DESDE 1960 »
aricunha@dabr.com.br
com Circe Cunha e MAMFIL
Nos 127 anos que nos separaram da Proclamação da República, muito mudou, obviamente, mas muita coisa permanece inalterada. Pela resistência que se observa nos três Poderes do Estado, ainda vai levar um bom tempo para que tenhamos de fato uma República conforme preceituada lá nas suas origens e onde a igualdade formal dos indivíduos e o respeito à coisa pública sejam de fato acatados.
Houvesse, desde sua origem no Brasil, tomado o caminho natural da austeridade nos gastos , com a simplificação da máquina do Estado e a cessação definitiva dos privilégios herdados após um longo período de monarquia, nossa República seria modelo para o mundo Ocidental. Infelizmente enveredamos pelo caminho que parecia mais fácil e natural à nossa formação histórica.
Criamos, para desfrute das classes mais abastadas e influentes, um misto de República e monarquia, de modo a atender às pressões das elites destronadas e acomodar todo mundo na ante sala dos cofres públicos. Não é por outro motivo que ainda temos um Executivo onde os presidentes, ao longo desse tempo, sempre demonstraram um comportamento tipicamente monárquico, faltando-lhes apenas o uso do cetro e da coroa.
Blindados contra as bisbilhotices alheias pela prerrogativa de foro, nossos parlamentares vivem num mundo à parte e refutam qualquer tentativa de enquadrá-los dentro dos princípios republicanos. Também o Judiciário, principalmente aquele alojado nas altas cortes, vive em um período anterior a 1889. Pesquisa feita na folha de pagamento dos juízes dessa Corte, ainda no ano passado, mostrou magistrados recebendo salários com superligas de nióbio com as chamadas “vantagens eventuais” que chegam a R$ 700mil mensais.
Para um país com 12 milhões de desempregados, e milhões vivendo de subempregos e trabalhos eventuais, um servidor da Justiça exibir um provento dessa magnitude chega a ser pornográfico. Em regra geral, nas instâncias superiores, que deveriam ser exemplo, os salários ultrapassam o teto limite fixado pela própria Constituição, o que convenhamos, é contrário a Lei Maior do país.
Fossem adotados limites racionais para estes salários escandalosos, e dentro do que um país moderno pleiteia, o salário mais alto deveria caber aos professores-pesquisadores universitários em fim de carreira, com todos os títulos acadêmicos possíveis incorporados.
Os altíssimos salários não explicam o gasto com o funcionalismo que, só neste ano, consumirá R$ 161 bilhões e nem explicam também a crise econômica atual atravessada pelo Brasil. O que nos distancia de uma República ideal é a preguiça de mudar e os interesses em manter as coisas como estão.
A frase que não foi pronunciada
“Não!”
Possível resposta de organizadores ao aluno que perguntou: “Eu posso não querer ocupar a UnB?”
Votação
» No Gama, foram 60 votos a favor e 378 contra a ocupação nas universidades.
Vicente Pires
» Os moradores de Vicente Pires — bairro que abriga 90 mil pessoas — estão preocupados com a ameaça de desativação do único Posto de Saúde da cidade. É que a Secretaria de Saúde está há 20 meses sem pagar o aluguel do posto, os telefones estão cortados por falta de pagamento e a diretora Regina foi exonerada, além dos demais profissionais serem obrigados a prestar serviços em hospitais. A revolta é geral. Com a palavra o governador Rollemberg.
Efeito
» Alexandre Zaghetto, professor da UnB, peitou. Deu aula ao ar livre, já que as salas estavam ocupadas por quem não quer estudar. Alunos não faltaram! O mesmo aconteceu no Departamento de Música. Aulas debaixo das árvores. Pelo menos para alguma coisa esse movimento serviu! Sair da mesmice é ótimo!
Prevenção
» II Fórum Ser Homem no Brasil — Um novo olhar sobre a saúde, acesso e tratamento ao homem com câncer. O oncologista Igor Morbeck participou do encontro, representando o Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês — Unidade Brasília. O encontro foi promovido pelo Instituto Lado a Lado pela Vida. Em pauta, a prevenção de tumores masculinos. O evento teve o apoio do Senado Federal e reuniu parlamentares, governantes, representantes do Ministério da Saúde, população e profissionais da área. O evento foi realizado no auditório Senador Antônio Carlos Magalhães, Interlegis, do Senado.
História de Brasília
Veio, depois, a construção. Dois prédios, um de tevê e outro de jornal. As fiscalizações semanais. O desespero do nosso Nereu Bastos, e a preocupação do dr. Edilson Varela. (Publicado em 15/9/1961)