Defesa quase impossível

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

colunadoaricunha@gmail.com

com Circe Cunha  e Mamfil

Diante das evidências palpáveis e dos fatos irrefutáveis que vão sendo postos à luz cristalina da verdade, tem ficado cada vez mais difícil, senão impossível, para defesa dos diversos réus e acusados na megaoperação Lava-Jato apresentar provas e justificativas que contradigam a avalanche de delitos apontados pelos procuradores e que, aos poucos, vão soterrando os contraventores famosos sob montanhas de lama. Note-se que para acusados desse calibre, acostumados, historicamente, à impunidade e, por isso mesmo, reincidentes em seus crimes, o time de causídicos, escolhidos a dedo, compõem os mais famosos e caros escritórios de advocacia do país.

Conseguir que alguns desses gênios da lâmpada de ouro se levantem de suas cadeiras de veludo e assumam alguma causa perante os tribunais é para gente com grandes posses que podem dispor, facilmente, de milhões de reais para se livrarem dos incômodos com as cobranças da Justiça. Num país, onde até amor verdadeiro é comprado por dinheiro, não causa espanto que quando se trata de gente importante, metida em finíssimos ternos italianos, coisas como prisão, processos e outras coisas de pobre acabem por não combinar muito com a gravata ou com o sapato de cromo ou a meia de seda.

No caso de políticos, apanhados de calças curtas, enfiando maços de dinheiro público em cuecas, até os postes da rua sabem que são com esses mesmos recursos desviados que eles têm custeado seus caríssimos defensores. Para os muitos advogados, esse é apenas um detalhe sem importância, desde que os honorários sejam depositados conforme os contratos.

Ao longo desses anos de Lava-Jato, em que grupos de figurões, em fila indiana e portando pulseiras exclusivas confeccionadas com o mais puro aço inoxidável vão desfilando em frente às câmeras, algumas lições importantes vão ficando no imaginário popular. Uma delas é que todos aqueles que, por uma razão ou outra, têm se colocado contra essa operação histórica, estão do lado oposto da população e buscam a manutenção do status quo delinquente no poder.

A outra lição é de que ambos os lados dessa contenda devem permanecer o mais longe possível dos holofotes da imprensa, para evitar que tamanho e importante acontecimento não se transforme em evento midiático, em que a verdade dos fatos não é o elemento que mais interessa. De todo modo, a cada movimento desses embates, fica mais atual a carta escrita pelo jurista Sobral Pinto, décadas atrás, que ensina como deveria ser o modus operandi dos advogados em um mundo ideal: “O primeiro e mais fundamental dever do advogado é ser o juiz inicial da causa que lhe levam para patrocinar. Incumbe-lhe, antes de tudo, examinar minuciosamente a hipótese para ver se ela é realmente defensável em face dos preceitos da Justiça. Só depois de que eu me convenço de que a justiça está com a parte que me procura é que me ponho à sua disposição”.

 

A frase que foi pronunciada

“De tal modo amo a verdade que, para proclamá-la, não receio enfrentar desafios.”

Sobral Pinto

 

Terceira?

Mais uma vez em xeque a autoridade da Organização das Nações Unidas (ONU). Enquanto a Coreia do Norte brinca com arma atômica, os países que ditam a regra do jogo assistem boquiabertos às provocações. O Conselho de Segurança da ONU nada fez de prático até agora. Terras, armamentos e tensão mundial. Assim foram os primeiros anos antes da Primeira Guerra e da Segunda Guerra mundial.

 

Inerte

É bom lembrar que, com os conflitos em Mianmar, apesar das denúncias de violações dos direitos humanos, a ONU apenas expressou “profunda preocupação e pediu calma para evitar uma catástrofe humanitária.” Se o papel da ONU é evitar conflitos, ela tem coleção de falhas.

 

Curiosidade

Em Budapeste, produtos de limpeza são tão valorizados como outro qualquer. Nas vitrines, eles são dispostos de forma que caiba o máximo de variedade para a visibilidade da clientela.

 

Tia Heleninha

Tom Zé não guardou elogios a tia Heleninha, da Rádio Nacional. E completou: “Uma pessoa de virtudes como poucos seres humanos… A tia Heleninha era uma pessoa diplomática, uma erudita, uma pessoa singular que recebeu uma missão de Deus de fazer um programa infantil que atingiu três gerações, que atingia todas as camadas, entre crianças, jovens, adultos e idosos, pois todos ouviam a tia Heleninha. Ela tinha uma missão que era educar com liberdade e responsabilidade, formando cidadãos críticos e conscientes na construção de um mundo melhor”.

 

Consumidores

Algumas partes de Budapeste ficarão sem água quente. Os trabalhos da Usina Újpest serão interrompidos para manutenção.

 

História de Brasília

Não houve nenhuma ordem em contrário quanto à mudança do Ministério das Minas e Energia. A Vale do Rio Doce, que não teve dinheiro para terminar o prédio, se atirou à obra com imenso ardor e, hoje, centenas de candangos cruzam em todas as direções para entregar logo o prédio que o ministro pediu. (Publicada em 4/10/1961)

 

It's only fair to share...Share on Facebook
Facebook
Share on Google+
Google+
Tweet about this on Twitter
Twitter
Share on LinkedIn
Linkedin