DESDE 1960 »
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com Circe Cunha e MAMFIL
Gradativamente, a sociedade vai aprimorando a percepção sobre os mecanismos que propiciam e induzem a plena democracia. Obviamente, esse aprendizado lento e contínuo só pode acontecer se forem atendidas algumas premissas básicas. Talvez a principal delas seja justamente o direito à informação absoluta sobre todos os fatos que se desenrolam dentro da máquina do Estado.
A coisa mais pública, dentro de uma República que se preze, é a informação. Quanto mais cristalino é um Estado e um governo, mais aperfeiçoada é também a estrutura democrática. Em outras palavras, só pode existir democracia de fato numa República na qual seus cidadãos têm pleno acesso a tudo o que diz respeito ao Estado. Quem lida com as coisas de Estado tem de deixar a cara à mostra para todos.
Nada mais contraditório do que uma autoridade de qualquer um dos Poderes que pretenda manter em torno de si e de sua vida uma cortina de espessa. Todos que, de alguma maneira, vivam do Estado são para ser expostos em vitrine pública, sob a luz forte da sociedade.
Quem possui vida privada e a ela tem excepcionais direitos é o cidadão comum. Dessa forma, qualquer situação que suprima aos cidadãos o direito à informação incorre em desvirtuamento do poder público. Quem quer se pôr a salvo da curiosidade da população deveria tomar rumo contrário a tudo o que diz respeito à República.
Ao restringir o direito de qualquer indivíduo às informações de que necessita, a República deixa de ser o que ela é na sua origem. Reuniões a portas fechadas, encontros e agendas secretas, acordos feitos sob sigilo, empréstimos e contratos realizados longe da visão do cidadão, conchavos à meia luz, julgamentos e decisões sem o conhecimento público, gastos com cartões corporativos de maneira sigilosa, sob o argumento de segurança nacional e outras modalidades do gênero têm sido comuns ao longo de toda a nossa história como nação. O que tem resultado desses segredos todos, em quase 130 anos de República, é o divórcio litigiosos entre a classe política e a sociedade, a ponto de a população precisar sair às ruas para dizer, em alto e bom som, que nenhum político ou partido representa, de fato, a nação. Com a Lava-Jato e congêneres, a maré do Brasil baixou a tal ponto que agora quem nadava nu começa a ser visível para todos.
A frase que foi pronunciada
“Acima da lei, acima do teto! Quanto mais alto se voa, maior a queda.”
Manifestante na Câmara
Toque
» Quem frequentou os cines Marcia, Karim Nabut e outros tantos nos áureos tempos de Brasília deve as boas memórias a Abdala Karim Nabut, que saiu devagarinho desta vida, com a elegância e discrição de sempre.
Dica
» Para as férias, segue uma sugestão de leitura. O romance O Labirinto das Moiras, da médica e escritora Tânia Calciolari. “De certa forma, acredito que você já me conhece. Eu sou o Destino. E como entrei aqui? Bom, deve saber que não preciso de convite para entrar em parte alguma. Na verdade, eu já estou em toda parte.” (pág. 6)
Leitor
» O voto distrital baratearia em muito as campanhas políticas para deputados estadual e federal, e senadores. Isso porque o candidato buscaria seus votos em seu domicílio eleitoral. Em seu domicílio eleitoral o candidato é mais conhecido. Por que iria um candidato de Uberaba buscar votos em Montes Claros? Muitas vezes, porque seus vizinhos aprenderam a não confiar nele e, portanto, tem que se buscar votos alhures. Esses custos a mais recaem no contribuinte. O voto distrital premia os que têm uma vida aprovável pela população local. Assinou J.R.
Haja criatividade!
» Mais uma sugestão para a engenharia de trânsito na entrada do Lago Norte. Até hoje os motoristas não respeitam a direita livre! Uma fila enorme se forma no horário do almoço, sem necessidade.
Novidade
» Travis Busbee, da Universidade de Harvard, é coautor de um projeto de impressão em 3D para uso humano. O primeiro caso foi de um paciente que recebeu uma mandíbula impressa em três dimensões. O detalhamento das peças contribui para o sucesso do uso. A rejeição do organismo ao corpo estranho está sendo vencida.
História de Brasília
Conservação do Lago. Concluir a estação de tratamento de esgotos, que se encontra quase que paralisada. Enquanto isto, o esgoto está sendo atirado no Lago. Antes, diretamente. Agora, com tratamento preliminar, mas sempre perigoso. (Publicado em 17/9/1961)