Capital da última que morre. A esperança.

Publicado em ÍNTEGRA

ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

com Circe Cunha e Mamfil

colunadoaricunha@gmail.com;

Charge: avozdocidadao.com.br
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         Basta uma olhada rápida nas manchetes que ilustram hoje os principais jornais que circulam na capital, para perceber que aos 58 anos de idade, Brasília já experimenta uma espécie de velhice precoce, apresentando os mesmos problemas vividos por muitas cidades centenárias espalhadas pelo país afora. Dos fatores que contribuíram para essa decadência prematura, nenhum foi mais decisivo do que aquele que forçou sua emancipação política.

         Foi a partir desse momento que Brasília adentrou numa espécie de espiral descendente, que aos poucos obrigou a capital a renunciar aos propósitos originais de sua concepção, que era a de ser um moderno centro administrativo do país, equidistante de todas as unidades da federação, soberana e eficaz, capaz de resolver, de forma rápida e racional, as principais questões nacionais. Manobras urdidas para beneficiar poderosos grupos locais desviaram a capital de sua missão precípua. Com isso, grande parte da energia e do potencial que seria direcionada para o bem comum do país foi desviada para atender aos desígnios de um pequeno grupo da área, encastelados em partidos artificiais, que desde então vêm, ano após ano, submetendo a cidade à uma espécie de pantomima política que, ao mesmo tempo em que ilude a população com fantasias, drenam, como vampiros, as forças vitais que poderiam beneficiar verdadeiramente os brasilienses e a cidade que ergueram no meio do Planalto Central do Brasil.

         O inchaço populacional repentino, com os congestionamentos constantes no trânsito, os hospitais sucateados, as escolas em ruínas, a falta de segurança e de moradias, as invasões e grilagens de terras públicas, os repetidos casos de corrupção e de desvios de recursos públicos, entre outras mazelas, vão igualando Brasília ao restante do país, transformando tudo numa massa homogênea e viscosa, onde a população é usada apenas como joguete para oficializar mandatos a cada quatro anos.

         A decrepitude que assola a capital não advém propriamente da política, mas de uma espécie de política, que como um Anti Midas, transforma em ruínas tudo em que toca. É a chamada miséria da política que envelhece antes do tempo cidade e cidadãos, submetidos à uma falsa e dispendiosíssima democracia. Aos 58 anos de existência, Brasília poderia ser a modelo balzaquiana no esplendor da beleza para o país e para o resto do mundo. Ao invés disso, vai se transformando numa cidade que cresce desordenadamente. Raciona água para seus habitantes, mesmo estando localizada bem no centro do chamado berço das águas, na confluência onde brotam as principais bacias hidrográficas do Brasil.

         A capital planejada para ser a centro das decisões nacionais é hoje conhecida, pelo restante da população do país, como reduto das piores lideranças políticas já vistas e reunidas em um só lugar, em toda a história de nossa república.

         Apesar de todos esses males que parecem sugar nossas forças e esperanças, existe ainda uma fonte ideal para um rejuvenescimento da capital, capaz de trazê-la de volta ao eixo original. Essa fonte que a cada quatro anos brota nas urnas pode, ao mesmo tempo, saciar a sede ou envenenar a todos. A escolha é nossa.

A frase que foi pronunciada:

“Deus estava de muito bom humor quando reuniu num mesmo lugar Juscelino, Israel, Niemeyer, Lucio Costa e Bernardo Sayão.”

Completando a frase de Ronaldo Costa Couto.

Charge: otempo.com.br
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Declaração

“Brasília é a reinvenção do concreto, a transgressão do ferro, a revolução cartesiana. É poeira vermelha, é Plano Piloto, superquadra, eixo e satélite. É Grande Circular, avenida e asfalto. É candango e brasiliense. Coração do Brasil. É a utopia que se transformou realidade por sermos agentes e os feitores de nossa própria história. Uma cidade que soube abrigar brasileiros de todas as regiões, raças e credos, já tem história e sabedoria para resolver seus problemas e lançar-se rumo ao futuro”. De Ibaneis Rocha, brasiliense de nascimento, do Conselho Federal da Ordem dos Advogados.

Descalabro

Leiam no Blog do Ari Cunha a troca de mensagens entre a reitoria da UnB e os não estudantes. As reivindicações vão desde a retirada do policiamento do campus até a privatização das universidades públicas do Brasil. Impressionante como até o nível dos protestos diminuiu na educação desse país.

Foto: Foto: Emília Silberstein/ Agência UnB
Foto: Foto: Emília Silberstein/ Agência UnB

>>Em resposta ao comunicado da Administração Superior de 19 de abril, o movimento de ocupação do prédio da Reitoria condiciona a desocupação ao cumprimento de uma extensa pauta de reivindicações, incluindo pontos que ultrapassam as atribuições e competências da Administração – como mudanças na legislação e na Constituição brasileiras.

A Administração Superior da UnB reafirma permanente disposição para o diálogo e lamenta a natureza da resposta dada pelo movimento. Para garantir o pleno funcionamento da Universidade, com qualidade para todas e todos, informa que tomará as providências cabíveis nesta situação.

Márcia Abrahão Moura
Reitora

>>Confira abaixo a resposta do movimento de ocupação enviada à reitora:

A carta emitida pelo gabinete da reitora, a qual exige a desocupação da reitoria, não está de acordo com as negociações anteriores realizadas com a ocupação, distorcendo as reivindicações dos membros da ocupação. Ela alega ter correspondido às condições do acordo pela desocupação do FNDE e estar surpresa com a “repentina” ocupação.

Na realidade, as negociações do FNDE no dia 10/4 exigiam uma mesa pública com a reitora e o MEC no dia 12 de abril, na qual deveria ser concedido acesso à prestação de contas da UnB; além disso, caso a mesa não acontecesse no dia proposto, a reitoria seria ocupada. Entretanto, a reitora sequer compareceu à reunião do dia 12. Sendo assim, não se pode dizer que ela foi “surpreendida” com o início e a continuidade da ocupação.

O movimento que ocupou a reitoria não abrange apenas o direito à transparência sobre as contas públicas e as questões tratadas pelo FNDE, ele trata de todas as questões necessárias para o funcionamento da Universidade e para a sua qualidade de ensino.

Só vamos desocupar quando nossas pautas forem atendidas!

Nossas pautas são:
• Revogação das demissões dos terceirizados demitidos;
• O não aumento do RU;
• A manutenção das bolsas de permanência estudantil, que afetam principalmente estudantes de baixa renda, negras e negros, indígenas e quilombolas;
• Liberação pelo MEC dos editais da assistência estudantil de ingresso indígena e quilombola;
• A manutenção de todos os estagiários remunerados;
• Restabelecimento dos porteiros da noite;
• Transparência nas contas da Universidade;
• Transparência dos contratos das empresas terceirizadas;
• O fim da polícia no campus;
• Liberação pelo MEC para uso da verba própria da UnB;
• A revogação da Emenda 95, do teto dos gastos;
• A privatização das universidades públicas no Brasil;
• Solidariedade às outras ocupações e lutas que ocorrem nas universidades brasileiras.

Transparência

Depois de uma grande luta de três anos, foi aprovado em caráter terminativo no Senado o PLS 393/2015, de autoria do senador Reguffe (sem partido/DF), que obriga os governos a publicar na internet a fila das cirurgias eletivas. Hoje, essa informação não é pública. Agentes políticos e autoridades públicas furam essas filas para fazer favores políticos e/ou partidários. Uma verdadeira vergonha. Não é justo nem correto. O projeto vai dar transparência a essas filas e vai também gerar uma pressão para que os governos façam com que elas andem mais rápido através de mutirões de cirurgias. Para preservar a privacidade das pessoas, será publicado apenas o número da carteira de identidade. Ficam os médicos liberados para decretar urgência quando achar necessário, mediante termo assinado. Com o projeto, todos vão saber quantas pessoas estão esperando cada determinada cirurgia e desde quando. O projeto agora foi para a Câmara.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Ou veremos, então, o que acontecerá às demais empresas onde ela tem participação. Se aparecerão testas de ferro para a aquisição dessas ações, ou é concordata mesmo da Battes. (Publicado em 19.10.1961)
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