Celeiro de venenos

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br com MAMFIL

 

Quando se fala em produção agrícola, os números apresentados pelo Brasil são verdadeiramente astronômicos. Para um país de proporções continentais e que nas últimas décadas vem expandindo progressivamente suas fronteiras agrícolas através do uso intensivo de maquinário de última geração, falar em produção recorde da safra a cada ano virou lugar-comum.

A safra 2014/2015 de 209,5 milhões de toneladas superou a anterior, crescendo 8,2% e tem sido assim, ano após ano. Esses dados também se repetem no aumento das áreas abertas à agricultura. Hoje, são aproximadamente 60 milhões de hectares de área plantada, que se expande cerca de 1% a 1,5 % a cada ano.

Com números dessa magnitude, o país consolida sua posição como celeiro do mundo. Não é por outro motivo também que o poder de lobby do setor é, de longe, o mais o mais poderoso e eficaz de todos, superando a própria indústria. Tendo por trás um império com essa força, não é de se estranhar que a bancada do agronegócio venha sendo o fiel da balança na maioria das votações no Congresso. Há quem afirme, inclusive, que foi a retirada do apoio dessa bancada, contrariada em suas pretensões por medidas do governo Dilma, que abriu o caminho para o impeachment da presidente.

Portanto, falar em contrariar a turma é receita certa para turbulência de toda a ordem. Poderosos na produção agrícola e na política, organizados em um grupo coeso, não espanta que o governo federal, no caso o Ministério da Agricultura, o Ministério do Meio Ambiente e o próprio Ministério da Saúde, faça vistas grossas. Há quem denuncie que até mesmo impede que as fiscalizações neste setor se façam como manda a legislação.

O desrespeito às mínimas regras do meio ambiente, através do assoreamento de rios, de derrubada de mata nativa, da contaminação do solo e outras infrações, se esconde por baixo dos números superlativos do setor.

Falar em fiscalizar o setor é comprar briga que nenhum governo, de qualquer partido, topa de frente. Não é por outra razão que dados apresentados a pouco pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) mostram que os brasileiros consomem aproximadamente cinco litros de agrotóxicos variados a cada ano.

Desde 2008, o Brasil ocupa a primeira posição no ranking mundial de consumo de agrotóxicos. Segundo a Anvisa, enquanto nos últimos 10 anos o mercado desses venenos cresceu 93%, no Brasil esse crescimento foi de 190%.

Entidades como a Abrasco alertam que 70% dos alimentos in natura consumidos no país estão fortemente contaminados por agrotóxicos. Além disso, alerta a própria Anvisa, 28% desses produtos vendidos ao público em geral apresentaram contaminação por produtos não autorizados. Também os alimentos feitos a partir de grãos geneticamente modificados apresentam substâncias tóxicas e não autorizadas.

Fato mais aterrorizante ainda é quando se sabe que mais da metade dos agrotóxicos usados no Brasil hoje há tempos foram banidos da Europa e dos Estados Unidos. O resultado direto do consumo dessas substâncias perigosas é que tem aumentado exponencialmente o número de casos de câncer e de outras doenças genéticas.

Substâncias como o glifosato, banido em várias partes do mundo por sua potencialidade carcinogênica, continuam a ser vendidas livremente no país. Uma simples ida ao verdureiro ou ao hortifrúti dos supermercados é receita para uma mesa farta de venenos dos mais poderosos.

Para os vegetarianos, um prato de salada variada, consumida hoje, equivale à ingestão de colheradas de veneno, repletos de metais pesados e outros elementos mortíferos. O problema maior é que os efeitos desses elementos são cumulativos e deletérios, agindo em silêncio.

Ou o Brasil adota medidas urgentes e duras no disciplinamento do uso dessas substâncias, ou as gerações futuras pagarão o preço com a própria vida.

 

História de Brasília

Estas notícias foram feitas por jornalistas pagos pelo governo, para difamar autoridades, lançando a desconfiança e o descrédito para os que não concordam com as idéias dos atuais dirigentes da Agência. (Publicado em 05/09/1961)

 

It's only fair to share...Share on Facebook
Facebook
Share on Google+
Google+
Tweet about this on Twitter
Twitter
Share on LinkedIn
Linkedin