Políticos induzem o desencanto com a democracia

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960 »

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha e Mamfil

Nenhum prejuízo é maior para o futuro de um país do que o desencanto da sociedade com a democracia. No caso do Brasil, um país que teve que reinventar o sistema democrático a cada ciclo histórico de fechamento, a situação atual chega às raias de uma tragédia anunciada, com reflexos ainda pouco explicados e que, certamente, trarão repercussões nefastas e duradouras a longo prazo. Se serve de consolo, esse é um fenômeno que vem se repetindo não só no Brasil, mas em todo o mundo ocidental, cada vez, com maior frequência.

No nosso caso, é preciso entender primeiro que o equilíbrio do Estado só é possível graças ao apoio firme conferido pelos Três Poderes que, igualitariamente, formam o tripé da República. E são justamente essas três principais colunas que têm hoje, alternadamente, apresentando problemas estruturais de grande monta, capazes de fazer colapsar todo o edifício da nossa jovem democracia.

Existe uma avaliação extremamente negativa da classe política como um todo e que é comprovada por recentes pesquisas do Ibope, que dão conta de que apenas 3% dos brasileiros acreditam que os congressistas representam e defendem os interesses da sociedade. A esse fato preocupante, acrescente-se o fosso enorme entre o Judiciário e a população em geral, reforçado pela crença generalizada de que só há justiça para aqueles que podem bancar os caros serviços de advocacias e de defesa. Instalada em palácios suntuosos, com seu vocabulário hermético e arcaico, a Justiça, principalmente em suas instâncias superiores, é vista pelo cidadão comum como algo distante, talvez mais apropriado para um país de primeiríssimo mundo.

Há ainda a observar a excessiva judicialização do processo político, com o Judiciário transpondo frequentemente a cerca que separa os poderes. Por sua vez o Executivo, cuja tendência histórica sempre foi de parecer e ser maior que os demais poderes, permanece ditando as regras, pautando o Congresso e , por vezes, simplesmente modificando a legislação, quando esta não lhe satisfaz no momento.

Se esses fatos não bastassem para promover o afastamento do cidadão dos negócios do Estado, a Operação Lava-Jato e congêneres têm demonstrado, com fortes evidências, que muitos dos atuais ocupantes dos Três Poderes têm contas sérias a ajustar com a lei. A verdade é que a população brasileira não confia em seus representantes, não confia na Justiça e vê a Presidência da República como uma espécie de clube das elites, arranjado conforme a posição momentânea do poder.

O alto índice de abstenção, de votos nulos e em branco, um verdadeiro recorde, são mais do que uma radiografia fiel de nossa democracia e de nossas instituições. Eles sinalizam um misto de repúdio e desilusão com a atual estrutura humana que comanda nosso país.

A frase que foi pronunciada

“A primeira ideia que uma criança precisa ter é a da diferença entre pbem e o mal. E a principal função do educador é cuidar para que ela não confunda o bem com a passividade e o mal com a atividade.”

Maria Montessori, educadora

Estupidez
» Depois de dizimar as abelhas, chega a grande novidade. Robô-abelha criado para polinizar. Esse é o resultado dos transgênicos que ainda não conseguiram inteligência humana para tirá-los do mercado, permitindo o sossego das abelhas naturais.

Novidade
» Em entrevista para a rádio Estadão, o presidente Temer deu as primeiras dicas sobre a reforma trabalhista ao dizer que as mudanças já começaram e foram feitas pelo Supremo Tribunal Federal com a publicação de acórdãos.

Anamatra
» Nada impede que o presidente do TST, Ives Gandra Filho, reconsidere a opinião sobre a criação de novas varas para a Justiça trabalhista. Em debate ontem no Senado, ficou claro que a necessidade é premente.

História de Brasília
“Ponham candangos, trabalhem 24 horas por dia, fichem quinhentos, mas na próxima semana eu quero a obra adiantada”. Era a ordem de comando, para inaugurar os prédios com o jornal e a tevê já montados. (Publicado em 15/9/1961)

It's only fair to share...Share on Facebook
Facebook
Share on Google+
Google+
Tweet about this on Twitter
Twitter
Share on LinkedIn
Linkedin