A quinta-coluna governista

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br

 

A crise, por seus desdobramentos diários, se tornou assunto inesgotável e, portanto, obrigatório. Esse fenômeno ocorre não é por conveniência da imprensa, sempre aberta a manchetes de escândalos. A mídia reage, na maioria das vezes, apenas aos acontecimentos, dando prosseguimento correto à divulgação para o grande público. Essa é a sua razão de existir. Os observadores são unânimes em afirmar que o momento político vivido hoje no país é o mais grave dos últimos cinco séculos de nossa história.

A avalanche ininterrupta de fatos, vindos da Praça dos Três Poderes e de Curitiba, ocorre em tal volume que, praticamente, não dá tempo para se pensar em reação nem em respostas nem em estratégias de defesa. DesTa vez, os caríssimos escritórios de advocacias que, anteriormente, faziam a diferença entre os “iguais perante a lei” se veem diante de processos de defesa cada vez mais intrincados.

O encurtamento das possibilidades recursais à segunda instância provocou uma revolução no rito jurídico, que ainda não foi devidamente aquilatado. O risco de uma profunda cisão na sociedade é presente e, mesmo assim, continua sendo alimentada pelo que restou da turma de apoio ao governo. A tática de dividir para enfraquecer e confundir continua sendo empregada, talvez como recurso de desespero final.

A força do tempo mostra, mais uma vez, que nada no mundo é para sempre. Pessoas e partidos também não escapam à ação corrosiva do passar dos dias. Mais duradouros e quiçá necessários são os valores morais humanos. Mas esses também sofrem com o efeito ralador do tempo. A moral, e não o moralismo, se tornou mercadoria escassa. Muito mais do que o fim que se anuncia inexorável, o que mais deve torturar aqueles que ainda estão embarcados na nau governista é o fato de saber que eles podiam absolutamente tudo.

A partir de 2002, um país inteiro foi disposto numa grande mesa ao partido para que operassem as mudanças necessárias e que por séculos foram sendo adiadas. Era a verdadeira travessia do Mar Vermelho que se abria para a passagem de milhões de desassistidos. O que, à primeira vista, parecia uma jornada tranquila, se revelou — por carência na qualidade dos quadros convocados para a alavancagem histórica do Brasil — um trabalho impossível de ser realizado.

Essa missão veio a se confirmar num fracasso imensurável, quando revelou que a falta de qualidades pessoais era agravada ainda pelo vício da corrupção. “Deus põe e o diabo dispõe”, diz o filósofo de Mondubim, resumindo o que aconteceu na sequência. O governo agiu, o tempo todo, como quinta-coluna, minando o próprio caminho, sabotando a si próprio e, por tabela, a todos, indistintamente.

 

A frase que não foi pronunciada

“O que o futuro fez por você?”

Lição do ontem

 

Da fonte

Amanhã, às 10h, na sede do Ipea, no Edifício BNDES, ocorrerá uma solenidade para o lançamento da coletânea de artigos Catadores de materiais recicláveis: um encontro nacional. Sob a perspectiva dos próprios catadores, o material fundamenta novas políticas públicas de reciclagem. O evento contará com a presença do presidente do Ipea, Jessé Souza, e do presidente do Conselho Nacional do Serviço Social da Indústria, Gilberto Carvalho.

 

Rio Doce

Perguntas do leitor Danilo Emerich. 1) Há algum posicionamento do Ministério do Meio Ambiente sobre o estudo que aponta contaminação nos peixes 140 vezes acima do limite? 2) Além de pesquisas, o que pode ser feito para reverter o quadro da contaminação da vida aquática? 3) Há risco para a saúde humana ingerir esses peixes? 4) O que está sendo feito para impedir a comercialização?

 

Força-tarefa

Bruna Pinheiro, diretora-presidente da Agefis, mostrou que se trata de uma guerra a ação dos grileiros no DF. Em seminário, ela revelou a perda em arrecadação. Verba que poderia ter sido usada na saúde e na educação. “Uma única chácara vendida por grileiros, no ano passado, por R$ 20,8 milhões. Um hospital para atender 40 mil pessoas custa R$ 15 milhões. O maior roubo que a gente tem dentro da cidade, o maior desvio financeiro, é o da terra”, disse Bruna.

 

Release

O mundo continua de braços cruzados assistindo à dramática situação dos refugiados da Síria. A Acnur promove hoje conferência de alto nível em Genebra. A avaliação da Acnur é que dos 4,8 milhões de refugiados sírios registrados nos países vizinhos da Síria e no norte da África, mais de 10% dessa população necessitam ser reassentados em outras regiões do mundo. Com a continuidade do conflito na Síria, mais de 450 mil vagas de reassentamento serão necessárias até o fim de 2018.

 

História de Brasília

Posse, pura e simples, é o que determina a Constituição. Os arremedos encontrados pelo Congresso são a prova da fraqueza do povo na escolha dos seus representantes. E a atitude de 21 deputados do PTB determinou a aprovação da emenda parlamentarista que, há 16 anos, é recusada pelo mesmo Congresso.(Publicado em 3/9/1961)

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