Categoria: ÍNTEGRA
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil
Por mais que os analistas afirmem que o poder das mídias sociais de influenciar as próximas eleições está superestimado, o fato é que a disseminação crescente desses veículos de comunicação provocará mudanças, principalmente com relação àquilo que o eleitor busca saber sobre seu candidato e sobre seus concorrentes.
Com mais da metade da população do país conectada nas redes sociais, qualquer pesquisador político que queira minimizar os efeitos dessa nova ferramenta nas eleições de 2018, estará caminhando às cegas sobre terreno minado. São mais de 100 milhões de brasileiros ligados às redes, que chegam a passar até cinco horas, em média de olho nas telinhas.
Para se ter uma ideia, apenas o aplicativo Whatsapp já é acessado por mais de 120 milhões de brasileiros todos os dias. Se tamanha aldeia virtual de comunicação não for capaz de influenciar nas eleições de 2018 é porque o mundo político, definitivamente não interessaria aos brasileiros, o que todos sabemos, não é verdade.
Ocorre com esses novos veículos de comunicação o mesmo que se sucede com as televisões: notícias, verdadeiras ou não, sobre descaminhos e escândalos no mundo político possuem o mesmo poder de um rastilho de pólvora. A diferença é que o alcance das mídias eletrônicas, pelo volume de usuários on line é infinitamente maior, o que resulta numa massa gigantesca que passa a acompanhar, de perto, o desenrolar dos acontecimentos. Desse gigante de milhões de olhos e ouvidos, ninguém escapa.
Se as eleições de John Kennedy, nos anos sessenta foi decidida graças a novidade da época, representada pela transmissão ao vivo dos debates, em rede de televisão, a eleição de Barack Obama foi possível graças ao forte incentivo das redes sociais. Questão maior do que o poder efetivo das novas mídias sociais, é saber até que ponto esse novo ferramental trará mudanças positivas para o país.
Populistas repaginados, dentro do novo figurino da internet poderão provocar um estrago sem precedentes ao Brasil. Da mesma forma, candidatos com aptidão para comunicação de massas, também poderão se sair bem, no mundo virtual, mas vir a se constituir numa praga na vida real. O problema aqui é que nas redes sociais, a mesma velocidade que conduz um indivíduo ao ápice, possui a inércia para lançá-lo de volta ao fundo do poço. Ocorre que, como no mundo real, uma vez jogado ao chão, dificilmente, em curto espaço de tempo, um candidato terá forças para reerguer-se.
O perigo aqui é que a superexposição faça dele um prisioneiro das mídias, impedido, inclusive, de circular livremente pelas ruas do país e do mundo, como já vem acontecendo, gerando situações pra lá de constrangedoras. Incensado de início para logo em seguida ser queimado e tornado cinzas, isso é o que as novas mídias farão com muitos candidatos, principalmente com aqueles que tem pendências com o passado e se apresentam como solução para o futuro.
A frase que foi pronunciada:
“A invasão de um exército pode ser detida, mas não a invasão de ideias.”
Victor Hugo
Uma beleza
A rodovia GO-239 entre A Vila de São Jorge e Alto Paraiso em plena Chapada dos Veadeiros tem ótimo asfalto e belo traçado. Está sendo ampliada e já chegou a outras localidades.
Travessia
A proximidade do Parque Nacional criou um sistema inédito mais para hilário que para eficiente. Alguém inventou uma faixa de pedestres para a fauna! Não… você não leu errado é isso mesmo! Uma sequencia de minúsculos 12 quebra-molas exigem que o motorista reduza arriscada e bruscamente a velocidade para passar pela travessia da fauna.
Irracionais
Impuseram além do perigo, algo que não faz parte de nenhuma padronização internacional de trânsito e que em nada protege a fauna e ainda obriga os motoristas a manobras de frenagem rápidas e perigosas.
De fato
Teria sido muito mais eficiente e útil se utilizassem os sonorizadores que serviriam para aumentar a atenção dos motoristas sem exigir freadas bruscas. Tomara que alguém lúcido determine a retirada desses quebra-molas de estrada que só servem para arriscar a vida dos racionais.
Depois de vistoriar a GO-239 o governador Marcone Perillo declarou que esta rodovia é estratégica para o turismo e para a segurança dos moradores e turistas. Então os R$500 milhões investidos na obra valeram a pena. Falta só uma forma mais racional de alertar os motoristas sobre o perigo da travessia de animais silvestres.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Tomando conhecimento do que ocorria, o embaixador Briggs mandou descontar nos vencimentos dos faltosos, os dias em que os mesmos deixassem de comparecer às aulas. Alegam, agora, os funcionários, que em seus Estatutos não há nada que possa justificar essa medida. (Publicado em 12.10.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil
Não é de hoje que a grande maioria dos brasilienses conhece os riscos de circular por inúmeras localidades da capital, a qualquer hora do dia ou da noite. Assaltos, roubos, furtos, assassinatos, espancamentos e outros tipos de violência vêm tomando conta da capital. Nem mesmo os lugares centrais da cidade, próximos às delegacias e a outros pontos de segurança, escapam da violência diária.
Considerada, por sua localização central, o principal ponto de intersecção da cidade, por onde circulam centenas de milhares de pessoas a cada dia, a Rodoviária do Plano Piloto e sua grande área em volta são vistas por muitos brasilienses e pelas próprias autoridades de segurança como uma região sensível e de alta periculosidade pelo grande número de ocorrências.
Somente pessoas que não conhecem a capital, como é o caso de turistas desavisados, ousam circular por essas regiões quando a noite cai. Ocorre que é justamente nesse local que está instalada a grande maioria dos hotéis da cidade. Quando não são feitos passeios em grupos a lugares predeterminados, os hotéis, normalmente, alertam seus hóspedes a ficarem em seus quartos e evitarem as ruas escuras.
Para uma capital, vista pelo mundo como exemplo de modernidade urbana, tombada como Patrimônio Cultural da Humanidade, uma situação vexatória como esta de reter turistas em hotéis, joga por terra os nossos conceitos de civilização e nos remete a situações que nos colocam como sociedade primitiva, em que as mais simples demonstrações de civilidade, como o respeito à integridade das pessoas, são desprezadas e negligenciadas.
Para aqueles turistas que experimentaram pessoalmente o trauma da nossa violência cotidiana, fica não só a lembrança de momentos de sofrimento, mas, em muitos deles, a certeza de que por essas bandas jamais retornarão. Para as áreas ligadas ao turismo em particular, ficam os prejuízos. Para a imagem da cidade, em tempos de instantaneidade e disseminação das redes sociais, ficam os alertas daqueles turistas para que evitem visitar a capital.
Embora se respeite os sentimentos daqueles que se dizem ofendidos pelas recomendações das autoridades estrangeiras para que os turistas evitem suas cidades, é preciso destacar que muitos desses moradores reconhecem, publicamente, até em manifestações corriqueiras contra o fim da violência, que esse é o principal e mais urgente problema da maioria de nossas cidades.
Nada de prático advém também a nota de repúdio, emitida pelo GDF, contra o alerta do Departamento de Estado norte-americano, ainda mais quando alega, de forma generalizada, que crimes ocorrem em qualquer cidade do mundo e que a segurança em nossas regiões administrativas não pode ser comparada com outras localidades violentas tanto no Brasil quanto no exterior.
Pelo que é noticiado diariamente na imprensa e pelas estatísticas anuais dos órgãos de segurança, a violência, em todas as suas formas, é nossa mais grave questão atual a requerer medidas a altura do problema. A criminalidade no Distrito Federal deixou de ser um problema, antes mais comuns nas áreas periféricas e carentes da capital. A violência migrou para o centro urbano, para as Superquadras do Plano Piloto e ocorre até nas imediações de palácios e outros pontos famosos.
O abandono dos antigos Postos Comunitários de Segurança (PCS), construídos por meio de altos recursos tomados dos contribuintes, espalhados por toda a cidade e logo depois queimados e destruídos pelos marginais, falam mais alto do que os informes oficiais e atestam um problema que é crônico até para autoridades de outras nações distantes.
A frase que foi pronunciada
“A sociedade se divide em duas classes: os que têm mais refeições do que apetite e os que têm mais apetite do que refeições.”
Sébastien Roch Nicolas Chamfort, poeta, jornalista, humorista e moralista francês
Eleitoral
Breve o TSE iniciará a exibição em cadeia nacional, durante cinco minutos, de campanha para incentivar a participação de mulheres e negros na política. Além disso terá a árdua tarefa de esclarecer aos cidadãos sobre o sistema eleitoral.
Release
A Câmara de Dirigentes Lojistas do DF acaba de divulgar o número de inadimplentes em dezembro de 2017: 906 mil pessoas (39,53% da população entre 18 e 94 anos), dado levantado pelo SPC Brasil. O número ainda é alto, mas a expectativa é de melhora econômica, apesar de lenta. No comércio, as dívidas em atraso no DF diminuíram 17,12%.
História de Brasília
O embaixador Moacyr Briggs, do Dasp, instituiu um curso interno de formação, para funcionários dos níveis 5 a 10. Como os funcionários não se interessassem pelo curso, começaram a faltar, e já quase não há mais frequentadores. (Publicado em 12/10/1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil
Estados Unidos, Canadá, França, Espanha, Itália, Reino Unido e Japão emitiram alerta para que seus cidadãos em viagens ao Brasil se cerquem de cautelas ou simplesmente evitem diversas regiões do país. O sinal foi dado por conta dos altíssimos índices de criminalidade registrados. Mostram que a questão da falta de segurança interna, por suas dimensões, se tornou também uma preocupação internacional.
Recomendações como essas colocam o Brasil no mesmo patamar de nações conflagradas pelas guerras, com a diferença de que aqui se tem matado mais e por muito menos. Obviamente, estar incluído numa listagem desse tipo traz inúmeras consequências nefastas não só para a imagem do país, mas, principalmente, para a economia interna, sobretudo, àquelas ligadas às áreas de turismo.
Os assaltos e assassinatos de turistas pelo país afora sempre aconteceram. Ocorre, no entanto, que, nos últimos anos, os registros nas delegacias especializadas têm aumentado assustadoramente. Com 61.619 mortes violentas, registradas em 2016, o Brasil, na concepção de muitas agências de turismo e de muitos viajantes independentes, é considerado um roteiro de alto risco mesmo para quem conhece o país.
Com o alerta emitido pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos para que seus cidadãos evitem também diversas localidades aqui na capital, Brasília passou a integrar a listagem de lugares perigosos para a circulação de turistas.
De acordo o Departamento de Estado norte-americano quatro grandes regiões administrativas do Distrito Federal — Ceilândia, Santa Maria, São Sebastião e Paranoá — devem ser evitadas, assim como áreas centrais como a Rodoviária do Plano Piloto e adjacências. Além do informe oficial das autoridades e da imprensa, é claro que os comunicados passados pelos próprios turistas, por meio das redes sociais, chegam instantaneamente ao conhecimento de grande número de pessoas pelo mundo afora, criando uma onda de paranoia e medo que só tem paralelo com o sentimento do próprio turista que experimenta na pele a violência nossa de cada dia.
Não por coincidência, justamente, nessas regiões foram registrados os quatro primeiros casos de homicídio na passagem do ano. O comunicado aos seus cidadãos alerta ainda que as atividades do crime organizado são generalizadas no país, devendo o turista evitar esses locais, não caminhar e circular à noite, não exibir sinais de riqueza, evitar uso de relógios e joias caras, não reagir a assaltos, evitar estranhos e tomar todo o cuidado com transporte público, principalmente no período noturno. Tudo o que o brasileiro faz por precaução e hábito.
Pelo número de restrições que é colocado pelo alerta das autoridades americanas, dá para imaginar que, para o cidadão comum daquele país, a simples intenção de vir fazer turismo no Brasil e conhecer a sua capital, pelos riscos que a envolvem, essa empreitada merece ser pensada duas vezes, senão posta de lado de uma vez, dadas as consequências, até fatais, dessa decisão.
A frase que foi pronunciada:
“O rio do tempo leva consigo suas margens.”
Robert Musil, escritor austríaco
O que é que isso?
Aos poucos as pessoas estão se dando conta de que não vale a pena se conformar com abusos. Impedida de entrar em um hospital para visita por estar uniformizada, a senhora buscou os tribunais. O juiz de direito Marcelo Coelho de Carvalho, da 2ª turma Recursal do Tribunal de Justiça do Acre, condenou um hospital a indenizar a querelante por danos morais. “A Justiça não atende a quem dorme.”
Culpado
Outro caso interessante foi o de um carro clonado. A vítima foi multada sem cometer qualquer infração. O juiz da 3ª Vara do JE da Fazenda Pública apontou que o proprietário, por ser vítima da fraude, não pode ser eternamente condenado por infrações de trânsito. A obrigação de resolver a situação foi passada ao Detran.
Doação identificada
Durante as eleições deste ano, instituições contratadas vão poder arrecadar recursos para candidatos. Será feito um cadastro e cada doador, identificado pelo nome e quantia doada.
Sem limite
Outra novidade importante de chegar à opinião pública é que o uso de automóvel do candidato, cônjuge e até o terceiro grau de parentesco, para uso pessoal durante a campanha está dispensado de comprovação na prestação de contas.
História de Brasília
De Viçosa, Minas, a Brasília, uma carta levou sete dias. Do DCT de Brasília para a SQS 114, com endereço certinho e tudo, levou quatro meses e oito dias. Não pode estar certa uma repartição com esse gabarito. (Publicado em 12/10/1961)
Pular de alegria quando o governo investe bem. Isso deveria ser o Carnaval.
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil
É mais do que sabido que o dinheiro público, de fato, não existe. Ele é apenas tomado do contribuinte, que não tem como escapar do leão da receita, para os cofres do Estado. Desse ponto escoa para onde os políticos, que estão ocupando cargos no governo, determinam. A partir desse ponto a escolha de onde aplicar esses recursos, que crescem a cada ano, passa a depender do grau de comprometimento do governo com a bancada que vai lhe dar apoio, dentro da lógica perversa de governo de coalizão e com a proximidade das eleições.
É preciso notar ainda que a meio do caminho, boa parte dessa bolada irá ser consumida com o funcionamento da gigantesca e burocrática máquina administrativa. Somente para manter essa engrenagem fabulosa o GDF chega a consumir mais de 81% de suas receitas com a folha de pagamento do funcionalismo. Sobra pouco para investir e menos ainda para manter em bom funcionamento as áreas mais prioritárias e sensíveis da capital.
Com a queda na arrecadação, provocada pela crise econômica, os recursos para atender a população ficaram ainda minguados. Com isso é preciso maior rigor ainda na hora de escolher para onde vai o dinheiro do brasiliense. Com a chegada do carnaval tem aumentado o número de cidadãos que reclamam da intenção anunciada pelo do GDF de aplicar R$ 5 milhões nas festas de Momo este ano, o dobro do que foi gasto no ano passado.
A polêmica faz sentido e, apesar da tradição, de ser uma festa popular, que já faz pare da nossa cultura e outras justificativas, o contribuinte que reclama desse tipo de “repasse” para blocos carnavalescos e outras atividades dessa festa, tem razão quando observa postos de saúde fechados por falta de medicamentos ou de profissionais.
Pela lógica, enquanto faltar um esparadrapo que seja nos estabelecimentos públicos de saúde, não há razão para aplicar dinheiro do cidadão em folguedos, sejam eles tradicionais ou não. O renascimento do verdadeiro carnaval vem acontecendo em várias cidades país afora, com a volta dos blocos de rua, espontâneos e mais democráticos e isso tem atraído cada vez mais foliões. O que compete ao Estado é dar segurança e bom atendimento nos hospitais durante as festividades.
Em 2016 e, em boa hora, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que eventos com potencial lucrativo ou que possam atrair investimento privado passassem a ser impedidos de receber recursos da Lei Rouanet. Acontece com o carnaval o que acontece com o cinema nacional. Jorge Furtado, cineasta e um dos fundadores da Casa do Cinema de Porto Alegre ao reconhecer que o cinema brasileiro é feito basicamente com o dinheiro público, afirmou: “Com o dinheiro de um curta se faz quatro casas populares, com o dinheiro de um longa dá para fazer um hospital. Cinema, no Brasil, é feito para ricos com dinheiro dos pobres”.
A autêntica festa popular, renascida com os blocos de rua, comprova que a maior alegria do folião é saber que o seu dinheiro está sendo empregado onde é realmente necessário e urgente. Só assim ele e toda a sua família podem brincar em paz e quem sabe retornarem para a casa sãos e salvos.
A frase que foi pronunciada:
“Mas nós dançamos no silêncio/ Choramos no carnaval,/ Não vemos graça nas gracinhas da TV/ Morremos de rir no horário eleitoral…”
Engenheiros do Hawaii
Prata da Casa
Alexandre Dias, fundador do Instituto Piano Brasileiro e pesquisador concedeu uma entrevista para a Revista Concerto. Trata-se de valioso material para quem gosta de música e história. Dias resgata preciosidades da música brasileira e disponibiliza em seu canal no youtube. Vale conhecer.
Agenda
Por falar em música, no dia 6 de fevereiro a orquestra sinfônica do Teatro Nacional vai estrear uma sinfonia indiana no Brasil em homenagem aos 70 anos de independência daquele país. Dr. L Subramaniam, compositor da “The Indian Symphony” deve estar presente. O concerto será no cine Brasília. Quem está preparando o coro é o maestro Eldom Soares.
Saúde
Trabalho sério desenvolvido com os funcionários da Maternidade no Sudoeste do Hospital Brasília. Desde a enfermagem, nutricionistas, pessoal da limpeza. Todos entram no quarto, se identificam, dizem porque estão ali. Atendem com respeito e dedicação. É realmente um ganho para os pacientes.
Moradia comunitária
Com o envelhecimento da população brasileira há a adaptação de iniciativas estrangeiras como cohousing. Trata-se de uma vila construída entre amigos que decidem envelhecer juntos. Uma pesquisa com 200 moradores em cohousing mostrou economia de custo por mês de no mínimo US $ 200 por família, chegando em alguns até uma economia de mais de US $ 2.000.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Dos contribuintes de Institutos em Brasília, os que mais sofrem são os do IAPI. Têm que ser atendidos no Hospital da Cidade Livre, e só são aceitos no Distrital quando se trata de caso urgente, e com autorização do hospital do Instituto. (Publicado em 12.10.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil
Forem amarradas as pontas algumas das principais variáveis que caracterizam o Brasil hoje, fica mais fácil entender não só o desenrolar do processo político mas até o que virá a seguir. Dessa forma não seria lugar comum afirmar que o pano de fundo atual irá ditar o que teremos em termos de eleição para este ano.
Antes de tudo é preciso ressaltar que o principal problema do país, caracterizado pela desigualdade social e de renda, definitivamente continua sem resolução, apesar da propaganda massiva feita nos últimos anos por governos pretensamente ligados as massas. O Brasil segue, segundo Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH), levantado pelas Nações Unidas, como o décimo país mais desigual do planeta. Não é pouca coisa. Temos em nossa companhia países como o Haiti, Zâmbia, Paraguai e outros.
É com características negativas e históricas como essas que podemos entender, o perfil da maioria das candidaturas postas à apreciação do eleitor. Se formos ligar essa realidade ao fato de que é justamente em países desiguais que as teses e os candidatos populistas mais prosperam, temos que o Brasil do século XXI ainda é um prato cheio para o lançamento e para crescimento de populistas de qualquer vertente política, seja de esquerda ou de direita.
Em comum, candidatos com esse perfil, sabem explorar muito bem aspectos da desigualdade social e econômica, quer usando-a para demonizar tudo em volta, como faz o candidato do tipo vingador, quer se apresentando como única alternativa ao caos, como gosta de se apresentar o candidato do tipo salvador. Obviamente que nenhum, nem outro tem a menor ideia do que fazer, logo após as eleições.
Esse pano de fundo explica porque candidatos, aparentemente tão diferentes, como Lula e Bolsonaro prosseguem ainda surfando na preferência nacional, segundo números mostrados pelos principais órgãos de pesquisa de opinião do país.
Desde os anos trinta do século passado, a fórmula que resulta no populismo encontra guarida entre os brasileiros. Este fato se explica também porque a boa parte da nação já percebeu que as instituições do Estado, todas elas, parecem funcionar apenas para atender aos reclames dos estamentos de cima da pirâmide social, deixando a base larga, desamparada e à mercê de destino incerto.
Escolas, hospitais, segurança, moradia, transportes, seguridade, justiça ou seja lá quais serviços prestados pelo Estado, não atendem as necessidades da população de baixa renda. A janela que se abre para o cidadão alterar essa realidade de abandono é dada pelas eleições cíclicas. É nesse momento que entram em cena os candidatos que sabem explorar essas carências do Estado.
Colocando-se acima dos partidos e da instituições, populistas de todas as matizes se apresentam como alternativa e contra “a tudo que está aí” e é assim que todos logram êxito, décadas após décadas, enquanto as péssimas condições sociais e de renda persistirem, pois é em cima da miséria que candidatos como Lula e Bolsonaro armam seus palanques ou palcos.
A frase que foi pronunciada:
“Esse ignóbil Baile de Máscaras se chama sociedade.”
Stendhal, escritor francês.
E agora?
Na conta da Caesb há a indicação Água/esgoto para descrever o custo da prestação de serviço de abastecimento de água e de esgotamento sanitário.
Há também uma taxa paga pelos consumidores criada pela Lei Complementar nº 711 de 13 de setembro de 2005, ou seja, há 13 anos os consumidores pagam para que a Caesb fiscalize o uso dos recursos hídricos. Além disso o texto explicativo esclarece que há a cobrança da TFS, uma taxa de fiscalização sobre serviços públicos de abastecimento de água e esgoto. Resumindo, o nosso leitor que mora no SHDB QL 32 contradiz com provas o que respondeu a Caesb sobre a cobrança de taxa de esgoto para quem tem fossa. A conta do consumidor foi postada no blog do Ari Cunha.
Vai entender
Biblioteca do Paranoá fechada em plenas férias. Não seria um ótimo momento para estimular a meninada à leitura?
Lucro & Prejuízo
Acontece sempre de uma hora para outra. No IMP Concursos da Asa Sul, na SGAS 603, há um contraste. Enquanto lá dentro ótimos professores dão aulas consistentes, do lado de fora uma quadrilha age há vários anos roubando os pneus dos carros dos estudantes. Nos dois estacionamentos. Ao chegar no carro, quatro rodas roubadas. Seria uma consideração inestimável a quem paga o curso ter, no mínimo, o patrimônio resguardado.
Só para lembrar
Roberto Jefferson. Foi corajoso em dar o primeiro rasgo na cortina que escondia escândalos de corrupção na política. Agora, Lupcínio Rodrigues deixou seu olho roxo. Novamente.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
As chuvas chegaram no dia seguinte à escolha do Prefeito. Brasília teve duas satisfações ao mesmo tempo. (Publicado em 12.10.1961)
Políticas públicas não acompanham o envelhecimento da população brasileira
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil
Com o envelhecimento em ritmo acelerado da população brasileira, problemas relativos ao atendimento especial que essa parcela da sociedade requer e que em países da Europa levaram mais de um século para serem equacionados terão por aqui que receber um tratamento mais ligeiro e imediato, o que pode implicar em erros e soluções imediatistas e insatisfatórias. É senso comum que o Estado, diante de um desafio de enormes proporções, não esta absolutamente preparado para atender. As carências nesta área começam pelo desenho urbano de nossas ruas e avenidas, flagrantemente inadequadas para a circulação, com segurança desse novo contingente. Com relação aos transportes públicos a situação é ainda mais complicada. Nossos veículos de transporte de massa não são adaptados a acolher satisfatoriamente nossos idosos, levando e trazendo uma população que necessita cuidados especiais. Segundo pesquisa do IBGE a população brasileira com 60 anos ou mais alcançará 66.5 milhões até a metade desse século. Trata-se de um número fantástico.
Com isso as políticas públicas terão que sofrer profundas mudanças na saúde, na assistência social e na previdência. A legislação, como um todo, também deverá sofrer alterações de monta para se adaptar aos novos tempos. Sem políticas claras nem eficazes para enfrentar a nova realidade demográfica, o Estado brasileiro necessita adotar, urgentemente, um conjunto de medidas que visem, ao menos, tornar a vida dessas pessoas um pouco menos sofrida. Pesquisadores alertam para o fato de que a faixa da população que mais cresce hoje no país é composta por indivíduos com média de 80 anos ou mais. Definitivamente, e todos disso sabem, não temos cidades adaptadas para atender as necessidades especiais dessa faixa etária.
Mais do que qualquer outro desafio que temos pela frente, e o Brasil tem muitos, a questão do idoso não pode ser adiada e empurrada para gestões futuras. Para um Estado que tem sido, desde a sua origem, um ingrato com seus cidadãos contribuintes, arrancando deles muito mais do que dá em troca, a tarefa que se apresenta agora é gigantesca.
Como preparar, em tão pouco tempo, um país inteiro para receber os idosos, numa etapa da vida em que naturalmente as pessoas se tornam mais dependentes e frágeis, em que aumentam os cuidados com a saúde, com a locomoção, o pronto atendimento, a moradia, a segurança, a previdência. Brasília por seu desenho urbano moderno pode com mais facilidades que outros estados da federação ser adaptada para acolher os idosos que chegam com mais dignidade, proporcionando uma vida de segurança para todos. A questão mais urgente é que até o momento não se observam alterações significativas sendo realizadas para esses novos tempos que se avizinham.
A impressão é de que as autoridades ainda não acordaram para um tempo que definitivamente já chegou.
A frase que foi pronunciada:
“O descontentamento é o primeiro passo na evolução de um homem ou de uma nação.”
Oscar Wilde, sem saber que no Brasil a piada é a chave da inércia.
Resposta
A Caesb esclarece que são equivocadas as informações divulgadas na coluna Ari Cunha, sábado (06/01), sobre o sistema de esgotamento sanitário no Lago Sul e sobre cobrança indevida de tarifa de esgotos sem que o cliente tenha esse benefício. A Caesb só cobra tarifa de esgotos nos locais onde o serviço já foi liberado para utilização dos moradores. Mesmo assim, a Companhia concede um prazo de trinta dias, depois da comunicação para que o cliente faça a interligação da sua rede interna à rede de coleta de esgotos da Caesb.
E continua
Quanto à situação do serviço de esgotamento sanitário no Lago Sul, informamos que o bairro é atendido por esse benefício, com exceção apenas para as QI e QL de 26 a 29, que estão em obra e serão interligadas ao sistema ainda neste semestre. A Caesb precisa ser informada sobre qualquer irregularidade ou erro na distribuição e cobrança dos seus serviços pelo telefone 115, pelo site da Companhia (www.caesb.df.gov.br) ou por meios de seus escritórios de atendimento.
Crime
Nullum crimen nulla poena sine praevia lege penale. Outro tipo de furto que passa sem o conhecimento dos contribuintes brasileiros é o furto aos dutos de movimentação de combustíveis. Um novo Projeto de Lei tramita na Câmara dos Deputados tipificando esse tipo de crime. Na verdade, há uma lei que define os crimes contra a ordem econômica, mas a intenção é tipificar e punir o crime.
Maldade
Na Internet corre uma pergunta intrigante. A transmissão de cargo para os novos eleitos será com faixas ou com tornozeleiras eletrônicas?
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Com efeito, o Departamento de Parques e Jardins está com a razão, porque não adianta preparar jardim para seis meses do ano, somente, enquanto nos demais, o sol acabará com tudo. (Publicado em 12.10.1961)
Monocultura, latifúndio e trabalho escravo. O tripé do atraso
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil
Em qualquer direção que se trafegue pelas cercanias do Distrito Federal é possível avistar imensas monoculturas de milho, soja, algodão ou eucaliptos, plantados em latifúndios, que por sua amplidão, chegam a equivaler, em tamanho territorial, a alguns países da Europa. São lavouras gigantescas, que integram a chamada agricultura de commodities, na qual o Brasil desponta como potência mundial.
Para alguns desavisados trata-se de uma verdadeira riqueza em forma de biomassa, que gera muitos dividendos para o país e ajuda na balança de exportações. O que muita gente nem suspeita é que as monoculturas, mesmo trazendo divisas para o país, geram imensas riquezas para os proprietários dessas lavouras e para a indústria de fertilizantes e defensivos envolvida diretamente nesses ciclos. De resto, o que essas monoculturas deixam de passivo, principalmente com relação ao meio ambiente e às populações do campo, que não participam desse ciclo de riqueza e por ela são expulsos de suas terras, são de tal monta, que chega a ser surpreendente que ainda haja um enorme e conivente silêncio sobre essas atividades.
De fato, o que representa riqueza para uns poucos vem sendo denunciado por ambientalistas e cientistas como um desastre de proporções ciclópicas e que já mostram seus efeitos perversos e, em alguns casos irreversíveis. Antes de tudo é preciso compreender que o destino dado às áreas do cerrado que cercam a capital a do país, será o mesmo. Brasília e seu entorno tem destinos comuns. O que for feito à um, trará efeitos sobre o outro. Não há futuros distintos no caso específico da monocultura do eucalipto, uma espécie alienígena, importada da Austrália nos anos setenta, dentro de um programa errático de reflorestamento. Estudos recentes comprovam a ligação direta dessa cultura com a escassez hídrica no cerrado, principalmente nas regiões mais ao Norte.
Depois de cinco décadas de sua introdução, a monocultura de eucalipto já demonstrou seu potencial sobre o fenômeno da desertificação do cerrado. Estudos científicos realizados por ambientalistas mineiros vem comprovando que as imensas plantações dessa espécie, utilizada nas indústrias siderúrgicas da região, vem afetando diretamente a recarga dos aquíferos dessas áreas. Da média histórica de precipitação pluviométrica, em torno de 1 mil milímetros/ano, o eucalipto consome sozinho 800 milímetros. Como o Cerrado precisa de 500 milímetros, há um deficit anual de 300 milímetros. Em consequência rios e córregos da região vem apresentando a cada ano uma diminuição em seus volumes.
Pelo estudo fica evidenciado que de 2013 para cá a situação nas bacias dos rios São Francisco e Jequitinhonha vem se agravando, afetando mais de 270 municípios da região que passaram a enfrentar situações frequentes de emergência.
Estudiosos do problema tem alertado para conter o avanço dessa cultura, pedindo a proibição total de abertura de novas áreas de cultivo e o monitoramento constante dos níveis dos lençóis freáticos da região. Passados quinhentos anos continuamos a insistir no plantio de monoculturas, cultivadas em grandes latifúndios, com a diferença de que hoje a mão-de-obra escrava foi substituída pelo boia fria, uma espécie de escravo moderno.
Para quem conhece um pouco de história do Brasil, sabe que esse tripé, formado pela monocultura, latifúndio e trabalho escravo se constituiu na base de nossa economia e do nosso atraso, pelo visto, eterno.
A frase que foi pronunciada:
“A inveja é um atestado de inferioridade.”
Napoleão Bonaparte
Carta do leitor
Recentemente entrou em vigor uma lei que condena o motorista alcoolizado a prisão. Esqueceram que não existem vagas para bandidos nas penitenciárias brasileiras. As prisões estão super lotadas com ladrões, assassinos, estupradores etc. Agora então é que a coisa vai complicar para o cidadão pagador de impostos… Quem você acha que o governo vai querer prender? Alguém que tem que pagar uma multa de aproximadamente R$ 3 mil reais para o faturol governamental ou um assassino que custará um absurdo às contas públicas? Breve nas cadeias apenas motoristas! Bandidos, assassinos e ladrões à solta por falta de espaço e pelo faturol! Ray Netto
Sem reguladora
Nosso leitor José Rabello concluiu que não temos energia solar em número suficiente no Brasil, para que tenhamos as tarifas vermelhas. O consumidor em desvantagem, o que faz valorizar as ações das elétricas nas bolsas. Rabello ilustrou a frase: O pior é que, no Brasil, quando se trata de consumidor, um dia é da caça, e o outro da pesca. Quem consome é sempre o alvo de ataque.
Sugestão de pauta
A situação do lote atrás da SHIN QL 2 do conjunto 7 merece uma matéria com imagem. O abandono do local, com restos de obra, mato alto e água acumulada são ameaças constantes aos moradores da área.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
As chuvas já começaram e os jardins de Brasília ainda não estão preparados. É que o Departamento de Parques e Jardins diz que só fará jardins onde houver água, e o Departamento de Água e Esgotos não tomou conhecimento disto. (Publicado em 12.10.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil
Durante todo o tempo em que os militares exerceram o controle do país e, principalmente, após a publicação do Decreto-Lei 314, de março de 1967, que definia os crimes contra o regime, era comum escutar, aqui e ali, a expressão doutrina de segurança nacional. Naquela ocasião, os militares brasileiros, em face do controle do Estado, possibilitada pela revolução de 1964, passaram a identificar como inimigos internos do país todos os indivíduos, ou grupos, que buscavam, sob a influência da então poderosa União Soviética e da China, desestabilizar o regime, com base na difusão de ideologias de orientação comunista.
Eram outros os tempos e os objetivos do governo. Vivia-se o auge do período da Guerra Fria que, praticamente, dividia o mundo em dois polos antagônicos. De um lado, o capitalismo do Ocidente e, de outro, o socialismo, ou capitalismo de Estado. Cada um, carregado de contradições e críticas de toda ordem.
No meio de ambos os lados, vivia uma imensa população, na maioria, alheia aos matizes ideológicos, muito mais centrada em entender e participar de um mundo que estava ardendo e virando de cabeça para baixo.
A revolução que essas pessoas perseguiam e ansiavam era a de costumes, da pílula, da minissaia, da rebeldia contra os modelos de educação e outras verdadeiras revoluções, muito distantes e distintas daquelas propostas por governos. Quaisquer governos.
Quem vivia do lado da cortina de ferro dos países do Pacto de Varsóvia queria mesmo era passar para o lado dos países da Otan. O pessoal de esquerda, que vivia dentro do mundo capitalista, desejava transformar o Ocidente em algo parecido com o Oriente, desde que pudesse manter o estilo de vida.
Alheios aos governos de linha-dura, o que a juventude pretendia, dos dois lados da fronteira política, naqueles distantes dias, era um mundo de paz e amor. Quem viveu naqueles loucos anos 1960, mesmo sob forte doutrinação imposta pelos governos da ocasião, almejava um Estado que nenhum dos lados poderia oferecer, principalmente nos regimes de orientação comunista.
O Brasil, naquele período, era um país ainda mais periférico do que é hoje, visto pelo restante do planeta como um mundo longínquo e exótico. A impressão internacional do país era dada apenas pelo então cartão-postal representado pelo belo Rio de Janeiro. O resto era visto ainda como um imenso continente selvagem, desabitado e sem importância.
Brasília despertava apenas interesse entre alguns intelectuais e arquitetos curiosos com nossa versão de modernismo urbano. Enquanto o regime de plantão lutava para que o país não descambasse para um modelo tipo Cuba, o que a juventude queria e copiava era o modelo americano, suas modas e seus trejeitos.
Revoluções por essas bandas, conforme desenhado pelos estrategistas de farda, não tinham chances de vingar. O mundo pretendido pela juventude daquele tempo, em ambos os regimes, passava longe das pretensões dos políticos e dos militares. Embora fosse chique falar em socialismo com um copo de uísque na mão, o que a base da pirâmide social queria era subir na vida e desfrutar também do luxo capitalista. Entrar em filas gigantescas com tíquetes fornecidos pelo Estado para comprar pão e leite racionados era uma realidade que os brasileiros não conheciam, mas era a mesma miséria de sempre, vista através de lentes comunistas. O mundo que esses regimes acenavam e podiam oferecer estava bem distante daquilo que sonhava o grosso da população.
Olhando hoje o que resultou nossa curta experiência de um país governado, segundo os dogmas da esquerda, dá para imaginar o que se passou pela cabeça daquelas pessoas que assistiram à queda do muro de Berlim. Regimes são bons apenas para aqueles poucos que estão dentro do sistema, para a chamada nomenklatura. Para o restante, fica apenas o desejo de que tudo termine o quanto antes.
Olhando por cima dos ombros, para esse mundo distante, quando os diversos governos criavam inimigos imaginários apenas para se manter no poder, é que começamos a nos dar conta de que os verdadeiros inimigos do Estado, representados hoje pela corrupção e pelo crime organizado, se tornaram uma realidade presente e uma ameaça concreta a todos nós brasileiros. Essa é, de fato, a real ameaça à segurança nacional.
A frase que foi pronunciada
“— Eu sou da área. Vou avisar ao Meio Quilo que você me assaltou. — Que isso, irmão? Foi mal, toma tudo aí. Vê se não tá faltando nada!”
Malemolência de um carioca que passeava na beira da praia e evitou um assalto só por conhecer o nome do bandido que controlava a região.
Lembrança de Brasília
BSB Memo traz estampas em camisetas que só os candangos entendem. “Pega o Eixão, depois o Eixinho, faz a tesourinha e sobe no balão”. A marca foi criada por Thatiana Dunice e Raffael Innecco e é sucesso.
Incrível
No C.A. 2 do Lago Norte, na saída, em uma placa Premium Corporate, há o maior absurdo de engenharia de trânsito da cidade. É preciso sair pela contramão para não colidir com o carro.
História de Brasília
O Senado ainda não tomou conhecimento da indicação do sr. Sette Câmara para a Prefeitura do Distrito Federal. Tanto assim que, ontem à tarde, os senadores ainda estavam votando a indicação do sr. Sette Câmara para a embaixada brasileira em Genebra. (Publicado em 12/10/1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil
Ganância, já dizia o filósofo de Mondubim, leva ao egoísmo e o egoísmo à solidão. Está sendo muito festejada pelos proprietários dos shoppings e principalmente pelos arrendatários de estacionamentos nesses centros de comércio, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em acolher Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) impetrada por uma tal Associação Nacional de Estacionamentos Urbanos (Abrapark), declarando ilegal a Lei 4.067/2007 que estabelecia gratuidade no pagamento de estacionamentos dos shoppings no Distrito Federal aos veículos de pessoas idosas e com deficiência. O que, à primeira vista poderia ser compreendido como uma conquista da livre iniciativa contra o poder regulador do Estado, é, na verdade, uma vitória vazia de humanidade e de grandeza que expõe, como, nenhum outro exemplo, a ganância desmedida desses falsos empresários que veem na vantagem dessa pequena batalha, um modo de aumentar seus já altos lucros.
Cegos com o brilho falso dessas poucas moedas, nossos empresários insistem em caminhar na contramão de seus pares dos países do primeiro mundo que já perceberam que por detrás de uma marca, de um produto ou de uma empresa estão as contrapartidas éticas, humanas e sociais disponibilizadas por elas.
Questões como fidelização dos clientes e respeito dos consumidores, fundamentais hoje para a sobrevivência de uma empresa a longo prazo, estão intimamente ligadas ao comportamento ético dessas companhias e compõem o perfil do moderno empreendedor. Portanto, soa anacrônico e primitivo, principalmente numa sociedade em que o número de idosos aumenta a cada dia, que se comemore uma decisão, instigada unicamente pelo desejo à riqueza e ao acumulo de riqueza.
Os altíssimos preços cobrados nos estacionamentos desses centros de comércio, a muito tempo vem sendo alvo constantes de reclamações dos consumidores. Isso porque diante de um sinistro muitos se eximem da responsabilidade, mesmo cobrando uma exorbitância.
Se de um lado trazem gordos lucros à esses empresários, de outro espanta uma multidão de clientes que resistem em ser espoliados de forma abusiva. Para os poucos idosos que dispõem de ânimo para frequentar estes estabelecimentos, a gratuidade era vista como uma forma generosa de atraí-los com segurança para esses locais, onde, não raro acabavam gastando alguns bons trocados.
Soa ainda mais dissimulada a decisão dos controladores dos shoppings em esperar os movimentos frenéticos de compra de fim de ano para por em prática uma medida que já havia sido anunciada em novembro último, numa demonstração de oportunismo e que ofende não só a turma de cabelos brancos, como os milhares de deficientes que vivem nessa cidade. O que pode acontecer, daqui para frente, é que algum shopping vá contra essa corrente de ganância e estabeleça gratuidade para esses clientes, chamando para si boa parte desses consumidores desprestigiados por outros comerciantes. É um mínimo de esperança.
A frase que foi pronunciada:
“O pior é que aqui no Brasil, quando se trata de consumidor um dia é da caça outro da pesca. Quem consome é sempre o alvo de ataque.”
Dona Dita, sobre a cobrança para idosos nos shoppings
Saneamento
Mais uma notícia bem lembrada pelo nosso leitor Álvaro Costa. Acreditem ou não, IDH mais alto do Brasil, Lago Sul em Brasília, bairro nobre, não recebe o item mais básico de um saneamento público. Não há rede de esgotos. Apesar disso, a cobrança está lá. Bem descrita na conta.
O resultado é o uso obrigatório de fossas contribuindo sobremaneira para a contaminação do lençol freático, e disseminação de doenças infectocontagiosas prevalentes em áreas contaminadas. Pior que a negligência, imprudência e imperícia do governo é a absoluta falta de mobilização da comunidade prejudicada no sentido de pressionar as autoridades públicas para a solução definitiva deste absurdo social.
No Rio é um orgulho ver o bloco passar em frente à própria casa. Aqui em Brasília de tantas reclamações os blocos de carnaval vão se reunir no estádio Mané Garrincha, Setor Bancário Norte, Sul, ginásio Nilson Nelson e por aí vão. Bem longe das janelas.
Cilada
Votado como o mais criativo vírus enviado por e-mail é um perigo. A mensagem diz: “Confira seu contracheque”. Em tempos de vacas magras os desavisados abrem sem titubear. Daí o estrago é grande.
Consume dor
Na padaria Pão de Ouro a funcionária do caixa vociferava com um cliente porque ele não tinha trocado. Essa obrigação é dos comerciantes, não dos consumidores.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Os contribuintes do Iapetc estão reclamando que sempre que procuram o dentista do Instituto, encontram à porta do gabinete, uma plaquinha com a informação de que não há anestesia. (Publicado em 12.10.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil
Leis e salsichas continuam, séculos depois, sendo feitas com os mesmos ingredientes estranhos e indigestos. No Distrito Federal, a profusão e as trapalhadas na confecção de instrumentos legais, por suas bizarrices, fazem parte do anedotário local. Com a emancipação política da capital, uma fantástica fábrica de salsichas foi instalada no Palácio do Buriti e na Câmara Legislativa, passando a produzir, em ritmo febril, leis, códigos, preceitos, regulamentações e outras regras diversas, boa parte visando ou a engordar os cofres do governo ou a trazer benefícios diretos e indiretos aos políticos locais.
Da população, tornada alvo da profusão de novas leis, vieram os muitos recursos para atender à avalanche de novos diplomas legais. Dentro dos pacotes de medidas, editadas a torto e a direito, o que chama a atenção é a intenção do GDF em estabelecer, por decreto, o estacionamento rotativo pago nas áreas centrais da capital.
Praticamente, em todas as vagas públicas situadas dentro do perímetro urbano da cidade serão cobradas por hora de estacionamento. Para uma metrópole, com uma média de 55 carros para cada 100 habitantes, onde 1,7 milhão de veículos circulam para cima e para baixo todos os dias, deverá render uma verdadeira fortuna aos cofres públicos.
Isso sem falar dos impostos, taxas e multas cobradas a cada minuto pelos órgãos fiscalizadores de trânsito espalhados pelos quatro cantos da cidade. Assim, a cada dia, fica impraticável circular de automóvel por Brasília. Note-se que a capital foi concebida exatamente em cima da noção, corrente à época, de que o corpo do brasiliense, ao contrário do senso comum, se dividia em cabeça, troncos e rodas.
Interessante e sintomático é notar que medidas como essa chegam muito antes de se pensar em transporte público de qualidade, tipo metrô de superfície ou VLT. O pior é que a iniciativa ainda virá revestida de justificativa despropositada e seletiva. Pela intenção, contida no projeto do GDF, 50% do dinheiro arrecadado pela exploração das vagas serão destinados ao Instituto de Previdência dos Servidores do DF (Iprev).
É preciso lembrar que esses espaços públicos foram construídos com os recursos de todos os brasilienses indistintamente, servidores ou não, não sendo justo que apenas uma categoria venha a se beneficiar agora da exploração das áreas.
Urbanistas e outros entendidos em projetos e ordenamentos das cidades, há muito tempo, alertam aos governos para a necessidade da instalação de transportes públicos eficientes. Somente um sistema de qualidade poderá reverter o caos no trânsito. Isso é ponto pacífico. Querer inventar a roda quadrada para tapar rombos em institutos com medidas dessa natureza é andar sem sair do lugar. Ao dobrar a esquina, intenções desse tipo, inexoravelmente, vão trombar de frente com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), agregando mais um instrumento legal à coleção do anedotário local.
A frase que foi pronunciada
“As únicas coisas que evoluem por vontade própria em uma organização são a desordem, o atrito e o mau desempenho.”
Peter Drucker
Ao leitor
Agora ficou mais fácil para os nossos leitores participarem do Blog do Ari Cunha. Basta preencher, por meio do Blog do Ari Cunha e participar sem que seja necessário fornecer mais dados. Essa coluna é a voz de Brasília. Faça valer!
Novidade
Será criado o Cadastro Nacional de Inclusão da Pessoa Idosa. Trata-se de um banco de dados com as informações dos dados obtidos em censos relacionados a essa faixa da população. Dados georreferenciados, além de permitirem a identificação e a caracterização socioeconômica das pessoas idosas, registrarão as políticas públicas adotadas nas regiões para esse segmento da população.
Solução
Perde toda a credibilidade a Caesb quando nega que a qualidade da água esteja ruim. Com as redes sociais, centenas de vídeos foram gravados mostrando a água barrenta ou branca de tanto cloro. Só há uma forma de a comunidade brasiliense acreditar que a qualidade é boa. Colocar os altos funcionários da Caesb para beber a água em pelo menos 10 residências de consumidores do DF que estejam reclamando da qualidade do líquido.
Silêncio
A Mega da Virada novamente é alvo de desconfiança. Quem tem a caixa-preta sobre o assunto é o senador Álvaro Dias. Já falou em plenário várias vezes sobre essa trama. Mas, como é fonte de dinheiro, o escândalo não sai da caixa.
História de Brasília
Não está agradando aos credores da Novacap, o critério adotado pela companhia para o pagamento das dívidas. O sacrifício dos grandes credores em benefício dos pequenos, tem deixado muitas firmas em dificuldades. (Publicado em 12/10/1961)