Quando mimar mata

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

colunadoaricunha@gmail.com

com Circe Cunha  e Mamfil

É comum observar que, em tempos de crise, não só no Brasil, mas em grande parte do mundo, aumenta sensivelmente o número de pessoas que buscam no ato derradeiro do suicídio uma solução para pôr termo {as suas incertezas com relação ao futuro e ao desalento com o presente. A atual crise experimentada, há anos, pelos brasileiros e considerada, por muitos, como a maior, mais duradoura e profunda de toda a nossa história, tem papel importante e influência direta no aumento de casos de suicídio que vêm sendo registrados em todo o país. De acordo com dados divulgados agora pelo Ministério da Saúde, nos últimos 4 anos, o número de suicídios no Brasil cresceu 12%. Trata-se de problema extremamente grave e que requer a adoção de medidas urgentes para que não se torne, como no restante do planeta, uma epidemia mundial.

Em Brasília, ano passado, foram registrados 191 casos de suicídio, sendo que esse número não reflete a realidade da capital, uma vez que muitos desses casos  sequer são registrados. O tabu sobre o assunto é norma geral. As ocorrências são comuns tanto nas áreas centrais da capital quanto nas regiões administrativas ao redor do Plano Piloto.

A Secretaria de Segurança Pública e o Corpo de Bombeiros não costumam divulgar os dados por diversas razões, a principal é que esse tipo de notícia acaba servindo de incentivo para pessoas em crise. No entanto, é consenso entre os profissionais de psicologia que encobrir assunto de tamanha gravidade, ou o deixando de lado, não s’ao a melhor forma de tratá-lo, pois é, sem dúvida, um problema de saúde pública nacional e mundial.

Para alguns especialistas na questão, o melhor é tratar o suicídio como um problema de enfermidade que deve ser encarado, sem medos ou receios. No entanto, é preciso salientar que a divulgação dos casos não é o que mais interessa. O mais importante é tornar público os locais de apoio, como os chamados Centros de Valorização da Vida (CVV). O CVV, que completa 55 anos, realiza apoio emocional e prevenção ao suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail, chat e voip 24 horas. O número do telefone é 144.

No Senado, o papel das mídias sociais em relação ao bullying e ao suicídio é tema de debate em CPI. Como representante do CVV, Antonio Carlos Braga contou que agora é possível a comunicação também por chat, por meio do computador ou do celular. Essa modalidade de comunicação teve a busca de 30 mil pessoas no ano passado. Em todo o país, são mais de 2 mil voluntários. Por ano, eles recebem mais de um milhão de ligações por ano. A função dessas pessoas é ouvir e apoiar quem está predisposto ao gesto extremo. Um dado interessante trazido por pesquisas é a depressão infantojuvenil. Mais da metade dos contatos foram feitos por jovens entre 13 e 19 anos. Um terço deles falando em suicídio. Alerta aos pais que não impõem limites. Filhos gostam de ser cuidados, e não comprados.

* Com dados do Jornal do Senado

 

A frase que não foi pronunciada

“Quantas pessoas que se quiseram suicidar se contentaram em rasgar a própria fotografia!”

Renard Jules

 

Vai que cola

» Sem cerimônia, na Vargem Bonita, em frente à padaria, um aventureiro, certo da impunidade, começou um quiosque com jeitinho e, agora, achou melhor alvenaria. Está lá a invasão para quem quiser ver.

 

Futuro macabro

» O professor Nagib Nassar nos envia um texto com profunda preocupação em relação aos transgênicos Bt. A presença desse transgênico coincide com o sumiço das abelhas, que se alimentam do pólen da florada. A produção não só do mel está comprometida, mas a cultura alimentícia de forma geral, como maior produtor mundial que é o nosso país. “Estamos olhando silenciosamente à destruição do nosso meio ambiente e ecossistemas, e andando como cegos para uma catástrofe que nos levará ao fim.”

 

Turista

» De volta a Brasília, Marta Peña suspira, lembrando o tempo em que o Palácio do Planalto tinha as janelas sem cortinas. Não havia medo ou culpa. Todo governo honesto deveria se descortinar.

 

Segredos

» Marcos Vinícius Melo nos conta que desistiu dos livros eletrônicos. Soube que é possível para a editora saber quanto tempo passou em cada página, quantas vezes acessou o livro, de onde lia e outras informações que o fiel livro de papel mantém secretas.

 

Fortaleza

» Ao ser questionada quando saiu do carro em uma vaga para deficientes, Lilian Lima explicou com paciência. Tem fibromialgia, usa carro adaptado e tem autorização do Detran.

 

Sem audição

» Por falar em deficiência, a jurisprudência entende que as pessoas surdas podem, sim, marcar a alternativa de deficiente físico ao preencher as inscrições de concursos.

 

Primeiro passo

» Lisieux Nidimar Dias Borges, mestre em direito privado pela PUC mineira, defende o testamento particular em Braile. Em seu artigo, a advogada lembra que a pessoa com deficiência visual, capaz, alfabetizada e que tenha conhecimento na escrita Braile tem todo o direito de produzir seu testamento de modo particular. Tecnologia e ações de inclusão do Estado não faltam.

 

História de Brasília

Os telefones de Brasília estão dando linha cruzada com a maior facilidade. Do equipamento, não é, que bem o sabemos. É dos melhores. Quando a ligação é interurbana, então, as linhas cruzadas aumentam assustadoramente. (Publicado em 5/10/1961)

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