DESDE 1960 »
jornalista_aricunha@outlook.com
com Circe Cunha e MAMFIL
Reportagem especial trazida no fim de semana pelo Correio mostra, por meio de diálogos captados por escutas autorizadas pela Justiça, que, tão logo foi deflagrada a Operação Drácon, uma agitação feroz e atabalhoada — semelhante àquela que se observa quando um veneno é aplicado num conjunto de baratas — tomou conta dos bastidores da Câmara Legislativa.
O conteúdo dos diálogos, ao qual o jornal teve acesso exclusivo, revela que, além das articulações nervosas e de última hora para tentar livrar os envolvidos no caso, houve a preparação ardilosa de uma contraofensiva, de modo a buscar brechas para reverter a situação. Atacar para se defender foi a primeira tática escolhida às pressas pelos cinco membros da Mesa Diretora da Casa, afastados, compulsoriamente, pela Justiça, sob a acusação de venda de emendas para o pagamento de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).
Os alvos do contra-ataque cego passaram a ser, na sequência, o governador, a quem os deputados debitavam a origem das investigações, e os adversários políticos instalados na própria Câmara Distrital. Passou-se, então, à fase seguinte dos conchavos, para a escolha de uma alegação crível e uníssona que levasse a opinião pública e a própria polícia a engolirem a falsa narrativa da perseguição política.
Passado o susto inicial, em ato contínuo, começaram a recorrer à razão para se livrar de grossa encrenca com Justiça que se avizinha e contrataram um batalhão de advogados, especialistas em filigranas e com fácil trânsito entre os juízes. Os áudios apenas confirmam o que a sociedade, principalmente aquela composta por pessoas informadas, sempre soube: a Câmara Distrital tem sido, desde sua fundação, um valhacouto de indivíduos que se utilizam do importante papel de representantes políticos da população para se locupletar e delinquir tranquilamente sob o manto protetor indecente da imunidade parlamentar.
Com sua sequência ininterrupta de escândalos somada ao alto custo para mantê-la em funcionamento, os brasilienses chegaram à conclusão que a Câmara Legislativa há muito perdeu capacidade de atuar em defesa dos legítimos interesses da população, tendo se transformado, desde os primeiros dias, numa espécie de clube fechado para o atendimento exclusivo de seus 24 associados e, pior, com sérios prejuízos econômicos para os exauridos contribuintes.
O deputado Chico Vigilante resumiu o quadro atual dessa legislatura quando afirmou: “Uma quadrilha, investigada na Operação Drácon, se instalou na Câmara Legislativa e usou da política do gambá, que é tentar espalhar o fedor”. O mau cheiro, deputado, advém justamente do tipo de política que tem sido praticada por esta Casa desde sempre. É o fedor político.
A frase que foi pronunciada
“Um sistema de legislação é sempre impotente se, paralelamente, não se criar um sistema de educação.”
Jules Michelet
Pós carnaval
» Um concurso com mais de 82 mil vagas é esperado para esse ano. Já sancionado pelo presidente Temer, o orçamento garante o certame do IBGE — Censo 2017. Para Bruno Malheiros, coordenador do R.H., enviará em março o pedido do concurso para o Ministério do Planejamento. Quem conquistar a vaga, trabalhará no Censo Agropecuário com um salário médio de R$ 7 mil.
Em QAP
» Sem data para conclusões, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidente Aeronáuticos nada divulgou ainda sobre as investigações da queda do avião em que viajava o ministro Teori Zavascki. A resposta sobre o assunto virá da Polícia Federal.
Mãos à obra
» UniCeub recruta alunos voluntários para alfabetizar adultos. Uma pena a universidade ter acabado com o curso de pedagogia. Por falar no assunto, estão abertas vagas para curso grátis de alfabetização de adultos no Lago Sul, Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em frente ao Gilberto Salomão, às segundas e às quartas-feiras, das 18h às 20h. Interessados devem ligar para 99906-0236, Beth, ou 98407-3396, Regina. Para outros endereços e horários, ligar para 99956-5750, falar com Emílio.
Puxado
» Conversa no espaço de alimentação do UniCeub terminou em uma sonora gargalhada. É que os alunos dos últimos semestres do curso de direito disseram que estão como os presos. Anotando o X na parede os dias que ainda faltam para a formatura.
Release
» Música é coisa séria, mas nem sempre. O professor Bohumil Med, músico profissional, que viveu quase todas as formas da música, acrescentou às suas experiências a profunda pesquisa de muitos anos, para apresentar, em livro bem-humorado, o lado pitoresco dessa arte. Conta histórias e fofocas, faz críticas e elogios focados em toda a classe, sem poupar compositores nem sequer maestros. Para os leitores mais eruditos, oferece estudos sobre Diabolus in Música, força mística dos números na música, notas coloridas e elogio ao silêncio.
História de Brasília
Não tenho má vontade contra os goianos, seu Rogério. Ao contrário. E posso afirmar ainda: eu me dei melhor com os goianos que com os paulistas, e gosto de ambos, com a mesma intensidade. (Publicado em 23/9/1961)