Desde 1960
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com Circe Cunha e Mamfil
Para onde quer que se olhe, é possível divisar o avanço inevitável das tropas do atraso que, desde 1500, prosseguem no afã de desconstruir o Brasil. No comando dessa quinta coluna, cuja missão é manter o país na vanguarda do passado, estão as inúmeras bancadas políticas que vão proliferando dentro do próprio Congresso, ao sabor das ocasiões e das melhores ofertas do dia. Os nomes são sugestivos e fazem alusão clara a quem servem e o que pretendem. Bancada da Bala, Bancada da Bíblia, Bancada Evangélica, Bancada do Boi, Bancada Ruralista, Bancada do Agronegócio, Bancada da Mineração, Bancada Sindical, Bancada dos Movimentos Sociais e por aí vai.
Muito mais representativa do que os partidos políticos, a movimentação das bancadas obedece a ritual próprio e atende a interesses que, na maioria das vezes, dista milhas daquilo que sonha o cidadão comum. Na verdade, formam um congresso paralelo dentro do Poder Legislativo, agindo e se comportando segundo interesses que de democráticos pouco ou nada têm. Obviamente, a formação desses blocos é resultado direto das fontes de financiamento de campanha. Em outras palavras, de onde vem o dinheiro, vem a ideologia e a pregação. São, portanto, grupos de interesse, verdadeiros clubes fechados e, claro, só devem explicações àqueles que lhes franquearam o acesso ao poder.
Segundo o professor de ciência política da Universidade de Minas Gerais Dalson Britto, a opção é clara: “Entre escolher a fidelidade às diretrizes ideológicas do partido e a lealdade aos financiadores, os parlamentares escolhem a fonte de recursos. Afinal, campanhas eleitorais custam caro e têm que ser arcadas por aqueles que suportam esses custos”.
O resultado prático do trabalho desses grupos fechados pode ser visto e sentido por toda a população e, não raro, conflita com os interesses do eleitor. Um caso emblemático é com relação à bancada da mineração. Formada por parlamentares financiados por grandes mineradoras e com interesses específicos, ela vem se empenhando ferrenhamente na aprovação do Programa de Revitalização da Indústria Mineral, que atende aos interesses imediatos por lucros dessas empresas, muitas, como é o caso da BHP Billiton, com matrizes no exterior.
Problemas como os ocorridos em Mariana, em 2015, em Bento Rodrigues, onde morreram mais de 20 pessoas, não interessam. Da mesma forma, a Bancada Ruralista faz cara de paisagem para o que acontece no outrora rico e multiprodutivo estado de São Paulo. Invadida pela monocultura da cana-de-açúcar, a antiga terra da garoa vive hoje problema típico das regiões do interior do Nordeste, com rios secando, terras destruídas e reservatórios contaminados por agrotóxicos, resultante da loucura e da irracionalidade do programa do álcool. Outras propostas estapafúrdias estão prestes a passar: pagar o trabalhador rural com casa e comida, sem salário, ou permitir que estrangeiros comprem a extensão de terra que quiserem no Brasil.
A frase que não foi pronunciada
“Novas eleições se aproximam. Velhos eleitores aguardam os favores.”
Círculo vicioso eleitoral brasileiro
Release
» Em parceria com o Conselho Regional de Farmácia do DF, a UnB vai realizar processos seletivos para ingresso no programa de extensão Universidade do Envelhecer — UniSer. As inscrições começam em 7 de agosto. São 300 vagas para candidatos a partir dos 45 anos de idade. O curso ministrado será de educador político social em gerontologia, a ser realizado nas unidades da Candangolândia, Taguatinga e Estrutural. Mais informações no portal uniserunb.com.
Chamado
» ParkWay, Lago Norte e Lago Sul estão resolutos em lutar contra a liberação de comércio em área residencial. Qualquer estratégia que o GDF crie para convencer a população será veementemente rechaçada. O ideal seria o governo preservar as áreas públicas, nascentes, como defenderia Rodrigo Rollemberg se não fosse governador. O que vale mais para Brasília? O apoio dos moradores ao governo ou as promessas empresariais? Volte para Brasília, Rodrigo Rollemberg!
Muda já!
» Foi bonita a festa dos garis no ginásio de Sobradinho. O governador esteve presente. Festa é festa, realidade fica à parte. A coluna reforça a campanha de segurança no trânsito. Se é proibido o braço repousar na janela enquanto o carro estiver em movimento, por que até hoje é permitido que os garis andem pendurados com a respiração em cima do lixo?
Estranho
» Parece exploração pagar alto valor por uma viagem internacional e ainda ter que se preocupar em marcar assentos com novo dispêndio financeiro. Normal seria que a cobrança fosse feita no ato do pagamento.
Ensurdecedor
» Nosso leitor acrescenta na nota sobre os motoqueiros barulhentos que eles decidem remover o silenciador da moto ou substituí-lo por outro mais barulhento, operação que leva algumas horas, custa dinheiro e é ilegal de acordo com o Conama e o Código de Trânsito, que é lei, ignorada, mas é lei. A poluição sonora das motos é assunto de saúde pública e de polícia. Em cidades do interior, são o terror das noites. Traficantes se fazem anunciar com o barulho estralado de motos.
História de Brasília
Pela primeira vez, uma comissão de inquérito de uma empresa de aviação trabalhou no local do desastre cercada de jornalistas, esclarecendo a verdade sem subterfúgios, confiando na segurança do seu trabalho, na elite de sua organização. (Publicada em 3/10/1961)