Bonomia enganosa

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960

aricunha@dabr.com.br com Circe Cunha e MAMFIL

Passados exatos oitenta anos da publicação da obra Raízes do Brasil, do historiador e crítico literário, Sérgio Buarque de Holanda, a atualidade certeira da obra, em seu enfoque sobre os percalços de nossa formação psicossocial, emerge com um frescor das coisas novas a cada grande crise que vamos experimentando no infindável processo de nossa formação como nação.
As mesmas características peculiares e ruinosas que identificou em nossa formação histórica e que iria permear todas as relações sociais desde a Colônia até a República, caso fosse vivo, reconheceria de imediato não só nas estruturas atuais do PT, mas em todos as dezenas de partidos que hoje lotam o parlamento. Em pleno século XXI ainda persistem as relações do tipo familiar em toda a estrutura política, inclusive nas próprias legendas partidárias onde é comum observar nos chamados núcleos duros, a presença de pessoas aglutinadas muito mais por afinidades pessoais do que por interesses e atributos puramente pragmáticos.

Há inclusive casos concretos de parlamentares eleitos que possuem como suplentes de seus mandatos pessoas da própria família. O “homem cordial”, apontado pelo historiador, como aquele indivíduo que tem dificuldades em separar o público do privado e que povoa a máquina do estado e as legendas com gente, cujo atributo maior é pertencer ao seu círculo íntimo, ainda é fato corrente.

As dinastias se sucedem no poder. Na política, nomes e sobrenomes são passaportes mais eficazes do que currículos acadêmicos. O caso mais emblemático está justamente no Partido dos Trabalhadores, onde a figura do ex-presidente Lula é reverenciada como a grande patriarca da legenda. Como um dos primeiros pensadores a aderir ao Partido dos Trabalhadores, ainda em sua fase embrionária, por sua conhecida independência intelectual, dificilmente Sérgio Buarque de Holanda iria aceitar os desvios de rumo que esta legenda tomou, tão logo chegou ao poder.

A dureza da pedra , dizem, é também sua maior fragilidade. Basta cair para se espatifar em pedaços. As suspeitas que recaem sobre o chefão petista sobre a propriedade ou não de um triplex e um sítio no interior paulista, assim como as relações suspeitas com ricos empreiteiros decorrem desta confusão e dubiedade herdada de nossa formação.

O afastamento, previsto constitucionalmente, de Dilma, foi encarado e mesmo estimulado pelas lideranças deste partido, como uma ofensa pessoal contra um membro da família e não como decorrente de aspectos racionais oriundos de sua total inoperância e acentuada soberba.

Sintomático é observar que durante todo este espetáculo final que marcou o processo de impeachment, em nenhum momento os interesses soberanos da Nação foram mencionados como prioritários, ficando esta questão relegada a um segundo plano. Pobre República.

A frase que foi pronunciada:

“Agora são dois números para denotar sorte. 13 para quem é petista e 31 para quem não é petista.”
Ernesto Goes, o observador

Muito simples
Regra número um para os políticos. Havendo chantagem partida de parlamentares, empreiteiros, doleiros, o caminho é a denúncia. Quem deu a receita foi o senador Ivo Cassol que estranhou o discurso de dona Dilma Rousseff quando disse que vinha sofrendo achaques do deputado Eduardo Cunha.

Próximos capítulos
Dona Dilma Rousseff entra para concorrer pelo voto popular com Paulo Paim e Ana Amélia para ocupar uma cadeira no Senado Federal. Tudo poderá mudar se conseguir se candidatar por São Paulo. Aí concorreria com Marta Suplicy. Bem mais interessante.

Mãos à obra
Líder do governo no Congresso, a senadora Rose de Freitas defende o avanço da economia do país com uma oposição responsável, e não ferrenha. Ajustes econômicos e despertar a confiança dos investimentos são os passos a seguir.

Dica
Leilão do Sesi Senai neste sábado. Visite a página informativo.parquedosleiloes.com.br

Ideias
Um minuto de vídeo, valendo até feito em celular. Assunto: Mulher e a superação da violência. A Comissão de Combate à Violência Contra a Mulher no Congresso Nacional lança o concurso de vídeo. O prêmio será ter as imagens divulgadas pela TV Senado e TV Câmara. As inscrições já estão abertas e vão até o dia 22 de outubro. Mais informações na Câmara ou no Senado.

It's only fair to share...Share on Facebook
Facebook
Share on Google+
Google+
Tweet about this on Twitter
Twitter
Share on LinkedIn
Linkedin