente hostil e aparentemente indiferente a todos os seres vivos e seus destinos.

Antes mesmo do isolamento nos apanhar de surpresa, assistíamos, a cada dia, a evolução da tecnologia e como essas novidades da ciência estavam modificando nossas vidas e nossos costumes. Uma dessas mudanças favorecidas pelas novas tecnologias e colocadas em prática pela obrigação do isolamento social foi o teletrabalho. Todos aqueles céticos, que acreditavam ser impossível transferir e deslocar o local de trabalho da repartição ou da empresa para dentro das residências, hoje se mostram convencidos de que essa é uma mudança que seguramente veio para ficar e mudar antigos hábitos.

Outra mudança que parece estar acontecendo em acelerado ritmo, bem debaixo de nossos narizes, é a substituição do papel moeda e da própria moeda como bem econômico de troca. Mesmo o dinheiro de plástico, representado pelos cartões de crédito e débito vão, aos poucos, também a outras formas de compra e venda. A pandemia, que obrigou ao fechamento de muitos comércios físicos favoreceu enormemente o comércio virtual e essa é também uma tendência que parece ter chegado mais cedo do que se esperava.

Economistas pelo mundo afora têm, durante esse período, voltado a mencionar a possibilidade, já discutida por séculos, de simplesmente erradicar o dinheiro e sua função básica, tal qual o conhecemos, da face da Terra. Trata-se, por enquanto, de uma utopia, mas que vem ganhando adeptos pelo planeta pelo simples fato: se existe essa possibilidade no mundo das ideias e da abstração, ou seja, do pensamento, é porque ela é viável num tempo ainda incerto. E é aí que voltamos ao Pensador de Rodin.

Muitos, nesse momento propício, colocam-se na posição de meditação sobre novos arranjos futuros para problemas que arrastamos desde que descemos das árvores. A utopia, ou sua significação de “não lugar”, já foi atingida pela interligação dos computadores em redes de internet. Estamos aqui e em todo o lugar ao mesmo tempo e em nenhum lugar também e tudo isso graças a faculdade de nos colocar na posição de eternos pensadores.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“As grandes revoluções do pensamento têm sempre os seus inspirados precursores, antes que o predestinado redentor esclareça os mais rebeldes entendimentos com a serena luz de um novo testamento da ciência.”

Latino Coelho, militar, escritor, jornalista e político português, formado em Engenharia Militar. (1825-1891)

 

Voz do consumidor

Depois de receber um requerimento assinado por mais de 150 médicos, Paulo Roberto Binicheski, promotor de Justiça de Defesa do Consumidor, está acompanhando uma situação estranha em hospitais públicos e particulares. Assista ao vídeo a seguir. Quando os profissionais indicam uma medicação para um tratamento preventivo do Covid-19 em pacientes mais vulneráveis, esses medicamentos não são disponibilizados na rede hospitalar pública ou privada. Outro assunto a ser investigado pela Promotoria é o comportamento dos Planos de Saúde: se o protocolo desses planos é atender os clientes com a máxima urgência ou com a infinita exigência de cumprimento burocrático. Ninguém melhor que a população para indicar pistas. Pena que não haja um canal interativo para isso.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Cabe aos moradores das quadras, que estão sendo gramadas, zelar pelo seu jardim, defender a conservação na paisagem e educar seus filhos para que não destrua a plantação. (Publicado em 11/01/1962)

A ciência como bússola

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Foto: Paul Yeung/Bloomberg (valor.globo.com)

 

Economistas daqui e d’além-mar são unânimes em reconhecer que, enquanto os efeitos do vírus forem minimamente sentidos, nas mais diferentes partes do planeta, não haverá meios para a recuperação plena dos mercados. Nem mesmo uma recuperação satisfatória que possa espantar o fantasma da depressão econômica e do desemprego em massa. A leve suspeita de uma possível segunda onda de infecção poderá afetar e prolongar a paralisação do comércio entre os países, num processo que, dentro de um mundo globalizado, acarretará efeitos em cadeia e, aparentemente, sem solução à vista.

Pelo menos, no mundo frio dos números, não existe motivo, por hora, para discussões e antagonismos entre os grupos políticos que defendem o fim do isolamento social e aqueles que querem o lockdown mais radical. A retomada da vida, nos padrões existentes antes da pandemia ainda é miragem, quer queiram ou não esses dois grupos, cujo os interesses não são de ordem humanitária. Resta a questão: como solucionar uma equação em que a soma entre qualquer valor e uma imponderável pandemia (x) resultará sempre numa expressão negativa? É na bifurcação dessa encruzilhada que políticos afoitos e economistas prudentes se separam.

Obviamente que os discursos de todo e qualquer ministro de finanças, por sua posição política, deverá ser afinada ao do chefe do Executivo. No caso brasileiro, esse distanciamento entre o discurso político e a realidade factual, representada por mais de 50 mil mortes, foi apaziguada, se assim se pode dizer, pela decisão da Suprema Corte que confirmou a independência dos estados em gerir problemas dessa natureza, dentro do espírito federativo. Claro que uma solução dessa natureza apenas aliviou partes das responsabilidades do governo federal, mas não resolveu a raiz do problema.

As suspensões parciais das atividades comerciais, industriais e financeiras, além de uma redução nas atividades da agroindústria, seguiram a uma paralisação nos campos da educação, da pesquisa, e esse é mais um problema a ser trazido para a equação do isolamento e que poderá apresentar seus resultados e efeitos somente quando a pandemia for página virada na história da humanidade. Ou seja, mesmo muitos anos depois de passados os efeitos do Covid-19, a humanidade ainda sentirá os efeitos dessa doença pelos rastros deletérios deixados.

A paralisação das atividades acadêmicas de ensino e pesquisa, mesmo se entendendo os danos potenciais que significam na destruição econômica de uma nação, não estão, também, sendo levados a sério pelas autoridades de todos os Poderes. Talvez esse desleixo se deva à própria perspectiva dos políticos, acostumados a delimitar o horizonte futuro pelas próximas eleições. Mas essa é uma questão por demais séria e complexa para ser entregue nas mãos de políticos ou deixadas ao sabor de debates do tipo ideológico.

O fato é que até mesmo a solução dessa equação, que opõe abertura e fechamento, vida e morte, só terá uma resolução satisfatória e definitiva depois de devidamente sopesada pelos cérebros que trabalham dentro dos princípios da ciência.

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Educação nunca foi despesa. Sempre foi investimento com retorno garantido.”

Sir. Arthur Lewis, economista da Universidade de Princeton.

Sir Arthur Lewis. Foto: wikipedia.org

 

Novidade

Hidrocefalia congênita recebe nova tecnologia para tratamento. O caso aconteceu com uma paciente de um ano e meio. A cirurgia experimental foi em Palmas.

Foto: Divulgação HGP

 

UnB

Tanto do Brasil quanto do exterior, pessoas físicas ou jurídicas podem contribuir para arrecadação de recursos que serão destinados a projetos no combate à Covid-19.

Cartaz: Secretaria de Comunicação da UnB

 

Jogos

Quem gosta de apostar na Lotofácil agora terá seis chances por semana. A Caixa aumentou também as dezenas de 18 para 20 números marcados.

Foto: Eduardo Ribeiro Jr./G1

 

Educação

Está quase pronta o vídeo conferência de capacitação pelo Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares. O evento é organizado pelo Ministério da Educação com profissionais do Paraná.

 

Cultura

Deu no DODF. Mais de 1.500 projetos foram admitidos pelo FAC e agora passam por seleção. O Fundo de Apoio à Cultura seleciona trabalhos para o “Prêmios Cultura Brasília 60”, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec), com a divulgação dos projetos classificados nesta, que é a primeira etapa. Das 1.588 inscrições, 1.575 foram admitidas para a próxima fase.

Foto: Luiza Garonce/G1

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Em toda a área entregue à administração da Asa Norte não há uma única invasão. (Publicado em 10/01/1962)

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Arte: Vice Brasil

 

Uma das questões mais importantes neste momento, e que vem sendo posta sobre a mesa de várias lideranças pelo mundo afora, diz respeito às relações de trabalho, de empregos e de como se darão os processos de geração de bens e serviços, tanto na prestação de serviços públicos quanto, e principalmente, na iniciativa privada, que é, na verdade, a grande produtora e o motor de geração de riquezas de um país.

Já vislumbram, em outras partes do planeta, menos por aqui, devido ao conjunto de crises paralelas, geradas artificialmente, a possibilidade de mudanças radicais que virão nas relações de trabalho em todos os níveis. Isso engloba também assuntos como a extinção de alguns modelos de serviços, bem como a criação de novos tipos, com mudanças que irão afetar ainda mais a especialização do trabalho, e que aqui eram pouco exploradas. É dado como certo, em muitos países, que o que pensamos hoje com relação à produção de bens e de serviços pode não ter acolhida certa num mundo pós-pandemia.

De previsível e certo, o que se espera, para imediatamente após a crise de saúde, é um aumento generalizado da pobreza em todo o mundo e, particularmente, em países com o nível de desenvolvimento do Brasil; isso inclui, obviamente, todo o continente sul-americano no entorno de nosso país. A questão ainda em suspense é saber até quando o mundo estará submetido a essa doença, o que inclui nessa questão, também, as dúvidas quanto ao que se anuncia como sendo uma verdade: que haja uma segunda onda de contaminação, o que muitos cientistas estão prevendo para acontecer em seguida.

Claro que, dentro de um quadro de mudanças na maneira de produzir, irá ter influência direta na forma do consumo. Pesquisadores são unânimes em reconhecer que não haverá a tão esperada normalidade, até que haja a disponibilidade de medicamentos absolutamente seguros.

Desde a pré-história, é sabido que os humanos só colocam a cabeça para fora da caverna quando estão certos de que o perigo externo já passou e isso não será diferente hoje. Há, nessas questões prementes, itens que podem complicar ainda mais todo o quadro, como é o caso do complexo e interligado sistema financeiro que possuímos hoje e que está por trás das economias em todo o mundo. Trata-se de um mecanismo delicado, assentado em algo frágil como papel e que terá, necessariamente, que buscar lastros reais para subsistir nos novos tempos.

À priori, o que os economistas estão de acordo é que é preciso, no momento, preservar empregos e renda. O estímulo à economia depende disso. Como em toda e qualquer crise do passado, as pessoas e os governos foram apanhados de surpresa. Do contrário, teriam diminuído as consequências desse e de outros contratempos do passado.

Assunto como o teletrabalho, anteriormente desprezado pelas autoridades como ferramenta de produção, encontra-se hoje em pleno avanço, no Brasil e em outros países, aplicado em todas as áreas, mostrando uma capacidade enorme e inusitada para a geração de bens e serviços, economizando e otimizando antigos modelos de produção.

O que não se pode mais descartar hoje, e que poderá significar um aprendizado histórico, é quanto à questão da plena saúde da população, não da parcela mais rica que pode contar com planos de saúde, mas, principalmente, das camadas com renda mais baixas e que representam hoje a grande massa de trabalhadores responsável pela movimentação do grosso da economia e que são a base de sustento do país.

Se mudanças vierem de fato para revolucionar a sociedade e o modo de produção e consumo, terão, obrigatoriamente, que começar por uma transformação profunda e eficaz em todo o sistema de saúde pública. Nesse setor, as mudanças terão que ser radicais, com uma supervalorização do SUS, o que englobaria o fortalecimento das universidades voltadas às ciências da saúde, das pesquisas, passando, inclusive, por um forte incremento das indústrias de produtos medicinais, sobretudos aqueles com suporte direto do Estado.

 

 

 

 

 

A frase que não foi pronunciada:

“Será que há alguma relação do ouro roubado no aeroporto de Guarulhos, em setembro de 2019, com a Covid-19?”

Filósofo de Mondubim, de onde estiver, com mania de perguntar. Como todos os filósofos devem fazer.

Imagem: Reprodução/ YouTube

 

Nada

Transeuntes na rodoviária estranharam um aparelho que capta a temperatura corporal e reconhece rostos sem máscaras. Curiosos viram que o equipamento é chinês, mas o secretário de Cidades, Fernando Leite, esclareceu que não custou nada para a cidade.

Foto: Lúcio Bernardo Jr. / Agência Brasília

 

Aporte

Nota legal liberada. Os resgates em dinheiro, em tempos de crise, serão maiores, segundo a Secretaria de Economia. O prazo para inscrever a conta corrente ou poupança para depósito vai até o dia 30 desse mês.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Os planos do Ipase para este ano incluem a construção de mais de trezentos apartamentos em Brasília. Os outros Institutos ainda não se pronunciaram quanto ao Distrito Federal. (Publicado em 09/01/1962)

Com a faca e a fofoca na mão

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Economia americana já sinaliza o forte impacto da crise provocada pela pandemia de coronavírus. Foto: Nick Oxford/Reuters (exame.abril.com)

 

Quando o tsunami da crise de pandemia ceder e baixar, é que vamos verificar que países e governos andaram fazendo a lição de casa, conforme o receituário da ciência médica, e quais outros que preferiram o caminho da improvisação e do amadorismo. E ainda: quais países obtiveram maiores resultados positivos, tanto na garantia de vidas de suas populações, como na estabilidade de suas economias.

Dificilmente a fórmula “menos falências e menos falecimentos” estará no cômputo das medidas adotadas pelos governos de todo o mundo. Seguramente, encontrarão melhores condições e prazos mais curtos de recuperação, aquelas nações que escolheram o difícil caminho do meio, encaminhando suas escolhas políticas internas entre os bens materiais, indicados no Produtos Interno Bruto e na saúde de sua gente. Por enquanto, esses são alguns dos indicadores que podem ser adiantados nesse momento e com certa segurança, em meio à vassoura da morte que segue varrendo nações inteiras para as valas comuns.

Outro indicativo de certeza é com relação ao patamar de desenvolvimento de cada país, que irá ter reflexos diretos na velocidade de recuperação de cada um. Por certo, os países abaixo da linha do Equador serão, mais uma vez, os mais penalizados. Outros que poderão estar em maus lençóis, depois da crise de saúde pública, serão aqueles países cuja a qualidade e transparência de suas máquinas governamentais continuem embaçadas pelo vapor tóxico de suas ideologias políticas. Nesse caso, é fácil adivinhar que países diferentes como a China, a Rússia, Coreia do Norte, Venezuela e outros, por suas características internas, poderão estar em piores situações, pelo simples fato de seus governos controlarem o fluxo de informação.

Essa é, sem dúvida, uma lição simples a ser colhida dessa crise e que pode ser resumida em uma nota máxima: transparência é saúde e vida. Dentre outras muitas conclusões certeiras que, de antemão, podem ser colhidas da atual quarentena mundial, uma vez sanado o problema em âmbito global, é que se poderá descobrir que papel e importância cada organismo supranacional – como a Organização das Nações Unidas (ONU), Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), Fundo Monetário Internacional (FMI), BRICs, Mercosul e muitos outros – teve nessa crise e se esses organismos ainda respondem de modo satisfatório às demandas em caso de calamidade em grande escala.

De certo que todas essas questões ganharão ainda mais relevância e efeitos dentro do Brasil e por uma razão até singela: em nosso país, a questão de saúde pública, representada pela pandemia, adquiriu um viés político muito marcante e até mais complicador de toda a questão, para além de seus aspectos de saúde e de estagnação de uma economia que ainda se esforçava para avançar.

A incapacidade política da grande maioria de nossas lideranças em agir corretamente, de acordo com as necessidades do momento, é, talvez, o traço mais marcante de nossa desorganização. O fato de persistirem ainda elementos de suspeitas de corrupção nos sobrepreços de equipamentos como hospitais de campanha, respiradores automáticos e muitos outros insumos de emergência denota e expõe, a nu, o grau de atraso do nosso Estado e de pequenez moral de nossos homens públicos.

Uma folheada nos últimos editoriais dos principais jornais internos e de todo o planeta, sobre a condução de nosso governo frente a essa crise, dá uma mostra clara de que o objetivo é desestabilizá-lo, custe o que custar.

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Nenhum governo pode ser firme por muito tempo sem uma oposição terrível.”

Disraely, escritor, político.

Benjamin Disraeli. Foto: wikipedia.org

 

Cultura

Fãs de Regina Duarte buscam telefones da Secretaria da Cultura para deixar mensagens de apoio, mas nenhum número que está no portal atende.

 

Coração bom

Por falar em Regina Duarte, ela deu um baile quando perguntaram a razão de não ter havido nenhuma manifestação da pasta quanto às mortes dos artistas nesses últimos dias. Respondeu com a candura de uma criança que ela se manifestou sim: às famílias que sentiam a dor da perda. Ligou para cada uma delas, dando os pêsames.

 

Arquivo secreto

Por que os países atingidos sofrem a Síndrome de Estocolmo em relação ao país culpado? O silêncio sobre esse assunto é ensurdecedor.

Foto: Greg Baker/AFP (gazetadopovo.com)

 

Questione sempre

Veja a seguir as ponderações de uma criança sobre a crise atual. Vale ver. Pense numa pandemia inteligente!

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Prossegue ativa, a campanha contra Brasília. Seus inimigos não dormem, e não reconhecem o trabalho que foi feito até hoje na Capital Federal. Desvalorizam a arrancada histórica e procuram esconder as grandes realizações. (Publicado em 06/01/1962)

Povo solitário

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Foto: Andre Penner/ap

 

Ao longo do período de quarentena, que tudo indica que será esticado sine die, por conta do aumento significativo no número de mortes nesses últimos dias, tempo haverá para que os analistas sérios, que existem em grande quantidade nesse país, principalmente fora do governo, possam extrair desses acontecimentos um grande e precioso número de lições que serão de grande valia para o futuro dos brasileiros e, quiçá, dos próximos governos.

A lição fundamental e que, à primeira vista, parece até uma questão primária é que, independentemente da situação de bonança nas finanças públicas e de estabilidade econômica interna e externamente, o Brasil tem que estar equipado e pronto para quaisquer eventualidades, seja ela uma guerra, um cataclisma ou o que for. A afirmação mal agourenta de um famoso jogador, de que copas do mundo não se fazem com hospitais, deve ser, doravante, tomada como uma lição básica às avessas, de forma que todos entendam que a salvação de uma nação passa bem longe da construção desses estádios de futebol.

Seria um exercício deveras complexo contabilizar todo o dinheiro público que, apenas nas últimas duas décadas, escoou pelo ralo da corrupção e da malversação de recursos. Por certo, seriam na ordem de centenas de bilhões de reais. Mas raciocínios dessa natureza não contam na contabilidade fria de mais de cinco mil mortos, até esse instante.

O destino, esse ser excêntrico, prega suas peças de modo sinistro. Estádios milionários e vazios ou transformados em hospitais de campanha, miram hospitais à míngua de recursos e superlotados de moribundos. É dessa contradição cruel que vamos retirando os tijolos para construção de nosso dia a dia improvisado. Não é dos ricos a culpa da miséria. Mas dos governos que, com a corrupção e o desdém aos que empreendem, viram as costas aos que vivem à mingua.

Uma outra lição valiosa que pode ser aprendida com a atual crise e, quem sabe, deverá ser usada apenas num futuro próximo, quando os governantes encararem as adversidades com o olhar de estadistas, dotados apenas de humanismo e sinceridade, é que mais do que gestores do dinheiro dos contribuintes, o país e sua gente necessitam de gestores de vidas.

Com o alcance avassalador e ainda desconhecido do vírus, as vítimas vão sendo transformadas em números estatísticos que crescem sem piedade, obrigando brasileiros a serem enterrados, lado a lado, em valas comuns, sem ao menos as condolências familiares e os rituais cristãos, transformando celebrações fúnebres e solenes num semear de mortos em terra árida.

E daí, se nenhuma colheita resultar dessa faina macabra? Importa, como se prega hoje, a pátria acima de todos, como terra que vai cobrindo a sete palmos os soldados desconhecidos dessa batalha inglória. Essa talvez seja a maior e mais preciosa de todas as lições extraídas dessa pandemia: estamos sós, irremediavelmente sós.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Nós os pobres, somos como o algarismo zero, que por si só nada vale e faz valer a cifra que a ele se junta – tanto mais quanto mais zeros lhe forem acrescentados.”

Mateo Alemán (1547-1614), escritor espanhol

Mateo Alemán (Imagem: reprodução da internet)

 

Sine

Parte da população que estava desempregada antes da chegada do coronavírus, está em situação delicada. O Sine que estava sempre cheio de esperança com a carteira de trabalho na mão, agora de portas fechadas, empurra uma classe, que prefere o trabalho a mesadas do governo, para a informalidade. Única forma de sobreviver, por enquanto.

Print: sine.com.br

 

Diga que fico

Ron DeSantis está de olho na população brasileira que mora em Miami. Com o descompasso do coronavírus lá e cá e a evolução do contágio, o conselho do governador é que quem não voltar agora fique pelo Brasil até a pandemia passar. Se for necessário, os voos do Brasil serão cancelados.

Ron DeSantis (Foto: clickorlando.com)

 

Fantoches

Mais uma da Organização Mundial da Saúde. Segundo a instituição, a imunidade conferida pela infecção ainda é questionável. Colocam dúvida até nos testes que estão sendo feitos. Aqui no Brasil, a bióloga da USP Natália Pasternak diz que o teste dar negativo não quer dizer nada. Fica difícil acreditar numa pandemia com tanta desinformação junta.

Foto: Christian Mang/Reuters

 

Fato grave

Muita calma nessa hora. Há algo de podre no reino da Dinamarca. A tentativa de assassinato ao presidente da República, Jair Bolsonaro, foi toda filmada. Movimentação em torno do alvo, depoimentos suspeitos anteriores ao fato, fuga para fora do Brasil de agentes suspeitos. A cortina do cenário está prestes a abrir depois do intervalo.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Antes mesmo de funcionar, a Creche Ana Paula já está sofrendo reformas. Eu bem que disse que aquele barraco não servia. (Publicado em 06/01/1962)

Ciência nunca foi bem ao Brasil

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Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

 

Historicamente, o Brasil sempre teve problemas, e até conflitos com dezenas de mortos, por conta de questões envolvendo, de um lado, o que prega a ciência e o que acredita a população, de acordo com suas crenças e superstições. Nessas disputas, tanto as autoridades do governo como os políticos, de forma geral, sempre extraíram desses desentendimentos todo o tipo de proveito possível para seus interesses próprios e de seus grupos. Essa contenda tem, em sua origem, de um lado e de outro, a pouca ou quase nenhuma bagagem cultural e intelectual dos envolvidos.

Cento e dezesseis anos já se passaram, e a Revolta da Vacina em 1904, na então capital do Brasil, Rio de Janeiro, é um exemplo desses desencontros entre os ditames da Ciência, as crendices populares e o oportunismo político, formando um amálgama que resultaria, naquela ocasião, em 30 mortos, quase mil presos, além de aproximadamente 500 indivíduos deportados para o Acre, o equivalente brasileiro ao Gulag.

No início daquele século, uma lei federal tornava compulsória a vacinação da população contra a varíola, ao mesmo tempo em que se iniciava um amplo movimento de reforma urbana que objetivava, entre outros pontos, sanear muitas áreas de cortiços e alagadiços, como forma de deter o avanço de doenças como a febre amarela e a peste bubônica, obras essas que tinham à frente o médico e cientista brasileiro Oswaldo Cruz.

Incitada por políticos e pelos próprios militares, a população se revoltou e, durante mais de uma semana, a antiga capital virou um palco de escaramuças que ameaçaram, inclusive, a República nascente. Vários escritores têm se dedicado ao estudo sobre os conflitos gerados no Brasil por conta de programas de vacinação e de outras questões que obrigavam a população a se render aos argumentos científicos.

Livros como a Poliomielite no Brasil de João Baptista Júnior; A Vacina Antivariólica, de Tania Maria Fernandes; Vacinas, Soros e Imunizações no Brasil, de Paulo Buss, José Temporão e Rocha Carvalheiro, além de muitos outros como a Virologia no Estado do Rio de janeiro, de Hermann e Mauroli. Passadas décadas desses episódios sangrentos no Rio de Janeiro, outro acontecimento, também surpreendente, opôs ciência e política, ou mais precisamente, ciência versus ditadura militar.

Em 1980, em pleno regime militar, outro fato deixaria clara nossas pendengas mal resolvidas com a Ciência. Desta vez envolvendo o médico e cientista Albert Sabin (1906-1993). Cientista renomado em todo mundo por seus trabalhos sobre pneumonia, câncer, dengue e encefalite, foi também o responsável pelo desenvolvimento da vacina da Pólio, doença altamente infecciosa aguda que leva à chamada paralisia infantil e que, no pós-guerra, vinha causando uma verdadeira pandemia. Graças à vacina desenvolvida por Sabin, que leva inclusive seu nome, a poliomielite foi praticamente erradicada de todo o mundo. Sabin renunciou aos direitos de patente de sua descoberta, afim de que esse medicamento se espalhasse por todo o planeta com mais facilidade. Ganhou, por essa e outras pesquisas, inúmeros prêmios pelo mundo afora, sendo reconhecido até hoje como um dos grandes nomes da medicina e das ciências.

Toda essa fama merecida não livrou o cientista de confusões aqui no Brasil. Convidado a vir ao Brasil em 1980, durante o governo Geisel, na condição de consultor especial do Ministério da Saúde como parte de uma ampla campanha de vacinação, naquela ocasião, o cientista, que era casado com uma brasileira, acabou se desentendendo com as autoridades em virtude das discrepâncias existentes nas estatísticas do IBGE sobre o número de vacina. Sabin duvidou desses dados, que para ele estavam supervalorizados, indicando uma cobertura de 97,7 por cento das crianças até cinco anos.

O cientista para quem o Brasil era sua segunda pátria, se dizia triste e desapontado, quando qualquer problema ameaçava a continuidade dos programas de vacinação. “Daria tudo que tenho para construir um centro de recepção ambulatorial para atendimento de crianças pobres. Infelizmente não disponho dessa quantia para ajudar”, disse em visita a Pernambuco em certa ocasião. Algumas autoridades, tanto de saúde como do próprio governo, incluindo, nessa ópera bufa, agentes do SNI, acusaram o cientista por suas reclamações sobre os erros nas estatísticas de vacinação de “persona, non grata”, considerando suas observações uma intromissão em assuntos internos.

Essa gafe monumental passou a compor mais um capítulo da infâmia de nossa história recente. Por esse tratamento, o cientista Albert Sabin resolveu abandonar o cargo de consultor que ocupava, não sem antes deixar claro que o governo militar no período entre 1969 a 1973 tinha manipulado todos os dados de vacinação, acusando o então ministro da saúde, Waldir Arcoverde, de grosseria e negligência do dever funcional, enredado que estava “numa burocracia nada confiável”. Por esses desencontros, o renomado cientista declarou que nunca mais viria ao Brasil.

Recentemente foi o que voltamos a assistir com os desentendimentos entre o Governo Bolsonaro, contrário à quarentena e a opinião dos médicos e cientistas quanto a necessidade de isolamento social para conter o coronavírus, numa repetição que confirma o descompasso secular que ainda persiste entre a Ciência e um Brasil atrasado e comandado por uma elite supersticiosa e autoritária.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Nenhum tônico é mais eficaz à saúde do espírito que a saúde do corpo. Uma enformatura de atleta tem de ordinário um rouxinol por alma.”

Fialho de Almeida, jornalista, escritor e tradutor pós-romântico português

Foto: facebook.com/acfialhodealmeida

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O pão em Brasília está caro, ruim e misturado, porque os proprietários de Padarias estão sendo vítimas dos seus fornecedores. (Publicado em 05/01/1962)