Desde 1960
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com Circe Cunha e Mamfil
Sob o argumento de que não há uma crise genérica da educação no Brasil, a avaliação de Fernando Schüler, cientista político e professor do Insper, é a seguinte: “Existe no Brasil uma brutal falência do modelo de gestão estatal do ensino”. Essa mesma crise do Estado se repete em outras esferas públicas do país e tem origem, segundo o catedrático, pela forma como foi estruturada a gestão pública a partir da Constituição de 1988.
Entende o professor que, ao transformarmos nossas escolas em meras repartições públicas, nas quais os professores passam a possuir estabilidade no emprego e a ser submetidos ao império da burocracia, com diretores sendo eleitos sob intensas pressões corporativas, geramos, ao longo do tempo, uma brutal desigualdade educacional entre as redes privada e pública.
A situação parece piorar ainda mais quando se verifica que, a cada quatro anos, com as mudanças habituais de governo, tudo parece voltar à estaca zero, afetando qualquer tentativa de planejamento a longo prazo. Para Fernando Schüler, é preciso que o Estado garanta o direito à educação, sem, necessariamente, gerir todas as escolas. “O Brasil, nesse ponto, é um país curioso: reconhece-se que o governo não é competente para gerir estradas, portos ou aeroportos; mas para gerir escolas imagina-se que sim”. Para o cientista, a própria elite que, insistentemente, faz promessas de melhorar a educação pública, recorre à rede privada para educar seus filhos.
O mesmo ocorre com a classe política que, em vez de provocar grandes mudanças nesse modelo, prefere, por questões óbvias, manter seus filhos matriculados na rede privada. O comportamento se repete em relação ao atendimento nas redes hospitalares públicas. Aqueles que poderiam catalisar o processo de melhora do sistema, buscam os hospitais de ponta particulares para a solução dos seus problemas de saúde.
É esse desnível na qualidade entre os serviços do Estado e as redes particulares de ensino, que o professor chama, com propriedade, de nosso apartheid educacional. Curiosamente se tem , por outro lado, entre os sindicatos, que poderiam encabeçar um movimento de reforma, aqueles que mais representam o status quo, agindo como uma grande força conservadora da educação brasileira. “O Brasil precisa, hoje, de gestores obstinados e muito bem formados capazes de estabelecer coalizões públicas em defesa dos interesses dos estudantes mais pobres”, avalia Fernando Schüler, que considera que, se continuarmos a manter um sistema de educação segregado, como temos hoje no Brasil, estaremos apenas contribuindo para aumentar ainda mais a desigualdade social.
A frase que foi pronunciada
“A educação é o único caminho para emancipar o homem. Desenvolvimento sem educação é criação de riquezas apenas para alguns privilegiados.”
Leonel Brizola
Cena rara
» Imagine um comércio onde um cliente começa a elogiar o atendimento e todos os outros concordam, falando em alto e bom som para que os atendentes ouvissem. Sorrisos, comentários carinhosos, agradecimentos e registro de que aquele momento é uma raridade na capital do país. Esse lugar é a sorveteria gourmet Bacio de latte, do Conjunto Nacional, e as atendentes elogiadas que estavam presentes no momento foram Gleide Silva, Sandy Rocha e Fernanda Araújo.
Horário de arrecadar
» Penso que o horário de verão obriga milhões de lares brasileiros a ligar as luzes durante as manhãs, já que está escuro. Ou seja, há aumento do consumo. Na minha opinião, então, o que as elétricas querem é um faturamento maior. Como a energia elétrica vem de hidrelétricas, isso significa maior consumo de água também, o que é preocupante nessa época de crise hídrica. José Rabello
Novidade
» A Voe Psicologia serve a quem tem pavor de voar. As estatísticas apontam que 30% da população mundial está dentro desse corte. Essa empresa faz o tratamento para diminuir o medo de voar em 10 sessões individuais. Por enquanto, cursos só em São Paulo: (11) 96975- 0308
História de Brasília
Vencidas as 48 horas dadas para surgir o nome do prefeito. Na nossa posição de defesa da cidade, nada mais nos cabe, senão esperar. Todos os esclarecimentos foram feitos. O governo que compreenda. (Publicado em 6/10/1961)