Representação política no DF é caso de polícia

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha e MAMFIL

“Toda a nação tem o governo que merece”, a frase, dita pelo filósofo francês De Maistre, traz, simultaneamente, uma verdade e uma falácia de iguais teor e efeito. A declaração foi feita durante os episódios da Revolução Francesa no século 18, e repetida ainda hoje mundo afora, inclusive no Brasil. Ninguém contesta o fato de que os políticos eleitos para representar a população são escolhidos, em suma, porque se identificam e se parecem com quem os indicou.

A possibilidade de alguém votar num candidato totalmente diferente daquilo que é e acredita é quase remota. Escolhemos nossos representantes com base no que somos e no que queremos para o país. Nossos candidatos são, portanto, esculpidos à nossa imagem e semelhança. Nesse sentido, explicar a existência de tantos políticos com tão baixa qualidade moral para o exercício da representação popular significa apontar o dedo acusatório também para a baixa qualidade dos eleitores.

Na verdade, a frase de De Maistre ficaria mais atualizada se fosse reescrita desta maneira: “Todo eleitor tem o candidato que merece”. No caso de Brasília, submetida à imposição e ao arranjo artificial de ter representantes eleitos para os poderes Legislativo e Executivo, local e nacional, igualou a capital às demais unidades da Federação em todos os quesitos, inclusive, quanto à baixa qualidade de políticos eleitos.

Com um modelo desses, confeccionado sob medida para eleger os maiores aldrabões da redondeza, não surpreende o fato de a polícia, volta e meia, aparecer no encalço dos espertalhões, munida de mandado de busca e apreensão, prendendo e levando para depor autoridades que, por sua significância, deveriam ser exemplos de retidão.

Já foi dito aqui que, no plano nacional, não foi a direita que enxotou o governo petista do Planalto, foi a ação da polícia, a mando do Ministério Público, que fez a casa cair. O resto veio abaixo por inércia própria. Também em Brasília, que copiou o triste modelo, mais uma vez a polícia armada de autorização judicial cercou a Câmara Legislativa e, agora, o Palácio do Buriti, em busca de mais provas para dar continuidade à Operação Drácon. O objetivo é investigar a origem do dinheiro que o PM aposentado João Dias jogou sobre o então deputado Paulo Tadeu, hoje conselheiro no TCDF. Em ambos os casos, fica patente, mais uma vez, que a representação política no Distrito Federal é caso de polícia. Com a palavra, os eleitores responsáveis pelas indicações desastrosas.

A frase que não foi pronunciada

“A minha consciência tem mais peso pra mim do que a opinião do mundo inteiro.”

Marco Túlio Cícero

Do leitor

Em audiência pública no Senado, uma funcionária do Itamaraty rasgou o verbo sobre o assédio moral e sexual que acontece em nossos consulados mundo afora. Agora chega uma denúncia sobre a embaixatriz Tereza Carvalho, em Ancara, Turquia. Embaixatriz e não embaixadora, diga-se de passagem. A denúncia é sobre o suposto desrespeito e a arrogância com que trata os diplomatas e outros funcionários do local. Soube-se que ela e o marido serão transferidos para Moscou. O corpo diplomático de lá está apavorado. Problema para a equipe do ministro José Serra.

Flores

Ângela Amin está fazendo uma campanha intensa em Santa Catarina. O santinho é um pacotinho de sementes de girassol conclamando a população a florir Florianópolis. A estrategista do marketing é aqui de Brasília. Outro material de divulgação é o lápis semente. Quando chega ao fim, basta plantar a ponta que traz sementes.

Vergonha

Direito administrativo e direito constitucional são as duas gelatinas da Justiça. Sem forma definida, adaptam-se ao gosto do freguês. Em matéria de punição, nem se fala. Basta escolher a forma e as gelatinas se adaptam.

Deu na net

Dor de cabeça para o governador Rodrigo Rollemberg. Jefferson Rodrigues Filho, suposto estelionatário, tentou vender informações pessoais do governador à deputada Celina Leão.

História de Brasília

São 5 bilhões de cruzeiros, já vencidos, que a Novacap terá que pagar. É o resultado da política do sr. Jânio Quadros, que autorizava, e o ministro Clemente Mariani não pagava. (Publicado em 13/9/1961)

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