Ser novo é…

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

colunadoaricunha@gmail.com

com Circe Cunha  e Mamfil

Aqui e ali aparecem políticos, no seu sentido real e necessário à comunidade, que se destacam em meio ao mar de egoísmo que inunda a atual legislatura no Congresso Nacional. São esses indivíduos que, justamente por terem luz própria, adquirida tanto na árdua formação intelectual como na experiência de vida, repleta de dissabores e desafios, fazem a diferença e acabam por justificar a própria existência do tão desgastado Poder Legislativo.

Seguidor das ideias de Darcy Ribeiro, também senador e um dos fundadores da Universidade de Brasília, Cristovam Buarque é um desses raros homens de ideias a habitar o mundo iletrado, primitivo e desleal da política nacional. Talvez por essas características pouco usuais, Cristovam não tenha se destacado como um igual junto aos pares, sendo pouco prestigiado e até alvo de críticas injustas, principalmente vindas de ex-companheiros do Partido dos Trabalhadores.

Seus ex-correligionários não perdoam o fato de o senador ter despertado para o grande engodo que é Lula e seu entorno imediato. O fato de ser atacado agora por petistas só aumenta a certeza de que o representante de Brasília no Senado fez a coisa certa ao despir a fantasia da ilusão, afastando-se do seu conterrâneo, cego de poder e vaidades vãs.

Tampouco a bandeira agitada por Cristovam no Congresso faz sucesso. Falar em educação, em meio a pessoas cujo interesse imediato não vai além das próximas eleições, é como pregar no deserto. Nesse sentido, tanto Darcy Ribeiro como Cristovam Buarque e mesmo outros educadores como Anísio Teixeira, por suas pregações pela importância do saber na vida humana, discursam para plenários vazios, povoados por gente de orelhas moucas e pouco interessada nas coisas do humanismo, da ciência e da cultura.

Por certo, nesta altura de vida, o velho senador já tenha se convencido da ineficácia de revolucionar o país por meio da educação de massa, a partir do Legislativo. A ideia de que o Brasil possa repetir o sucesso da Coreia do Sul, que, pela educação, libertou o país do subdesenvolvimento, parece sonho distante, principalmente nestes tempos em que a falta de alma de nossas lideranças é exposta à luz do dia, para o horror de todos.

No derradeiro artigo em que tratou da importância do novo para a construção do futuro, Cristovam mandou um recado para seus pares ao aconselhar que “o novo está mais no dinamismo decorrente da coesão social do que na disputa de interesses de grupos, corporações e classes”. Na sua opinião, “ser moderno é servir aos interesses do público”. O novo, diz, está na educação de qualidade capaz de construir uma sociedade do conhecimento, da ciência, da tecnologia, da informação, da cultura. Obviamente que pregações com esse teor não possuem o dom de atrair a luz da mídia, muito menos a adesão dos mandatários, mas, sem dúvida, marcam a única direção possível, justamente aquela que, por uma maldição divina, por séculos insistimos em recusar.

 

A frase que foi pronunciada

“A diferença entre um estadista e um político comum é que o primeiro deixa seu país e o mundo muito melhores do que encontrou.”

Mário Vargas Llosa, escritor peruano

 

Do leitor

» As Quadras 108/308 Norte são as únicas fechadas, ou seja, em que a W-1 é interrompida pela existência de uma escola. Se, de um lado, é bom pela tranquilidade de não termos o fluxo de veículos grandes, proporcionando maior segurança às nossas crianças, o mesmo não ocorre em relação às motocicletas (leia-se os motoboys), pois, para evitarem a volta pelo Eixo-N ou pela W/3, o que fazem? Passam sobre as calçadas, grama e ciclovias, pelas laterais da escola, por trás dos prédios das quadras mencionadas ou entre os blocos dos comércios locais, infernizando, à noite principalmente, com mais intensidade nas sextas, sábados e domingos, o sossego dos moradores com o ronco barulhento das motos que, seguramente, ultrapassam os 80 decibéis legalmente estabelecidos. Opinião de José Airton de Brito.

 

Estudos

» Hoje termina a segunda chamada para os CILs. Os Centros Interescolares de Línguas são o que há de melhor na educação pública oferecida pelo governo. O projeto recicla alunos e professores da rede que têm a oportunidade de aprender novo idioma. Só há elogios para essa iniciativa.

 

Metrô

» Por falar em elogios, as estações de metrô continuam limpas e agradáveis. Pena que tenha pouca arte integrada.

 

Estranho

» O caso aconteceu no BRB. Ao depositar um maço de dinheiro recém-retirado de outro banco, com a cinta de papel descrevendo o valor, o cliente recebeu um aviso. Havia uma nota suspeita no conteúdo e por isso foi retirada do valor total do depósito. E ficou por isso mesmo.

 

História de Brasília

Lamentável foi a presença do Departamento Federal de Segurança Pública nesses acontecimentos. Uma nota inverídica, forjada sob o espírito do DIP, falava em princípio de incêndio logo debelado, quando toda a cidade viu o avião se queimar durante uma hora, até que nada mais restasse. (Publicada em 1º/10/1961)

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