Grandes cidades, grandes problemas

Publicado em ÍNTEGRA

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com Circe Cunha e Mamfil

Considerado o quarto país mais desigual da América Latina no quesito distribuição de renda, segundo estudo da ONU-Habitat, o Estado brasileiro mantém débito histórico com os seus cidadãos também com relação ao acesso a bens e serviços, como educação e saúde, oportunidades de trabalho, transporte, segurança, justiça e uma infinidade de outros direitos sociais garantidos pela Constituição, e pelos quais a população paga, em forma de altíssimos impostos, mas nunca usufruiu.
Dos 124 milhões de pessoas vivendo em estado de pobreza, espalhados pela América Latina, 37 milhões estão no Brasil, principalmente habitando, em condições sub-humanas, as periferias das principais metrópoles do país, fazendo com que essas cidades, apenas nos últimos 50 anos, apresentassem um crescimento contínuo e desordenado, englobando municípios no entorno, num processo de conurbação surreal, que resultou num caos de difícil solução a curto e médio prazos.
Segundo cálculos da ONU, até 2020, o percentual de pessoas morando em nossas cidades atingirá a marca de 90%. Com tal concentração de brasileiros vivendo quase que, exclusivamente, nas grandes metrópoles, os problemas crescerão na mesma proporção, transformando nossas capitais em áreas de difícil administração.
Esse processo de urbanização irracional e ligeiro vai requer providências cada vez mais urgentes e volumosas, mas que, ainda assim, se mostrarão incapazes de conter um processo que parece caminhar a passos largos para o colapso total. Obviamente, megalópoles, por seu porte e complexidade, demandarão providências sempre de igual tamanho.
O problema adquire dimensão maior ainda quando se percebe que as providências para deter, ou pelo menos minorar, o processo de agigantamento urbano ainda não tiveram início e vão sendo legadas às futuras administrações, como se o problema não fosse de cada governo que assume e que exige medidas permanentes e de longo prazo. Esse talvez seja um dos maiores desafios que o Brasil tem pela frente neste século, lembrando que pelo menos duas décadas já foram praticamente desperdiçadas.
Em relação ao restante do continente, o Brasil é o quarto país mais desigual, em comparação com o planeta, ficamos em décimo lugar, segundo Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH), elaborado pelas Nações Unidas, de acordo com o chamado Índice Gini, que calcula a disparidade de renda. Nesse quadro, a desigualdade social é que mais chama a atenção dos pesquisadores. A questão fica posta da seguinte forma: como conciliar e pacificar nossas cidades, cada vez maiores, mais populosas e desiguais? Se não dermos a atenção devida a essa realidade, ela vai, literalmente, nos engolir como civilização nos próximos anos.

A frase que foi pronunciada
“Os partidos preferem expulsar quem pensa diferente. Mas os que cometem ilícitos são protegidos. É isso mesmo?”
Hanz Gurovitch, tentando entender a lógica da política brasileira.

Dieta
» Uma coisa é certa: aprovada ou não a reforma da Previdência, os parlamentares vão ganhar muitos quilos. É um jantar atrás do outro. Haja esteira para queimar os excessos de negociações.

Use os óculos
» Coincidência, ou não, aconteceu em dois lugares. Na pizzaria Valentina, da 214 Norte, e no Maori, da 110 Norte. São restaurantes muito bons, com excelente atendimento. Mas quando chega a hora da conta, a coisa muda. No Maori, cobraram tudo em duplicidade, e, na Valentina, inventaram o que não foi pedido pela mesa. Fica o alerta.

Autodestruição
» Nosso leitor José Rabelo complementa a coluna sobre o IPTU, observando que o estrago feito pelas terceirizadas contratadas pelo GDF vão recair no bolso do consumidor. Caminhões contratados destroem as calçadas da cidade transitando de modo proibitivo, sem o menor zelo pela coisa pública. Uma sala de aula com instruções sobre o assunto para os motoristas terceirizados é fundamental.

#BoraVencer
» Sucesso o programa que vai desde aulas gratuitas para os alunos que estudam para o
PAS até oficinas profissionalizantes. Em Samambaia, a carreta que chegou no início de novembro mudou parte da vida de 240 jovens. Com a presença do governador Rollemberg, a meninada recebeu certificado pelo empenho.

Segredo
» Em breve, teremos novidades em relação à Deborah Duprat e a questão de performances e exposição em museus.

História de Brasília
O farelo de milho e a farinha de trigo da Legião Brasileira de Assistência, estocados na obra da Catedral, continuam guardados por cinco soldados da GEB, há cinco meses consecutivos. (Publicado em 10/10/1961)

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