Herança

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

colunadoaricunha@gmail.com

com Circe Cunha  e Mamfil

 

“Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria.”

Machado de Assis

 

De todos os legados transmitidos aos mais novos e a todos aqueles que ainda têm uma longa estrada pela frente, talvez, o exemplo de vida seja o maior entre todos eles. Nenhuma herança parece ser mais proveitosa, como bem imaterial e perene, do que aquela colhida diretamente das pessoas próximas, ensinando que a existência humana pode ser experimentada sem maiores traumas, quando realizada dentro de princípios éticos que valorizam, sobretudo, os atributos da dignidade humana.

Nesse sentido, fica cada vez mais difícil para toda uma geração de jovens brasileiros entender como as principais lideranças do país — das quais mais se poderiam esperar exemplos dignificantes —, assistir diariamente, nos noticiários e nas redes sociais, à revelação de que grande parte de nossos representantes, nos mais altos escalões da República, nos três poderes, em conluio com grandes empresários, têm agido como criminosos, formando quadrilhas complexas e organizadas para desviar grandes somas de recursos públicos. São quantias que deveriam ser usados a favor da população em hospitais e postos de saúde, nas escolas e universidades, no reconhecimento do trabalho de milhares de professores, na segurança pública, permitindo aos cidadãos de bem o direito de ir e vir, nos transportes públicos, com investimentos em trens, metrôs, estradas de ferro, para que os brasileiros pudessem se movimentar entre as riquezas naturais dessa terra rica onde tudo o que se planta, nasce.

A questão ganha tamanha gravidade por seus efeitos nefastos e prolongados na cabeça das novas gerações, que, ou se adota a censura, para impedir que os mais moços tomem conhecimento desses atos vergonhosos e não venham influenciar os jovens, ou mostrar a todos eles que, para esses casos de desvios de comportamento e de ética, não há complacência ou condescendência possível, restando a todos punição exemplar, com cadeia, perda de bens, censura pública e impedimento de exercerem funções dentro da máquina do Estado por longuíssimos anos e devolução ao erário do que foi roubado. Roubado sim, já que o roubo, como descreve o Código Penal, é subtrair bens mediante (ou não) ameaça, com redução da resistência. Sem investimento em educação, a resistência é sempre menor, principalmente no momento das eleições, quando migalhas são oferecidas pelos políticos marotos aos miseráveis.

Nação nenhuma no planeta, que se pretenda desenvolvida e próspera, chegou a esse patamar convivendo com a corrupção. Para as civilizações antigas, o crime de corrupção era tratado ou com a pena capital ou com o instituto do desterro e do banimento, porque, já naquele tempo, se percebia, com clareza, que a devastação ocasionada nas novas gerações com os exemplos vindos de cima eram de suma importância. Exemplos históricos mostram que mesmo o maior de todos os impérios já havidos sobre a face da terra (Romano), sucumbiu pela ação do germe da lassidão oriunda da corrupção generalizada.

Os malefícios para o futuro do Brasil das lições passadas por essas lideranças ainda não foram mensurados, mas, de antemão, apontam para a possibilidade de o país ter que adiar, sine die, a sua entrada para o rol de nações sérias e respeitadas do planeta. Muito mais do que os valores materiais roubados, o mau exemplo deixado pelos políticos não poderão ser avaliados, tamanho são seus efeitos danosos para o futuro da nação.

 

A frase que  foi pronunciada

“Longo é o caminho do ensino por meio de discursos; breve e eficaz, por meio de exemplos.”

Sêneca

 

Cultura

» Não só de eletrônicos vivem os jovens europeus. Nos metrôs, é comum ver jovens lendo livros ou revistas.

 

Taxistas

» Com malas, crianças, chuva, taxistas de rua cobravam R$ 160 para andar um quilômetro. Espertos que sobreviveram ao comunismo e, agora, querem tirar o atraso. Em todos os lugares do mundo, Uber e taxistas não se bicam. A razão é cristalina.

 

Embaixada

» Ricardo Neiva Tavares, embaixador do Brasil em Viena, deu apoio para os ensaios do Coral do Senado. A turma simpática reservou uma sala para os estudos.

 

Novidades

» Brasília está recebendo novas lojas de gastronomia, brownies, doces e croissonhos, com preços justos.

 

Flanelinhas

» Projeto do GDF que identificava os vigias de carros não teve continuidade. O resultado é a ameaça. Sem trocado, carro arranhado.

 

Eixão

» Encontro de chefs no Eixão foi sucesso total. Mais investimentos para o lazer aos domingos seria um ganho para a população.

 

História de Brasília

A indicação do presidente da Novacap antes da nomeação do prefeito de Brasília foi uma notícia que não teve boa repercussão, porque deveria caber ao prefeito a escolha do seu principal auxiliar. (Publicada em 5/10/1961)

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