O cavalo de Temer

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha // circecunha@gmail.com

 

Deixando o passado de lado, o certo é que o cavalo da fortuna está passando selado e arreado em frente à morada de Michel Temer. O poder lhe veio às mãos por inércia, caminhando com os próprios pés. Outrora, era golpe contrarrevolução. Hoje, defende-se, de um lado, o golpe, e, de outro, a evolução. De qualquer forma, quem vier herdará, sem dúvida, um país que é hoje um enorme abacaxi. O tamanho do desafio pela frente possibilitará a aparição e a emergência de um verdadeiro estadista.

Churchill entrou para o hall dos grandes políticos do século passado pela porta do sangue, suor e lágrimas e foi aprovado. Aqui no Brasil, Itamar Franco repetiu o feito, em outro cenário. A essa altura dos acontecimentos, em meio às sondagens para a formação de uma equipe crível, Temer tem no horizonte pelo menos alguns pontos viáveis que espera ver devidamente implementados no curto espaço de tempo que tem pela frente.

Além de medidas necessárias para tirar o país da crise econômica, é preciso — e oportuno — deixar as marcas de um bom gestor, afinado com as necessidades atuais da população. Itamar retirou o país da hiperinflação, deixando como legado a arquitetura do Plano Real. Fechar as portas ao fisiologismo, num cenário onde dezenas de partidos disputam nacos de poder, será, talvez, a primeira e a grande tarefa de monta a encarar sem titubeios.

As ameaças feitas pelos petistas de transformar o país num inferno, caso Temer comece a governar de fato, escondem o medo de que a população descubra que, finalmente, depois de mais de uma década, é governada por princípios que fogem à base ética pública.

Vencida ou bem encaminhada a etapa da recomposição da economia, restarão medidas de médio e longo prazos e que também são vitais para o futuro do país. Para começar pelo início, é preciso um aceno forte em direção à reforma política, considerada a mãe de todas as reformas. Em seguida, seguem-se outras reformas necessárias e sempre adiadas, como a da Previdência, urgentíssima. Na reforma tributária e fiscal, uma simples mudança, com a introdução do imposto único, já significaria uma grande revolução nas finanças, modernizando sistema e impedindo as sangrias com a corrupção.

Contudo, o problema maior que o novo presidente terá pela frente será domar o apetite pantagruélico de próprio partido. O desafio será governar em condições de mar bravio a bordo do velho transatlântico peemedebista. Diz o filósofo de Mondubim que quem domina o próprio estômago já dominou, de fato, meio mundo. A gula, como origem das paixões, deve ser contida. Ou isso, ou a derrocada líquida e certa.

 

A frase que não foi pronunciada

“Só quem usa cheques em transação bancária é professor de direito empresarial, para defender a matéria.”

Provocações acadêmicas

 

Apodítico

Em uma discussão séria, na qual o serviço público federal gostaria de conter o consumo de papel emerge a clássica pergunta: “Quantas árvores foram derrubadas para a confecção desse material impresso?” O interlocutor retrucou: “E quantas árvores você plantou hoje? Terra e semente são gratuitas.”

 

Um segundo

Um dos tipos do crime de responsabilidade é atentar contra a liberdade de outro poder. Recadinho comentado no elevador do Planalto.

 

Por trás

Destino da presidente Dilma discutido no restaurante dos senadores. O grupo não se deu conta dos decibéis com que discutiam. Todos os que não estavam participando da conversa ouviram a sugestão de um amigo da presidente: Por que ela não renúncia logo?

 

À frente

A observação veio logo. Quanto mais tempo esse processo se arrastar, menos provável que o PT voltará ao governo. Se ela renunciasse logo, qualquer erro de Temer traria Lula nos braços do povo.

 

Papo livre

Outro comentário noutra mesa foi o seguinte. (Jornalista é fogo!) Olhando para a Venezuela, onde o serviço público funciona por apenas dois dias da semana, dá para ver que o dinheiro para a corrupção acabou. Se aqui no Brasil há gente querendo governar é porque ainda há verba.

 

História de Brasília

Isto prova que a equipe do Hospital Distrital, consolidada e no cumprimento do seu dever, está sendo um exemplo para o Plano Hospitalar de Brasília. (Publicado em 5/9/1961)

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