ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil
É mais do que sabido que o dinheiro público, de fato, não existe. Ele é apenas tomado do contribuinte, que não tem como escapar do leão da receita, para os cofres do Estado. Desse ponto escoa para onde os políticos, que estão ocupando cargos no governo, determinam. A partir desse ponto a escolha de onde aplicar esses recursos, que crescem a cada ano, passa a depender do grau de comprometimento do governo com a bancada que vai lhe dar apoio, dentro da lógica perversa de governo de coalizão e com a proximidade das eleições.
É preciso notar ainda que a meio do caminho, boa parte dessa bolada irá ser consumida com o funcionamento da gigantesca e burocrática máquina administrativa. Somente para manter essa engrenagem fabulosa o GDF chega a consumir mais de 81% de suas receitas com a folha de pagamento do funcionalismo. Sobra pouco para investir e menos ainda para manter em bom funcionamento as áreas mais prioritárias e sensíveis da capital.
Com a queda na arrecadação, provocada pela crise econômica, os recursos para atender a população ficaram ainda minguados. Com isso é preciso maior rigor ainda na hora de escolher para onde vai o dinheiro do brasiliense. Com a chegada do carnaval tem aumentado o número de cidadãos que reclamam da intenção anunciada pelo do GDF de aplicar R$ 5 milhões nas festas de Momo este ano, o dobro do que foi gasto no ano passado.
A polêmica faz sentido e, apesar da tradição, de ser uma festa popular, que já faz pare da nossa cultura e outras justificativas, o contribuinte que reclama desse tipo de “repasse” para blocos carnavalescos e outras atividades dessa festa, tem razão quando observa postos de saúde fechados por falta de medicamentos ou de profissionais.
Pela lógica, enquanto faltar um esparadrapo que seja nos estabelecimentos públicos de saúde, não há razão para aplicar dinheiro do cidadão em folguedos, sejam eles tradicionais ou não. O renascimento do verdadeiro carnaval vem acontecendo em várias cidades país afora, com a volta dos blocos de rua, espontâneos e mais democráticos e isso tem atraído cada vez mais foliões. O que compete ao Estado é dar segurança e bom atendimento nos hospitais durante as festividades.
Em 2016 e, em boa hora, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que eventos com potencial lucrativo ou que possam atrair investimento privado passassem a ser impedidos de receber recursos da Lei Rouanet. Acontece com o carnaval o que acontece com o cinema nacional. Jorge Furtado, cineasta e um dos fundadores da Casa do Cinema de Porto Alegre ao reconhecer que o cinema brasileiro é feito basicamente com o dinheiro público, afirmou: “Com o dinheiro de um curta se faz quatro casas populares, com o dinheiro de um longa dá para fazer um hospital. Cinema, no Brasil, é feito para ricos com dinheiro dos pobres”.
A autêntica festa popular, renascida com os blocos de rua, comprova que a maior alegria do folião é saber que o seu dinheiro está sendo empregado onde é realmente necessário e urgente. Só assim ele e toda a sua família podem brincar em paz e quem sabe retornarem para a casa sãos e salvos.
A frase que foi pronunciada:
“Mas nós dançamos no silêncio/ Choramos no carnaval,/ Não vemos graça nas gracinhas da TV/ Morremos de rir no horário eleitoral…”
Engenheiros do Hawaii
Prata da Casa
Alexandre Dias, fundador do Instituto Piano Brasileiro e pesquisador concedeu uma entrevista para a Revista Concerto. Trata-se de valioso material para quem gosta de música e história. Dias resgata preciosidades da música brasileira e disponibiliza em seu canal no youtube. Vale conhecer.
Agenda
Por falar em música, no dia 6 de fevereiro a orquestra sinfônica do Teatro Nacional vai estrear uma sinfonia indiana no Brasil em homenagem aos 70 anos de independência daquele país. Dr. L Subramaniam, compositor da “The Indian Symphony” deve estar presente. O concerto será no cine Brasília. Quem está preparando o coro é o maestro Eldom Soares.
Saúde
Trabalho sério desenvolvido com os funcionários da Maternidade no Sudoeste do Hospital Brasília. Desde a enfermagem, nutricionistas, pessoal da limpeza. Todos entram no quarto, se identificam, dizem porque estão ali. Atendem com respeito e dedicação. É realmente um ganho para os pacientes.
Moradia comunitária
Com o envelhecimento da população brasileira há a adaptação de iniciativas estrangeiras como cohousing. Trata-se de uma vila construída entre amigos que decidem envelhecer juntos. Uma pesquisa com 200 moradores em cohousing mostrou economia de custo por mês de no mínimo US $ 200 por família, chegando em alguns até uma economia de mais de US $ 2.000.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Dos contribuintes de Institutos em Brasília, os que mais sofrem são os do IAPI. Têm que ser atendidos no Hospital da Cidade Livre, e só são aceitos no Distrital quando se trata de caso urgente, e com autorização do hospital do Instituto. (Publicado em 12.10.1961)