Entre os exemplos clássicos que ajudam a compreensão do termo filosófico dialética, o ovo da galinha parece ser o mais ilustrativo e de fácil entendimento. Na sua forma original, o ovo se apresenta como um objeto orgânico, de formas curvas e suaves, hermeticamente vedado por casca calcária lisa e fina, de cores, geralmente branca ou marrom. Ocorre que, no interior, o ovo abriga duas substâncias gelatinosas distintas e vivas. Uma clara, que é semelhante à placenta humana. Flutuando nesse líquido transparente, está a gema, de cor amarelo-ouro, e que no futuro, caso fecundado, evoluirá para a fase de embrião e de futura galinha. Ou seja, o ovo contém em si a semente de seu próprio fim.
Esse mesmo fenômeno de transmutação se repete nas mais variadas criações humanas, já que o processo evolutivo é sempre contínuo e constante e só pode ser detido por outro fenômeno: a morte. É na política que esse processo é mais visível, principalmente nas estruturas partidárias.
No caso do Partido dos Trabalhadores (PT), pelo andar dos acontecimentos, o processo dialético está em pleno movimento, caminhando para a síntese. Quando surgiu a legenda, a ditadura militar já experimentava o ocaso, catalisado pelo recrudescimento da crise econômica interna.
No início, o ovo PT parecia conter em seu interior soluções para os principais e seculares problemas nacionais. Essa característica lhe granjeou enorme apoio popular. Vencida a eleição para a chefia do Executivo, o ovo lentamente entrou em processo de transmutação. Por conta da governança de coalizão, o ovo foi fecundado. Pouco mais de dois anos, com a eclosão do escândalo do mensalão, em 2005, o ovo rachou.
O que surgiu, por entre as cascas finas, foi uma camarilha do tipo já vista em países como a China atual. Posta sob a luz e a curiosidade do público e da mídia, a nomenclatura logo se revelou plena dos mesmos vícios que apontava em outros partidos. O núcleo duro do partido, formado em torno de seu proprietário de fato, logo cuidou daquilo que o atual chefe da Casa Civil definiu como “se lambuzar de mel”, seduzido pelo canto das sereias do Poder.
Começou aí o processo de morte do partido, acelerado justamente pelas revelações da Operação Lava-Jato. Com a representação dos partidos de oposição, junto à Procuradoria-Geral Eleitoral para que o PT perca seu registro, por conta das novas delações de que teria recebido recursos vindos de outro país, a certidão de óbito da sigla começa a ser redigida. Mesmo que Lula ainda afirme que o partido renascerá das cinzas, como a Fênix, a legenda segue o caminho natural e dialético das coisas que carregam no âmago a semente derradeira.
A frase que não foi pronunciada
“Há que se nascer de ovo!”
Leitor bem-humorado comentando a abertura da coluna
Até quando?
Casos simples que chegam à saúde pública levam a óbito. Falta da enzima que detecta o enfarto foi uma das causas ocorridas. Enquanto os contribuintes pagam altos impostos e assistem à votação do orçamento, não têm ferramentas virtuais para acompanhar o percurso dos recursos liberados.
Lição para a vida
Estava com meu pai na praça do Ferreira, em Fortaleza, e, de repente, caiu uma chuva forte. Quando ameacei correr, ele me pegou pelo braço e disse: “Fica aí e olha como é bom.” Fiquei maravilhada com a experiência. Dez minutos depois de a chuva passar, estava todo mundo seco pelo vento.
Dos céus
Por falar nisso, o Ceará está em festa. Em Messejana, só ontem, pelo menos 39,6mm de chuva. A previsão para o resto do dia é de nebulosidade variável com chuva em todas as regiões cearenses.
Comportamentos
O Detran e a PM têm várias histórias para contar. Tanto de carteiradas quanto de seriedade no momento de vistoriar carros e documentos. Essa semana, deu voz de prisão a uma senhora que ofereceu R$ 500 de suborno. Um rapaz teve o carro levado para o depósito quando, sem documentos, disse que não discutia com a lei.
História de Brasília
O assunto parlamentarismo está no Congresso há 16 anos e é, nada mais, nada menos, o espírito de resistência e insistência do sr. Raul Pila, porque há 16 anos vem sendo rejeitada em todas as legislaturas. (Publicado em 30/8/1961)
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