Saída pela direita

Publicado em ÍNTEGRA

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com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br

 

Com a construção do Eurotúnel em 1994, ligando a França à Inglaterra, a verve típica dos ingleses produziu um comentário que traduz muito a visão daquele povo sobre o restante dos habitantes do planeta: “Agora o continente não se encontra mais isolado”. Individualismos à parte, o certo é que as fronteiras, todas elas, são arbitrárias, e resultam de decisões temporais e humanas e servem, em última análise, para impedir que pessoas de outras culturas adentrem o território. No caso da decisão agora, tomada por consulta popular, do Reino Unido abandonar a União Europeia, as consequências, como diria o filósofo de Mondubim, virão a posteriori e trarão reflexos não só para a Inglaterra e UE, mas para o mundo Ocidental.

Como se trata de decisão soberana, oriunda de vontade livre de cidadãos que se manifestaram por meio de plebiscito, não há o que contestar. Ocorre que esse resultado veio muito em cima do calor do momento, quando a Europa sente os efeitos da chegada repentina de uma leva de quase 1 milhão de migrantes desesperados, procedentes de regiões pobres do planeta, assoladas por guerras e fome. Um novo mundo está se desenhando. Nem tão novo assim, mas que parece se encaminhar de volta ao próprio umbigo.

Para alguns analistas, dentro do ciclo perpétuo da sístole e diástole, o processo da globalização começa a dar sinais de esgotamento e uma tendência que vem acompanhando esse movimento de retorno para dentro das fronteiras, é precisamente o fortalecimento de uma direita conservadora e xenófoba, para quem os males da Europa decorrem da excessiva permissividade para a entrada e trânsito de estrangeiros no continente.

Com a saída dos ingleses, há o risco dessa decisão se repetir com outros membros do bloco, catalisando um processo que pode levar a falência da União. É preciso lembrar que a Inglaterra, assim como a França nunca viu com bons olhos a entrada para o bloco de países periféricos como Portugal, Grécia, Espanha e outros. Em sua concepção original, a União seria representada unicamente pelos países mais prósperos do continente, numa espécie de clube dos ricos.

Para o Brasil, as consequências virão com efeitos dessa decisão sobre os mercados mundiais e que as bolsas de valores começaram a refletir, com a despencar da libra. Em menor escala, o Brasil ensaia, com o ministro das Relações Exteriores, José Serra, tomar certo distanciamento do Mercosul, para que o país possa negociar acordos bilaterais de livre-comércio, amarrados desde o ano 2000, quando o Bloco decidiu que esse acordos só poderiam ser firmados de forma conjunta.

O determinismo geográfico tem sido a sorte e a ruína da Inglaterra ao longo de sua existência, protegendo-a das ambições de Napoleão e de Hitler. Mas o fato de ser uma ilha, num mundo conturbado como o atual, não é, por si, garantia de um futuro próspero. Quando protagonizou a Revolução Industrial, base e origem de sua riqueza, a Inglaterra teve que buscar, além-mar as matérias-primas que necessitava para sua empreitada. Quando necessitou de mercado consumidor para os produtos que fabricava, também foi alhures onde buscou compradores. De fato é preciso ressaltar que, à semelhança do homem, nenhum país é uma ilha.

A frase que não foi pronunciada

“É preciso usar o lobo frontal para legislar. “

Pensamento de um certo juíz

Deu bode

Falta pouco tempo para a abertura das Olimpíadas 2016. Fato novo preocupa os organizadores. O controle do doping brasileiro foi suspenso. As amostras do laboratório serão transferidas para um outro instituto credenciado pela Agência Mundial Antidopping. Faltava o cumprimento às normas internacionais.

Concurseiros

Vai ser na próxima semana a votação no plenário do Senado Federal sobre a Medida Provisória 714/2016. Ela amplia a participação de capital estrangeiro de 20% para 100% em empresas aéreas brasileiras com direito a voto.

Vagas

Concurso da Abin promete. Já foi feito o pedido ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. São 650 vagas. Ano passado foram 470.

Juntos

Não é só o Ministério Público do Brasil que está resignado a acabar com a corrupção. O MP da Suíça tem enviado ao país documentos importantes sobre endereços luxuosos dos nossos políticos.

História de Brasília

Esta atual legislatura, os mesmos deputados já haviam, no Rio, rejeitado a mesma emenda que foi aprovada às pressas, no auge da crise político-militar do fim do mês passado. (Publicado em 9/9/1961)

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