Lições para o futuro

Publicado em ÍNTEGRA

 

Desde 1960

colunadoaricunha@gmail.com

com Circe Cunha  e Mamfil

 

De Viena — Para um país em que se reconhece ainda existir uma escola pública do século 19, com professores do século 20, dando aulas para alunos do século 21, há ainda um imenso caminho a ser percorrido até que as três variáveis se ajustem, pelo menos, de modo razoável.

É óbvio que se trata aqui de tema deveras complexo e cabe melhor aos especialistas da área discutirem a questão. De toda forma, é preciso, à guisa de entendimento, reconhecer que esse é um assunto atual e urgente e que, por sua abrangência e resultados finais, diz respeito a todos nós indistintamente. Quer queiramos, quer não, os rumos traçados agora para o ensino público nos levarão a determinado ponto no futuro. O problema é saber se, nesse lugar no futuro, haverá espaço para o pleno desenvolvimento humano de todos os brasileiros.

Lições colhidas ao redor do planeta nas últimas décadas já deixaram suficientemente claro que o destino de muitas nações, com a superação da miséria e do atraso, só foram resolvidas, de modo satisfatório, com o emprego de enorme e persistente esforço em prol da melhoria geral do ensino. Para tanto, países como a Coreia do Sul, que, há menos de quatro décadas, patinava na pobreza, graças a um planejamento metódico e determinado, em que não poupou energia e recursos, pôde se habilitar para, no presente, se colocar lado a lado entre as nações mais desenvolvidas do globo.

Diferentemente de outras épocas em que a riqueza de uma nação era dada pela abundância de recursos naturais de que dispunha ou do volume e intensidade de comércio que praticava, hoje esse referencial mudou tanto que já é possível afirmar que rica e próspera é a nação que produz alta tecnologia e detém conhecimentos e patentes científicos.

Mesmo a história da humanidade ensina que o advento da civilização só se tornou possível com o desenvolvimento da escrita. Um exemplo próximo a nós é Portugal. O que fez daquela pequena nação o mais poderoso país da Idade Moderna, senhor de quase meio mundo naquela ocasião, foi a existência da Escola de Sagres, que reuniu, num mesmo sítio, as melhores cabeças da época no estudo e desenvolvimento da tecnologia náutica. Graças aos conhecimentos produzidos pela Escola de Sagres, espécie de Nasa daquela época, Portugal pôde alargar as fronteiras da Terra, descobrindo rotas e mundos distantes.

Em vídeo que corre pela redes sociais intitulado “Peixes não sobem em árvores”, a questão da defasagem dos métodos de ensino em relação à atual fase experimentada pela humanidade é posta de maneira cristalina. A metodologia de ensino, apesar do aparato tecnológico e da quantidade de informações disponíveis, pouco evoluiu em dois séculos, seguindo exatamente o mesmo modelo. Professor na frente, alunos enfileirados ouvindo e anotando. O vídeo faz uma comparação da evolução do telefone e automóveis. Design, velocidade, capacidade, em contraste com a configuração da educação, que ficou congelada no tempo.

As classes dirigentes sabem muito bem que o primeiro grande efeito do tratamento da qualidade do ensino é que ela será fatalmente retirada de cena. A ignorância é condição para manter a situação de dominação e exploração em que se encontra a maioria do eleitorado brasileiro. Por quatro anos sofrendo com a violência, falta de hospitais, colégios depredados, no momento de dar o voto, há uma esperança eivada também de corrupção desesperada em receber uma migalha qualquer do político que agora volta toda a atenção para o miserável. Uma migalha basta para honrar o voto prometido. E assim seguem mais quatro anos de penúria aguardando a nova chance de beliscar o pão mastigado.

 

A frase que não foi pronunciada

“Para tudo existe um fim. Apenas para a salsicha são dois.”

Provérbio alemão

 

Impressionante

» Qualquer cidadão que quiser plantar uma árvore em Viena precisa preencher um questionário para o Departamento de Jardins com os seguintes itens: tamanho da área de plantio, localização de linhas de energia, localização das árvores circundantes, localização das calçadas e informações sobre sombra ou sol. O próprio departamento aplicará os padrões Ansi A300 para operações e cuidados com as árvores. O cidadão receberá também uma lista com o nome científico das melhores árvores para as características apresentadas e as especificações quanto à espessura das árvores, separação umas das outras, distância de utilitários subterrâneos.

 

Release

» Antônia Célia, artista brasiliense, apresenta duas obras na Gallery 32, que fica em Londres, na Embaixada do Brasil. Os quadros, criados especialmente para o evento, intitulados Aconchego I e Aconchego II, poderão ser vistos pelo público de 1º a 14 de setembro, na exposição Brazil in Focus. Nesse período, Antônia Célia vai dividir o espaço com experientes e talentosos artistas brasileiros: a mostra promete grande variedade de estilos. São obras que exprimem, por meio da técnica acrílica sobre tela, a sensibilidade da pintura abstrata, com seus movimentos, representando um abraço, por isso o nome Aconchego. Forma que a artista escolheu para representar o Brasil lá fora.

 

História de Brasília

O subprefeito da Cidade Livre encontrou e fechou dois matadouros clandestinos de porcos. As condições de higiene eram de tal forma precárias que ameaçavam a saúde da vizinhança. (Publicada em 4/10/1961)

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