Autor: Circe Cunha
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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“A vida é generosa, a cada sala que se vive, descobre-se tantas outras portas. E a vida enriquece quem se arrisca a abrir novas portas. Ela privilegia quem descobre seus segredos e generosamente oferece afortunadas portas. Mas a vida também pode ser dura e severa. Se você não ultrapassar a porta, terá sempre a mesma porta pela frente. É a repetição perante a criação, é a monotonia monocromática perante a multiplicidade das cores, é a estagnação da vida… Para a vida, as portas não são obstáculos, mas diferentes passagens!” Içami Tiba
Içami Tiba, falecido aos 74 anos, pertence àquela pequena elite de seres, cuja a missão singular no planeta é resgatar o humano do ser das pessoas, possibilitando seu desenvolvimento integral e harmonioso com o mundo em volta.
Educador , psiquiatra de renome internacional e fundador do Instituto Sedes Sapientiae, Içami Tiba foi autor de mais de 40 livros de sucesso, realizou milhares de palestras, onde a educação e a psicoterapia de adolescentes e famílias eram , ao lado de outros tópicos na área de saúde mental , o tema central. Otimista quanto as possibilidades infinitas do ser humano e “Positivador”, como todo educador deveria ser, Içami Tiba se converteu em referência definitiva para psicólogos e psicanalistas do Brasil e do exterior.
Segundo pesquisa feita pelo antigo IBOPE, a pedido do Conselho Federal de Medicina (CFM), para indicar qual o profissional de maior admiração e referência na área de psicologia, Içami Tiba foi o nome apontado, ficando atrás apenas de Sigmund Freud e Gustav Jung. Costumava dizer que “a educação não pode ser delegada somente à escola. Aluno é transitório. Filho é para sempre”.
Apesar de sua formação científica, valorizava e destacava a necessidade de desenvolvimento da espiritualidade. Neste ponto chegou a afirmar: “os responsáveis que levam o filho para a igreja, não vai buscá-lo na cadeia.”
O Instituto criado por ele em 1977, com sede em São Paulo, em pouco tempo se transformou em referência não só na defesa dos direitos da pessoa e do cidadão, mas sobretudo, tendo como meta “a responsabilidade na transformação qualitativa da realidade social, estimulando todos os valores que acelerem o processo histórico no sentido da justiça social, democracia, respeito aos direitos da pessoa humana.”
Numa época em que até nossas lideranças políticas mais destacadas e poderosas são desmascaradas pelas investigações feitas na justiça, a figura de Içami Tiba é mais do que necessária ao país, nem que seja para trazer um alento e uma voz de esperança, reascendendo a crença de que dias melhores virão.
A frase que foi pronunciada:
“Um investimento em conhecimento rende os melhores juros.”
Benjamim Franklin
Caos
A estrada DF 095, também chamada de Estrutural é, o retrato do acelerado e desordenado crescimento da cidade, uma via que já se mostra insuficiente e saturada devido ao grande volume de carros que recebe diariamente.
Sem fiscalização
Pensando no transporte público, s obras para a construção de uma via expressa, tem ajudado a piorar a situação daquela estrada momentaneamente. Os acidentes se repetem. A velocidade permitida na estrada e a pouca educação dos motoristas, concorrem para esses desastres.
Multiplicação
Reverter o horário é uma improvisação que parece ter vindo para ficar. Há muito se sabe que a construção e o alargamento de vias só favorecem ao aparecimento de mais e mais carros. A fórmula é simples: mais vias, mais carros circulando. É uma relação sem fim. O que pode ser hoje uma solução nesses casos, amanhã se mostrará um estorvo e um gasto inútil.
Futuro
A ideia da construção de um anel rodoviário, como acontece em São Paulo, logo será uma realidade aqui também. O fato é que carros de passeio não convivem bem com ônibus e caminhões. Cada um no seu lugar. Uma hora a cidade vai parar. Talvez aí, em meio ao congestionamento sobre tempo para pensar onde foi que erramos.
História de Brasília
Alardeando que é “seguro” no IAPFESP pelos outros dois membros do colegiado, senhores Alderico e Nélson, o sr. Aracaty faz e desfaz, ou desfaz, simplesmente. (Publicada em 21.03.1962)
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Definitivamente, não estamos, aqui no Brasil, em tempos de racionalidade ou sob a égide de elites políticas movidas pela sanidade mental. Mesmo para o leitor e eleitor, o cenário atual do país é confuso e a realidade parece distante dos discursos. Até aqui nenhuma novidade. O que surpreende o cidadão de bem, e olhe que eles existem em grande número, é ver, dia sim e outro também, os mais perigosos e escorregadios personagens da política local e nacional ocupando páginas inteiras dos principais jornais e de mídias importantes.
Para os brasileiros que ainda acreditam na ética e na justiça, ver esses personagens de triste passado, envoltos nos mais estrondosos casos de corrupção e de desvio do dinheiro público, falando abertamente de seus projetos futuros e do quanto foram prejudicados politicamente pelo açodamento das leis e da Justiça, dói no fundo da alma.
Nessas entrevistas, que inclusive ocupam manchetes de primeira página, esses avatares do colarinho branco desfilam um rosário de lamúrias, mostrando o quanto foram injustiçados e o quando custou, para cada um, vagar solitário pelo deserto do banimento. A carinha do Maduro, baixando a cabeça enquanto o amigo declarava que a Venezuela era “vítima de narrativa de antidemocracia e autoritarismo” foi a gota d’água. Não se enganem! São raposas a lamentar o fato de terem sido apanhadas com os dentes prontos a devorar os incautos cidadãos, retirando-lhes o pão de cada dia e as chances de um futuro mais digno.
Cara do bom moço, com aquele ar de senhor arrependido, só engana os desavisados. Há também os que mentem tão bem para si que não encontram espaço no ego para arrependimentos.
Todo o cuidado com esse tipo de gente é pouco. A revoada desses personagens da política policial do país, de volta aos ninhos ou “à cena do crime”, só tem sido possível graças ao desmanche providencial e maquiavélico da Lei de Improbidade Administrativa, elaborado à luz do dia, justamente por indivíduos que foram ou seriam atingidos por esse antigo e justo dispositivo.
De fato, o caminho de meio e do bom senso aponta, com propriedade, que lugar de corruptos, de toda a espécie, é nas malhas da lei interpretada com decência e longe dos cofres públicos.
Já foi bem lembrado que a corrupção é tão ou mais letal que as ações violentas do crime organizado. Basta rever no Youtube o discurso do ministro Barroso tecendo dos números da Lava Jato (Segundo Barroso, foram 179 ações penais, 553 denunciados, 174 condenações em 1ª instância e confirmadas em 2ª instância, 209 acordos de colaboração e 17 acordos de leniência e mais de R$ 4 bilhões devolvidos aos cofres públicos.) Dizia também que a Lava Jato foi “uma operação que revelou um quadro impressionante e assustador de corrupção de norte a sul e de leste a oeste no Brasil. Criou-se um mundo paralelo de esperteza e desonestidade que naturalizou as coisas erradas no país”. A diferença entre o corrupto e um chefe de quadrilha que assalta e mata está nas armas que utilizam. Os empolados criminosos do colarinho branco, apesar de não usarem armas de fogo em suas ações, causam males infinitamente maiores ao cidadão, sendo que seus crimes repercutem por décadas e podem ser conferidos nas filas dos hospitais, na falta de remédios, na precariedade dos serviços públicos e por aí vai.
O ministro Barroso previa o que vinha pela frente. Foi de uma lucidez quase assustadora. “Quem acompanhou o que aconteceu na Itália conhece o filme da reação à corrupção: 1- a mudança na legislação ou jurisprudência; 2- a demonização de procuradores e juízes; e 3- a tentativa de sequestro da narrativa e de cooptação da imprensa para mudar os fatos e recontar a história. Na Itália, a corrupção venceu e conquistou a impunidade. (…) Aqui entre nós ela quer mais, ela quer vingança, quer ir atrás dos procuradores e dos juízes que ousaram enfrentá-la para que ninguém nunca mais tenha a coragem de fazê-lo.”
Dadas as possibilidades infinitas de recursos e a leniência de nossas leis, sempre em benefício dessa gente e contra o cidadão talvez seja o momento de a imprensa cumprir o seu papel para mostrar às novas gerações que ainda há remédio para esse país. Nem tudo está definitivamente perdido.
A frase que foi pronunciada:
“A política em sentido verdadeiro, a busca pela realização do bem público com idealismo e dedicação, essa sim, é uma das atividades mais nobres a que alguém pode se dedicar. Desde a Grécia isso é reconhecido assim.”
Ministro Luís Roberto Barroso
História de Brasília
E há coisa pior: o delegado do TAPFESP em Brasília, sr. Aracaty Marques Ferreira, tem contratado funcionários na verba de “fichamento” de operários, e para comprovar, basta saber quantos mestres de obras há, quantos encarregados, e até desenhistas foram contratados. (Publicada em 21.03.1962)
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o L que foi sem nunca ter sido. Que L é esse?
Dallagnol, o deputado agora cassado pela segunda vez por uma Mesa Diretora medrosa, omissa e com pendências muito mais sérias junto à Justiça, é hoje a imagem acabada de uma República totalmente rendida ao ativismo político, de um Judiciário que fechou a Constituição e abriu um manual próprio do obscurantismo.
Em resumo o que se obtém com essa cassação dupla tanto dos direitos políticos de um cidadão de bem, como a subtração ligeira de 350 mil votos soberanos, é a consolidação, pura e simples de um Estado de exceção, regido por um partido de esquerda, que contaminou mortalmente as instituições republicanas. Ficar aqui com meias palavras e com eufemismos enganosos, querendo apresentar essa situação esdrúxula como normal e plenamente aceitável, não só não elucidam os fatos correntes como contribuem, pela omissão, para que essa contra reforma infame ganhe ainda mais viço.
Não se trata aqui de açular embates entre esquerda e direita, pelo menos entre aqueles que prezam a ética pública, mas tão somente de denunciar os perigosos desvios tomados pelos três poderes, sobretudo no que diz respeito ao afastamento, cada vez maior, das linhas mestras traçadas pela Constituição Federal. Fora da Carta maior, não há salvação para o país. Também usá-la de forma distorcida em chicanas políticas, tão pouco.
Como naquela antiga propaganda de vodka que dizia: eu sou você amanhã”, Dallagnol é hoje os que serão amanhã todos aqueles que se insurgirem contra o arbítrio. Quem diria que um simples tribunal eleitoral, uma corte que muitos sempre consideraram uma excrescência no organograma do Estado, viria, um dia, a ditar normas e, pior, enfeixar em suas mãos, o destino de uma nação? Nem mesmo nos romances fictícios do gênero surrealista, essa possibilidade jamais seria crível.
A falta de atitudes e mesmo a indisposição mofina daqueles que poderiam, por suas posições, fazer frente a esses desatinos, nos leva a essa encruzilhada triste de nossa história . Faltam heróis e sobram políticos. Falta justiça e sobram juízes.
Desde outubro do ano passado, estamos pouco a pouco submergindo, atolados no parece ser uma areia movediça que vai engolindo o Estado Democrático de Direito. Vivemos tempos absolutamente anormais e não há como desenhar a paisagem que se mostra nesse horizonte, sem recorrer a tintas pesadas.
Cassam-se aqueles que agiram de forma correta como quem caça animais, enquanto nomeiam-se outros que deveriam estar banidos e caçados pela polícia. Na foto, feita em Paris, em que aparecem um notório e rico advogado de avatares do colarinho branco, festejando ao lado do também notório Zé Dirceu, a cassação de Dallagnol, diz muito e resume bem esses tempos trevosos em que tudo parece de cabeça para baixo.
Amanhã, quando vierem buscar também aqueles que se omitiram, já não será mais possível reverter a situação e fazer recuar a noite. A lista daqueles que não torceram pelo candidato do sistema é longa e ocupa hoje, em tempo integral, uma justiça de há muito deixou de ser justa.
Para aqueles que possuem um poder maior de observação, basta ver quem são aqueles que estão ganhando e festejando com toda essa inversão atual de nosso país, para se assegurarem de que estamos seguindo por sendas tortuosas e que não há nada para comemorar.
A frase que foi pronunciada:
“Enquanto viver a vingança cave duas covas. Uma será sua.”
Douglas Horton
Cifras
De volta à Brasília, os indígenas acampam até que saia a decisão sobre o marco temporal. É muita coisa em jogo.
Empreendedorismo
Leila Rodrigues, diretora do CEF 11 no Gama pelo projeto Energia Solar Fotovoltaica, conseguiu que a escola economizasse R$5 mil de energia. O projeto foi apresentado na feira de ciências da escola.
Voltas do mundo
Havia um professor do ensino médio que sempre dizia aos alunos. Estudem para não precisarem encher a lage de cimento. O tempo passou e hoje, quem enche a lage de cimento recebe muito mais que um professor. O mestre de obras mais simples, ganha o salário de um professor, por semana.
História de Brasília
E há coisa pior: o delegado do TAPFESP em Brasília, sr. Aracaty Marques Ferreira, tem contratado funcionários na verba de “fichamento” de operários, e para comprovar, basta saber quantos mestres de obras há, quantos encarregados, e até desenhistas foram contratados. (Publicada em 21.03.1962)
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divulgação CNJ
Vivêssemos realmente numa República, digna do nome, os conchavos, as negociações, as entabulações e todas e quaisquer tratativas realizadas pelos homens e mulheres no poder, deveriam ser gravadas, filmadas e postas em atas e tornadas públicas de imediato. As exceções ficariam por conta dos assuntos relativos à segurança nacional e aos interesses do país com relação ao mundo em volta. Mesmo assim todos esses assuntos deveriam ser gravados para posterior conferência e para equipar os arquivos históricos do país. Mas não é assim que funciona. Pelo contrário. Todos os assuntos tratados entre os chefes de poderes e mesmo entre si, e que são, em última análise, de interesse da nação soberana, são discutidos e mesmo acertados longe das luzes e da transparência, sendo que em muitos casos, a população só vem a saber a respeito, quando as consequências, muitas vezes nefastas, já estão à vista de todos.
Em decorrência dessa distorção vivemos em uma espécie de “República dos Segredos de Estado”, onde as decisões são tomadas a portas fechadas, longe do escrutínio público e muitas vezes acertados contra a vontade majoritária da população. É óbvio que não se pretende aqui uma democracia do tipo direta, na qual não há a necessidade de representantes eleitos para isso. Mas o que ocorre com o Brasil foge completamente do aceitável e minimamente republicano. Nesses casos a população que é sempre a última a saber, e também a primeira que é penalizada, tributada e o que quer que venha a ser decidido.
Dentro de um sistema dessa natureza, destorcido e alheio, não chega a ser surpresa pois que os brasileiros passem a ser tratados como cidadãos de segunda classe, chamados apenas para pagar tributos e impostos e a apertar o botão da urna eletrônica a cada quatro anos. Com isso a cidadania e o próprio Estado Democrático de Direito passam a ser somente ficção. Cidadania colocada num papel, mas que não existe e não é exercida de fato. A opacidade do Estado, diz muito sobre a qualidade de nossa democracia e de nossas liberdades. Mesmo parte da imprensa, que poderia furar esse muro fechado, não tem ajudado muito a clarear os fatos, preferindo uma posição, mas militante do que investigativa e isenta.
Essa é uma situação, que embora não muito discutida, é gravíssima e atenta contra o que chamam de direitos. Não chega ser espantoso que muitos chefes do Executivo usem a tarja preta de “segredo por cem anos” sobre suas ações, gastos e outros atos duvidosos. No caso do Estado, o segredo é inimigo da ética pública, pois esconde e escamoteia para frente, atos condenáveis e até criminosos.
Num ambiente assim, onde o público é mantido a distância, não é raro que os atos no poder venham a beneficiar sobretudo aqueles que estão próximos ao poder. Outro fenômeno que pode ser observado num ambiente sem transparência cristalina, é a articulação entre os três poderes para blindar uns aos outros contra as bisbilhotices da população. Ao tradicional e odioso toma lá dá cá, foi associado agora a proteção e o silêncio mútuo. Em muitos casos, observa-se inclusive a ocorrência de chantagens do tipo: “faça o que eu quero e você não terá problemas”.
Numa fauna com essas características, onde todos possuem o “rabo preso”, e por isso mesmo estão irmanados num mesmo e obscuro propósito, o silêncio e o segredo são peças fundamentais nesse jogo. A questão aqui é saber que futuro terão as próximas gerações, já que a atual se mostra imersa numa perfeita desilusão.
Segredos de Estado se impõem em casos especialíssimos de guerra interna generalizada, mortandade e violência incontidas. De outro modo servem apenas para acobertar aqueles que vivem à margem da lei ou acima delas.
A frase que foi pronunciada:
“A glória da justiça e a majestade da lei são criadas não apenas pela Constituição – nem pelos tribunais – nem pelos oficiais da lei – nem pelos advogados – mas pelos homens e mulheres que constituem nossa sociedade que são os protetores da lei, pois eles próprios são protegidos pela lei. ”
Robert Kennedy
Tem sim sinhô!
Com visitas na área rural do DF o Circo Travessia mostra para a criançada que ainda é possível sonhar. A alegria, o sorriso, a satisfação ao voltar para casa é o resultado da experiência circense. Dia 8 será a apresentação no acampamento Margarida Alves, em Sobradinho.
História de Brasília
Foram, de fato, fichados 400 candangos, e nenhuma obra fol reiniciada. Milhões foram jogados fora, e continuam, ainda, porque tem sido pequeno o numero de demissões. (Publicada em 21.03.1962)
Criada por Ari Cunha desde 1960
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com Circe Cunha e Mamfil
Todos e quaisquer problemas, que hoje são de difíceis soluções, quer pela dimensão que tomaram, quer pelos profundos estragos que geraram, foram, no seu início, pequenos e de fáceis resoluções. A questão é reconhecer esses problemas a tempo, quando ainda estão surgindo e prontos para serem debelados. Com isso, fica claro que os problemas, quando não reconhecidos quando deviam, crescem, ganham vida própria e se tornam maiores do que os recursos usados para saná-los.
É o caso aqui do consumo de álcool por menores de idade em Brasília, um problema que desde sempre tem sido alertado nesse espaço e que já pode ser considerado, hoje, como uma questão de saúde pública, tamanho o contingente de crianças e adolescentes que está imerso nessa tragédia. Sabe-se, por pesquisas, que quanto menos idade um indivíduo tem ao consumir álcool, menos chances ele tem de se recuperar e mais chance de vir a se tornar um adulto com sérios problemas de saúde física e mental.
O alcoolismo é uma doença grave e, em seus graus mais elevados, ocorre, na maioria, em indivíduos que foram expostos ao álcool ainda jovens. Os estragos feitos pelo consumo de álcool no corpo de um indivíduo, em que a maioria dos órgãos ainda está em formação, são imensos e de difícil recuperação. Em todos os países desenvolvidos e onde as autoridades temem pelo uso do álcool, as penalidades para os infratores, que vendem bebidas alcoólicas para menores ou oferecem o produto são pesadas e não raro terminam com o fechamento definitivo do estabelecimento comercial.
No Brasil e em Brasília, é um pouco diferente. A fiscalização corre frouxa, e isso contribui para o aumento no consumo de álcool pelos mais jovens. Não se vê também campanhas educativas e de alerta sobre os malefícios das bebidas alcoólicas no organismo humano. Outro fator a colaborar para essa verdadeira calamidade pública é a existência de número absurdo de estabelecimentos que vendem bebidas. Em todas as quadras e endereços da cidade, há botecos e, agora, as distribuidoras de bebidas estão presentes. Vendem livremente desde as inocentes cervejinhas em lata até bebidas com alto teor de álcool como as cachaças. As autoridades sanitárias fazem cara de paisagem para o problema que só cresce a cada dia.
Os casos de dependência em álcool abarrotam as clínicas de psiquiatria. É sabido que o álcool leva os menores de idade a experimentar outras drogas, e isso contribui para o aumento do problema. A Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE) vem, desde 2009, se debruçando sobre o problema. Em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fez, em 2019, uma coleta de dados em mais de 4.360 escolas em todo o país, chegando à conclusão de que 34,6% do total de estudantes consultados havia experimentados bebidas alcoólicas pela primeira antes dos 14 anos. A pesquisa mostrou ainda que as meninas consumiam mais álcool do que os meninos, 36,8% contra 32,3%.
Outras pesquisas mostram que menores que convivem em seus lares com parentes que bebem, têm mais propensão ao uso do álcool. Mesmo sabendo que a Lei nº 13.106/2015 tem tornado crime servir bebidas para crianças e adolescentes, o consumo nessa faixa etária não tem diminuído. Não se conhece um caso sequer de estabelecimento fechado por venda de bebidas a menores. O pior é que os educadores têm constatado que as crianças estão procurando esse perigo e bebendo cada vez mais e cada mais precocemente. É nas escolas públicas que o problema é maior e mais recorrente.
A Secretaria de Educação não dá conta da tarefa. Não é raro encontrar bares próximos às escolas e não é raro também observar maiores de idade comprando bebidas para menores de idade. Apreensões de bebidas alcoólicas dentro das escolas são comuns. Bebidas, cigarros e drogas são ofertados em cada esquina. O número de policiais é insuficiente para conter o consumo e para reprimir a venda. Com isso, o problema tem crescido e adquirido um grau de grave ameaça para a sociedade. Se não for combatido com severidade agora, mesmo sabendo de suas dimensões, chegaremos a um ponto em que não será mais racional falar-se em futuro para esses jovens. O futuro determinado pelo consumo precoce de álcool é aquele que se vê hoje nos presídios e nos manicômios judiciais.
» A frase que foi pronunciada
“Como o álcool é incentivado pela nossa cultura, temos a ideia de que não é perigoso. No entanto, o álcool é a mais potente e tóxica das drogas psicoativas legais.”
Sebastian Orfali
» História de Brasília
Mais uma do “Gavião”: falta água quase todos os dias. Os reservatórios construídos não foram inaugurados. Ou melhor, foram, e não aprovaram, por causa da infiltração. As especificações da construção estavam erradas. (Publicada em 11/3/1962)
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Se embarcar em canoa furada parece ser o inescapável destino dos incautos, imagine então subir a bordo de um transatlântico, cuja fuselagem náutica é tão frágil como a casca de um ovo. Pense ainda que essa grande embarcação está superlotada de containers, todos eles cheios com o peso morto das ideologias. Agora, nessa nau dos insensatos, navegando sobre mares revoltos e em tempos de guerras e de incertezas. Para carregar ainda mais nas tintas de um desastre anunciado, vislumbre que esse cargueiro tem como timoneira alguém que não diferencia um avião de um navio e que, no passado, sequer conseguiu salvar, do naufrágio, um pequeno comércio de bugigangas de R$ 1,99. Eis aqui, em pinceladas rápidas, o que pode vir a ser a viagem do Brasil a bordo do BRICS.
A questão aqui é deixar de lado os números superlativos apresentados por esse portento marítimo e se centrar nas condições gerais dessa nave. A carta náutica, que serve de guia para essa travessia por mares nunca antes navegados, é desenhada não a partir de coordenadas marítimas, mas com base em orientações do tipo ideológicas, todas elas testadas e posteriormente reprovadas pela experiência humana.
É nessa nau dos insensatos que o Brasil achou por bem subir e cruzar os mares da economia, junto com a China, Rússia e Índia, para ficar apenas nesses três grandes companheiros de jornada. Nada há em comum entre eles, nem histórica, nem culturalmente e muito menos em termos de ideias políticas. São quatro estranhos entre si, numa travessia que ruma ao incerto porto, em que irão inaugurar a nova terra prometida em que os ditames econômicos clássicos do capitalismo serão amalgamados às teorias do comunismo. Será aquilo que os marinheiros da boca suja chamam de misturar cobra com porco espinho.
Nesse novíssimo mundo novo, a bandeira de ferro anunciará o capitalismo de Estado, centralizado e muito longe das liberdades exigidas pelo mercado. Nesse paraíso, para as camarilhas e nomenclaturas, os empresários serão transformados em mão de obra do Estado. Feita a travessia e depois de lançados, ao mar e aos tubarões, todos aqueles que reclamaram da jornada, restará, aos sobreviventes, renderem-se aos novos tempos, alicerçados sobre os pilares do passado.
É desse cruzamento entre cobra e porco espinho que surgirá o arame farpado, cercando e cerceando as liberdades, além de todo o mercado, com seu laissez faire. Ao BRICS, todos saberão depois, não interessa a economia de mercado como a conhecemos até aqui, com a livre iniciativa e outras características do liberalismo. A esse bloco, e o Brasil não se atinou para isso, interessa a supremacia de um pensamento ideológico contrário à economia clássica. Interessa o lucro do Estado, sendo os prejuízos debitados, integralmente, na conta do proletariado.
Aos navegantes dessa nau, interessa o fortalecimento do Estado, seu crescimento bélico e a formação de grandes exércitos. A esses novos argonautas da desventura, interessam o poderio e o engrandecimento de um Estado que age como moedor de homens. Por detrás da fantasia econômica, interessam a eles a destruição da Cartago americana e tudo o que ela representa em nossa modernidade.
O que se tem aqui, em construção, é um verdadeiro bric-à-brac ou um ferro-velho de velhas ideias. O que se assiste, olhando esse Titanic portentoso que agora parte, é a reedição tardia da Barca do Inferno, tal como descrita por Gil Vicente, em 1517.
A frase que foi pronunciada:
“À barca, à barca, hu-u! / Asinha, que se quer ir! / Oh, que tempo de partir, louvores a Berzebu!”
Gil Vicente, O Auto da Barca do Inferno
Primeiro mundo
Silvia Maria Fonseca Silveira Massruhá, primeira mulher a presidir a Embrapa, é autora da tese O modelo de inteligência artificial para diagnóstico de doenças em plantas. A Embrapa oferece vários cursos gratuitos online. Um deles é importante para diminuir o descarte de alimentos. Compostagem. Mais informações no link Compostagem.
Zanin versus Nikolas
Com ação popular, protocolada nessa semana contra a indicação de Cristiano Zanin para o Supremo, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) mostrou que segue de peito aberto e sem temor de represálias do sistema. Também não é para menos. Tendo, em mãos, quase um milhão e meio de votos, o parlamentar é a cara da nova política e não pode decepcionar seus eleitores. Para o parlamentar, a nomeação de um amigo pessoal do atual presidente, para a mais alta Corte do país, viola, flagrantemente, os princípios da moralidade e da impessoalidade, além de deixar claro que o chefe do Executivo quer aparelhar o STF para conter processos futuros contra si. O deputado sabe que está na mira do TSE e não se intimida. Essa “República do Escambo” tem que ser eliminada, antes que o país se torne ingovernável.
História de Brasília
Ao mesmo tempo, algumas informações aqui contidas são também para o presidente da Republica, como o falso emprêgo de 400 candangos para reinicio das obras. (Publicada em 21.03.1962)
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Uma das consequências da chamada herança cultural política é que, em países em que esse nefasto fenômeno ocorre, não é raro o surgimento de lideranças partidárias que extrapolam o próprio círculo político em que atuaram a passam a representar não mais um indivíduo, mas uma verdadeira entidade, criando, em torno de si, um movimento de cunho personalista. Esse evento, tão comum em nosso continente, resulta, na grande maioria das vezes, no aparecimento, quase que místico, de personalidades caudilhescas, populistas e demagogas, todas elas imantadas de uma oportunista áurea de salvadores da pátria. Trata-se aqui de um fato que, na maioria das vezes, tem trazido prejuízos imensos para a própria democracia e para o Estado Democrático de Direito, quando se verificam que autocratas passam a se impor e a se colocar acima das leis, principalmente aquelas que possam, de alguma forma, tolher seus anseios.
Para um país com tantos santos ungidos, alguns de pés de barro, outros verdadeiros santinhos do pau oco, não chega a ser surpresa que a população carente e com pouca escolaridade passe a santificar alguns desses mandachuvas políticos, endeusando-lhes como autênticos padroeiros dos despossuídos. Por décadas e até séculos, essa divinização de políticos astutos beneficiou justamente uma casta de personalidades que, hoje, com toda certeza, ardem em fogo alto no inferno.
Primeiramente, foi na imprensa escrita, no tempo em que havia impressa escrita e livre, que esses falsários foram sendo desconstruídos um a um. Depois, vieram o rádio e a televisão, que passaram, a seu modo, a mostrar o que havia por detrás das cortinas dos palácios. Hoje, com o advento das mídias sociais, foi erguido o que parece ser um vasto movimento do tipo iconoclasta, que arremete contra o chão essas falsas imagens santas, estilhaçando-as uma a uma. Finalmente, o altar onde repousavam os santos políticos e ocos, foi varrido pelos ventos, uma modernidade que já não toleram ou aceitam coisas como a apostasia ou a idolatria, dentro do que já pregava Jeremias 17:5: “Maldito homem que confia no homem”.
De fato, as mídias sociais lançaram por terra uma legião de falsos profetas, embora alguns ainda insistam em permanecer instalados num altar onde já não há lugar para embusteiros. Hoje, em pleno século XXI, ainda há aqueles que teimam em acender velas para o Lulismo ou para o Bolsonarismo, acreditando que esses personagens possuem o condão de salvar o país das trevas. Nada mais falso, inútil e tardio. Mas, antes de tudo, é preciso destacar aqui as diferenças existentes entre esses dois santinhos, que, de uma maneira ou de outra, serviram para elevá-los ao altar de divindades populistas.
Lula, essa alma autodeclarada mais honesta do país, que já se comparou ao próprio Cristo, fez o que pôde para ser entronizado no altar dos santos caudilhos. Bolsonaro não se empenhou para tanto e foi elevado a essa condição pela inércia da herança cultural e política que insiste em permanecer entre nós. Um foi desmascarado pelos escândalos de corrupção, exaustivamente mostrados pelas mídias sociais. Outro foi exposto e perseguido sem trégua por uma mídia parcial, por se apresentar tal como era, por isso foi levado também ao altar dos caudilhos, mesmo contra a vontade.
Um foi elevado pelo sistema. Outro foi degredado pelo mesmo sistema. Nenhum dos dois são santos ou irão salvar a pátria. Ambos serão lembrados pela história. Cada um por suas ações e não por seus milagres.
A frase que foi pronunciada:
“O poder é uma coisa terrível. O poder é inebriante. O poder é enganoso.”
João Pinheiro Neto, em documentário sobre Jango, na TV Senado,
Legislação
Um passo importante haver uma legislação que preveja obrigações de empresas que causem desastres ambientais. O Rio Doce, um rio que morreu no Brasil e pouco foi feito, é bom lembrar. Mas o projeto ainda não aponta com decisão a quem cabe o pagamento de indenizações. Se for um derramamento de óleo no mar, a punição também não está bem definida.
Contribuinte
Ação importante, criada há anos pelo GDF, é o corredor BRT. Facilitou a vida de milhões de cidadãos que fazem uso do transporte coletivo. O criador do sistema BRT foi o urbanista Jaime Lerner, que, em 1970, implementou a experiência dos corredores exclusivos em Curitiba.
Lástima
Mas logo a Universidade de Brasília, que sempre apoiou o Partido dos Trabalhadores, teve que reagir à decisão do ministro Gilmar Mendes que cortou 26,05% de benefícios já adquiridos, por direito, nos salários do corpo técnico profissional da universidade.
História de Brasília
Ao mesmo tempo, algumas informações aqui contidas são também para o presidente da República, como o falso emprêgo de 400 candangos para reinicio das obras. (Publicada em 21.03.1962)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Não fosse a agenda cheia com as comissões parlamentares de inquérito já abertas, bem que o Congresso poderia voltar sua atenção também para o crescimento acelerado do crime organizado, principalmente, no que diz respeito à infiltração dessas quadrilhas no aparelho do Estado. Não é de hoje que vários alertas nesse sentido têm sido feitos. Ao que parece, as autoridades ainda não se deram conta de que esse fenômeno não é uma ficção futura, mas uma realidade presente que segue infectando a máquina pública, agindo como um verdadeiro câncer em metástase contínua.
O objetivo é a consolidação de uma espécie de NarcoEstado, semelhante ao que existe hoje em alguns países como a Venezuela, que, segundo a Drug Enforcement Administration (DEA), dos Estados Unidos, já controla a maioria das ações de governo naquele país. Foi-se o tempo em que essas quadrilhas eram formadas por delinquentes munidos apenas de coragem e vileza. Hoje, organizam-se como empresas bem estruturadas, com hierarquias severas, métodos de trabalho, planilhas, divisão de trabalho e setorizações das modalidades do crime. Infiltram-se no comércio, na indústria, no terceiro setor, lavando dinheiro com eficácia. Utilizam os mais modernos meios cibernéticos, contratam pessoas especializadas em diversas áreas. Com isso, deixaram para trás o tempo do amadorismo e, hoje, agem como verdadeiros profissionais do crime, subornando autoridades, juízes e boa parte do alto escalão do Estado. Não há praticamente nenhuma área dentro da máquina pública que esses especialistas do mal não tenham penetrado.
Com a profissionalização, essas organizações do crime miram agora as instituições do Estado, principalmente os Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo. Financiam e elegem candidatos, vetam campanhas de opositores, ameaçam e executam dissidências. Outra faceta visível nessas organizações é dada pela facilidade com que estabelecem laços de negócios com outras facções do crime para além das fronteiras.
Hoje, há ramificações que operam em todo o mundo, nas mais diversas modalidades de crimes. As organizações criminosas formam verdadeiras empresas multinacionais, explorando uma infinidade de ramos de negócios. Os lucros fabulosos permitem investimentos de grande monta, com diversificações, subornando autoridades onde elas estejam e, com os lucros fabulosos, armam seus exércitos com o que há de mais moderno e letal em termos de armamentos.
Estamos diante de um verdadeiro ovo da serpente prestes a ser chocado. O Brasil, por seu imenso território e pelos milhares de quilômetros de fronteira seca a separarmos dos países produtores de entorpecentes, tornou-se, em poucos anos, a principal rota por onde escoam anualmente toneladas de drogas. Nada, nem ninguém está a salvo da ação dos criminosos. Juízes, policiais, procuradores e todos os operadores da Lei são alvos constantes dessas quadrilhas.
As fronteiras do Brasil com os países latinos tornaram-se terra de ninguém. Também os maiores presídios são controlados hoje por facções do crime, que criam dentro desses estabelecimentos um país paralelo, com leis próprias e regulações draconianas, punindo, com a morte, quaisquer transgressões.
A situação tem alcançado tamanha urgência que não são poucos os livros e tratados que cuidam do tema da infiltração do crime organizado nas instituições governamentais. Não é preciso nem lembrar que uma das causas que mais contribuem para o crescimento das organizações criminosas é a corrupção política e endêmica que assola o Brasil e muitos países vizinhos. Não é difícil imaginar o que passa na cabeça de um cidadão de bem quando vê que um procurado pela polícia internacional, sob a acusação de chefiar um NarcoEstado, com recompensa por sua captura orçada em milhões de dólares, é recebido com tapete vermelho e todas as honras militares como se fosse uma autoridade acima de qualquer suspeita.
A frase que foi pronunciada:
“A violência de gangues e o tráfico de drogas estão sendo cada vez mais orquestrados online, permitindo que os presos mantenham o comportamento criminoso mesmo enquanto cumprem pena.”
Kim Severson
Educação
Pesquisa mostra que apenas 15% dos jovens acima de 16 anos estudam. Um dos responsáveis pela enquete, o diretor superintendente do Sesi, Rafael Lucchesi, apontou as falhas da educação no país.
História de Brasília
Vamos voltar ao IAPFESP, já que chega hoje a Brasília o general Aluísio Andrade de Moura, presidente da autarquia, que precisa saber de multa coisa encoberta nas obras do Distrito Federal. (Publicada em 21.03.1962)
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É lógico que, para aqueles que sabem para onde ir, qualquer caminho serve, mesmo aqueles que conduzem ao abismo. Do mesmo modo, torna-se inconcebível que um mandatário possa assumir o poder sem sequer trazer debaixo do braço as linhas mestras de um projeto de governo acabado e factível. Afinal, são milhões de cidadãos que confiaram um voto de confiança e que, de uma forma ou de outra, irão sentir na pele e no bolso as consequências das ações do governo ou a falta delas.
O que não se pode conceber é que a nação fique tateando no escuro, à procura de uma saída, ou de um plano de fuga vindo do governo. Eis aqui onde estamos. Antigamente, dizia-se estarmos no mato sem cachorro. Hoje, podemos dizer, estamos num país sem um governo à altura dos desafios e das necessidades de um gigante continental, com mais de duzentos milhões de habitantes, cercados de problemas e cobiçado por potências que se dizem amigas, mas que estão de olho gordo posto em nossos recursos e reservas minerais.
Depois de cobranças vindas de todos os lados, o que temos é um arcabouço ou esqueleto de um projeto que visa autorizar o governo a gastar além das possibilidades reais de caixa, sem que isso venha acarretar penalidades e sanções para o perdulário. É pouco ou quase nada e, ao mesmo tempo, é muito para quem vai pagar a conta.
Como metas de governo, o que foi apresentado não passou de um material formado de ações de improviso, que vão saindo das gavetas à medida em que os problemas surgem. Na impossibilidade de armar-se uma guerra contra um inimigo fictício, como fez a Argentina na Guerra das Malvinas, o jeito é deixar os problemas internos de lado e desengavetar um projeto qualquer, desses que propõem um tratado para a criação da chamada Unasul, integrando e unindo, nos âmbitos políticos, econômicos e outros, os países do continente. De preferência, unindo países prósperos como a Argentina, Venezuela, Suriname e outros, cujas economias estão no fundo do poço, criando uma poupança regional, com o apoio do BNDES, além do estabelecimento de uma moeda unificada, como meio de “aprofundar a identidade sul-americana”. Talvez engulam mais essa narrativa.
Diria o filósofo de Mondubim: “Vão juntar os farrapos e molambos num pardieiro só”. Para se ter uma ideia, o papel moeda na Venezuela, de tão desvalorizado, serve hoje como matéria-prima para confecção de artesanatos vendidos nas ruas a preços irrisórios. O que países como Argentina, Venezuela, Nicarágua e outros necessitam não é socorro do tipo econômico, que facilmente irá parar nos bolsos desses governos corruptos, mas de uma coisa chamada democracia e gente decente para administrar esses países.
Criar mecanismos e instituições como o Corporación Andina de Fomento, ou Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata, é irrigar com dinheiro do pagador de impostos, no Brasil, os governos ditatoriais de esquerda que infernizam suas nações. Levar dinheiro para as mãos dessa gente é perpetuar-lhes a tirania. Para quem já se armou de cautela contra essas intenções marotas, todas elas fincadas numa antiquada e falsa visão de mundo, as proposições feitas pelo governo brasileiro às lideranças sul-americanas se inserem no que ele mesmo denomina como narrativas e mostram de que lado da história ele se posiciona.
De fato, o Governo Lula não sabe para onde vai e ainda assim quer que toda uma nação siga com ele. Com companheiros do naipe de Maduro, Ortega e outros é melhor irmos sozinhos.
A frase que foi pronunciada:
“A confiança começa com uma liderança digna de confiança.”
Bárbara Kimmel Brooks
Nota 10
Quando o GDF quer, faz. Um espetáculo o aplicativo do Detran com a carteira de motorista digital, acesso a todo tipo de informação sobre o carro. As multas são notificadas quase que em tempo real no celular do motorista. Para a averiguação, há, inclusive, a foto com todos os dados do dia da punição.
65 anos
Em entrevista à Rádio Nacional, no programa Eu de Cá, Você de Lá, a índia Kayná, da etnia Munduruku, contou que o pai dela remava por horas para trocar peixe e farinha por pilhas para o radinho. Só assim era possível a família acompanhar o que se passava do lado de cá da floresta.
Memórias
Por falar em Rádio Nacional, não havia foca no jornalismo de Brasília que não passasse por ali. Luiz Mendonça, Claire e Edson Tavares formavam um trio importante na redação da rádio.
História de Brasília
As portas dos cabeleireiros, seja qual fôr o endereço, estão cheias de carros do governo à espera de madames. (Publicada em 20.03.1962)
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Deixando de lado as possíveis interpretações psicanalistas, físicas e mesmo pessoais que a perda da visão possa a vir a acarretar para um indivíduo, o fato é que muitos de nós, que tivemos a sorte duvidosa de caminhar para a velhice, vamos deixando pedaços do nosso corpo ao longo da estrada. Assim, vão ficando pelo caminho vesículas, parte dos rins, do fígado, dedos, pernas, crianças abortadas e outras partes de nossa carne. Como repetia o filósofo de Mondubim: a velhice é um naufrágio lento. Presos a esses estigmas, esquecemos do principal.
Ao longo da vida, deixamos escapar o viço da juventude. Matamos lentamente a criança dentro de nós e, aos poucos, vamos nos transformando naquilo que já não reconhecemos ser e que nos faz fugir de frente dos espelhos. Nesse sentido, somos todos iguais. Perdemos nossa carne, nossos amigos e parentes. Todos deixados para trás, enterrados na poeira do esquecimento. Talvez, por isso, vamos nos apegamos a abstrações como a espiritualidade, ao poder da oração, ao fortalecimento da alma. Não como fuga ou último recurso, mas com a esperança de que é nesse ponto incerto que estão guardados nossos sonhos e tudo aquilo que é imutável e indestrutível pelo mundo.
Para quem não teve a felicidade de manter presos à íris os sonhos de criança, todo o mundo é um enfado sem fim. Para os que aprenderam a fechar os olhos para fora e abri-los para dentro, a vida segue como no primeiro dia, cheio de cores e sons.
Também não nos foi ensinado a diferença em olhar e ver. Por isso, passamos a vida vendo coisas sem jamais enxergá-las de fato. Passamos milhares de vezes pela mesma rua e sempre parece haver algo novo que não foi notado antes. Esquecemos também o que vemos no dia a dia. Qual foi a primeira coisa que você viu ao acordar hoje? E ontem? Vemos demais e enxergamos muito pouco. Enxergar é sentir com o olhar. É tatear com a visão. Diferentemente de alguns povos do Oriente, não aprendemos a explorar o terceiro olho, ou agya chakra, ligado à glândula pineal, à intuição e à espiritualidade. Seguimos, ao longo da vida, movendo-nos mais pelo instinto, como faz a maioria dos animais, do que pela intuição e pelo sexto sentido. De um certo modo, somos todos meio cegos, quando não queremos enxergar certas realidades. Quando perguntamos aos outros que impressão lhe causou certo acontecimento: você viu o que eu vi? Costumamos perguntar de forma automática, surpresos com o acontecido. De outra forma, também dizemos: prefiro não ver isto.
Somente aqueles que experienciaram os maus augúrios anunciados pelo diagnóstico de um câncer podem imaginar o que essa sentença é capaz de provocar no íntimo de um ser. Dizer que o câncer é uma metáfora ajuda a entender o processo, como sendo algo ligado à vida e ao seu avesso. “Qualquer doença encarada como um mistério e temida de modo muito agudo será tida como moralmente, senão literalmente, contagiosa “, dizia a escritora Susan Sontag. Além do palavrório todo, que outros unguentos podemos oferecer a alguém acometido por essa enfermidade que não possa parecer demasiado piegas e sem sentido e até desprovido de sentimentos reais?
Talvez, o mais prático e, por certo, mais inacreditável é dizer que temos seu nome inscrito em nossas orações e que seguiremos com essa lembrança até que o Criador, mesmo que não creias, tome nota de seu nome e, em atendimento aos nossos pedidos, passe sua mão sobre seu rosto, restaurando, se não sua visão, a vontade e o ânimo pela vida, que é um direito que nos cabe até os últimos dias. Rogo ao Criador para que seus dias sejam de paz.
A frase que foi pronunciada:
“Câncer é aquela palavra terrível que todos tememos quando vamos ao médico para um exame físico, mas, naquele breve momento sombrio, ouvimos o mundo em que vivemos e as pessoas com quem o compartilhamos começam a iluminar coisas que não conhecíamos.”
BD Phillips
Volta à saga
Via Crucis tirar novo RG de criança ou adulto. Quando se consegue marcar no Paranoá e Valparaiso, é bom dar-se por satisfeito. Isso acontece na capital do país.
Repensar
Cada vez menos notícias úteis em jornais televisivos. É tanta violência que a audiência desliga a TV com uma angústia pulsando no peito. Cenas que antes eram terminantemente proibidas, agora são exibidas no horário em que crianças assistem. Entre uma garfada de frango, uma mulher é jogada no asfalto e o carro passa por cima. Vem a salada e outra mulher leva 5 tiros disparados pelo marido, a queima roupa. Impossível!
História de Brasília
O cine Brasília vai de mal a pior. Sábado, na apresentação do filme, começou pela última parte, o que provocou revolta e vaias da plateia. (Publicada em 20.03.1962)