Abraço de afogados

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: AFP

 

São nos momentos de crise que devemos ouvir e refletir os conselhos transmitidos por aqueles que, por sua sabedoria e ética, sempre se apresentaram como verdadeiros luminares a clarear e indicar caminhos seguros para todos. Essa é uma das lições que todos os povos, em todo o tempo e lugar, sempre recorreram nas horas de aflição e que são atemporais, pelo poder que têm de esclarecer o passado, revisar o presente e, com isso, preparar o futuro.
Nesse sentido, tendo como fato relevante a situação política atual, fica mais do que evidente que devemos todos prestar atenção às vozes lúcidas que clamam nesse deserto de sensatez em que estamos perdidos. Ao afirmar, publicamente e de forma impensada, que doravante não mais acatará quaisquer ordens oriundas da mais alta Corte do país, o que o presidente da República fez, na prática — e, diga-se de passagem, que o levou, no passado, a ser afastado do Exército pelo mesmo motivo — foi implodir as pontes frágeis que conectavam os poderes Judiciário e Executivo, além de arrastar todo o país para uma crise institucional desnecessária e vã e que trará um conjunto de outros problemas graves que necessitam de solução urgente.
Para entender melhor que desdobramentos podem ocorrer dessa declaração inusitada e o que nos espera pela frente, nada mais útil do que escutar o que diz um dos mais renomados juristas desse país e antigo titular de direito penal da Universidade de São Paulo, Miguel Reale Júnior. Em entrevista dada à imprensa, o jurista fez uma espécie de balanço sobre os pronunciamentos do presidente no Sete de Setembro em Brasília e em São Paulo. Na sua avaliação, como resultado desses pronunciamentos, o que ficou estabelecido, de forma nítida, foi o início do estabelecimento de um marco separando, daqui para frente, as entidades políticas e a sociedade organizada, de um lado, e o bolsonarismo com seus seguidores, de outro.
Para ele, esses ataques vão se repetir cada vez com mais frequência, sobretudo tendo a figura do ministro Alexandre de Moraes como alvo, uma vez que é ele que conduz os processos de apuração sobre as fake news, o que coincide com a disposição do presidente de ter vetado justamente esse artigo na lei que estabelecia os crimes contra o Estado Democrático.
Entende Miguel Reale Júnior que, ao vetar o artigo sobre a divulgação das fake news, o presidente inviabilizou esse tipo de crime, ao mesmo tempo em que deu todas as condições para que essa prática prossiga, pelo menos até as próximas eleições. “Ele foi eleito ao lado da fake news, ele precisa da fake news para sobreviver politicamente e para mobilizar as redes sociais, por isso, ele vai continuar nessa senda. No Sete de Setembro, ele fez um discurso para si mesmo, o Brasil não existiu na fala dele, mesmo com todos os problemas graves que tem pela frente”, afirmou o jurista.
O conselho dado por Miguel Reale, tendo em vista que, por todas as demonstrações feitas até aqui, desde a posse, o presidente não demonstra vontade de parar com sua constante belicosidade. Mas Bolsonaro só irá até aonde o Centrão quiser levá-lo. Caso esse grupo político e interesseiro constate que não haverá vantagens eleitorais em colar sua imagem à do presidente e que a aliança representa um verdadeiro abraço de afogado, o atual chefe do Executivo será deixado suspenso no ar, seguro apenas pelo pincel, abandonado à própria sorte, para azar dos eleitores e de parte dos brasileiros que acreditaram em suas promessas.

 

A frase que não foi pronunciada:
“Quem protege verdadeiramente Constituição? O Executivo,  Legislativo ou o Judiciário?”

Dúvida de dona Dita

Charge do Mário

 

Educação
Ideia profícua do senador Confúcio Moura de promover uma audiência pública para discutir um estudo do Instituto Votorantim que relaciona dados socioeconômicos a taxas de letalidade pela Covid-19. A notícia é da Agência Senado.

Foto: Roque de Sá/Agência Senado

 

Vulneráveis
Por outro lado, uma subcomissão vai avaliar efeitos da pandemia na educação e estudar soluções para os estragos deixados, principalmente, para as famílias vulneráveis. O senador Flávio Arns deu uma entrevista a Rádio Senado sobre o assunto.

Ilustração: saladerecursos.com

 

Comunicação
O incêndio no Hospital Regional de Santa Maria mostra que as instituições públicas devem estar de plantão para informar a comunidade por meio das redes sociais. Familiares ficaram desesperados sem notícias oficiais.

 

Mais clareza
Um passeio pelo Reclame Aqui dá uma mostra da qualidade de atendimento do BRB.

 

História de Brasília
Diz claramente que só mudará quando estiver pronto o prédio, cujas plantas ainda estão em seu poder, e ainda não foram apresentadas ao Ministro San Thiago Dantas “por falta de oportunidade”. (Publicada em 08/02/1962)

Nossas casas se estendem para as ruas

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Foto: agenciabrasilia.df.gov

 

Nossos parques e jardins, aceitem ou não algumas pessoas, são a extensão verde e natural de nossas próprias casas, como se fossem nossos próprios quintais. Por tanto, é preciso de atenção e do cuidado que cada um de nós dispensamos às nossas plantas e áreas verdes. Esse é o grande segredo que faz com que os parques e jardins, nos países do chamado primeiro mundo, sejam tão aprazíveis e bem cuidados.

Nesses países, a população tem interesse real pela manutenção desses espaços de lazer e de amortecimento do stress, a poluição sonora e do ar provocado pelas grandes cidades. Os parques e jardins possuem uma importância que vão muito além do paisagismo bucólico. Trata-se de um refúgio necessário ao equilíbrio mental das pessoas que vivem nas metrópoles, colaborando não apenas com o conforto ambiental, mas com a própria estrutura interna das pessoas.

Essa é a razão da existência de parques e jardins em cada cidade do mundo. Na realidade, é quase impossível encontrar, neste planeta, uma cidade, por menor que seja, que não possua sua praça central arborizada e florida, como um cartão de boas-vindas e como ponto de encontro das pessoas. Os parques e jardins existem porque têm uma função muito específica e importante dentro do contexto das cidades.

Não foi por outra razão que o grande urbanista Lúcio Costa idealizou a nova capital do país como uma cidade-jardim coberta de verde e com amplos espaços. No projeto de construção de Brasília, as áreas verdes, misturadas aos parques e jardins, mereceram tão ou mais empenho e entusiasmo do urbanista do que outras áreas adjacentes. O resultado desse sonho do projetista está aí hoje para todos conferirem.

Não existe cidade no mundo onde as áreas verdes sejam tão extensas e variadas como em Brasília. E isso é um importante referencial e uma comprovação cabal de que essa foi uma cidade planejada para os cidadãos brasileiros do futuro. Aqueles que viveriam e habitariam dentro de um jardim. Com tanta importância dada pelos idealizadores da nova capital aos espaços verdes, como eixo fundamental da concepção da cidade, fica difícil entender por que alguns habitantes dessa cidade, normalmente aqueles que a conheceram depois de pronta, não têm dado a devida atenção e cuidado aos nossos jardins.

Fôssemos fazer um apanhado dos descasos que podemos observar, quer caminhando por entre as quadras, quer numa visita a qualquer um de nossos parques e jardins urbanos, por certo, os erros e crimes encheriam centenas de páginas. Não cuidamos como deveríamos cuidar dessa parte externa de nossas casas, que são as ruas, e nem nos preocupamos em cobrar das autoridades por sua conservação. Corremos o risco de passar a morar não cercados de jardins, mas, literalmente, dentro do mato, com sujeira por toda parte, perigos, insetos que matam como os carrapatos, o mosquito da dengue e da leishmaniose que, por sinal, matou tantos cachorros na cidade que resolveram não mais pontuar em mapas as regiões de maior incidência. Voltamos ao tempo das cavernas.

Os jardins demonstram o grau de civilismo e de educação de uma população. Para um visitante que vem de longe e verifica como estão descuidados nossos parques e jardins, sem proteção, sem pessoal especializado na manutenção dessas áreas, a impressão que fica, e isso é correto, é que somos exatamente assim dentro de nossas casas.

A frase que foi pronunciada:

Hoje, apesar da minha aposentadoria, ainda tenho, como minha mulher cunhou, o mesmo adultério explícito, que eu tinha com as áreas verdes de Brasília. Você acredita em um negócio desse? Passo nos cantos e vejo as coisas erradas. Não vou ligar lá e dar opinião, mas vejo esses jardins se acabando.”

Ozanan Coelho

Ozanan Correia Coelho de Alencar. Foto: Divulgação/Novacap

Inovador

Deu certo a ideia do Podemos de adotar o Compliance no diretório nacional para fortalecer o compromisso com transparência e integridade na administração dos recursos públicos.

Arte: podemos.org

FIM DO FORO

Por falar em Podemos, o partido luta pela PEC do Fim do Foro Privilegiado, engavetada na Câmara dos Deputados há mil dias. A presidente nacional do Podemos, Renata Abreu, declarou que a votação da matéria é uma obrigação para com os brasileiros para “libertar o Brasil de quem comete crimes e usa privilégios para ficar impunes. Será o começo de uma nova Justiça em que todos serão iguais perante a lei.”

Charge da Lane

Última hora

Para o representante do povo que pensa em seus eleitores, um impeachment do presidente Jair Bolsonaro está fora de cogitação. Os primeiros parlamentares que se manifestaram contra este assunto foram Álvaro Dias, Igor Timo e Renata Abreu. O objetivo real é pacificar o país e não piorar a vida dos desempregados e vulneráveis.

Manifestação a favor do governo Bolsonaro na Avenida Paulista                                  Foto: Cristyan Costa/Revista Oeste

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

A entrevista do Embaixador Antônio Cândido Câmara Conto, chefe do Departamento Administrativo do Itamarati, sôbre a mudança para Brasília, é uma chacota para com a cidade. (Publicada em 08/02/1962).

O Distrito Federal não é uma ilha

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Foto: brasil.gov.br

 

Com apenas 5.801,9Km², o Distrito Federal se apresenta como um pequeno quadrado instalado bem no coração da vasta região Centro-Oeste. Por isso, no nosso caso específico, vale o dito: geografia é destino e, também, fatalidade. O que vier a acontecer na região central do Brasil terá reflexos diretos em Brasília, ditando inclusive a sua viabilidade futura como capital. Dessa forma, fica mais do que evidente que os esforços no sentido de debelar, de modo satisfatório, a atual crise hídrica, tem, necessariamente, que ser estendidos a toda a região circundante, num esforço conjunto, persistente e de longo prazo. Sem isso, não há solução para o problema crescente de falta de água.
Ambientalistas brasileiros e internacionais, que bem entendem do problema, são unânimes em reconhecer que a região Centro-Oeste e, principalmente, todo o bioma cerrado estão na iminência de vir a se transformar, em pouco tempo, num grande e árido deserto por conta da ganância humana desmedida e inescrupulosa. Observando o que vem se passando, num raio de pouco mais de 500km em torno da capital, é possível, agora, ter uma ideia mais precisa dos seríssimos problemas que, há anos, vem ocorrendo e se acumulando em toda região, e que mesmo a despeito dos seguidos alertas feitos, não foram enfrentados de forma pronta e responsável pelas autoridades. Nos últimos anos, centenas de pequenos riachos e afluentes de rios caudalosos simplesmente deixaram de existir. O mesmo fenômeno vem acontecendo com nascentes e lagoas: a maioria está em avançado processo de desaparecimento.
O que ocorre na região Centro-Oeste se repete no restante do país. Dados divulgados pelo Observatório do Clima mostram que, no Brasil, as emissões de gases de efeito estufa aumentaram em 8,9% no ano passado e deverão seguir a mesma tendência este ano. É o nível mais alto desde 2008 e a maior elevação vista desde 2004. No ano passado o país emitiu 2,278 bilhões de toneladas brutas de gás carbônico equivalente (CO2e), o que coloca o Brasil como a sétimo maior poluidor do planeta. Pior é que esse aumento de poluição se deu em meio à maior recessão econômica da história do país, o que equivale a dizer o Brasil aumentou os índices de poluição sem gerar riqueza alguma para os brasileiros.
O aumento de poluição se deu, exclusivamente, por conta do desmatamento, de mudanças de uso da terra e em consequência das seguidas queimadas. “Temos, hoje, a pior manchete climática do planeta: aumento de emissões em razão de desenfreada destruição florestal e totalmente dissociado da economia. Não vai adiantar o governo e os ruralistas dizerem lá fora que o agro é pop; não vão convencer a comunidade internacional e os mercados de que está tudo bem por aqui”, diz Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima.
No caso da região Centro-Oeste, que nos interessa mais particularmente, estudos demonstram que, entre 2013 e 2015, 18.962km² de cerrado foram destruídos, o que equivale à perda de uma área equivalente à cidade de São Paulo a cada dois meses. Este ritmo de destruição torna o cerrado um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta. Todos os ambientalistas envolvidos com essa questão concordam que a expansão do agronegócio é a principal causa desse problema. “A exemplo de compromissos assumidos por empresas na Amazônia para eliminar o desmatamento de suas cadeias, é fundamental que um passo na mesma direção seja dado para o Cerrado, onde a situação do desmatamento é muito grave”, afirma Cristiane Mazzetti, especialista em desmatamento zero do Greenpeace Brasil.
Os cientistas lembram que o cerrado abriga as nascentes de oito das 12 regiões hidrográficas brasileiras e responde por um terço da biodiversidade do Brasil, com 44% de endemismo de plantas. Por outro lado, a redução desse bioma alterará os regimes de chuvas, impactando não só o agronegócio, mas a existência da própria capital do país. Essa situação é ainda mais calamitosa no Norte de Minas Gerais, que pode, em menos de duas décadas, se transformar em deserto, inviabilizando economicamente mais de um terço de todo o estado.
O desmatamento, a monocultura e a pecuária intensiva, em conjunto com as condições climáticas adversas, já levaram a pobreza e a miséria a mais de 142 municípios mineiros, o que já afeta mais de 20% da população desse estado. É preciso que todos compreendam que o que garante de fato a produção agrícola e a pecuária no Brasil é o equilíbrio ambiental. Sem ele, não há formação de chuvas por evapotranspiração e, por conseguinte, não há água para plantas e animais, inviabilizando absolutamente tudo. A destruição do bioma Cerrado trará repercussões catastróficas para o país.
Segundo alguns cientistas que a décadas estudam o cerrado, nessa região, as raízes atuam como uma gigantesca gigantescas esponjas, absorvendo as águas das chuvas e levando-as a recarregar os aquíferos, favorecendo a maioria dos grandes rios da América do Sul. São as águas desses aquíferos, como Guarani, Urucuia e Bambuí, que alimentam desde as represas de São Paulo, como o próprio Rio São Francisco. Especialistas alertam, inclusive, que o incêndio que devasta agora o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, considerado o maior de todos os tempos, trará sérias consequências para o abastecimento dessas reservas subterrâneas.
O caminho das águas vai das raízes esponjosas para os lençóis freáticos e, desses, para os aquíferos, num ciclo sem fim. Neste caso, e mais uma vez, os cientistas estão de acordo com a sentença: a destruição do cerrado, significa a destruição dos rios num curto espaço de tempo, sendo que a reposição da vegetação original e diversa é tarefa das mais impossíveis. A destruição da vegetação levou ao desaparecimento de abelhas e vespas nativas, fundamentais para o processo delicado de polinização das plantas do cerrado, impedindo sua reprodução.
Esta situação alarmante teve início ainda nos anos setenta com a expansão das fronteiras da agropecuária sobre o cerrado. No caso da crise hídrica que afeta o Distrito Federal, a utilização das águas subterrâneas para a irrigação da lavoura no entorno da capital vem prejudicando enormemente a recarga desses aquíferos, o que agrava, ainda mais, o problema da escassez de água na capital. Como na natureza tudo parece estar interligado dentro um sistema harmônico, a insuficiência na recarga de águas dos aquíferos acaba prejudicando as próprias nascentes que começam a desaparecer, uma a uma, num efeito em cadeia, o que acaba por comprometer gravemente o abastecimento de córregos e rios.
A cada ano aumenta o número de municípios pelo interior que declaram situação de emergência por conta da falta de água. Este ano, foram 872 nesta condição. O que os latifundiários do agronegócio ainda não compreenderam ainda é que, com a destruição do bioma cerrado, toda a atividade agropastoril desaparecerá junto. Nem a criação de caprinos será viável neste cenário de destruição. Estamos todos, conscientemente, destruindo o chão sob nossos pés. O aumento da população e do consumo, a destruição do meio ambiente, concomitante aos efeitos do aquecimento global. A poluição crescente e o descaso das pessoas e dirigentes, tudo leva a crer que entramos num ciclo descendente que parece preparar nosso próprio fim.
História de Brasília
O serviço de comunicação do Ministério da Fazenda está pior que o DCT e a culpa disso é o abandono a que está relegado no Rio. Um telegrama remetido pelo diretor-geral no dia 26 somente hoje chegou em nossas mãos. O mesmo telegrama passado também pelo DCT chegou no mesmo dia em outra instituição. (Publicada em 08.02.1962)

Quem são os selvagens

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Charge do Latuff

 

Na Constituição brasileira, promulgada em 1988, denominada por seus autores como a Carta Cidadã, diz, em seu artigo 231, que: “São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.” Com isso fica, pelo menos no texto de nossa Lei Maior, consagrado o direito dos indígenas de manter e preservar suas terras, assim como sua cultura, seguindo assim o que mais esses povos respeitam e seguem que é a tradição ancestral.
De fato, desde sempre, antropólogos, sertanistas e pesquisadores, devotados às causas indígenas, sempre fizeram questão em frisar que não existe índio sem terra. Trata-se de um binômio, que deve merecer das autoridades e de todo o brasileiro que se preze, o maior respeito e aceitação. Cabral , no século XV, oriundo do que viria a ser a futura metrópole do Brasil, foi o primeiro invasor oficial das terras indígenas. A ele se seguiram milhares de outros ao longo dos séculos, numa cruenta realidade que persiste ainda hoje, em pleno século XXI. Vamos acumulando quase seis séculos de ignomínia contra os que seriam os verdadeiros donos dessas terras.
Ao longo dos últimos quinhentos anos, o contato entre brancos e índios tem sido, no Brasil, claramente nefasto para essas populações autóctones. A começar pelo processo bruto da aculturação como imposição ou sujeição sócio-cultural, resultando daí, em muitos casos, no chamado etnocídio ou na destruição dos traços culturais de uma etnia. Essa história, iniciada, candidamente, nas missões dos primeiros jesuítas do século XVI, por meio dos métodos de catequização dos povos indígenas, prosseguiu em todo continente americano com a utilização de métodos e outras estratégias que, ao final resultaram na quase completa destruição dessas antigas sociedades.
Dos cinco milhões de índios que habitavam o Brasil à época do descobrimento, pouco mais de 450 mil restaram atualmente, espalhados por 650 diferentes áreas, abrigando pouco mais de 225 etnias ou sociedades. Se, ao longo dos séculos a dizimação desses povos, considerados “sem alma” pelo homem branco, foi feita de maneira direta e sem subterfúgios, hoje esse processo continua silencioso por meio da assimilação desregrada de hábitos e vícios da cultura branca pelos indígenas.
Hoje, ao lado dos antigos métodos de envenenamento dessas civilizações, a falta de infraestrutura de saneamento básico, principalmente com relação à água potável, tem provocado a morte de uma criança indígena a cada três dias, vitimada por diarreias e outros males. Encurralados pela civilização branca, muitos índios têm recorrido ao suicídio como forma de se libertar desse jugo moderno.
Indiferentes a esse flagelo cometido contra os legítimos donos dessas terras, lavamos as mãos, como é hábito entre nós. Nossa omissão em relação a esse tema, torna-nos partícipes desse atentado contra os primeiros e mais legítimos brasileiros de todos e nos colocam, aos olhos do mundo como sendo os verdadeiros selvagens, indiferentes e insensíveis a delicadeza e sofisticação desses povos.
O conceito de assimilação, ainda presente na concepção de muitos e que prega a tese de que os indígenas formam uma categoria social transitória, ou seja, destinada a desaparecer com o tempo, quer por processos de aniquilamento, que é o que temos visto ao longo de toda a nossa história, ou simplesmente vítimas do fenômeno da assimilação por parte do homem branco, também chamada de aculturação, parece ter sido superada, em parte, pela atual Constituição. Caso contrário, como explicar o rumoroso julgamento, feito agora pelo Supremo Tribunal Federal (STF), denominado Marco Temporal.
Na realidade, trata-se de um problema que só tem despertado algum interesse da população pelo fato de muitas nações indígenas estarem, há semanas, acampadas no coração da capital do país, à espera desse julgamento.
Por sua importância, não apenas para os próprios indígenas, mas para toda a nação, essa é uma questão histórica que deveria merecer maior engajamento de todos os brasileiros, tanto para pacificar um assunto secular, como para demonstrar ao mundo que já podemos nos considerar um povo civilizado, apto a solucionar , de modo plenamente satisfatório e justo, nossos próprios problemas, principalmente esse que nos remete a nossa própria formação como nação.
É do alheamento de muitos de nós, que se valem o atual governo, os madeireiros, os garimpeiros e muitas ONGs para prorrogar o que tem sido visto, aos olhos do mundo num crime que, direta ou indiretamente, está sendo cometido por cada um de nós.
A frase que não foi pronunciada:
“Não doem as costas, doem as cargas. Não doem os olhos, dói a injustiça. Não dói a cabeça, doem os pensamentos. Não dói a garganta, dói o que você não se expressa ou se exprime com raiva. Não dói o estômago, dói o que a alma não digere. Não dói o fígado, dói a raiva contida. Não dói o coração, dói o amor. E é precisamente ele, o amor mesmo, quem contém o mais poderoso remédio.”
Anciã indígena Cherokee
Reprodução: Brasil de Fato
História de Brasília
Assim seriam evitados os fins de semana que funcionários passam fora de Brasília em carros do governo e não seriam tomados os lugares de motoristas profissionais que buscam emprego por toda parte. (Publicada em 08/02/1962)

A “fakecracia” e seus “delirious”

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Foto: AFP / EVARISTO SA e AFP / Fabrice COFFRINI

 

Da falta de uma melhor qualificação do voto e do eleitor, processo esse que só pode ser atingido a partir da universalização de um ensino público de qualidade, o que temos que aceitar, e até nos conformar, é com os resultados de seguidas eleições, nas quais vários dos melhores candidatos acabam sempre ficando de fora dos pleitos.

Trata-se aqui de num processo que mais se assemelha a uma espécie de voto de cabresto às avessas, no qual os eleitores, sem a devida noção das consequências cívicas do voto, acabam impondo, à sociedade, a vitória dos candidatos mais desqualificados. É a nossa versão de kakistocracia. É esse o resultado, com maiores ou menores intensidades, que temos colhido desde a redemocratização nos anos oitenta.

Para piorar uma situação que em si já é bastante delicada, juntamos, a essa kakistocracia, algumas outras definições políticas, oriundas também do grego antigo como a iuriscracia ou o governo exercido pelos juízes, por meio do chamado ativismo judicial ou politização da justiça. Somados a essas deformidades da democracia, temos ainda, em razão direta da baixíssima qualificação do voto e do eleitor, o fenômeno da nepocracia, que é quando o poder é utilizado por governantes para beneficiar diretamente seus familiares. É o caso que temos assistido tanto com relação ao ex-presidente Lula e seus filhos, que enriqueceram no governo do pai, sendo classificados na época como os “Ronaldinhos dos negócios”, como com as suspeitas no caso da família do atual governo, sobre as divulgadas rachadinhas ou por meio do crime de peculato.

Em decorrência da desqualificação proposital do binômio eleitor/voto, o que temos como resultado não poderia ser outro: uma democracia de má qualidade, em que os eleitores elegem brincando ou vendendo votos e, como consequência, passa a ser solenemente ignorada até as próximas eleições.

Algumas décadas atrás, quando Pelé deixou escapar a frase de que cada povo tem o governo que merece ou que o povo brasileiro não sabe votar, a mídia caiu em cima do jogador para crucificá-lo, usando, para essas críticas, até o nome pespegado aos juízes de futebol.

Hoje é preciso uma verificação dos fatos ocorridos até aqui para saber, ao certo, se ele estava ou não com a razão. A falta de seriedade nas eleições, feita de alto a baixo, produz o que temos colhido. É nesse intervalo entre a displicência entre o ato de votar e a vitória desses candidatos que, previamente, estamos preparando os novos ciclos de corrupção que virão. Nem vamos estender o assunto urnas eletrônicas, já devidamente discutido, mas não resolvido.

Somos todos responsáveis por nossas escolhas. Nas últimas eleições, embora os eleitores demonstrassem claramente não saber o que desejavam para o país, pelos menos externaram aquilo e aquele que não queriam de volta. Já é um começo. Vamos juntos soçobrando nessa areia movediça. Para não ficarmos desatualizados, num mundo em desabalada carreira, rumo ao que parece ser o epílogo de nossa espécie, estamos experienciando o que pode ser uma República envenenada por fakes news ou por três poderes desinteressados na população e seu futuro.

 

A frase que foi pronunciada:

A diferença entre um estadista e um demagogo é que este decide pensando nas próximas eleições, enquanto aquele decide pensando nas próximas gerações.”

Winston Churchill

Winston Churchill. Foto: wikipedia.org


Desatino
Moradores da 711 Norte são surpreendidos com a falta de energia constantemente. Os cabos da rede elétrica são furtados.

Captura de imagem do Google Maps


Outra forma

Projeto Viva Centro ainda não vingou. Querem transformar o Setor Comercial Sul, que hoje mais parece uma cidade fantasma, em moradia. Se o IPHAN, que é o setor técnico, inviabilizou o projeto, é porque razões.

Imagem: seduh.df.gov


Delícia
Neste ano, a Festa do Morango vai até o dia 7 de Setembro. São cerca de 200 famílias que cultivam a fruta no Distrito Federal, aproximadamente 95% delas na região de Brazlândia, onde é realizado o tradicional encontro com diversas atrações e guloseimas.

Foto: Paulo H Carvalho/Agência Brasília


Chuvas
Esse é o momento para as Administrações pontuarem, no mapa da cidade, as áreas onde há necessidade da escoação de águas. Caso contrário, as notícias de todos os anos se repetirão.

Lagoa de contenção para aliviar problemas com a chuva em Vicente Pires.                  Foto: agenciabrasilia.df.gov


Carta do leitor

“Esperando o Godot das matemáticas”(coluna 3/9). O correto seria “Esperando o Godot das aritméticas”, já que o texto analisa a crescente e absurda escalada dos preços dos combustíveis e da energia elétrica. Matemática é a ciência dos números. Mas quem trata deles, somando, dividindo ou multiplicando, é a aritmética.

História de Brasília

Falta, entretanto, verba para o aproveitamento do Córrego das Pedras que servirá sem nenhum problema sanitário. Uma boa medida que o Prefeito poderia adotar seria proibir funcionário de dirigir carro chapa branca. Cabe apenas aos motoristas da repartição este trabalho. (Publicada em 08/02/1962)

Esperando o Godot das matemáticas

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Charge do Duke

 

Continua sendo aguardado, na Esplanada dos Ministérios e no governo, a chegada de um técnico, com bagagem científica e currículo acadêmico suficientes, para elaborar uma fórmula matemática capaz de evitar que os aumentos contínuos nos preços dos combustíveis e da energia elétrica não pesem, tanto no cálculo de inflação quanto no bolso dos desesperados consumidores brasileiros.

Qualquer um que demonstrar, matematicamente, a possibilidade do aumento desses insumos não incidirem no cálculo da inflação poderia ser nomeado instantaneamente ministro plenipotenciário do planejamento, com toda pompa e circunstância. Trata-se de uma conjectura ou de teorema dignos de uma “hipótese de Poicaré”, de difícil solução, mesmo na linha das ciências econômicas, onde o fator humano e suas nuances permitem infinitas variantes. No caso em questão, é sabido, como premissa, que qualquer variação para cima, nos preços de combustíveis e de energia, tem reflexos diretos no aumento dos preços finais para o consumidor, pois são bens econômicos necessários ao motor da economia.

Num país em que o transporte é unimodal e realizado basicamente por rodovias, o aumento no combustível eleva os preços das mercadorias transportadas. Num país também em que a energia elétrica ainda é obtida, quase que inteiramente, pela força motriz dos rios nas turbinas das hidroelétricas, qualquer variação nas chuvas e no volume das águas fluviais tem efeito direto sobre a produção de energia.

Nos dois casos, o que o nosso esperado e exímio matemático enxerga, logo de saída, é a total dependência desses modelos econômicos na elevação dos preços e da inflação final. Na realidade, o que se tem aqui é toda uma sociedade feita refém de um modelo construído para não dar prejuízos ao Estado, mesmo que isso ameace e estrangule o consumidor. O que se sabe ainda é que, no pós pandemia, a maioria das economias pelo mundo irão necessitar mais de petróleo para a retomada de seus projetos de desenvolvimento.

Analistas de mercado são unânimes em apostarem na elevação dos preços do barril de petróleo. Por outro lado, é certo também que o aquecimento global, que hoje é uma realidade planetária e praticamente irreversível, projeta uma intensificação do calor e do prolongamento nos períodos de seca. O Brasil, que vem andando na contramão desses alertas científicos, permitindo todo o tipo de crime contra o nosso meio ambiente e ainda incentivando um tipo de agronegócio devastador e sem limites, sofrerá e sofre hoje as consequências dessa incúria.

Desse modo, as variantes do modelo tanto em relação ao petróleo como no caso das hidroelétricas, tornam complexas as resoluções desses teoremas matemáticos e indicam que esse é um problema de resolução quase impossível, mesmo no caso extremo de congelamento nos preços desses insumos básicos. Resta, portanto, a introdução nessa fórmula de alternativas, aparentemente exógenas, mas que, no médio prazo, iriam concorrer para desvincular, definitivamente, a diminuição do volume de água no leito dos rios e o aumento na demanda de petróleo, na variação ascendente dos preços e na formação da inflação.

Essas variantes estão aí para todo mundo que quiser ver, inclusive o governo, que finge que não vê. Trata-se da energia eólica e solar por um lado, e da construção de linhas ferroviárias por outro, aliadas à produção em massa de transportes movidos à eletricidade. Essa é uma saída, a outra é aguardar a chegada de um técnico em finanças públicas, uma espécie de Godot das matemáticas.

A frase que foi pronunciada:

Nosso universo é um mar de energia limpa e sem energia. Está tudo lá fora, esperando que zarpemos.”

Robert Adams

Robert Adams. Foto: wikipedia.org

Compras online

Totalmente interativo, o site da Fundação Athos Bulcão é uma ótima oportunidade de adquirir xícaras, calendários, azulejos e outros objetos valorizados pela arte de Bulcão.

Mesma coisa

Uma mesa na Churrascaria São Paulo só com jovens entre 20 e 25 anos. Em pauta, o desemprego. Um dos rapazes formado em administração, só conseguiu lugar como corretor de imóveis. Outro formado em marketing trabalhando em uma gráfica, o caçula da turma fala 3 línguas, é formado em Economia e, sem emprego, estuda para concurso.

Charge do Cazo

Conclusão

Nutricionistas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, em parceria com a FAO, conclui que o brasileiro precisa consumir mais frutas e hortaliças. Basta ver os caixas dos supermercados. Sempre há alguma fruta ou hortaliça que não é reconhecida.

Foto: revistadeagronegocios.com

História de Brasília

Taguatinga está ameaçada de servir à população, água contaminada. E’ que a água que abastece a cidade é retirada do Córrego do Cortado, e já fizeram loteamento no local da captação. (Publicada em 08/02/1962).

Os males do ócio no poder

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: Carlos Vieira/CB/D.A Press

 

Temerosos com o que possa vir a ocorrer durante as manifestações de Sete de Setembro próximo, muitos governadores já se anteciparam aos acontecimentos e estão decretando ponto facultativo para o dia anterior (6), na intenção de esvaziar possíveis agitações descontroladas. Trata-se de uma medida sensata e que pode surtir um efeito benéfico no sentido de resfriar os ânimos, levando parte da população a programar, quem sabe, um fim de semana mais esticado, de preferência longe dos centros urbanos e dos agitos.

Muitos moradores que residem próximo às avenidas onde estão previstas essas manifestações estão tratando de se ausentar dessas áreas, com medo do que possa acontecer. Essa é, até agora, a triste realidade que muitos brasileiros estão tendo que enfrentar para fugir do caos. E pensar que, no passado, essa era uma data aguardada por todos. O Sete de Setembro que, em épocas passadas, era comemorado festivamente e com certo orgulho como sendo o Dia da Independência e do nascimento de uma nação, agora teve seu propósito momentaneamente alterado de modo incidental, mas maldoso para atender a outras finalidades, obviamente não ligadas aos justos anseios do conjunto dos cidadãos brasileiros.

É preciso dizer, com todas as letras, que o Sete de Setembro não pertence a esse e nem a nenhum outro poder de passagem, e muito menos pode servir de chamariz para manifestações de claques incultas, que desconhecem o verdadeiro significado dessa data para a nacionalidade. Trata-se aqui de um oportunismo do tipo traiçoeiro, que utiliza datas nacionais para proveito próprio.

O que a história nos ensina é que nove em cada dez ditadores, que surgem pelo mundo, utilizam a datas nacionais mais importantes para deixar uma marca personalista nessas festividades, com o intuito de passar para a população uma imagem farsesca e subliminar de “pai da pátria”, a quem os filhos, no caso os cidadãos, devem, obrigatoriamente, recorrer em momentos de incertezas.

O Sete de Setembro não pode ser aviltado dessa forma, transformado numa farsa política de qualquer partido que queira baderna. Em última análise, busca tão somente o estabelecimento de um tipo peculiar e tupiniquim de manipulação das massas de todos os lados da Praça dos Três Poderes.

Para aqueles analistas já calejados com esses ciclos de instabilidade provocados por quem não está satisfeito com os rumos do país, infectados pelo veneno da picada da mosca azul, o que temos pela frente é a mais pura incitação a arruaças, instigadas por arruaceiros que querem ver o Brasil arder em desunião e desordem. Para alguns mais irônicos, o que está acontecendo deriva unicamente do excesso de ócio e de tempo vago, o que, em certas pessoas, acaba provocando um certo impulso em puxar a toalha da mesa do jantar, apenas para ter o prazer instantâneo de ver as taças de cristais e todo o resto voando pelos ares. Como diria o filósofo de Mondubim: Dá uma vassoura ou uma enxada para essa gente!

A frase que foi pronunciada:

Melhor que o ócio criativo é o ócio construtivo.”

Alex Bruno

Simples assim

Já se transformou em padrão. O governo pede para a população economizar energia e meses depois aumenta o valor da conta, que arrasta tudo mais: carne, peixe, e por aí vai. Se houvesse política pública para a manutenção das nascentes, o problema não teria chegado a esse ponto.

Charge do Marco Jacobsen

Susto

Várias pistas da cidade estão recebendo pintura nova. Um local desprezado é a W5. Lá, todo quebra mola surpreende com a altura respeitável.

Captura de imagem do Google Maps

Mares

Os ventos levam a Família Schurmann para uma nova expedição mundial. Batizada de Voz dos Oceanos, a saga será contra poluição dos mares. Com apoio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, durante dois anos, tripulantes do veleiro Kat visitarão 60 destinos, entre eles, 11 cidades brasileiras.

Sensíveis

Paul Burton inspirou a Diretoria de Educação Ambiental e do Núcleo de Bem-Estar Animal (NBEA). Anos atrás, Burton tocou piano para elefantes na Tailândia e o resultado foi surpreendente. Wandrei Braga, que foi aluno de Neusa França, foi convidado para a mesma experiência no zoológico de Brasília. Os animais renderam-se ao som do piano e a experiência foi marcante. Assista nos perfis oficiais do Zoológico de Brasília e do Wandrei, no Instagram: @zoobrasilia e @wandrei.

Reprodução: perfil oficial do Wandrei Braga no Instagram

História de Brasília

É uma repartição deficiente desde a sua fundação, ao tempo da ditadura. Ao invés de informar os atos do govêrno, fica, em geral, endeusando as pessoas, e é por isto que cada govêrno muda logo de diretor. Vem daí a política, o amigo, o compadre, o conterrâneo, e tudo mais que possa prejudicar. – AC. (Publicada em 07/02/1962)

A dama morta

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Casa do Cantador, em Ceilândia | Foto: Renato Araújo / Agência Brasília

 

Toda a cidade que se preza, aqui ou em qualquer outra parte do mundo, deve ser concebida como algo vivo na paisagem que cresce e vai se desenvolvendo ao longo do tempo, numa dinâmica orgânica que muito se aproxima do ciclo evolutivo e natural humano. O que torna a cidade viva não são suas ruas, avenidas, praças e monumentos, mas, sim, o frenesi de sua população, que flui por seus espaços como um sangue correndo por entre artérias e veias.
Ocorre que o motor capaz de tornar tudo isso possível, e que muitos acreditam ser a verdadeira alma de uma cidade, é induzido pelo fermentar de sua atividade cultural, fervilhando noite e dia sem parar. Em outras palavras, a alma de uma cidade está na sua capacidade de produzir arte e cultura. É isso que identifica e dá vida a uma cidade. Cidades sem alma, que também existem como zumbis, são aquelas em que a arte e a cultura foram expulsas de seus limites, ou sequer chegaram a adentrar. Sendo assim, é fato que não podem existir cidades vivas apartadas da cultura e da arte dos seus habitantes.
Não por outra razão, desde os estabelecimentos das primeiras civilizações, há milênios, a preocupação primeira com a criação de cidades que espelhassem a dinâmica da vida e seus mistérios levou os construtores a criarem, simultaneamente, praças com monumentos, jardins, portais, arcos e monólitos colossais, tudo para embelezar e dar vida ao ambiente, numa demonstração de que, naquele lugar, havia vida e cultura assentadas. É esse o sentido primeiro e que até hoje é seguido em todo o mundo.
Quiseram, os idealizadores da capital do país, dotar Brasília dos mais belos, amplos e modernos espaços dedicados à celebração das artes. A corrente modernista, que nos anos 1950 e 1960, guiou os traços urbanos da nova capital, tinha em seu propósito básico o conceito de conjugar arte e arquitetura, dando a uma e a outra não apenas a oportunidade de diálogo entre o concreto e o abstrato, mas atingir, com essa proposta, a possibilidade real de demonstrar a capacidade de um povo de erguer uma cidade viva a espelhar a força criativa de sua gente, e que nada ficava devendo em qualidade a outras obras primas mundo afora.
A importância dessa união entre arte e arquitetura é que permitiu elevar a capital ao patamar de patrimônio cultural da humanidade. Foi com esse pensamento que os idealizadores de Brasília conceberam, logo nos primeiros projetos, os principais monumentos devotados, exclusivamente, à contemplação cultural e artística. Foi assim que, antes mesmo de se pensar em prédios para escritórios, foi projetado o Teatro Nacional, com várias salas para exibição do que o Brasil sempre produziu de melhor na música, no teatro, além de museus como o de Arte Moderna, dedicado à pintura, à escultura e às produções do universo das artes plásticas.
Logo em seguida, surgiram por toda a cidade espaços e salões dedicados à celebração das artes, como o Espaço Funarte, o Espaço 508, galerias Oscar Seraphico, entre algumas outras famosas, que traziam o que de melhor era produzido no Brasil e no mundo para exibir ao público da cidade. Houve um tempo, lá pelos anos 1970, que Brasília se orgulhava de ter mais de 30 galerias de arte.
Também os espaços culturais, onde se assistiam a apresentações alternativas de teatros e musicais, invadiram a cidade com a luminosidade das artes. A Escola de Música, com seu teatro amplo, enchia a cidade de sons. Outros lugares, como a Concha Acústica, as galerias do Banco do Brasil e da Caixa Econômica, ajudavam a capital a permanecer acesa durante as madrugadas.
Houve um tempo, acredite se quiser, que Brasília pulsava dia e noite. Os concertos e apresentações se seguiam nos amplos espaços verdes, como é o caso do Concerto Cabeças, a revelar o que Brasília tinha de melhor e de mais promissor no campo da música e da poesia. Por toda parte e, ao longo de toda a semana, os espetáculos e mostras aconteciam.
Na UnB, seu auditório de música, era agenda frequente para alunos e ouvintes. Espaços, como os da Casa Thomas Jefferson e da Aliança Francesa, traziam músicos e artistas de seus países, atraindo sempre grande público. Infelizmente, todo esse fervilhar foi sendo reduzido por uma conjunção de fatores, que aliou gestores públicos, infensos à cultura, falta de incentivos diversos, crescimento desordenado da cidade, com o surgimento da violência urbana, além de outras causas mais sérias trazidas por uma pandemia mortal sem prazo para acabar e governos federal e distrital, que parecem ter na cultura um inimigo a ser derrotado. Tempos tristes esses em que a cidade, que antes pulsava em nossas mãos, hoje se apresenta como uma dama morta.
A frase que foi pronunciada
“Arquitetura é, antes de mais nada, construção, mas construção concebida com o propósito primordial de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e visando à determinada intenção.”
Oscar Niemeyer
Sob a batuta de Lúcio Costa, Oscar se diverte grafite e aquarela, 29x21cm, 2010 (evblogaleria.blogspot.com)
História de Brasília
O que ocorre é isto, e o ministro Alfredo Nasser precisa saber: a Agência Nacional tem um quadro de redatores grande demais e apenas meia dúzia trabalha. A maioria está encostada em outras repartições, e se houver uma concentração de todos os redatores da AN, o edifício do Ministério da Justiça não terá mesas para todos. (Publicada em 07/02/1962)

Eleições e as nuvens negras

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Foto: AFP / EVARISTO SA e AFP / Fabrice COFFRINI

 

Já é sabido pela população mais atenta que as eleições de 2022 serão realizadas sob o signo uníssono das turbulências políticas, econômicas e sociais. A crise institucional e a inflação ascendente, somada à crise hídrica histórica e ao aumento significativo da pobreza e da violência, ameaçam a todos, sem distinção.

A escolha de cada uma dessas ramificações da crise e seus efeitos, a afetar indistintamente a vida diária de todos, ficará a critério de cada eleitor. O que é sabido é que não dá para desvincular a crise política de seus efeitos sobre a economia e, por tabela, sobre a vida do cidadão.

A polarização política açulada pelos dois candidatos radicais que se apresentam para a disputa e que, segundo alguns órgãos de pesquisa de opinião, parecem ter maiores chances de vitória, antecipa, para aqueles cidadãos mais lúcidos, um cenário deveras preocupante.

A vitória de quaisquer desses extremos nas próximas disputas à Presidência da República trará, por certo, um fator complicador a mais, a intensificar e prolongar nossa crise. De concreto, as expectativas apontam para um upgrade da crise, levando o país a adentrar para um ciclo de caos institucional, cujos desdobramentos serão absolutamente imprevisíveis e graves.

Conhecendo, já de antemão, a performance de cada um desses postulantes e a distância sideral entre o que prometem e aquilo que entregam de fato, fica mais do que evidente que não há saídas laterais para esse impasse. Pela impossibilidade real que se apresenta de, juridicamente, obstar o avanço de um ou de outro rumo ao comando do país, restaria, talvez, a possibilidade, também remota, de renúncia de ambos ao pleito de 2022 para o bem do país e pelo fim de uma crise, que concentra em ambas suas nascentes.

A questão aqui fica por conta da grandeza cívica ausente em ambos. Ou quem sabe o espírito pacificador, também impensável, ou a própria representação popular instalada no Congresso poderia, num átimo de lucidez, resolver esse grave impasse que, seguramente, nos levará ao abismo, mudando a regra do jogo, simplesmente impedindo a recondução de candidatos ao mesmo cargo.

Crises necessitam de resolução, e cabe às autoridades essa tarefa. O que não pode é descarregar sobre as costas dos brasileiros um baú de pedras e problemas criados e alimentados por grupos políticos que têm, em seus interesses particulares, a razão de suas postulações a cargos públicos.
Ou é isso ou será aquilo que experimentamos e não gostamos do odor e do sabor. Mais uma vez, aqui, a grande questão esbarra no que seria a qualificação do eleitor e do voto. Também nesse quesito estamos longe de uma saída minimamente racional e adequada para a nossa democracia.

Ao Supremo Tribunal Federal (STF), a quem, em tese, caberia resolver essa crise presente e que se anuncia também para além de 2022, por se constituir, em parte, integrante dessa mesma crise atual, tornam-se remotas as esperanças do cidadão de que algo de novo venha dessa direção. Resta, então, apelar aos santos de todos os protetores do Brasil, das mais diversas crenças, que leve para longe essas nuvens cinzentas carregadas de maus augúrios e presságios e que, há anos, pairam sobre nós. Vade retro.

 

A frase que foi pronunciada:
“Se existe tanta crise é porque deve ser um bom negócio.”
Jô Soares

Foto: istoe.com.br

Reconhecimento
Justiça seja feita. Quem vê Vicente Pires hoje não acredita em como tudo começou. Melhorou muito. Realmente o GDF caprichou por lá.

Foto: Acácio Pinheiro / Agência Brasília

Cortar pela raiz
Não é só no CA 11 do Lago Norte que o comércio em lata brota por todo canto. Se não houver um freio agora, vai ser a mesma coisa de sempre. Deixa crescer, faz uma cidade e acomoda os invasores por lá. Melhor fazer a coisa certa.

514 Sul
Jorge Vieira, da academia de tênis de mesa Fitpong, conseguiu vencer todas as barreiras impostas pela pandemia. Além da responsabilidade e da seriedade com a qual trabalha, o esporte é paixão de muitos brasilienses.

Registro de um campeonato realizado antes da pandemia.                                            Foto: instagram.com/fitpongtt

Golpe
Um golpe inacreditável por telefone aproveita as suas respostas: “permito, concordo, sim, aceito”. Daí por diante a sua voz se transforma em chave para o ilícito. Veja as perguntas do último golpe a seguir.

Ratos

O país asiático não para. Agora experiências para engravidar ratos machos estão em pleno desenvolvimento. Veja, no link “Machos grávidos”: ciência ruim a serviço de uma ideologia, o que disse o Padre Paulo Ricardo sobre o assunto.

Imagem: padrepauloricardo.org

História de Brasília
O caso da Agência Nacional, a que temos nos referido, com relação à transferência, para o Rio, da Voz do Brasil é mais escabroso ainda. Há funcionários que vêm para Brasília, recebem a ajuda de custo, pedem retorno ao Rio, voltam de novo, recebem nova ajuda de custo e se mudar de diretor novamente, acontecerá outra vez. (Publicada em 07/02/1962)

Aumentos tarifários de energia e respeito ao meio ambiente

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Bancos de areia surgem no leito do Rio Paraguai em Porto Murtinho.                                    Foto: Toninho Ruiz / CAMPO GRANDE NEWS.

 

Ditado conhecido diz, com propriedade, que: “é quando as águas baixam, que podemos ver quem nadava nu”. Trata-se aqui de um aforismo que, embora possa ser aplicado a diversas situações, serve como uma luva de pelica para a atual crise hídrica, experienciada agora pelos brasileiros de modo severo, como um anúncio antecipado de maus augúrios.

O que está por vir pode ser lido por todos nas pedras que ficavam no fundo dos rios e que agora estão expostas ao sol escaldante. O que as pedras dizem é que o futuro promete ainda menos água correndo sobre o leito dos rios, secas prolongadas e uma saudade do tempo em que os rios corriam fartos em águas cristalinas e em peixes diversos.

O que estamos fazendo com o mundo a nossa volta e com o nosso território não pode ser nominado por expressões civilizadas. A baixa severa e histórica de muitos rios do nosso país, como é caso agora do Rio Paraguai, responsável por banhar com suas águas uma área pantanosa de 195 mil km², e por onde é escoada grande parte da soja que o agronegócio exporta para países como a China para a engorda de suas manadas de porcos, acende a luz vermelha para os riscos que esse tipo de agricultura causa ao nosso meio ambiente.

A baixa desse importante curso d’água expõe a nudez moral e ética de todos aqueles que, direta e indiretamente, estão provocando o assoreamento e seca do Rio Paraguai, destruindo o riquíssimo bioma do Pantanal, em busca de lucros fáceis para uma pequena minoria de falsos agricultores, enfeitiçados pela cor esverdeada dos dólares. Os verdadeiros agricultores são aqueles que respeitam o meio ambiente e a variedade de vida da flora e da fauna, pois sabem que é desse complexo sistema que retiram o sustento para si e para os seus.

Estão nus, portanto, nessa tragédia, o atual governo, que assiste inerte as maiores queimadas já ocorridas no Pantanal e que, ao se posicionar cegamente ao lado do agronegócio, como salvação da balança comercial do país, empreendeu um desmonte completo de todos os órgãos de fiscalização e controle do meio ambiente e ainda colocou, no comando dessa questão, um ministro apontado em todo o planeta como inimigo declarado do meio ambiente.

Um sobrevoo em algumas regiões dentro da Bacia do Rio Paraguai dá mostras do desastre ambiental que aquela parte do país vem sofrendo, o que pode prenunciar mais um período de enormes queimadas para o Pantanal, já demasiado devastado pelos incêndios ocorridos no ano passado. O mais incrível é que não se ouve qualquer alerta por parte das autoridades, já devidamente avisadas, antecipadamente, da iminência desses desastres. Trata-se aqui de uma situação já anunciada e mais uma vez ignorada.

Em algumas regiões, a profundidade do Rio Paraguai chega a menos de 40 centímetros, uma situação impensável até pouco tempo, quando se sabe que esse Rio é um importante corredor fluvial para embarcações de todo o tipo. A situação do Rio Paraná, onde deságua o Paraguai, também é crítica e compromete outros países limítrofes do Brasil.

A crise hídrica, ao mostrar na prática os estragos provocados por uma agricultura depredativa sobre o meio ambiente, impactando a fauna e a flora ao longo de nossos principais cursos d’água, chega ao consumidor na forma de alta de preços, sobretudo na geração de energia por hidroelétricas. Talvez, os apagões que se anunciam no fornecimento de energia e na elevação tarifária desse insumo possam fazer as autoridades entenderem que essa é apenas parte de um problema muito mais complexo e que tem seu início no respeito ao meio ambiente.

A frase que foi pronunciada:

Às vezes não enfrentamos o que está acontecendo em nosso mundo, seja uma crise de água ou uma crise da terra, porque é um pouco assustador e doloroso. Assim como não queremos enfrentar as partes de nós que são um pouco desconfortáveis ou doloridas. Temos que enfrentar os dois e amar os dois para que possamos curar os dois.”

Alysia Reiner

Alysia Reiner. Fonte: Reprodução

Neoenergia

Vale a pena algum diretor da própria empresa ligar para o número 116, de preferência entre 18 h e 19 h, para ver como está o atendimento ao público. Uma lástima!

Foto: Ricardo Moraes/Reuters

Curiosidade

Para quem não sabia, o deputado federal cearense anunciou no plenário que a deputada Alice Portugal estava ao lado de sua madrinha, a deputada Jandira Feghali.

Deputadas Alice Portugal e Jandira Feghali. Foto: vermelho.org

Prata da Casa

Brilha, com um currículo invejável, o nosso Néviton Barros, músico extremamente talentoso. Como doutor, faz parte do quadro como Professor Adjunto de Estudos Corais e Diretor do Coro da Faculdade Muhlenberg College. A frase de vida de Néviton é: “Se você pode ser qualquer coisa nesse mundo, comece sendo gentil”.

Neviton Barros. Foto publicada em seu perfil oficial no Facebook.

História de Brasília

A iluminação da pista de alta velocidade, no subsolo da Rodoviária está deficiente demais. Há trechos de mais de cinquenta metros sem uma única lâmpada acesa. Tôdas queimadas. (Publicada em 07/02/1962)