A população é refém em duas trincheiras

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960 »

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha e MAMFIL

Certamente, haverá por parte das autoridades, tanto do governo federal quanto do governo do Espírito Santo, reação à altura para os trágicos acontecimentos que culminaram com a morte de 140 pessoas no espaço de uma semana. O que não se pode fazer, nem a sociedade aceitaria, é deixar a questão aos cuidados do tempo, para que tudo caia no limbo do esquecimento e se acomode naturalmente. É preciso, com base nas experiências que o episódio trouxe, cuidar para que aquela situação tenha uma resposta rápida e não venha a se repetir em outras unidades da Federação.

Aliás, o que ocorreu agora no Espírito Santo pode ser considerado como desdobramento natural dos eventos que assustaram também as populações de Manaus, Acre e Rio Grande do Norte, com um saldo de mais de uma centena de mortes violentas. Em comum, todos esses recentes acontecimentos apontam para a falência total do sistema de segurança nacional. Pior, deixaram à mostra o quão frágil e delicada é a situação da sociedade, refém dos humores das polícias, por um lado, e da frieza da bandidagem generalizada que vem tomando conta do país, por outro lado. A questão inicial é como pode um pequeno grupo de bandidos e malfeitores paralisar completamente uma das maiores cidades do Sudeste, tornando prisioneiros e ilhados em casa milhões de cidadãos.

Não se iludam, a fragilidade demonstrada pelo estado do Espírito Santo é a mesma em qualquer outra localidade do país, caso as forças de segurança cruzem os braços. É preocupante e sintomático que até agora não se conheçam, por parte dos governos, quaisquer medidas enérgicas e duradouras para que esses fatos não se repitam. Até o momento, o controle da situação está nas mãos das forças de intervenção, sobretudo, a cargo das Forças Armadas. Até quando?

A frase que foi pronunciada
“Quem não luta pelos seus direitos não é digno deles.”
Ruy Barbosa

Cuidados
» Mesmo que haja muitos aplicativos para acompanhar o saldo de FGTS de contas inativas, a Caixa alerta que o melhor mesmo é consultar o portal da instituição. Apesar de facilidades apresentadas pelos Apps o internauta precisa dar vários dados e não tem segurança de que eles serão usados de forma lícita.

Compras on-line
» Por falar em Internet, quase 3 mil lojas fechadas no DF dão sinal do que teremos no futuro.

Sem luz
» Por falar em futuro, quantas fotos em papel você tem da família nos últimos 17 anos? Estamos abrindo mão do registro de nossa história inebriados pelos cabos óticos.

Prova de fogo
» Leitora escreve indignada: “Quando os políticos se meteram na Petrobras, deu no que deu. Agora estão se metendo na educação. A contextualização se deu dentro da Comissão da Câmara dos Deputados que discute a escola sem partido.”

Novidade
» Uma comissão da Câmara dos Deputados discute mudanças no Código de Processo Penal. Um tema interessante abordado foi a justiça restaurativa. Nela, a reparação do dano não é só a punição do culpado, mas a vítima também é considerada. O deputado petista Paulo Teixeira explica: “A justiça punitiva pune o réu e não dá nenhuma satisfação para a vítima. Nós achamos que, em muitos casos, a justiça restaurativa, que existe no mundo inteiro, poderia ajudar a dar satisfação para as vítimas”.

De graça
Alunos e concurseiros têm oportunidade de baixar livros gratuitamente no portal do Senado. Basta acessar http://livraria.senado.leg.br/.

História de Brasília
Marcos de Faria, Diário Carioca: O seu futuro político depende, exclusivamente, do atual gabinete. Caso não se realizem as reformas que a nação espera, visando aumentar o padrão de vida da maioria dos brasileiros, o sr. Jânio Quadros reaparecerá no cenário político brasileiro com muito mais força. (Publicado em 22/9/1961)

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