Manual moderno da desculpatória política

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br com MAMFIL

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Com a divulgação dos conteúdos da delação de Sérgio Machado, mais uma vez todo o Brasil toma conhecimento, ao vivo e a cores, da movimentação milionária que há anos escorria pelos diversos propinodutos da Petrobrás. Se bem que, pelo andar da carruagem , dos tropeços e das quedas vieram a ira e a vingança. Por isso todo cuidado é pouco neste momento.

Dentro desse cenário, é apresentado ao distinto público o duto da Transpetro, a principal transportadora de óleo da empresa e por onde vazaram fortunas incalculáveis ao longo de mais de uma década. Em busca da indulgência judicial, o chefão da Transpetro entregou com presteza, para as autoridades, uma extensa lista e os valores entregues a cada um.

Um fato paralelo surpreende pelo inusitado: trata-se de um rol de políticos acusados de embolsarem ilegalmente verdadeiras fortunas, subtraídas da imensa multidão de cidadãos eleitores. Tiram-nos o que nos pertence para se tornarem aptos a nos representar. Este, indubitavelmente não é um país de eleitores sérios.

A matemática surreal é simples: desviam-se fábulas de dinheiro para financiar os gastos de dispendiosas campanhas políticas. Com campanhas publicitárias, material de divulgação e, todos sabemos, a busca por eleitores ensimesmados. Nessa equação marota, tem chance real de vencer o pleito justamente aquele que for mais esperto e que mais recursos logrou desviar.

Uma vez eleito com o dinheiro fácil, tungado das empresas públicas, esse autêntico representante da população no parlamento é ungido com o louro do foro privilegiado para se proteger em altas cortes da bisbilhotice do populacho curioso. A validade jurídica e moral de um mandato obtido com recursos ilícitos não entra na conta.

Certos da letargia da Justiça, desviam recursos para vencer nas urnas. Cobram mesadas para prosseguir no mandato e preparar o pé de meia para as novas eleições que virão. Exigem pagamento por fora para apoiar as propostas vindas do Executivo e votar com o governo. Surrupiam verbas indenizatórias. Roubam emendas individuais e coletivas. Afanam o financiamento público de campanha e tudo o mais que encontram pela frente.

Nesse ritual, de nossa democracia primitiva, importante é ter ao alcance da mão o volumoso Manual moderno da desculpatória política. Nele estão ordenados alfabeticamente as mais incisivas defesas que devem ser usadas de acordo com a gravidade de cada acusação.

Para desvios acima de R$ 10 milhões, as acusações vindas do Ministério Público ou da imprensa, geralmente, são respondidas em português casto, tipo: “Refuto com veemência as ilações assacadas contra minha pessoa”.

De modo geral, para justificar a dinheirama vinda de lugar incerto e despejada sorrateiramente na campanha, o manual recomenda, como desculpatória eficiente, a frase: “Todos os recursos de minha campanha foram obtidos de forma legal e devidamente registrados e aprovados pela Justiça Eleitoral”.

Para casos e acusações mais simples,  o MMDP indica como modelo de resposta a frase: “Só irei me pronunciar depois de tomar conhecimento das denúncias e no devido momento”. Noutros casos, basta um nada a declarar.

 

A frase que foi pronunciada

“A corrupção dos governantes quase sempre começa com a corrupção dos seus princípios.”

Barão de Montesquieu

 

Fiel

José Eduardo Cardoso aparece em vídeo no YouTube batendo a mão no rosto, tampando os olhos ao ouvir uma das entrevistas apocles e acéfalas de Dilma Rousseff, sua grande amiga. Nem por isso a abandonou à própria sorte neste momento crítico. Até se expôs quando deixou escapar o famoso “Thomas Turbando Bustamante” no lugar de Thomas da Rosa Bustamante.

 

Superprograma

Esforço pessoal de Raimundo Nonato Freitas. A sede do Sindilegis, na 610 Sul, estará de portas abertas para receber a comunidade de Brasília. Uma noite de história do repente, poesias e muita música. As estrelas da noite serão os repentistas Geraldo Amâncio, do Ceará, e o paraibano Moacir Laurentino. Newton Paixão, presidente do Sindilegis, é o grande entusiasta das noites culturais. O evento será na na próxima quinta-feira (23/6) e a entrada é franca.

 

Novidade

Buddi é o nome da empresa britânica que passa a importar as tornozeleiras mais modernas, seguras e baratas do mundo para o Brasil. Um avanço da tecnologia permite que ela seja administrada remotamente, inclusive para alimentar a bateria. Por enquanto são 10 mil unidades.

 

Release

Rock na ciclovia é parte da história musical de Brasília. No próximo dia 26, será a 8ª edição do projeto idealizado pela banda Plebe Rude, com a mãe do guitarrista Philippe Seabra, Silvia Seabra.

 

Continuação

O Rock na ciclovia é um evento ao ar livre, revivendo a própria áurea mítica, e trazendo de volta o espírito do saudoso projeto Cabeças, da mesma época. Começa ao meio-dia e vai até as 17h45, quando o Eixão abre para trânsito. Mas é um evento gastronômico também, a partir das 10h30, com a presença de oito food trucks. Ao meio-dia, cinco artistas se apresentarão: Geraldo Carvalho, Fusion (rock instrumental), Netos Bastardos, Daniela Firme e Pollares. Os skatistas de plantão terão todo o espaço necessário para exibir suas manobras na pista improvisada no Eixão.

 

História de Brasília

Eu não vou interferir, naturalmente. Primeiro, porque não posso; e segundo, por causa da primeira hipótese. Mas o sr. Auro Moura Andrade bem que seria um bom primeiro-ministro. Pelo menos foi, entre os chefes de Poderes, quem teve coragem de dizer o que pensava, nas horas mais difíceis. De mais a mais, representa um Estado que é o Brasil, a ala moça do Congresso, que é responsável pelos destinos do país. (Publicado em 7/9/1961)

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