Hora de pular do berço, gigante

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960 »

jornalista_aricunha@outlook.com

com Circe Cunha e MAMFIL


O que mais importa agora aos políticos citados nas delações premiadas da Lava-Jato é o início imediato do recesso. Esperam eles que, com os feriados do Natal, do ano-novo e do carnaval, os dias e semanas cuidarão de lançar uma névoa densa sobre a memória de todos e tudo restará coberto pelo musgo do esquecimento. O tempo será um aliado para apagar pegadas, desmanchar pistas, destruir evidências e — quem sabe? — levar para outro mundo não só testemunhas chaves e comprometedoras, mas acusadores e outros juízes probos.
Num país ideal, dado o grau de desestabilização política e econômica que lançou o Estado num caos inédito, colocando de pernas para o ar uma República centenária, o correto seria que não houvesse interrupções nem no Legislativo nem no Judiciário. A urgência do momento requer a vigília permanente de todos. Dado o grau de comprometimento das instituições e de seus dirigentes em escândalos sem precedentes, o melhor seria o prosseguimento, sem intervalos, de todo o processo de investigação, depoimentos, homologações das delações, julgamentos e outras ações saneadoras. Ninguém sai de férias até que as operações policiais cumpram a missão redentora de libertar a nação.
Num futuro próximo, quando forem analisados, com a frieza e o distanciamento adequados, os escândalos do mensalão e seu desdobramento natural, a Lava-Jato, será possível ter uma ideia abrangente e isenta desses dois megaescândalos de corrupção que marcarão para sempre a história da República brasileira. A depender do fechamento desses episódios, com a punição dos culpados e o devido ressarcimento aos cofres públicos dos valores desviados, um capítulo importante de nosso tempo estará encerrado. Muitos outros ainda restarão a depender dos eleitores do futuro.
O capítulo mais importante dessa época conturbada talvez seja também o que mais o importa para todos nós, que é a transformação do Brasil em um país sério e respeitado pelo restante do planeta. Enquanto esse tempo de purgação e contrição não chega, prosseguimos com nossa chanchada de Estado. Para usar uma expressão típica de um personagem central desses tempos revoltos, nunca antes na história deste país, tantos figurões foram apanhados com tanto dinheiro alheio.
Nunca a Justiça foi tão açulada e nunca os escritórios de advocacia ganharam tantos honorários. Nunca antes na história deste país, houve uma oportunidade tão ímpar de fazer o gigante saltar do berço esplêndido. Há uma chance imperdível que se apresenta agora de enterrar em cova bem funda tudo o que está podre e morto. Estamos diante de um 7 de Setembro e de um 15 de Novembro simbólicos, quem sabe novos marcos históricos que sinalizam o redescobrimento do Brasil cinco séculos depois?

A frase que não foi pronunciada

“A velha política só existe porque há eleitores que a endossam”

Semestre
» Alunos da UnB não serão prejudicados pela ocupação de estudantes. As aulas terminarão mais tarde, mas o semestre será finalizado. Os protestos precisam de planejamento para que atinja o alvo certo. Até agora só inocentes pagam as contas.

Arte
» As comemorações dos 24 anos da Fundação Athos Bulcão serão no domingo, das 10h às 18h, na CLS 404, Bloco D, Loja 1. Boa oportunidade de adquirir presentinhos para as festas de fim de ano. Xícaras, calendários, azulejos e outros objetos valorizados pela arte de Bulcão.

Cenário
» Uma mesa na churrascaria São Paulo, só com jovens entre 20 e 25 anos. Em pauta, o desemprego. Um dos rapazes formado em administração só conseguiu lugar como corretor de imóveis. Outro formado em marketing trabalha em uma gráfica, o caçula da turma fala três idiomas, é formado em relações internacionais, sem emprego, estuda para concurso.

História de Brasília
Sem solução, o caso da Prefeitura de Brasília. O presidente da República não está mais disposto a uma partilha política. Isso significa que está compreendendo a situação do Distrito Federal.(Publicado em 20/9/1961)

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