Janelas para o crime

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha e MAMFIL

Fatos aparentemente distintos, quando por algum motivo desencadeados, revelam possuir conexões tão íntimas que apontam para uma origem comum. Neste sentido, o que teria em comum a operação desencadeada pela polícia civil, que prendeu gangues rivais em São Sebastião, com o 29º posto comunitário de segurança incendiado pelos vândalos na Estrutural?

Numa primeira análise, são fatos distintos. Mas, de acordo com a Teoria das Janelas Quebradas, muito aceita em grandes metrópoles do mundo desenvolvido, esses fatos possuem correlação, influenciando acontecimentos, à primeira vista díspares. Um exemplo típico foi evidenciado recentemente com o antigo hotel Palace Torre, no Setor Hoteleiro Norte. Depois de falida a empresa, o edifício ficou abandonado por um longo período. Aos poucos, o hotel foi depredado por passantes.

Primeiro, foram quebradas algumas vidraças da portaria. Em pouco tempo foi se transformando em moradia para desocupados e viciados em crack. Em menos de um ano, se transformou em um enorme problema para toda a região, afetando os negócios de outros hotéis, afastando clientes, assustados com o aumento da criminalidade. De abandonado, passou a depredado e virou centro de problemas de toda ordem, sendo preciso a intervenção de uma força policial de desocupação a um alto custo para os cofres públicos.

Curioso observar que é justamente naquelas localidades onde os postos comunitários foram depredados e incendiados que ocorre o maior número de casos de violência e crimes de toda a ordem. Simbolicamente, a destruição dos postos representa uma tomada do território pelo crime.

A decadência da avenida W3 e do Setor Comercial Sul é exemplo claro de como a deterioração de certas localidades favorece a ocorrência de crimes e serve como chamariz para desordeiros, prejudicando empresários e colocando em risco moradores das proximidades e transeuntes.

Nova York é outro exemplo dessa teoria, quando adotou “a tolerância zero”, reprimindo toda espécie de crime, dos mais insignificantes aos de maior nocividade.

Hoje, é fato, essa metrópole mundial é um oásis de tranquilidade reconhecida por todos. O incêndio criminoso desses postos deve ser investigado a fundo e seus autores exemplarmente punidos, para o bem da comunidade e o futuro da cidade.

A frase que foi pronunciada

“O poder é a escola do crime.”

William Shakespeare – Macbeth

Promessas

Lendo notícias da Samarco à época do acidente com o Rio Doce, Andrew Mackenzie, chefe executivo da BHP Billiton, dona da Samarco, havia prometido criar um fundo de assistência para reconstruir a área afetada e rapidamente assistir as comunidades atingidas. “As pessoas do Brasil e em particular de Mariana, têm a minha determinação absoluta de que faremos a nossa parte ajudando na reconstrução das casas, da comunidade e do seu espírito. Faremos isso trabalhando lado a lado com Murilo Ferreira, diretor-presidente da Vale, e Ricardo Vescovi, diretor-presidente da Samarco.

Dívidas

Sem espaço na mídia, o acidente em Mariana continua com o mesmo rastro de destruição. Prefeitura e governo estadual precisam informar à população brasileira sobre todas as medidas efetivamente tomadas. Mais que isso, é fundamental a transparência nas verbas em trânsito para que se acompanhe onde vão parar. Outras tragédias no país já mostraram que a verba destinada nem sempre chega para beneficiar a população.

Lembrança

Em uma palestra para líderes da construção civil no DF, o brilhante Ayres Britto finalizou o discurso com a seguinte frase: “Estamos vivenciando, no Brasil, uma mudança de atitude. A desonestidade, como estilo de governo, está com seus dias contados”, frisou o ministro. Brindemos, então, à honestidade!

História de Brasília

O discurso do sr. João Goulart não pode ser transmitido pela estação oficial. Ou melhor, foi transmitido, mas ninguém entendia nada, porque todo o mundo falava durante a oração. Foi um pecado mortal dos funcionários do Itamarati. (Publicado em 10/9/1961)

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