Tag: #AI
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
jornalistacircecunha@gmail.com
instagram.com/vistolidoeouvido

Quem poderia imaginar que um dia fôssemos saltar do mundo da imaginação e da ficção científica, diretamente para a vida real. Como num mudar de página, estamos do outro lado do espelho. Das estórias que mostravam, na literatura e no cinema, um mundo distópico, frio e desumanizado pelo avanço de máquinas inteligentes, chegamos, num pulo, ao que está hoje bem diante de nossos olhos.
Somos agora os personagens ou então os milhões de figurantes passivos e empurrados para uma realidade e lugar hipotético ou, simplesmente, para o não-lugar. Essa sociedade imaginária, desenhada por mentes ao estilo globalista, ela é o que é: um conjunto de oito bilhões de almas submetidas aos projetos desses poderosos grupos familiares e empresariais que querem o mundo agora, na palma da mão.
Para chegar ao eldorado prometido, o primeiro passo é tornar a sociedade, uma massa homogênea e catatônica, entregue ou rendida ao Estado. É o nada fora do Estado. Tal empreendimento só vem a funcionar com o aumento substantivo do controle social, a começar pelo aumento da força opressora do próprio Estado. Primeiro ainda vem o caos, com o incentivo disfarçado para que o crime assombre a sociedade, levando-a a se aprisionar em casa. Nesse mundo em que parece se liquefazer, o certo muda de lado. Afinal, estamos do outro lado do espelho.
As fobias e o medo de tudo levam as pessoas a consumir em quantidades industriais, medicamentos para o controle de doenças nervosas, transtornos mentais, pílulas para tudo. Para que tudo possa funcionar de acordo, também as instituições do Estado vão se derretendo. Nesse ponto de nosso enredo real, os poderes da República se transformam em entidades burocráticas inacessíveis. Não há controvérsias entre o cidadão e o Estado. A qualquer hora, você pode ser preso. A comparação entre os cenários distópicos da ficção científica e o mundo atual sugere que vivemos um tempo em que o imaginário tornou-se real.
O “espelho” mencionado evoca referências como Alice no País das Maravilhas ou 1984, em que a realidade é distorcida e transformada por forças invisíveis ou incontroláveis — como hoje, com as inteligências artificiais, a vigilância digital e o avanço de tecnologias que escapam do controle comum. A imagem de sermos “figurantes passivos” reforça uma crítica à perda de protagonismo do indivíduo frente a estruturas globais (políticas, tecnológicas, corporativas). O “não-lugar” citado remete a uma sociedade em que as pessoas não têm identidade clara, nem pertencimento — conceito explorado por Marc Augé em sua teoria dos “não-lugares”, espaços anônimos da modernidade como aeroportos, shoppings ou ambientes digitais.
As “mentes ao estilo globalista” — grandes corporações, famílias e grupos de poder com projetos que moldam o mundo à sua imagem e sem diálogo com a pluralidade humana. A ideia de que “o mundo cabe na palma da mão” evoca tanto o domínio total das big techs, como a tentativa de padronização cultural, política e econômica. A frase final — “é o nada fora do Estado” — ecoa filosofias autoritárias, especialmente o pensamento hegeliano distorcido em regimes totalitários, como o fascismo (“Tudo no Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado”). Vemos a estatização da subjetividade humana, ou seja, a submissão total da vida individual ao controle estatal ou tecnocrático.
Aqui vai um alerta existencial e político: Qual o papel do ser humano em um mundo cada vez mais guiado por algoritmos e decisões centralizadas? Ainda existe espaço para liberdade, diversidade e ação individual? E se estamos mesmo diante de uma virada civilizacional, qual é a resistência possível?
O cenário de fundo desse não lugar apresenta prédios, muros e o que for possível, pichados e cheios de mensagens sinistras. As ruas são sujas, cheias de armadilhas, mal iluminadas e inseguras. Milhões de fios aéreos cortam essa paisagem apocalíptica, como uma série de rabiscos. À nossa volta, tudo o que representava o nosso mundo vai desaparecendo em meio a fumaça. O mundo distópico molda também pessoas distópicas, sem humanidade. Aliás, o humanismo foi deixado longe na estrada. Lembrando aqui que estamos falando de ficção. Ou não?
A frase que foi pronunciada:
“Ele acha que tem livre-arbítrio, mas na verdade está preso em um labirinto, em um sistema.”
Episódio ‘Bandersnatch’, do seriado Black Mirror
História de Brasília
As professôras perderam metade da razão ao deflagrarem greve. A solidariedade das professôras primárias poderia ser dada de outra forma, com braços cruzados durante uma hora, mas nunca com prejuízo total para os alunos. (Publicada em 02.05.1962)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
jornalistacircecunha@gmail.com
facebook.com/vistolidoeouvido

Em novela publicada em 1818, Mary Shelley conta a estória sobrenatural vivida pelo cientista Victor Frankenstein, que conseguiu, depois de anos de tentativa, dar vida a uma criatura de laboratório, toda ela formada por diferentes partes de cadáveres humanos. Vendo que havia criado uma espécie de monstro de aparência horrenda, o cientista simplesmente abandona sua criação à própria sorte.
No livro, fica subentendido que o monstro, na verdade, possuía muito mais humanidade que seu criador, descrito aqui como um cientista extremamente egoísta e preocupado apenas com a fama que suas pesquisas poderiam trazer para sua imagem. Como uma espécie de Prometeu moderno, que ousou desafiar Zeus, entregando o fogo do conhecimento e da possibilidade de transformação da natureza, Frankenstein, mostra, sobretudo que todo e qualquer poder ou criação devem ser acompanhados também de grandes responsabilidades.
Questões como essa, que tratam dos limites do conhecimento, do sentido da vida, da ambição desmedida e da relação do homem com o mundo em volta, podem ser apreendidos desse romance, levando o leitor a pensar inclusive nas consequências negativas de suas invenções.
Sem valores humanos legítimos, todo e qualquer avanço e tecnologia pode concorrer para a destruição do próprio homem. É o caso aqui do desenvolvimento das armas nucleares, onde a busca por tecnologias e poderes, sem um propósito humano por trás, levou-nos aos episódios de Hiroshima e Nagasaki.
No que diz respeito à questão da Inteligência Artificial, parece para muitos, atentos à questão, já abordada recentemente aqui neste espaço, que estamos no limiar de uma etapa e de uma nova encruzilhada da evolução humana, onde tudo pode acontecer, inclusive o perigo dessa tecnologia vir a se voltar contra seus criadores. Pelo menos é o que vem alertando muitas personalidades e cientistas envolvidos no aperfeiçoamento dessa tecnologia. Para os que buscam resposta sobre a IA, as perguntas iniciais feitas por mamfil57@gmail.com ao ChatGPT começam com uma questão básica: Quem é você?
– Eu sou o ChatGPT, um modelo de linguagem avançado criado pela OpenAI. Estou aqui para ajudar a responder suas perguntas e fornecer informações em uma ampla variedade de tópicos. Sinta-se à vontade para me perguntar o que quiser!
Qual a finalidade da criação da inteligência artificial?
– A criação da inteligência artificial (IA) tem como objetivo desenvolver sistemas que possam realizar tarefas que normalmente exigiriam inteligência humana para serem executadas. Esses sistemas podem ser usados para uma ampla variedade de aplicações, desde a automação de tarefas rotineiras até o desenvolvimento de sistemas mais avançados que possam aprender, adaptar-se e tomar decisões autônomas. A IA pode ser usada para resolver uma ampla variedade de problemas em muitos setores, incluindo saúde, finanças, transporte, manufatura e muito mais. Ela pode ajudar a melhorar a eficiência e a produtividade em muitas áreas, além de fornecer soluções para problemas complexos que seriam difíceis de resolver de outra forma.
Embora a IA possa oferecer muitos benefícios, também é importante considerar os possíveis riscos e desafios associados ao seu desenvolvimento e uso, como a privacidade de dados, o viés algorítmico e a segurança cibernética. Por isso, é importante que as pesquisas e desenvolvimentos de IA sejam realizados de maneira ética e responsável.
Poderia existir alguma competição ou disputa entre a IA e os humanos?
– Não existe uma competição direta entre a IA e os humanos, pois a IA é projetada para complementar e auxiliar o trabalho humano, em vez de substituí-lo. A IA é criada para realizar tarefas específicas de maneira eficiente e precisa, mas isso não significa que ela possa substituir completamente as habilidades e capacidades humanas. Na verdade, a IA é frequentemente projetada para trabalhar em conjunto com os humanos, oferecendo suporte em tarefas complexas que exigem processamento de dados em grande escala, análise de informações, tomada de decisão e muito mais. A IA pode ajudar os humanos proporcionando insights valiosos e automatizando tarefas repetitivas.
No entanto, é importante considerar que a IA pode ter impactos significativos no mercado de trabalho, especialmente em áreas onde as tarefas podem ser automatizadas, é preciso que haja uma compreensão clara dos benefícios e desafios da IA e que os esforços sejam feitos para garantir que a IA seja desenvolvida e implementada de maneira ética e responsável.
Haveria a possibilidade de algum governo usar a IA para fins militares?
– Infelizmente, é possível que alguns governos possam usar a IA para fins militares. A IA tem a capacidade de fornecer insights valiosos e automatizar processos complexos, o que pode ser útil em aplicações militares, como monitoramento, detecção de ameaças e tomada de decisão. No entanto, é importante considerar que o uso da IA em aplicações militares também pode apresentar riscos significativos, especialmente se for usado para fins ofensivos. Por exemplo, a IA pode ser usada para criar sistemas autônomos de armas que possam operar sem a intervenção humana direta, o que levanta questões éticas e de segurança.
História de Brasília
Do canteiro de obras sai uma torrente imensa, atira-se sobre o asfalto, cobre a pista, deslisa, junta-se a outra torrente do IAPI, prossegue, recebe mais água do IAPETEC, e, finalmente, desagua no trevo da Igrejinha. (Publicada em 18.03.1962)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
jornalistacircecunha@gmail.com
facebook.com/vistolidoeouvido

Deus, segundo a Bíblia, criou o mundo e nele depositou a espécie humana ou homem, conforme à imagem e semelhança do próprio Criador. Em Gênesis 1:26-28, está escrito: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os grandes animais de toda a Terra e sobre todos os pequenos animais que se movem rente ao chão. Multipliquem-se, disse Deus. Encham e subjuguem a Terra.” E foi isso exatamente o que a espécie humana fez, ao subjugar, para o bem e para o mal, todo o planeta e dele se servindo, para sobreviver e se desenvolver como espécie. Nesse sentido, o homem tem em Deus o seu Criador. Do mesmo modo, ao se desenvolver, o homem buscou imitar Deus, criando a máquina. Nesse ponto, o homem torna-se também o deus criador da máquina, utilizando-a para seu proveito.
Ao soprar em suas narinas, Deus deu ânimo ou uma alma à sua criação. Também em Gênesis 2: 7-25 está escrito: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da Terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.”. Da mesma forma, o homem, para dar “vida” ou uma “alma” à sua criação (máquina), desenvolveu primeiro o combustível a vapor, depois o motor à explosão, a eletricidade e outros catalizadores mais atuais. Tudo num gesto típico de imitação ao Deus Criador. Da criação da máquina a vapor, durante a chamada Revolução Industrial, na segunda metade do século XVIII, até a invenção e o desenvolvimento dos primeiros computadores, entre os anos 1943 e 1946, com a denominada Eletronic Numerical Integrator and Computer (ENIAC), foi um ”pulo”, em termos de tempo histórico de evolução. Daí então, para o desenvolvimento dos robôs, da computação quântica, até a tão propalada Inteligência Artificial (IA), deu-se também num pulo rápido. Eis aí o ponto em que nos encontramos agora, com o homem buscando tornar sua criação, conforme à sua imagem, conforme à semelhança da espécie.
Ocorre que, na história e no enredo do desenvolvimento humano, é preciso dar sentido à criação da IA, de modo que ela não venha, no futuro, dispensar o próprio homem, descartando-os como muitos ainda fazem hoje em dia em relação ao Deus Criador. É, nesse momento que a expressão latina, de origem grega, Deus ex machina, ou o Deus surgido da máquina, entra em cena, podendo dar um fim inesperado a toda a trama humana, quiçá até em destruí-la. Não se trata aqui de ficção, mas de uma realidade que preocupa, agora, diversas personalidades pelo mundo afora, todas elas envolvidas, direta ou indiretamente, nos projetos de Inteligência Artificial. Para tanto, esse grupo de visionistas, que inclui desde o bilionário Elon Musk, dono da Tesla, o historiador Yuval Harari, autor de best seller como “Sapiens, uma breve história da humanidade” ou o “Homo Deus”, além de personalidades como Sam Altman, CEO da OpenAI Startup que criou o chatGPT e outros, estão pedindo, agora, por meio do site “futureoflife.org”, que se faça uma moratória de, ao menos, seis meses, para que haja discussões mais aprofundadas e mesmo regulamentações de segurança sobre o desenvolvimento da IA, tendo em vista as múltiplas repercussões que essa tecnologia trará para a humanidade.
Não se trata aqui de um alerta sem propósito ou sensacionalista, mas de uma advertência com profundas e sérias razões. Da mesma forma que os homens criaram e desenvolveram as armas de destruição em massa, capaz de fazer explodir todo o planeta, também a IA, para muitos pensadores e protagonistas dessa epopeia, vem alertando sobre os riscos para a humanidade trazidos por esse tipo de avanço, tanto para a democracia, como para o fim de muitas profissões, com riscos ainda para perda do controle de toda a civilização.
Para esse grupo, a humanidade está próxima de um ponto de inflexão a que chamam de “singularidade”, quando as máquinas passam a adquirir e despertar consciência. É o nascer da consciência das máquinas, sua autonomia e sua provável rebelião contra a espécie humana. Anos atrás, o então físico Stephen Hawking já alertava para os perigos no desenvolvimento de robôs e de da própria IA, dizendo que essa revolução implicaria também um sério risco às sociedades humanas.
Em 2014, numa entrevista concedida à BBC, Hawking, disse, com todas as letras, que o desenvolvimento da Inteligência Artificial poderia significar o fim da raça humana. “Máquinas pensantes ameaçam a existência humana”, disse ele, ao lembrar que os humanos, limitados pela evolução biológica lenta, não conseguiriam competir com a IA e seriam desbancados. O risco maior está naqueles países que não respeitam e mesmo desprezam fatores como a ética científica e, portanto, irão se lançar no desenvolvimento dessa tecnologia, para dominar, ainda mais, seus próprios cidadãos e, posteriormente, dominar outras nações.
A singularidade desse momento, não só no sentido do despertar da consciência das máquinas, mas também no que toca à esse instante ímpar em que temos que decidir que rumo tomaremos pela frente, pode significar desde um avanço, em direção à árvore da maçã proibida, até a uma nova expulsão do paraíso e um retorno às cavernas. Ou nem isso.
A frase que foi pronunciada:
“É das feições dos anos que se compõe a fisionomia dos séculos.”
Victor Hugo

Sóbrio
Nos anos 60, lá estava Geraldo Vasconcelos, no famoso Posto do Geraldo, quando, de repente, chega o presidente Jânio Quadros. Todos com os olhos presos no homem, que anda devagar e vai até o balcão. Pede para ver uma garrafa de bebida alcóolica. Qualquer uma. O que ele queria mesmo era se certificar se os produtos de lá estavam com o selo do imposto. Havia um selo de imposto. Estava tudo certo.

ColaBora
O Coletivo de Poetas (CP), a Tagore Editora e o Café ColaBora – Arte, Moda, Gastro e Decorações convidam para o lançamento de BRASILIDADE, sábado, 01/04, às 16h. O poemário reúne 31 poetas. Foi concebido para celebrar os aniversário de 60 anos de Brasília e 30 do CP, em 2020. A pandemia adiou o evento. Veja, a seguir, quais são os poetas em BRASILIDADE. São 241 págs. Preço de lançamento: R$ 60,00. CRS 507 Bl. D Lj 3/5. W3 Sul.
–> Alceu Brito Corrêa, Anabe Lopes da Silva, Ariosto Teixeira, Chico Pôrto, Elisa Carneiro, Ézio Pires, Guido Heleno, Herbert Lago Castelo Branco, Hilan Bensusan, Jorge Amâncio, José Edson dos Santos, José Roberto da Silva, Lourdes Teodoro, Luís César Sousa, Maria Maia, Marcos Freitas, Mauro Moncks, Menezes y Morais, Nando Potyguara, Nara Fontes, Nonato Freitas, Nonato Véras, Olivia Maria Maia, Paulo José Cunha, Salomão Sousa, Reginaldo Gontijo, Roberta Almeida de Souza Cruz, Samuel Barros Magalhães, Vanessa Teodoro Trajano, Varadero e Wagner Srestras. BRASILIDADE tem fotografias de Edmilson Figueiredo.
História de Brasília
Fugiu, doutor, é o termo. E vai ser duro, reaver o crédito. Seu sucessor soube se portar, com espírito de renuncia e compressão. Desprendeu-se de vaidades, e abriu mão de um direito constitucional para que não fosse sacrificado o povo. O senhor, no caso, faria o mesmo, dr. Jânio? (Publicada em 17.03.1962)


