Escolas ocupadas, mentes desocupadas

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960 »

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha com MAMFIL

De acordo com balanço divulgado pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), mais de mil escolas estão ocupadas hoje em todo o país. O mote para a tomada desses estabelecimentos de ensino é protestar contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 241/2016), que limita os gastos do governo, e também contra a a Medida Provisória (MP 746/2016), que propõe a reforma do ensino médio.

Não querendo entrar no mérito das duas propostas, que a maioria das pessoas com um pouco de lucidez acha oportuna, o que se tem com esses movimentos é o lado cruel da abdução indiscriminada de pessoas desinformadas para causas que dizem respeito apenas às estratégias ideológicas traçadas por determinados partidos, os mesmos que conduziram o país ao atual beco sem saída.

Ninguém discute o fato de que é do métier dos jovens estudantes lutar por um país diferente e melhor. Essa inclusive é a condição sine qua non para todo o progresso e evolução. Mas o que vem ocorrendo agora não passa da velha estratégia dos partidos de utilizar massa de manobra para outros fins, ou mais precisamente, a deflagração de um movimento crescente com vistas a desestabilizar o ainda governo provisório de Michel Temer.

Repórteres que tiveram a oportunidade de fazer entrevistas com esses alunos por todo o país puderam constatar que a maioria deles não sabia discorrer sobre o que trata exatamente essas duas mudanças propostas pelo atual governo e que motivaram a ocupação das escolas. Alguns, mais articulados, se limitavam a repetir chavões pré-elaborados pelos líderes dos movimentos, numa demonstração de que estavam ali apenas para fazer número e figuração.

Examinada de perto, a 241, mesmo propondo um novo regime fiscal para o país, não reduzirá os repasses para educação. De acordo com o governo, em 2016 a pasta contou com R$ 129,96 bilhões e, em 2017, esse valor será ajustado em 7%, passando para R$ 138,97 bilhões. Embora sejam valores significativos, especialistas em educação asseguraram que mais do que verbas, o que é preciso agora é de um correto plano nacional para racionalizar as despesas e eliminar desperdícios. O que muitos não sabem também é que a reforma do ensino médio tramita no Legislativo desde 1998 e já passou por diversas audiências públicas ao longo desse período. Mesmo assim, o governo não tem feito restrições a que esse assunto continue sob o foco dos debates.

O vigor e a disposição desses alunos em ocupar os prédios públicos poderiam ser direcionados para tarefas mais úteis, como a reforma física das escolas, tal como é feito em países como o Japão, onde os alunos participam da limpeza, pintura dos prédios e consertos em geral. Essa disposição também deveria ser direcionada à luta por escolas em tempo integral, como têm há anos a maioria dos países desenvolvidos.

A frase que foi pronunciada

“Quando se faz escolha pela interrupção, não é escolha fácil. É trágica sempre. É a escolha do possível dentro de uma situação extremamente difícil. A escolha é de qual é a menor dor.”

Cármen Lúcia, presidente do STF

Kit obstrução

» Os deputados federais já deram um nome para a atitude do Partido dos Trabalhadores nas votações de projetos que visam diminuir ou recuperar o estrago feito no país por incompetência, negligência, imperícia e esperteza.

Mais essa

» Em 2012 eram 105 prefeituras a menos comandadas pelo PSDB. Disse o deputado federal pelo DF, Izalci, que agora é o momento de arregaçar as mangas para corrigir o desemprego, a quebradeira e o deficit nominal de R$ 170 bilhões.

História de Brasília

Todas essas versões estão surgindo por causa do próprio sr. Jânio Quadros, que não deu a público as razões do seu gesto. Se isso tivesse feito, estaríamos, hoje, com a história já escrita, e deixariam de surgir as hipóteses mais absurdas, como têm surgido. (Publicado em 16/9/1961)

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