Para salvar o país do subdesenvolvimento cultural

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Ilustração: profissaoatitude.com.br

 

Sem dúvida, o desertar para a necessidade de retirar o cidadão brasileiro da escuridão do analfabetismo foi uma das mais importantes contribuições do movimento modernista e que viria a ser parcialmente atendido somente com a chamada revolução de trinta, com a implantação das primeiras e mais importantes escolas públicas, fundadas nas capitais.

Embora ainda frequentadas em grande parte pela elite do país, foi graças a esses estabelecimentos que o Brasil deu os primeiros passos em direção ao saber. Pertence a esse período também a propagação de um lema que chamava a atenção para a necessidade de combate ao analfabetismo e que por muito tempo serviu como norte a alguns governos. Criado pelo escritor Monteiro Lobato, o lema dizia: “Um país se faz com homens e livros”, querendo dizer, nas suas entrelinhas, que o país realmente próspero se constrói com cidadãos letrados e cônscios de seus destinos, que não se deixam manipular, sabem da sua importância e possuem clareza sobre a condição humana e sobre o mundo em volta.

Passado exatamente um século dessas primeiras manifestações sobre a importância na aquisição do saber e domínio das letras, é possível constatar ainda que o Brasil ostenta algo em torno de 12% de sua população vivendo na escuridão absoluta do analfabetismo e outros tantos por cento ostentando o diploma de analfabetos estruturais, ou seja, sabem ler e escrever, mas não entendem o que escrevem ou leem.

O mais significativo e sintomático desse tempo de escuridão que parece estar de volta, com a televisão e outras atrações sabidamente sub culturais (sem contrapartida aos subsídios que recebem do governo), pode ser verificado nas grandes metrópoles brasileiras, também com o fechamento de praticamente todas as livrarias existentes.

Sem bibliotecas públicas de referência e agora com a despedida melancólica das poucas  livrarias que existiam pelo país, parecem restar poucos caminhos para salvar o Brasil do subdesenvolvimento cultural: ou as grandes editoras de livros se unem, criando uma gigante do setor, ou o governo assume esse papel, deixando de lado estatais que produzem derivados de petróleo, e organize uma bem aparelhada estatal do livro, erguendo uma editora nacional e moderna, com a publicação de livros  de alta qualidade a preços honestos e acessíveis a todos.

Ou é isso, ou será o retorno do bicho-de-pé e da barriga cheia de lombrigas.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Nunca conheci um homem tão ignorante que não pudesse aprender algo com ele.”

Galileo Galilei, físico, matemático, astrônomo e filósofo florentino.

 

 

Ainda isso

Depois da divulgação de que o Brasil ocupou as últimas posições no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), realizado pela Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE), até agora, como política pública, o que se tem visto é a sugestão das Secretarias de Educação para que os professores não reprovem alunos. Sejam ruins ou péssimos.

Charge do Cleverson

 

Abuso

Pais de colégios particulares nos enviaram a foto de uma maletinha com alguns livros onde é cobrado nada menos que R$650,00. Material obrigatório para crianças de 4 anos de idade. Um verdadeiro absurdo! Veja as fotos a seguir.

 

 

 

 

Mosquitoeira

Criada por Antônio C. Gonçalves Pereira e Hermano César M. Jambo, a mosquitoeira é uma armadilha caseira que pode diminuir a proliferação de mosquitos. Veja a seguir como usar a garrafa pet para esse fim.

 

 

Mobilidade

Mesmo em locais onde há calçadas, cadeirantes preferem o asfalto para fugir dos postes no meio do caminho ou as sucessivas subidas e descidas de meio fio.

 

 

Sem emprego

Prova do desemprego na capital está na fila gigantesca formada em volta do Estádio Mané Garrincha. Gente com diploma em curso superior, experiência em diversas atividades administrativas, engrossaram as filas para o “banco de talentos” em serviços gerais.

Foto: Ed Alves/CB/ DA Press

 

 

Novamente

Dentre os inúmeros infiltrados que têm se concentrado em minar o pessoal nomeado pelo presidente Bolsonaro, agora chega a notícia de que a Polícia Federal já concluiu a análise sobre as mensagens que derrubaram o general Santos Cruz. Eram falsas.

Mensagens de WhatsApp atribuídas a Santos Cruz fazem críticas a Bolsonaro e aos filhos dele Divulgação / Ministro Santos Cruz

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Os candangos da obra do Hotel Nacional interromperam, ontem, seu trabalho para dar caça a um veado que apareceu em frente às lojinhas. (Publicado em 15/12/1961)

Por uma estatal do livro

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Imagem: reprodução da internet

Houve um tempo, talvez numa época de inocência, em que acreditávamos ser possível construir uma nação com base no conhecimento. Isso foi ali, mais precisamente, no alvorecer do século XX. Naquela ocasião, talvez pelo fato de o mundo Ocidental adentrar para o tão esperado segundo milênio, quando todas as ciências inventadas pelo gênio humano finalmente iriam erigir uma nova civilização, baseada sobretudo nos avanços da tecnologia, levava a crer que um deus surgido das máquinas, espécie de “Deus ex machina” resgataria o paraíso perdido, revolucionando, como nunca, a história da humanidade.

Futuristas, chamados assim, tanto na Europa, como no Brasil, nas primeiras décadas do século XX, pregavam a superação total do passado pelo despertar das máquinas e pela velocidade. Num trecho do manifesto Futurista do ativista e artista italiano Marinetti, publicado no jornal “Le Figaro” em 1909, pregava, entre outras palavras de ordem: “Nós cantaremos as grandes multidões excitadas pelo trabalho, pelo prazer, e pelo tumulto; nós cantaremos a canção das marés de revolução, multicoloridas e polifônicas nas modernas capitais; nós cantaremos o vibrante fervor noturno de arsenais e estaleiros em chamas com violentas luas elétricas; estações de trem cobiçosas que devoram serpentes emplumadas de fumaça; fábricas pendem em nuvens por linhas tortas de suas fumaças; pontes que transpõem rios, como ginastas gigantes, lampejando no sol com um brilho de facas; navios a vapor aventureiros que fungam o horizonte; locomotivas de peito largo cujas rodas atravessam os trilhos como o casco de enormes cavalos de aço freados por tubulações; e o voo macio de aviões cujos propulsores tagarelam no vento como faixas e parecem aplaudir como um público entusiasmado.”

Para esses adoradores das máquinas, a própria guerra serviria como uma oportunidade de limpeza e aniquilação do passado, que desejavam morto e sepultado para sempre. No Brasil, como todo os movimentos de vanguarda do mundo moderno, chegavam na bagagem daqueles poucos privilegiados que foram estudar ou aprimorar suas técnicas no exterior, principalmente na Europa. De lá, desde 1500, vinham os novos ventos da mudança.

Com o efêmero movimento futurista não foi diferente. A Semana de 1922, que serviu como uma espécie de marco introdutório do modernismo na cultura brasileira, embarcou nesse ideário de mudanças que o velho continente anunciava, passou a pregar também a necessidade de o país se desvencilhar de seu passado colonial.

São desse período, os primeiros movimentos visando valorizar, de fato, a arte e a cultura nacional, criando o que viria a ser o embrião do nacionalismo cultural, por meio da busca pelo regionalismo e pelas raízes de nosso saber.

Para despertar e fazer acontecer todo esse interesse pela riqueza cultural genuinamente nacional, o maior empecilho e talvez o mais intransponível era superar o histórico analfabetismo que dominava o país, desde o descobrimento. Como pode uma nação produzir e registrar sua riqueza cultural para outras gerações, sendo majoritariamente composta por indivíduos iletrados?

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Metade do mundo é composta por pessoas que têm algo a dizer e não podem, e a outra metade que não tem nada a dizer e continua dizendo isso.”

Robert Frost, poeta dos Estados Unidos

Foto: britannica.com

 

 

Mobilidade

Brasília tem uma estrada de ferro que levava passageiros para São Paulo e poderia servir de transporte para os moradores do entorno sul. Como quem ganha com isso é principalmente o cidadão, não há interesse em reativá-la.

“A ferrovia chega a Brasília: 22 de abril de 1968, fotografia, p/b, Arquivo Nacional, Fundo Correio da Manhã, Rio de Janeiro”. Cf. Brasil, Brasília e os brasileiros. Composição de aço inox da Cia. Mogiana de Estradas de Ferro, possivelmente na curva da Vila Nova Divinéia, no Núcleo Bandeirante.

 

BUS

Por falar nisso, houve época em que se discutia o bilhete único para passagens em Brasília. A prática já é adotada em vários estados brasileiros. O problema é que as distâncias em Brasília são longas, poucos ônibus para os horários de pico e para os fins de semana e falta de pontualidade. Curtas distâncias com o mesmo preço de longos percursos não é justo.

Imagem: bilheteunicodebrasilia.df.gov.br

 

Faz falta

Vendo as filas em hospitais públicos é possível perceber como faz falta o programa Saúde em Casa, criado pelo ex-governador Cristovam Buarque. Idosos que eram poupados da difícil locomoção, crianças que recebiam noções de higiene ou eram atendidas sem o sacrifício de longas esperas ou adultos que recebiam dicas de prevenção contra doenças.

Caricatura: carlossam.blogspot.com.br

 

Experiência

Tantas viagens para o exterior dos nossos governantes precisam servir como exemplo de trato da coisa pública. O dinheiro dos impostos aplicados para o bem dos cidadãos.

Charge do Bruno (chargesbruno.blogspot.com)

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Temos notícia de que o mesmo ocorre na escola da superquadra 106, e é uma pena que isto ocorra em prejuízo de um prédio tão bonito e tão bem planejado. (Publicado em 15/12/1961)

Sistema punitivo ou um laisser faire?

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Com a expansão das mídias pelas redes sociais, a sensação é de que esses casos passaram a se repetir de hora em hora, incentivados pela leniência de parte dos órgãos fiscalizadores, com apoio também de parcela do próprio judiciário, afoito em conceder habeas corpus aos convivas do mesmo andar social. Para os muitos brasileiros de bem, essa rotina malsã não tem sido capaz ainda de entorpecer a capacidade de se indignar e de manter alguma esperança de que, em algum momento, a rapinagem irá cessar, quer pela exaustão das riquezas, seja pela revolta popular ou pela tomada de consciência da parte sadia da justiça.

Enquanto isso não ocorre, furtam, como dizia Padre Antônio Vieira já em 1655, “pelo modo infinitivo, porque não tem fim o furtar com o fim do governo, e sempre aqui deixam raízes, em que se vão continuando os furtos.” São tantos casos seguidos que um canal de televisão até já criou uma espécie de logomarca padrão, que aparece sempre ao fim do noticiário policial, bem no rodapé da TV, em que se lê entre parênteses: “O que dizem os citados”.

Começa então o desenrolar das ladainhas das mais estapafúrdias justificativas de cada um desses envolvidos no que parece ser o maior cipoal de ladravazes já reunidos, de uma só vez num mesmo Estado.

A vingança que muitos enxergam para esses gatunos é que o produto de suas rapinagens acabará, ao fim de um longo processo, na algibeira de seus obsequiosos advogados, em forma de honoráveis honorários, transformados em mansões, carros de luxo, relógios sofisticados, vinhos finíssimos e outros itens tão ao agrado dessa gente que forma uma casta aparte da nação e que, ao fim, ao cabo, é tudo farinha do mesmo saco.

Quem assiste, lê ou ouve nas rádios os principais noticiários de nosso cotidiano, geralmente ao fim do dia, depois de uma longa e exaustiva jornada de trabalho, vai para a cama cada vez mais convencido de que esse é realmente um país sui generis e de riquezas inesgotáveis. De outra forma, como seria possível ao Brasil não ter ainda desaparecido do mapa mundi e resistido a mais de quinhentos anos de pilhagem contínua?

Esse, sem dúvida, é um mistério que parece caber bem nos contos ao estilo realismo fantástico.  A sequência ininterrupta com que desfilam impávidos e, na nossa cara, os mais inusitados e escabrosos casos de desvios de dinheiro público, praticados, na sua maioria, pelas principais lideranças políticas do país, é tamanha que, para caber na nossa realidade, se transforma numa espécie de rotina, em que a banalização do mal é vista sem maiores sustos.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Nunca duvide que um pequeno grupo de cidadãos atenciosos e comprometidos possa mudar o mundo. Na verdade, é a única coisa que já houve.”

Margaret Mead, antropóloga cultural norte-americana.

Foto: britannica.com

 

 

Paciência

Regina Ivete Lopes simplesmente não conseguia mais fazer Pilates com as músicas que a academia adotava. Diplomaticamente, sugeriu ao professor, que acabara de se formar, a ouvir uma coletânea de Mozart como contraponto. O rapaz nunca ouviu falar no compositor austríaco.

 

 

Essa não

Contando o ocorrido para as amigas veio outra bomba. Num curso de línguas, o assunto foi Beethoven. Alguém disse de imediato que conhecia. Era aquele cão São Bernardo protagonista de um filme. Fazer o quê?

 

 

Fim de linha

Outro dia, em uma universidade particular, o professor quis saber se alguém identificaria Napoleão Bonaparte em uma gravura. O único que arriscou disse que era São Jorge.

Pintura que retrata Napoleão Bonaparte (Foto: Reprodução)

 

 

Chega de funk

Como dizia Ariano Suassuna, o fato de só darem osso não significa que o povo só gosta de osso. Experimente dar filé. São vários os projetos para crianças vulneráveis que levam a música erudita, esportes, ballet e tudo é muito bem recebido.

 

 

Segredo

Pela primeira vez em Brasília, será o encontro de uma das classes profissionais mais importantes do país, os práticos. Tudo organizado pelo Conselho Nacional de Praticagem. O evento será no dia 6 de fevereiro no Clube Naval.

 

 

Erro de cálculo

São muitos os pensionatos de moças em Brasília. Mas os preços estão bem fora da realidade. Enquanto se é possível alugar uma quitinete por R$700, um quarto para duas pessoas custa R$ 600.

 

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Quem construiu a Escola Classe da superquadra 108, que vá ver a belezinha de impermeabilização do prédio. Ontem, a entrega das notas dos alunos foi feita dentro de uma sala de aula, com água pingando do teto, e dois candangos com um rodo evitando o empoçamento. (Publicado em 15/12/1961)

Perda Total

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Foto: bbc.com

 

Apostar nos resultados futuros das urnas é sempre um palpite arriscado e tem desmerecido a credibilidade de muitos indivíduos, sejam eles analistas políticos, institutos de pesquisa ou mesmo videntes e outros iniciados nas artes da adivinhação. As decepções experimentadas pela população com a representação política, com os partidos e principalmente com o baixo nível da classe atual, preocupada apenas em tirar proveito próprio do mandato, têm sido expressas nas urnas de forma surpreendente.

O povo, de uma forma geral, tem votado contra o que acredita ser a tendência apontada pelos especialistas, mesmo os mais experientes. Vive-se uma tal decepção com a representação política, não só no Brasil, mas em boa parte do mundo Ocidental, que não seria exagero afirmar que o atual modelo de democracia, principalmente onde os políticos possuem blindagem contra erros e falcatruas, que um novo figurino de representação passou a ser exigido para se moldar a um novo século.

Não se sabe ainda o que poderá emergir de reformas do tipo política, mas seguramente, não será do agrado popular, caso essas mudanças venham a partir de um projeto confeccionado pelos atuais políticos. As mudanças exigidas pelo avanço natural da sociedade, suas necessidades, reforçadas ainda com advento das redes sociais e outras evoluções, não combinam mais com a velha política, com os currais eleitorais, com a corrupção e outras mazelas e subprodutos desse tipo representação do passado.

Apenas à guisa de exemplo, tomando os atuais partidos políticos nacionais como anti modelo de um novo tempo que anseia por se instalar na vida do País, é preciso colocar a questão da seguinte forma: Como desligar os atuais partidos de um passado nebuloso, sem afastar dessas siglas as atuais lideranças e todos aqueles que ostentam uma longa ficha de cometimento de crimes de toda a ordem? Outra questão é: Como compatibilizar uma representação moderna e enxuta com as dezenas de legendas atuais, todas direcionadas apenas para as benesses do sistema político? Digam o que quiser, mas é preciso reconhecer, logo de saída, que com o atual modelo, não iremos longe. De fato, seguiremos às voltas com um passado que queremos distância.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Uma mentira pode viajar pela metade do mundo enquanto a verdade coloca seus sapatos.”

Mark Twain, escritor e humorista norte-americano

Foto: cmgww.com

 

 

Muda já

Chegou o momento de os pais se reunirem para compartilhar informações sobre a compra de material escolar. Facebook, Instagram, Pinterest ou qualquer aplicativo que possa baratear a aquisição dos produtos.

 

 

Mudou

Desde o início de janeiro que a compra em Freeshop é de mil dólares.

Foto: Michel Filho / Agência O Globo

 

 

Urbanidade

Aconteceu no Bradesco da 504 Sul, perto do Cartório do 2º Ofício de Registro Civil. Uma Fiorino, guiada por um jovem, foi estacionada displicentemente ocupando duas vagas. Nossos leitores estão atentos. Veja a imagem a seguir.

 

 

 

 

Inexplicável

Pode ser picuinha. Mas a verdade é que quem gerar o boleto de pagamento do Nubank e tentar pagar antes do vencimento pelo BB, o calendário do Banco do Brasil é irredutível. Não aceita o pagamento antecipado da fatura.

Imagem: seucreditodigital.com

 

 

Negócios

Diplomacia e Agronegócio estão mais juntos do que nunca.  Time de adidos agrícolas foi formado pela Escola Superior de Guerra. A área de promoção comercial é fundamental para a extensão dos negócios brasileiros. O setor agropecuário do Brasil exportou aproximadamente U$97 bilhões.

Foto: revistadeagronegocios.com

 

 

Retorno

Quando há vontade política e o dinheiro do cidadão cobrado em impostos volta em serviço, é possível ter uma piscina olímpica oceânica como a de Bondi Beach, na Austrália. Veja o filmete a seguir.

 

 

Enquanto isso…

Parece inacreditável o depoimento da professora da Ceilândia, Maria de Lourdes Dannetti, rememorando a imagem de um adolescente arrancando a folha de caderno para fazer um cone e encher de comida oferecida na hora do lanche para levar para os irmãos em casa.

Charge do Kayser

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Lamentável, a omissão da prefeitura, na decoração da cidade para a temporada do Natal. (Publicado em 14/12/1961)

Desperta o gigante brasileiro

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Foto: STF/Divulgação

 

Para a maioria dos brasileiros, nessa altura dos acontecimentos, é evidente que existe uma nítida divisão ou mesmo uma oposição de ideias e modos de atuação, dentro do imenso e emaranhado sistema de justiça do nosso País. Essa característica, peculiar desse modelo, faz com que todo o penoso trabalho realizado pelas etapas iniciais de um processo venha a ser meticulosamente desmanchado e mesmo desprezado, à medida em que vai avançando nas instâncias superiores.

Não só os brasileiros passaram a reconhecer esse fato, como os próprios advogados dos muitos réus poderosos, envolvidos nos mais ruidosos processos judiciais de nosso tempo. Hoje, graças aos infindáveis e múltiplos processos recursais, todos reconhecem que, à medida em que um determinado processo criminal avança dentro do “labirintoso” sistema de justiça do nosso país, aumentam na mesma proporção as chances de anulação, prescrição, engavetamento ou mesmo perdão do culpado.

Concorre para essa “evolução” ou maturação do processo, não só o poderio e intimidade reconhecidos entre os caríssimos escritórios de advocacia desse país, com juízes e ministros, mas, sobretudo, as influências nefastas e recíprocas do que se passou a chamar de politização da justiça e seu avesso, representado pela judicialização da política. Irmanados naquilo que seria a desvirtuação dos poderes da República, Judiciário, Legislativo e Executivo passaram a operar de modo idiossincrático, não com vistas à harmonização de cada um desses Setores, mas com objetivos claros de manter intocáveis os privilégios de uma velha e carcomida elite encastelada na gigantesca máquina do Estado.

Os acordos e conchavos, que nesses últimos anos passaram a acontecer de forma frenética e sistemática, mostra que a cada reunião dessas, seguidas de confraternização e festanças, resultam, no dia seguinte, em medidas e ações adotadas em cada um dos Poderes, com vistas à manutenção e perpetuação do status quo.

Mesmo para os leigos, a brutal diferença entre o número de condenações de pessoas na porta de entrada do sistema judiciário, confrontados com as raríssimas prisões que se seguem nas últimas instâncias, demonstra que, sem uma reforma profunda do judiciário, a começar por uma espécie de reforma humana dos operadores da justiça, caminhamos para a desmoralização institucional de toda a República.

Juízes fazendo acordos políticos e políticos agindo como magistrados, absolvendo seus pares dos rigores de condenações por corrupção, é o que a população tem assistido nesses últimos anos de forma sistemática. O aparelhamento das altas cortes por indivíduos indicados por políticos está na raiz de um problema que aumenta, na medida em que se verifica que muitos desses padrinhos são justamente aqueles que mais enredados estão em processos de corrupção.

A transferência de crimes comuns praticados por políticos para a justiça eleitoral, a impossibilidade da primeira instância processar políticos, a criação dos juízes de garantias, o fim da prisão após condenação em segunda instância, estão entre algumas das muitas ações adotadas em comum acordo com os Três Poderes, que visam contrabalançar, de forma acintosa, os muitos pecados de uma República já condenada de modo unânime pela população.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A especulação é no comércio uma necessidade; é nos abusos, uma inconveniência; mas entre as inconveniências dos abusos e a necessidade do uso, essa, em todos os casos dessa espécie a liberdade, que deve ser respeitada, porque se em nome de abusos possíveis nos quiserem tirar a liberdade do uso, talvez não nos deixem água para beber.”

Rui Barbosa, jurista, advogado, político diplomata, escritor, filólogo, jornalista, tradutor e orador brasileiro.

Foto: academia.org

 

 

Desespero

Com mioma, costureira, arrimo de família, com um filho especial e um neto com lábio leporino, foi operada no HRAN. Resultado: infecção generalizada. Deus proteja a população dessa cidade, porque depender da gestão pública é sempre um risco.

Foto: sindsaude.org.br

 

 

Limpeza

Deepfakes é o nome dado a imagens alteradas de forma fraudulenta com a intenção de confundir os internautas. O Facebook proibiu a publicação dessas imagens. Trata-se principalmente de vídeos onde falas diferentes das originais são sincronizadas com as imagens, dando a impressão de um discurso real.

 

 

Dados       

Importante que a Subsecretaria do Sistema Penitenciário do Distrito Federal divulgue a estatística dos internos que aderiram à remição de pena por meio de trabalho, leitura ou estudo.

Trabalho de ressocialização de presos é oferecido pelo Iapen em Rio Branco — Foto: Divulgação/Iapen (g1.globo.com)

 

 

Almoço e lanche

Continua a concorrência desleal com bares e restaurantes da cidade. Marmitas vendidas na rua não pagam impostos, nem empregados. Além disso é uma irresponsabilidade liberar a venda de alimentos sem o acondicionamento ideal.

Foto: fecomerciodf.com

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Até hoje não entrou em funcionamento a creche Ana Paula, situada no barraco da antiga administração da superquadra do IAPB, reformada da noite para o dia, a toque de caixa, sob os auspícios de d. Eloá Quadros. (Publicado em 14/12/1961)

Turismo sexual ainda é uma realidade brasileira

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Turismo sexual – Ilustração: Ministério do Turismo

 

Um senhor de meia idade, cuja a pele muito branca havia sido impiedosamente castigada pelo sol tropical, era acompanhado por uma jovem negra que aparentava não ter mais do que 12 anos de idade. Na viagem pelas praias da Bahia, com o barco lotado, a jovem seguia sentada no colo daquele ser exótico, trocando carícias, sob o olhar indiferente dos demais passageiros.

Pelo que pôde ouvir do diálogo entre eles, outra galega logo identificou o sujeito como sendo um conterrâneo seu, possivelmente a turismo por estas bandas. Só que um tipo muito específico de turismo, em que o visitante é brindado pela agência de viagens com mimos extras, como acompanhantes nativas, dispostas a realizar todos os desejos que o dólar cobiçado pode comprar. Evidentemente ali estava em sua frente o exemplo típico do chamado turismo sexual, ainda muito divulgado lá fora por agências especializadas neste ramo lucrativo de negócios.

De tudo o que pôde observar naquelas cenas bizarras, o que mais a deixou perplexa e mesmo com certa indignação, foi a indiferença dos demais passageiros, muitos deles também nativos, com o flagrante crime de pedofilia que corria diante dos olhos de todo mundo. Decepcionada com aquela situação, a americana conta que nem percebeu a paisagem ao redor, com o mar cristalino e os peixes voadores que acompanhavam a embarcação. Situações como a flagrada pela visitante, ainda são comuns na maioria do litoral do Nordeste.

Mesmo em São Paulo, a pouco mais de um mês, no estacionamento CEAGESP, maior mercado atacadista da América do Sul, a prostituição infantil, envolvendo principalmente meninas negras e pobres e caminhoneiros, era um fato tão corriqueiro que já não despertava a indignação de ninguém. Em troca de algumas moedas, comida ou drogas, essas menores mantinham um intenso movimento naquela área de comércio, que só foi quebrado, depois que uma série de reportagens feitas pela Rádio CBN chamou a atenção das autoridades para o triste fato.

Expulsas daquela localidade, para não prejudicar os negócios do mercado atacadista, as meninas obviamente foram para outras regiões continuar a vida. Exemplos como estes demonstram o que alguns sempre souberam: não há Estatuto da Criança e do Adolescente capaz de inibir esse crime horrendo!

Desde sempre foi assim. Não surpreende, pois, que o Brasil agora seja apontado pela ONG internacional Save de Children como um dos piores países do mundo para ser menina. Neste ranking vexatório, o Brasil aparece na 102ª posição entre 144 países pesquisados. O estudo leva em conta problemas como o desenvolvimento e independência das meninas, casamentos na infância e adolescência, gravidez precoce, mortalidade materna, além de representatividade feminina no parlamento e acesso à educação básica.

Na avaliação da ONG, o Brasil apresenta índices elevados em cada um desses problemas. Para um país que busca inserção no clube das nações desenvolvidas, o caminho é longo, já que terá de resolver problemas que parecem pertencer ainda à idade média.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Prefiro os que me criticam, porque me corrigem, aos que me elogiam, porque me corrompem.”

Santo Agostinho, teólogo e filósofo nos primeiros séculos do cristianismo

Foto Ilustrativa: Philippe de Champaigne

 

 

Brasil

Comandante Leorgia conduziu a aeronave da Latam de Brasília a Florianópolis. O número de mulheres pilotos de aviões comerciais com rotas nacionais e internacionais aumenta significativamente.

Logo: latam.com

 

 

Boa ideia

Um projeto da Universidade do Estado do Amazonas, em parceria com a Ecoforte, tem por objetivo colher resíduos domésticos como plástico, metal, papel e papelão. Os produtos são cotados como moeda e transformados em tickets para pagar lanches na própria lanchonete da universidade ou trocar por sacolas recicladas.

Foto:Divulgação/UEA

 

 

Como funciona

Na prática, um aplicativo foi desenvolvido pela Agência de Inovação. Os empreendedores da Ecoforte, Paulo César Pontes Filho e Laís Anne de Castro Lima, criaram o Trashback. O sistema realiza a contagem dos resíduos doados para convertê-los em pontos e a partir daí a moeda de troca vem em forma de tícket.

Foto:Divulgação/Eco Forte

 

 

Porque

“Queremos conscientizar a comunidade que resíduo não é lixo. Lixo vai para o aterro e resíduo é dinheiro e pode ser revertido em benefícios. Hoje são geradas, em média, 72 mil toneladas de resíduos domésticos por mês. Com esse projeto, vamos mostrar que plástico vira saco de lixo, papelão vira lixeira ecológica e latinha vira copo. Tudo é reaproveitado e transformado”, declara Paulo César Pontes Filho.

Charge do Gilmar

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

De trezentas e tantas razões pelas quais “você pode confiar no governo Carlos Lacerda”, há várias, como as do setor transporte, onde aparece: retífica de tantas bielas, de tantos semieixos, etc. (Publicado em 14/12/1961)

Dinheiro público, para o que a nação não necessita, tem de sobra!

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Charge do Amorim (folhapolitica.org)

 

Dinheiro público neste país é como alça de caixão de defunto importante: todos querem segurar e carregar. A desfaçatez e a pouca cerimônia com que os responsáveis pela gestão desses recursos, que saem da algibeira dos pagadores de impostos, torram em despesas, absolutamente supérfluas, ou mesmo tratam de desviar para si, não possuem paralelo no mundo contemporâneo.

São fortunas tão fabulosas que somem no espaço, que foi necessário Congresso, Executivo e Judiciário se unirem em tratativas estratégicas e regulares para encontrarem fórmulas capazes minorar a punição aos gestores públicos, principalmente aqueles oriundos das classes políticas. A pobreza, a deficiência de escolaridade e outros fatores de ordem social e sociológicas que explicavam nosso subdesenvolvimento crônico, já não podem, no momento presente, servir de pretexto para justificar esse atraso do Brasil em relação à muitos países do Ocidente, mormente aqueles reunidos na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Hoje qualquer análise sociológica séria que pretenda encontrar as raízes de nosso subdesenvolvimento secular, terá que apontar como uma das causas principais e permanentes o fator político ou mais precisamente nossa classe política. Fosse vivo Celso Furtado (1920-2004) ou mesmo Hélio Jaguaribe (1923-2018), dois pensadores contemporâneos que se debruçaram sobre a questão da perpetuação do subdesenvolvimento nacional, concordariam com o novo indicador, representado agora pela classe política nacional, como sendo um dos fatores primordiais por detrás de nosso atraso como Estado.

Para um país com altos índices de pobreza e com altíssima concentração de renda, torrar, literalmente, centenas de milhões de reais do contribuinte em fogos de artificio, para marcar a passagem do calendário anual, pagando altos cachês a artistas e outras atrações é um acinte, mas acontece todo o ano. Depois vem o carnaval, que faz a alegria das escolas de samba e dos turistas desavisados que para aqui vem.

Nesses festejos, em lugares em que os hospitais praticamente não funcionam e onde os serviços públicos quase inexistem, mais algumas centenas de milhões de recursos do contribuinte brasileiro, caem na folia, desaparecendo no turbilhão da galeria. Não há como economizar na melhoria de escolas e hospitais, pois logo ali na frente, começam as eleições e aí é que o dinheiro arrancado do cidadão vira fumaça.

Esse ano serão R$ 2 bilhões do Fundo Eleitoral, mais R$ 1 bilhão do Fundo Partidário, para serem distribuídos justamente na promoção e perpetuação daqueles que estão classificados como causa de nossa parada no tempo. Se isso não é gastar sem propósito ou sem prioridade, recursos públicos, então o que seria?

São tantos os casos em que os cofres públicos são vilipendiados, que para não acontecer a situação surreal de ter que processar e prender toda a classe dirigente do país, por formação de quadrilha e malversação do Tesouro Nacional, esses mesmos dirigentes se veem forçados a organizar uma espécie de “concertación” onde a confecção de leis, suas interpretações posteriores e execução das mesmas, se façam de modo a não alterar ou punir o status quo vigente.

Dessa forma, desviar dinheiro em eleições para o próprio bolso é transformado de roubo comum, previsto no Código Penal à crime de caixa 2, que passa a ser remetido ao Tribunal Eleitoral para a prescrição e posterior perdão. Em outro cenário e com o mesmo afinco em driblar a lei maior da ética pública, aprova-se, em tempo relâmpago, Proposta de Emenda à Constituição (PEC) garantindo que parlamentares negociem livremente com governadores e prefeitos o destino de emendas individuais, sem vinculação com programas do governo federal e sem a fiscalização do Tribunal de Contas da União.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A especulação é no comércio uma necessidade; é nos abusos, uma inconveniência; mas entre as inconveniências dos abusos e a necessidade do uso, essa, em todos os casos dessa espécie a liberdade, que deve ser respeitada, porque se em nome de abusos possíveis nos quiserem tirar a liberdade do uso, talvez não nos deixem água para beber.”

Rui Barbosa, jurista, advogado, político diplomata, escritor, filólogo, jornalista, tradutor e orador brasileiro.

Foto: academia.org

 

Celíacos

Nossa leitora Beatriz de Oliveira acrescenta no comentário sobre a falta de hóstia sem glúten, que a iniciativa adotada pela igreja é que, aos celíacos, o vinho substitui a hóstia. Basta conversar com o pessoal da pastoral litúrgica.

Foto: Arquivo cancaonova.com

 

Multimistura

Dra. Clara Takaki Brandão, a criadora da multimistura, merece todo o respeito do povo brasileiro. Folha de mandioca, farelo de arroz e gergelim. Segundo o professor Nagib Nassar, são 26% de proteína só na folha de mandioca. Essa é uma mistura que salva vidas e que precisa compor a merenda escolar.

 

Vão!

Elogiadíssima a ópera O Barbeiro de Sevilha numa versão em português superdivertida, para todas as idades. Nos dias 17,18,19,24,25 e 26 de janeiro, no Espaço Renato Russo. 6ª e sábado às 20h e aos domingos às 19h. Ingressos de 15 e 30 reais. Hermógenes Correia é o Fígaro, e Janette Dornellas e Carol Araújo são a Rosina. A direção musical é do pianista Rafael Ribeiro.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

De trezentas e tantas razões pelas quais “você pode confiar no governo Carlos Lacerda”, há várias, como as do setor transporte, onde aparece: retífica de tantas bielas, de tantos semieixos, etc. (Publicado em 14/12/1961)

Inocentes ou culpados

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Nos jornais de Fortaleza, os redatores aprendiam também paginação na oficina. Geraldo (centro) chefe da paginação do O Estado, Ari Cunha (direita) e um jovem aprendiz (esquerda). Foto: Arquivo Pessoal

 

Muitas lições profissionais, se não a maioria delas, não é ensinada nas escolas, mas no ambiente de trabalho. É no labor diário e na prova dos nove, fora entre erros e acertos, que o profissional se aprimora. Por mais complexas que sejam as tarefas executadas, o bom desempenho só é atingido pela experiência prática cotidiana. E isso vale para quase tudo.

Em jornalismo é essencial. Antigamente, antes do advento dos computadores ligados às redes sociais, o telefone era o instrumento mais utilizado pelos profissionais da notícia. Praticamente toda a vida profissional dos repórteres dependia desse aparelho. Não por outro motivo, as redações de jornalismos eram abarrotadas de telefones fixos, no quais, em cada linha disponível, jornalistas ficavam dependurados, com suas agendas maçudas, checando e correndo atrás dos fatos diários.

Nesses ambientes o ouvido parecia trabalhar mais que a visão. Os raros e escassos flagrantes superavam em velocidade às máquinas fotográficas analógicas e aos gravadores que dependiam de fitas e pilhas a postos. Nos chamados Comitês de Imprensa, espalhados por toda a estrutura federal, havia um frenesi constante de pessoas à espera de um furo e de uma notícia de monta que viesse pela linha do telefone ou que adentrasse pela sala de espera, trazido pelos porta-vozes diretamente dos gabinetes.

Eram tempos diferentes, onde a palavra democracia e abertura pareciam existir apenas entre os jornalistas. As notícias eram filtradas e peneiradas desde a fonte para não melindrar os homens de fardas. O neófito que adentrasse nessa profissão aprenderia rapidamente a diferença entre o que presenciava e o que era disponibilizado no dia seguinte nos noticiários da rádio e dos jornais.

Talvez por isso mesmo, na grade de produtos oferecida pelas grandes redes de comunicação aos leitores e ouvintes, o jornalismo ocupava um pequeno e pouco espaço. Muitas atrações e outras distrações eram inseridas na programação e mesmo nos espaços dos jornais para preencher lacunas. De fato, o público brasileiro, por sua própria formação cultural, débil e incompleta, pouco se interessava por notícias que tratassem de problemas econômicos ou políticos

Muito mais interesse havia nos escândalos. Fofocas e um jornal especial para violência valiam mais a pena do que os assuntos relativos ao funcionamento da máquina do Estado. Vivíamos o que parecia ser uma lúcida alienação. O stress e o ambiente enlouquecedor ficavam restritos às redações, principalmente nas horas que antecediam o fechamento das edições.

Carnaval e futebol ocupavam destaque. Para aliviar o ambiente em constante ebulição, que existia apenas na fronteira entre o poder e a notícia, os repórteres corriam no fim da noite para os bares mais próximos, onde o álcool e intrigas de bastidores corriam soltas. Essa era a chamada terceira redação, onde a notícia tinha seu prolongamento, talvez, mais verdadeiro e direto. Representava também o prolongamento do aprendizado dos novos profissionais.

De fato, o alcoolismo, assim como as verdades oficiais, não era noticiado. Havia uma cumplicidade tácita. Havia, obviamente, uma ressaca do poder, representada tanto fisicamente, como pelo esgotamento de um modelo de democracia que parecia longe de existir. Eram outros tempos, estranhos tempos, sem inocentes e sem culpados.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O dinheiro é a grande força hoje. Os homens vendem suas almas por isso. As mulheres vendem seus corpos por isso. Outros o adoram. O poder do dinheiro cresceu tanto que a questão de todas as questões é se a corporação governará este país ou se o país governará novamente as corporações.”

Joseph Pulitzer, jornalista e editor húngaro.

Foto: wikipedia.org

 

 

Sem planejamento

Podem anotar. Tão logo comecem as aulas e a correria no trânsito, as obras das tesourinhas nas Asas Norte e Sul voltarão a todo vapor. Enquanto todos estão de férias e as ruas vazias, não interessa colocar máquinas funcionando. O negócio é atrapalhar.

Foto: Divulgação/Novacap

 

 

Convidada especial

Com um lugar para o Brasil reservado no coração, a engenheira química Frances Arnold foi convidada para uma palestra na Embrapa. Ela é pioneira em métodos de evolução dirigida para criar sistemas biológicos úteis, incluindo enzimas, vias metabólicas, circuitos reguladores genéticos e organismos, o que lhe rendeu o prêmio Nobel de Química. Muito amiga do professor e físico José Goldemberg, ela morou no Brasil tempos atrás. Frances Arnold é fundadora da Provivi, além de ser a quinta mulher a ganhar o prêmio Nobel de Química.

Foto: embrapa.br

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Os HP-3 mais bem localizados são os dos senhores Helvécio Bastos e Waldomiro Slaviero. Quando chove as duas casas ficam cercadas por um belo lago vermelho, habitação ideal para mosquitos. (Publicado em 14/12/1961)

Suas Excrescências

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Charge de Gerson Kauer

 

Entre os muitos dialetos técnicos existentes dentro da máquina do Estado, depois do “juridiquês”, falado nos tribunais, por juízes e advogados, o “economês” é também a língua cada vez mais ouvida pelos brasileiros, que desconhecem, contudo, o significado de cada palavra e as repercussões que cada expressão dessas trarão para o cotidiano de cada um. Na verdade, essa “novilíngua” e suas variantes, foram construídas com muito esmero, justamente para não serem entendidas pelo cidadão comum.

Trata-se de uma cartilha, redigida estrategicamente pelos altos burocratas, com vistas a esconder, ou a não tornar claras, o emaranhado de medidas que todos os dias escoam de cima para baixo. De fato, a clareza da linguagem e da comunicação que, em situações normais, serviriam para diluir fronteiras e distancias entre a população e o governo, tornando a transparência dos órgãos públicos algo absolutamente normal, tem nessas linguagens, burocraticamente rebuscadas, um mecanismo de vetar o acesso do povo bisbilhoteiro ao que se passa nas entranhas do Estado

Somado a esse estranhamento na linguagem, ainda há outros empecilhos de ordem puramente formal e que são erigidos com o propósito de manter a distância entre a plebe rude e os altos escalões. Obviamente que sem conhecer a colocação certa de pronomes de tratamento no trato com as autoridades, o leigo se vê impedido até de dizer bom dia.

Esse caso específico, registrado em vídeo e que correu todo o país, ilustra de forma cabal a tentativa de manter o pobre do cidadão numa posição propositadamente inferiorizada, de forma a impor uma hierarquia artificial e odiosa e que em nada contribui para as relações humanas, muito menos em pessoas que se acreditam ilustradas. A liturgia do cargo não pode ser confundida com afagos ao ego. Ninguém deve ser obrigado a isso.

De fato, num país tão surreal como o nosso, um verdadeiro acinte. Escudados por uma linguagem hermética, acessível apenas a iniciados, blindados por todo o tipo de leis que dão a esses burocratas mais intocabilidade que certas castas da Índia antiga, cercados de bajuladores e de mordomias celestiais, o medo e o próprio repúdio das ruas fazem deles pessoas que fluem apenas pelos labirintos e corredores secretos do poder, cercados de um verdadeiro exército de seguranças, prontos para agir e com licença para atirar. Eis aí um retrato acabado e razão maior de nosso atraso histórico.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Exigir que as pessoas usem os pronomes de tratamento como Vossa Excelência, por exemplo, é apenas um lapso da consciência de que o você, o Senhor, o Doutor, a Eminência e Vossa Excelência servirão às minhocas do sepulcro exatamente da mesma forma.”

Dona Dita, botando o dedo na ferida das Injustiças Sociais.

Posse

Frei João Benedito Ferreira de Araújo é o novo pároco do Santuário São Francisco de Assis, da Arquidiocese de Brasília. Volta depois de mais de uma década de estudos na Itália. Dom Sergio da Rocha, arcebispo de Brasília, foi quem celebrou uma bela missa de duas horas, muito concorrida.

Foto: perfil oficial do Segue-me do Santuário São Francisco de Assis no Instagram

 

 

Trigo

Por falar em missa, os intolerantes à glúten não podem comungar. O Dr. Juliano Pimentel explica o que deve ser feito, por volta dos 28 minutos e 40 segundos de vídeo.

 

 

E-book

Olimpíadas da Língua Portuguesa – Escritos em verso, prosa, memória ou opinião, os textos dos alunos finalistas da 6ª edição da Olimpíada de Língua Portuguesa viraram um e-book recheado de histórias dos lugares onde vivem essas crianças e jovens de diferentes regiões do Brasil. Confira em Escrevendo o Futuro.

Perfil oficial da Olimpíada de Língua Portuguesa no Instagram

 

 

Clube da Bossa

Marcar no calendário o Dia Nacional da Bossa Nova e o aniversário de Tom Jobim. O Clube da Bossa leva ao Carpe Diem Garden no CCBB o clima da data. O almoço musical “Bossa Nova Day” com a cantora Lúcia Maria, com direção e violão de Agilson Alcântara, além do baixista Dennes de Sousa e na bateria Pedro Almeida. Couvert R$15, a partir das 11h30 no sábado, dia 25.

Cartaz: facebook.com/clubedabossanovabrasil

 

 

Estranho

Um mistério aquela igreja Universal da Entrequadra 514/515 Norte. Ninguém entra, nem sai.

Google Maps: captura da imagem em julho de 2015

 

 

À frente

É bom levar os portugueses a sério. Na Loja do Cidadão, o Na Hora de Lisboa, um aviso aparece no celular de quem pegou senha quando faltam apenas algumas pessoas à frente para o atendimento. Isso permite o deslocamento do local, desobrigando o cidadão a ficar horas aguardando a vez numa cadeira.

Foto: nacionalidadeportuguesa.com

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

A agência do Núcleo Bandeirante do DCT abre à hora que o chefe quiser. Avolumam-se as reclamações contra aquela repartição. (Publicado em 14/12/1961)

Milícias uma questão a ser enfrentada

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Charge do Nicolielo

 

É sabido que os extremos, por força de uma repulsão, até imaginária, acabam se tocando. Caso conhecido por nós e por muitos desse fenômeno, que pode até não ter uma explicação racional na física quântica, mas encontra seu exemplo mais perfeito no caso das milícias, formadas por policiais e ex-policiais que passam a agir como justiceiros por conta própria, com seu próprio código de conduta, atuando como verdadeiros criminosos.

Escudados por um corporativismo e com o preparo necessário para enfrentar a bala seus oponentes, esses indivíduos têm por característica o não temor à lei, que conhecem de perto. Principalmente o lado complacente da justiça com esses anti-heróis.

Na escola da polícia com o conhecimento adquirido em preparação, e nas ruas, principalmente com o envolvimento que possuem com autoridades de todo o escalão do Estado, suas fraquezas e culpas, fazem dos milicianos uma tropa mais difícil de combates do que as quadrilhas comuns de criminosos. Uma característica desses falsos heróis e que logo salta aos olhos, é que por sua origem no seio no próprio Estado, fazem com que eles se tornem até mais vis e mais criminosos do que os próprios e tradicionais bandidos.

Esse verdadeiro exército de malfeitores em proliferação, não apenas em regiões do Rio de Janeiro e São Paulo, lembra, para alguns que o antigo Esquadrão da Morte, que atuava na fronteira entre o Estado ditatorial do final dos anos sessenta, gerou outros descendentes, só que muito mais letais e prejudiciais às populações.

Trata-se, na opinião de alguns especialistas no assunto, de um potencial grupo paramilitar que se não vier a ser combatido, na raiz, trará sérios problemas ao país, já atolado na questão da criminalidade. As suspeitas que personagens do alto escalão mantém proximidades com esses grupos, fez acender a luz para o problema.

Pena que o Congresso, tão enredado em problemas pessoais de seus membros com a própria justiça, não possa realizar um profundo inquérito de investigação sobre essa questão, à tempo de colocar toda a sociedade a par de um problema que cresce e que se espalha até dentro do próprio Estado.

Bancadas como a da Bala, em defesa disfarçada, fazem desse grupo também é um assunto da maior importância e que não vem sendo tratado com o cuidado que mereceria. A noção de que esses grupos agem apenas para deter quadrilhas de traficantes e outros bandidos tradicionais, é além de enganosa, uma espécie de antipropaganda que visa angariar apoio popular para suas ações.

Comunidades compostas por milhares de famílias que vivem há anos sob o jugo dessas milícias, sabem exatamente do que estamos falando e sentem, na pele, o domínio ameaçador e violento desses grupos. O medo impera nessas comunidades, quem ousa se opor ao controle desses grupos é ameaçado, forçado a sair da própria casa ou simplesmente morto de morte matada, sendo que as investigações, jamais chegam ao seu curso final. Infiltrados no Executivo e no Legislativo, tanto local como federal esses grupos encontram a simpatia de muitos próceres do governo e mesmo do judiciário. Não por outra razão é possível afirmar que esse é mais um ovo da serpente que vem sendo lentamente chocado no seio da sociedade aos olhos de todos.

Muito mais do que um fenômeno puramente brasileiro, a existência das milícias é mais uma prova da leniência dos Três Poderes em enfrentar uma questão que, mais cedo ou mais tarde, poderá estar fincado em definitivo entre nós. Não se deixem iludir: a questão da violência no Brasil, uma das maiores do mundo, jamais irá recuar pela ação de milicianos ou assemelhados. Pelo contrário, trata-se de mais um fator de insegurança a agravar nosso problema.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A invasão de um exército pode ser detida, mas não a invasão das idéias.”

Victor Hugo, romancista, poeta, dramaturgo, ensaísta, artista, estadista e ativista francês

Foto: opiniaoenoticia.com

 

Preferido

Curiosamente, o Guinness Book bateu um recorde. É o livro mais roubado do mundo.

 

Brincadeira

Outra curiosidade que poderia sacudir as feministas é a origem do nome GOLF: Getlemens Only Ladies Forbbiden (Apenas cavalheiros. Damas proibidas.). Seria um escândalo se fosse verdade. Mas não é.

Foto: regrasdoesporte.com

 

Estocolmo

Um verdadeiro absurdo o preço do material escolar. Em colégios particulares, livros custam uma fábula. Em escolas estrangeiras ou bilíngues, alguns itens são cobrados em dólar. A venda casada também é adotada. Há a opção de os pais escolherem outro estabelecimento, mas se submetem a isso porque o ensino é bom. E é aí que mora o perigo.

Charge do Duke

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O Deputado Hugo Borghi pediu, ontem, licença à Câmara dos deputados, para fazer uma viagem ao exterior, sem ônus para o governo. Pediu, entretanto, interferência do Legislativo, para facilitar a aquisição de 10 mil dólares. (Publicado em 14/12/1961)