Autor: Circe Cunha
VISTO, LIDO E OUVIDO –
Samba improvisado
Criada por Ari Cunha desde 1960
jornalistacircecunha@gmail.com
com Circe Cunha e Mamfil
Uma das formas de dirimir problemas sempre presentes em nossa triste República, de modo a precavê-la de crises institucionais, que volta e meia tornam a ocorrer, seria exigir dos ainda candidatos à chefia do Executivo, um programa completo e exequível de governo, dentro das necessidades do Estado e de acordo com as exigências e carências da população.
Não é um programa qualquer, mas um estudo programático dos projetos executivos que seriam implementados ao longo de quatro anos, além do compromisso de dar continuidade aos programas de governos passados que exigissem tempo maior para sua implementação.
Sem a apresentação de programas de governos sérios e racionais, o que se tem verificado, ao longo de décadas, é uma sucessão de mandatários que tem na improvisação seus guias mestres, fazendo do Estado e da população, cobaias para experimentações de última hora e que, de modo geral, terminam sempre em desastres.
Pelo menos não deveria existir governos sem programas sólidos para o país. É da improvisação que nascem as crises institucionais. A perenidade e a certeza de continuação de programas de interesse da população são de fundamental importância para que não haja obra inacabada, que se multiplica aos milhares por todo o país.
Governos que tomam posse, sem trazer debaixo do braço, um calhamaço de programas que atendam à nação, estão fadados ao fracasso. O pior, que a cada prejuízo, levam a população de roldão. Usam o pagamento de impostos, resultado da labuta, para nada que volte como contrapartida ao contribuinte ou aos empresários que também contribuem.
Administrar é coisa séria e dá um enorme trabalho, afinal é o dinheiro suado da população que está em jogo. Tão importante quanto trazer à tira colo seu projeto para o país, é poder apresentá-lo previamente a nação, não nos bate-bocas vazios dos debates televisivos, mas perante uma junta de especialistas e técnicos gabaritados e isentos politicamente.
Sequência de governos que assumem sem programas ou que apresentam projetos feitos apenas para enganar o eleitorado, tem feito mal a nossa República e nunca tem sido levado em conta. É o dever de casa de todo o candidato que se preze.
Não faz sentido que partidos políticos gastem bilhões de reais do contribuinte e não consigam que seus candidatos apresentem projetos de interesse do país. É muito mais importante olhar para o programa de governo do que para o candidato em si. Candidatos sem programas de governo, deveriam ser represados ainda no nascedouro.
Em pleno século XXI, das exigências tecnológicas e de outras demandas mais específicas dos cidadãos, não se pode conceber que ainda haja a possibilidade de permitir que candidatos à presidência da República se apresentem sem propostas e sem planos de governo. A improvisação não é aceita nem em desfile de escola de samba, que dirá na direção de um país da dimensão e complexidade do Brasil. Outra possibilidade urgente é que o contribuinte possa acessar as rubricas do governo para acompanhar cada investimento feito.
Boa parte de nossas agruras decorrem desse nosso jeitinho de fazer as coisas de supetão, sem olhar para as consequências. É como se diz: as consequências são tudo aquilo que vem depois. O atual governo, tão logo tomou posse, sem projetos e sem rumo, recorreu de imediato a medidas improvisadas. Cuidou de estourar o teto de gastos, por meio de medida provisória. Agora cuida de contingenciar verbas para a educação, saúde, transporte, vale gás e outros destinos apenas para tampar furos na receita e com isso evitar que as contas públicas venham a fechar no negativo, o que, para muitos já é uma certeza.
Com isso, fica mais uma vez provado que a improvisação no uso do dinheiro público é a chancela da completa incompetência.
A frase que foi pronunciada
“Nossas crianças devem aprender a estrutura geral de seu governo e então devem saber onde entram em contato com o governo, onde ele afeta sua vida cotidiana e onde sua influência é exercida sobre o governo. Não deve ser uma coisa distante, alguém da conta de outra pessoa, mas eles devem ver como cada engrenagem na roda de uma democracia é importante e tem sua parcela de responsabilidade pelo bom funcionamento de toda a máquina.”
Eleanor Roosevelt
Tem que mudar
É preciso que Brasília seja um modelo hospitalar para o Brasil. Não há condições de um posto médico fechar antes do expediente e deixar o paciente sem atendimento ou sem remédio. É um escândalo nos hospitais de Brasília uma fila de dois anos de espera para uma cirurgia que dura duas horas. Falta gestão.
População unida
Mais uma vez a população sai em defesa da Serrinha do Paranoá. Na Câmara Legislativa do DF reuniões lançam a Frente Parlamentar em Defesa da Serrinha do Paranoá. A especulação imobiliária está do outro lado.
História de Brasília
Depois disso, teremos as soluções intermediárias, com Paranoá e a termelétrica. Há, entretanto, o projeto para ligação com Três Marias. Assim, o Distrito Federal teria duas fontes de abastecimento. (Publicada em 22.03.1962)
VISTO, LIDO E OUVIDO – Duas trincheiras
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com Circe Cunha e Mamfil
Que semelhanças e consequências óbvias poderiam existir entre fatos aparentemente distintos e distantes, como são os casos do projeto de desarmamento da população, a possível flexibilização e descriminalização do porte de entorpecentes e os recentes casos que indicam um aumento na letalidade das polícias.
Quanto ao processo de descriminalização do porte de drogas para consumo próprio, levado a cabo, agora, pelo Supremo Tribunal Federal, não deixou os parlamentares à vontade. Uma centelha começa a brilhar indicando mudanças de rumo.
De fato, todas essas adições espetaculares concorrem e nos levam, ao mesmo tempo, para uma questão simples e que diz respeito à vida e à morte de cidadãos. É fato que o desarmamento da população, em um país reconhecidamente violento e onde os índices de criminalidade são os mais altos do planeta, significa, entre outras coisas, que o terreno para o aumento da incursão dos criminosos está sendo facilitado. Como é sabido, o Estado, por mais que queira, não consegue enfrentar as ondas de crimes de igual para igual, sendo tolhido por uma Justiça atrelada aos direitos humanos e que quer parecer pender a favor da bandidagem.
A população tem essa nítida ideia de que o Estado pesa a mão mais para o lado do policial do que do bandido. Engana-se quem acredita que o crime organizado no Brasil age nos moldes amadores. As organizações criminosas, em nosso país, investem muito em armamento e treinamento de pessoal, e poderiam hoje estar classificadas como verdadeiros exércitos paralelos, com tudo o que essas forças dispõem.
A facilitação do porte de drogas vem ao encontro do que desejam as facções criminosas, que passarão a agir com muito mais empenho e lucros no comércio varejista. Para um país como o nosso, onde avança, a passos largos, a liberação dos cassinos, on-line ou físicos, onde o porte de drogas deixa de ser crime, não será demais supor que a polícia terá muito mais trabalho pela frente, com enfrentamentos violentos cada vez mais ocorrentes. Não há no poder quem pense em mais escolas, hospitais ou transporte?
Tristes trópicos esses nos quais o Estado mal dá conta da segurança de seus cidadãos, mesmo com uma das maiores cargas tributárias do mundo, e ainda tem de enfrentar mais e mais desafios.
A facilitação ao crime ocorre com pequenas e seguidas medidas de afrouxamento das leis. Ainda bem longe de resolvermos nossos problemas com uma educação pública de qualidade ou com o atendimento universal na área de saúde, partimos para o vale-tudo. Isso sem comentar a falta de respeito de alunos em inúmeras escolas públicas. Jogam mesas e cadeiras nos professores, xingam, estragam o carro e até matam.
Permite-se a compra de armas para aqueles que só querem defender suas famílias e propriedades, mas nada fazem para acabar com o armamento pesado nas mãos das quadrilhas. Determinam-se o fechamento de manicômios judiciais, soltam-se presos, afrouxam as penalidades com a introdução de regimes abertos e outras medidas, enquanto a população é obrigada a ficar presa em casa, refém da leniência de um Estado indiferente ao cidadão que paga seus impostos em dia.
Querer que todas essas medidas facilitadoras do crime não resultem em maior enfrentamento e maior letalidade dos órgãos de segurança contra a bandidagem é ilusão. Quanto mais frouxas as leis, maiores são os índices de criminalidade. Do mesmo modo, esperar que os policiais ajam de modo calmo ao verem seus colegas de farda e de destino tombarem mortos, friamente, por bandidos que nada têm a perder e tudo podem hoje em dia, é impossível.
Trata-se aqui de uma guerra, como outra qualquer, em que ficam, de um lado, a população de bem junto com a polícia e, em outro, a trincheira, os bandidos e todos aqueles que os apoiam direta ou indiretamente.
» A frase que foi pronunciada
“O ladrão rouba para comprar drogas, mas, então, por que ele não rouba logo a droga? Simples, os traficantes andam armados.”
Enéas Carneiro
Pratas da casa
São inúmeros os funcionários públicos na ativa que passaram de 41 anos de serviços prestados. Ontem, conversamos com o amigo Ciro Freitas Nunes, do Senado. Tão logo completou 18 anos, ele foi conduzido à Câmara Alta. Participou de todo o processo de abertura do regime e viu os primeiros computadores IBM serem descarregados e terminais ligados aos gabinetes. As histórias são muito interessantes.
História de Brasília
Há muitos dados técnicos que poderíamos exibir, mas o que interessa a você, leitor, é isto. Por todo o mês de março, continuará a mesma dificuldade, até que Cachoeira Dourada possa produzir mais, com a baixa das águas. (Publicada em 22/3/1962)
VISTO, LIDO E OUVIDO – Abre as asas sobre nós
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com Circe Cunha e Mamfil
No Evangelho de Cristo, o sentido de liberdade e principalmente a busca de libertação das amarras e agruras do mundo estão associadas à luta contra o que a Igreja chama de pecado. Nesse sentido, o pecado não seria muito distante de tudo aquilo, que de uma forma ou outra, atenta contra a dignidade humana.
À libertação do que a Igreja qualifica como pecado está associado também a tudo que nesse mundo, ou no plano secular, contribui para a infelicidade do ser humano. A plenitude humana se liga à libertação dos muitos grilhões que aprisionam o homem, quer no plano econômico, cultural, social ou político.
Só há verdadeira liberdade, no sentido do Evangelho, quando essa alcança a dignidade do homem sobre a Terra. Afinal, a opressão exercida contra a plena liberdade humana é, antes de tudo, um pecado tanto no âmbito espiritual como terreno. Os obstáculos terrenos, não são impostos pelas condições exigidas no Evangelho, mas são, sobretudo, fruto da ação de homens contra homens.
É nesse ponto que o cercear das liberdades passa a constituir na mais grave das faltas sobre a Terra e contra o que orientam as luzes do céu. Assim, é que a liberdade é um ganho de dois mundos. A liberdade do espírito é também a liberdade da carne.
Não chega a ser uma surpresa o fato de que quanto mais os homens sentem na carne o sentimento opressor da falta de liberdade, mais e mais partem em busca de brechas que religuem a liberdade do espírito à sua condição humana. A liberdade que vem do Evangelho é sempre uma esperança para as brutalidades desse mundo. De fato, quando os homens negam a liberdade a outros, estão, em sentido direto, negando tudo aquilo que prega o Evangelho.
A transformação da Terra de Éden a inferno é obra humana, e não um castigo vindo do alto. Não há, pois, no sentido cristão, maior falta ou pecado do que negar a emancipação. Nenhuma política ou ação econômica e social, que vá concorrer para diminuir a liberdade humana pode ser vista como uma medida dentro do que prega o Evangelho.
Há uma interligação entre independência, dignidade humana e as condições necessárias para exercer essa liberdade plenamente na Terra. O céu e o inferno estão aqui no mesmo lugar, sendo que esse segundo é erguido por ação daqueles que, pelo poder que desfrutam momentaneamente permanecem longe do Evangelho.
Notem que o sentido de restrição dos direitos é sempre orientado para alcançar o outro distante e nunca erguida para todos igualmente. A liberdade é um dom de Deus e não pode, por isso mesmo, ser usada de forma leviana, para promover a desarmonia entre os homens.
Modernamente, podemos dizer que o estado do pecado é dado pelo Estado cerceador da liberdade. Não se enganem: a dignidade humana só é realizada plenamente quando a justiça passa a trabalhar pela verdade e pela liberdade. Não de alguns; mas de todos.
» A frase que foi pronunciada
“Quando o povo teme o governo, há tirania. Quando o governo teme o povo, há liberdade.”
John Basílio Barnhill.
Paixão
Por um preço bem acessível, a professora Maria das Dores Brigagão criou Ebooks, disponíveis na Amazon, que vão convencer a criançada de que o mundo da matemática é realmente fantástico. Sempre acompanhando o tempo, Brigagão compartilha sua paixão pelos números desde o início de Brasília, onde entre outras escolas ensinava no antigo Sacre Coeur de Marie. Para encontrar os livros basta informar o sobrenome da mestra.
Golpe?
Certamente, não é para conservar as bombas de combustível. Se fosse, o plástico protetor não precisaria estar em frente aos números, confundindo os clientes sobre o total a pagar.
Hoje
Na Câmara Legislativa do DF, a CPI dos Atos Antidemocráticos é transmitida pela TV Câmara Distrital, Youtube, e-Democracia. Às 10h.
» História de Brasília
Há muitos dados técnicos que poderíamos exibir, mas o que interessa a você, leitor, é isto. Por todo o mês de março, continuará a mesma dificuldade, até que Cachoeira Dourada possa produzir mais, com a baixa das águas.
(Publicada em 22/3/1962)
VISTO, LIDO E OUVIDO –
Criada por Ari Cunha desde 1960
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com Circe Cunha e Mamfil
Uma das questões que tem intrigado os historiadores em todo o mundo, ao longo de mais de dois séculos, diz respeito ao antagonismo envolvendo, de um lado, o cristianismo e seus valores e, de outro, as doutrinas de esquerda. Trata-se de uma longa guerra surda, que nem mesmo a Teologia da Libertação, com sua tentativa de apaziguamento entre Marx e Cristo, conseguiu conter.
Para o historiador Edward Gibbon (1737-1794), autor do monumental clássico A História do Declínio e Queda do Império Romano, obra considerada um marco para a ciência histórica moderna, a decadência do Império Romano, é atribuída, pari passu, à decadência moral de seus dirigentes. Inclui-se nesse declínio moral acentuado, além de outros fatores, a corrupção, a lassidão e a busca por satisfação pessoal imoderada, fenômenos que passaram a contaminar os governos romanos. De certa forma foi graças ao humanismo, inerente ao cristianismo, que, nessa época, se expandia devagar pela Grécia e Roma, que a civilização Ocidental e seus valores culturais e morais não foram totalmente arruinados.
Ao longo da história, houve momentos em que o cristianismo e as ideologias de esquerda se encontraram em conflito. Parte disso pode ser atribuída às diferentes visões sobre questões sociais e políticas. O cristianismo tradicional, com suas raízes na doutrina cristã, muitas vezes foi associado a valores conservadores e a estruturas sociais estabelecidas. Enquanto isso, as ideologias de esquerda, geralmente buscam a igualdade social, a justiça e a mudança nas estruturas de poder existentes.
Há aqui um embate entre o secular e o espiritual. A Teologia da Libertação é, como se sabe, uma corrente teológica que surgiu na América Latina, principalmente nas décadas de 1960 e 1970. Ela procurava conciliar os ensinamentos cristãos com as questões sociais e políticas da região, abordando temas como pobreza, opressão e desigualdade. Embora tenha sido uma tentativa de aproximação entre o cristianismo e algumas pautas da esquerda, a Teologia da Libertação também gerou controvérsias dentro da própria Igreja Católica.
Em o Declínio do Império Romano, Edward Gibbon, destacou a corrupção, a falta de virtude e a busca por interesses pessoais acima dos interesses do Estado como elementos que corroeram a estrutura do Império. O Humanismo cristão, ao enfatizar a dignidade e o valores intrínsecos da pessoa humana, foi uma influência importante na cultura ocidental e também contribuiu para a preservação de certos valores morais e culturais durante períodos de instabilidade política da Roma antiga. Nesse sentido, o Cristianismo desempenhou um papel relevante na formação dos valores ocidentais.
É essencial destacar que as relações entre religião, política e cultura são extremamente complexas e multifacetadas. Não é como muitos podem crer, que o controle exercido no âmbito da religião, sobretudo o controle moral, se torna uma pedra no sapato apertado das esquerdas. O que separa o cristão do comunismo é a dicotomia entre o materialismo e o espírito. O que as esquerdas não aceitam é que o cristianismo possa relevar valores inerentes ao homem que Estado algum possa suprir.
O cristianismo é uma das principais religiões monoteístas e tem suas origens na vida e nos ensinamentos de Jesus Cristo, conforme descritos no Novo Testamento da Bíblia. Por meio dos ensinamentos de amor, compaixão, perdão e justiça social presentes no Novo Testamento, o Cristianismo influenciou a ética e os valores morais de muitas sociedades ocidentais.
Esses princípios fundamentais tiveram um impacto significativo na maneira de como as pessoas interagem umas com as outras, como as leis são formuladas e como as instituições são organizadas. Vale ressaltar que, embora o Cristianismo tenha sido uma influência dominante na moralidade ocidental, também existem outras tradições religiosas e filosóficas que contribuíram para a evolução dos valores morais na região.
O pensamento grego antigo, a tradição judaica e outras filosofias e as crenças religiosas também desempenharam papéis importantes na formação dos valores éticos e morais da cultura ocidental. Além disso, a busca pelo exercício livre da religião é um direito fundamental em muitas sociedades democráticas. A liberdade religiosa permite que as pessoas pratiquem suas crenças e tradições sem medo de perseguição ou discriminação.
Essa liberdade tem sido um princípio importante na definição de muitas nações ocidentais modernas. É importante notar que, apesar das influências históricas do Cristianismo na moralidade ocidental, as sociedades modernas são cada vez mais diversas e multiculturais. À medida em que as populações se tornam mais globalizadas, as tradições religiosas, éticas e morais têm se enriquecido com uma variedade de perspectivas e influências. Assim, os valores que sustentam as instituições contemporâneas são frequentemente o resultado de um processo complexo e em constante evolução, que envolve várias tradições culturais e filosóficas.
» A frase que foi pronunciada
“Nossas vidas começam a terminar no dia em que nos calamos sobre as coisas que importam.”
Martin Luther King Júnior
» História de Brasília
Mas a linha de Três Marias custará dois bilhões e meio, e o país não dispõe de dinheiro para isto. Há a possibilidade de uma usina do Tocantins, e isto é motivo para novos estudos. (Publicada em 22/3/1962)
Uma das questões que intrigado os historiadores em todo o mundo, ao longo de mais de dois séculos, diz respeito ao antagonismo envolvendo de um lado o Cristianismo e seus valores e de outro as doutrinas de esquerda. Trata-se aqui de uma longa guerra surda, que nem mesmo a Teologia da Libertação, com sua tentativa de apaziguamento entre Marx e Cristo, conseguiu conter. Para o historiador Edward Gibbon (1737-1794), autor do monumental clássico “A História do Declínio e Queda do Império Romano”, obra considerada um marco para a ciência histórica Moderna, a decadência do Império Romano, é atribuída, par i passo a decadência moral de seus dirigentes. Inclui-se nesse declínio moral acentuado, além de outros fatores, a corrupção, a lassidão e a busca por satisfação pessoal imoderada, fenômenos que passaram a contaminar os governos romanos. De certa forma foi graças ao Humanismo, inerente ao Cristianismo , que nessa época se expandia devagar pela Grécia e Roma, que a civilização Ocidental e seus valores culturais e morais não foram totalmente arruinados.
Ao longo da história, houve momentos em que o Cristianismo e as ideologias de esquerda se encontraram em conflito. Parte disso pode ser atribuída às diferentes visões sobre questões sociais e políticas. O Cristianismo tradicional, com suas raízes na doutrina cristã, muitas vezes foi associado a valores conservadores e a estruturas sociais estabelecidas. Enquanto isso, as ideologias de esquerda geralmente buscam a igualdade social, a justiça e a mudança nas estruturas de poder existentes. Há aqui um embate entre o secular e o espiritual. A Teologia da Libertação é , como se sabe, uma corrente teológica que surgiu na América Latina, principalmente nas décadas de 1960 e 1970. Ela procurava conciliar os ensinamentos cristãos com as questões sociais e políticas da região, abordando temas como pobreza, opressão e desigualdade. Embora tenha sido uma tentativa de aproximação entre o Cristianismo e algumas pautas da esquerda, a Teologia da Libertação também gerou controvérsias dentro da própria Igreja Católica. Em o “Declínio do Império Romano: Edward Gibbon, como foi dito, atribuiu a decadência moral dos líderes romanos como um dos fatores que contribuíram para o declínio do Império Romano. Ele destacou a corrupção, a falta de virtude e a busca por interesses pessoais acima dos interesses do Estado como elementos que corroeram a estrutura do Império. O Humanismo cristão, ao enfatizar a dignidade e o valores intrínsecos da pessoa humana, foi uma influência importante na cultura ocidental e também contribuiu para a preservação de certos valores morais e culturais durante períodos de instabilidade política da Roma antiga. Nesse sentido, o Cristianismo desempenhou um papel relevante na formação dos valores ocidentais.
É essencial destacar que as relações entre religião, política e cultura são extremamente complexas e multifacetadas. Não é como muitos podem crer, que o controle exercido no âmbito da religião, sobretudo o controle moral, se torna uma pedra no sapato apertado das esquerdas. O que separa o Cristão do comunismo é a dicotomia entre o materialismo e o espírito. O que as esquerdas não aceitam é que o Cristianismo pode relevar valores inerentes ao homem que Estado algum pode suprir. O cristianismo desempenhou um papel significativo na formação da moralidade e dos valores da cultura ocidental ao longo dos séculos. O cristianismo é uma das principais religiões monoteístas e tem suas origens na vida e nos ensinamentos de Jesus Cristo, conforme descritos no Novo Testamento da Bíblia. Através dos ensinamentos de amor, compaixão, perdão e justiça social presentes no Novo Testamento, o cristianismo influenciou a ética e os valores morais de muitas sociedades ocidentais. Esses princípios fundamentais tiveram um impacto significativo na maneira como as pessoas interagem umas com as outras, como as leis são formuladas e como as instituições são organizadas. Vale ressaltar que, embora o cristianismo tenha sido uma influência dominante na moralidade ocidental, também existem outras tradições religiosas e filosóficas que contribuíram para a evolução dos valores morais na região. O pensamento grego antigo, a tradição judaica e outras filosofias e crenças religiosas também desempenharam papéis importantes na formação dos valores éticos e morais da cultura ocidental. Além disso, a busca pelo exercício livre da religião é um direito fundamental em muitas sociedades democráticas. A liberdade religiosa permite que as pessoas pratiquem suas crenças e tradições sem medo de perseguição ou discriminação. Essa liberdade tem sido um princípio importante na definição de muitas nações ocidentais modernas. É importante notar que, apesar das influências históricas do cristianismo na moralidade ocidental, as sociedades modernas são cada vez mais diversas e multiculturais. À medida que as populações se tornam mais globalizadas, as tradições religiosas, éticas e morais têm se enriquecido com uma variedade de perspectivas e influências. Assim, os valores que sustentam as instituições contemporâneas são frequentemente o resultado de um processo complexo e em constante evolução, que envolve várias tradições culturais e filosóficas.
Integrar a equipe de governo do atual presidente, principalmente no primeiro escalão, não é tarefa para amadores em política, pois exige do contemplado com cargo no ministério ou estatal de ponta, mais do que expertise nas artes da política. Para quem embarca nessa missão, é preciso deixar de lado, quaisquer traços de amor-próprio ou autoestima. Só há lugar no palco e perante os holofotes para um único indivíduo, o chefe do Executivo.
Estar ministro ou presidente de alguma estatal ou órgão público relevante, não faz desse ocupante um plenipotenciário em seu posto e muito menos garante sua permanência por muito tempo. Por detrás de toda essa instabilidade nos cargos, estão, além da astúcia política do atual presidente da República, a insatisfação e ganância das muitas legendas atraídas para dar apoio as propostas de interesse do governo.
Também nesse quesito fica entendido que o presidente cumpre sua parte nesses acordos com os partidos ao nomear o elemento indicado pela legenda. Mas isso não quer dizer que o agraciado terá vida longa no governo. Com isso, um posto no comando de um ministério ou outra instituição pública pode ser ocupado, ao longo dos quatro anos, por vários indicados, numa rotatividade que é sempre acionada quando o apoio nas votações de interesse do governo é demandado.
Quando uma equipe de governo é composta, majoritariamente com base critérios políticos, dentro da lógica do “toma lá dá cá”, ou seja, baseada no lastro político, estar ministro ou presidente de algum órgão é bem diferente de ser ministro ou presidente de alguma coisa. Nada é, tudo está enquanto for de interesse do governo e daquele núcleo duro que o rodeia.
Note que entre esse núcleo duro pode estar também um out sider como a primeira dama. Nesse quesito, pode-se afirmar que o candidato que não cair nas graças da primeira dama, já pode se considerar ou na corda bamba ou fora de questão. É a vida como ela é hoje. Talvez a proximidade geográfica entre os Palácios da Alvorada e do Planalto expliquem esse fenômeno. O que houve agora com a ministra do Planejamento, Simone Tebet, com o presidente Lula trazendo para o comando do IBGE, um aliado político importante, aconteceu sem sequer consultá-la. Essa medida, mostra o nível de relacionamento entre o chefe do Executivo e sua equipe.
Situações como essa ocorrem a todo o momento. Acontece que nesse caso específico o nomeado, Márcio Pochmann, oriundo da ala radical do PT, é figura polêmica e já teve passagem tumultuada no Ipea. Por certo não seria a escolha de Tebet e não será surpresa caso venha a provocar conflitos internos no IBGE e com a ministra do Planejamento. É o tal do presente de Grego, que a ministra terá que engolir. Todo esse imbróglio é o preço a ser pago pelas alianças políticas e pela falta de um programa de governo coerente e pré elaborado.
Governa-se ao sabor da música, tocada pela desafinada ala política. São lições do passado que não foram aprendidas. Tivesse composto sua equipe com base em critérios técnicos, como deveria ser lei, nada dessa dança infinda das cadeiras ocorreria. As reformas ministeriais cíclicas explicam, em parte esse, refazer constante, onde o menos importante é o escolhido para as vagas. Nesse caso temos a contradição que explica que o mais importante é o que menos importa.
A frase que foi pronunciada:
“A democracia e o socialismo não têm nada em comum, exceto uma palavra: igualdade. Mas observe a diferença: enquanto a democracia busca a igualdade na liberdade, o socialismo busca a igualdade na moderação e na servidão.”
Alexis de Tocqueville
Cultura
O Museu das Mulheres convida para a abertura da Mostra Trajetórias Femininas: primeira geração de artistas plásticas de Brasília com curadoria de Sissa Aneleh (Diretora do museu). Na Caixa Cultural de Brasília, no dia 01 de agosto, a partir de 19h.
Habitual
Um dos problemas os bairros de classe média alta é que em muitos endereços, principalmente naqueles lotes que margeiam as rodovias, a falta de uma legislação mais impositiva, permitiu que ao longo do tempo as áreas privadas avançassem sobre as áreas públicas, estrangulando as calçadas, que ainda são bloqueadas pela colocação de inúmeros postes de energia elétrica. Não há acessibilidade adequada nesses dois bairros, obrigando idosos e cadeirantes a ficarem presos dentro de casa ou a transitarem em meio aos carros.
História de Brasília
A hidrelétrica de Paranoá estará pronta a 21 de abril. Mas não esperem por um funcionamento imediato. Haverá o tempo necessário para testes, o mesmo acontecendo com a termelétrica, que funcionará plenamente em maio. (Publicada em 22.03.1962)
Criada por Ari Cunha desde 1960
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com Circe Cunha e Mamfil
Ainda não será nessa legislatura que a reforma política ganhará o ímpeto necessário para ser discutida ou votada. É uma pena, pois trata-se, na visão da maioria dos cientistas políticos, a mais importante de todas as reformas, capaz de tirar o país para sempre da pasmaceira atual. Não por outra a reforma política é também chamada de mãe de todas as reformas, pois a partir dela todas as outras mudanças necessárias para o país viriam numa sequência natural.
A questão é que aqueles que deveriam ser os autores e protagonistas dessa mudança, sequer ventilam a possibilidade de levar esse projeto à frente. A razão é simples: uma vez realizada, dentro dos parâmetros exigidos pela população, muitos dos atuais beneficiários desse modelo arcaico perderiam seus privilégios e principalmente as boquinhas advindas de um modelo que nada possui de democrático ou correto, do ponto de vista da ética pública.
Para a população, que arca com todas as atuais mordomias dos políticos profissionais, uma reforma política, profunda e radical, seria a glória e o fim de um Estado corporativista e perdulário, marcando o início de um país moderno e igualitário. Isso posto, vê-se logo que os atuais representantes, eleitos pelos cidadãos, não estão, em sua grande maioria, cumprindo aquilo que desejam os eleitores, portanto não os representam com a legitimidade devida, muito pelo contrário, traem quem os elegeu.
Desde sempre a nação está a exigir alterações legais, que alterem tanto o sistema eleitoral como o político. Não é segredo para ninguém que uma reforma política séria poria fim ao principal problema enfrentado pelo país que é a corrupção. Outro ganho com essa reforma se faria sentir na qualidade de nossa democracia, já que envolveria a participação da população em todo o processo, trazendo o cidadão para dentro das decisões nacionais. Por certo, o caminho parece espinhoso, mas contando com o apoio e o entusiasmo dos brasileiros, essa jornada se faria com mais tranquilidade.
Para a sociedade é preciso resolver, o quanto antes, o problema do financiamento das campanhas, reduzindo e racionalizando tanto as verbas públicas como as privadas. Para isso se faria necessário o enxugamento no número exagerado de legendas, reduzindo-as para quatro ou cinco agremiações políticas realmente representativas, com programas e diretrizes sólidas e que contasse com o apoio de um número significativo de eleitores.
Hoje, como se sabe, boa parte das legendas políticas, atuam como entidades privadas que nada contribuem para o desenvolvimento de nossa democracia. Vivem flutuando de um lado para o outro, ao sabor das conveniências, ora integrando a oposição, ora agindo como governo, num esquema sem identidade e sem ideologia.
Deixar que os parlamentares ajustem por eles próprios, os valores dos Fundos Eleitorais e de Partidários, tem provocado verdadeira revolta nos eleitores, que se sentem traídos e enganados pela classe política. Com o enxugamento de legendas e com cortes nos Fundos destinados aos partidos e as eleições, acabariam as chamadas campanhas multimilionárias, que nada trazem de proveitoso para os brasileiros.
Outro ponto a ser focado nessa reforma seria a coligação partidária, pondo também um fim nesse modelo, que só beneficia os pequenos partidos, sem representatividade, que vivem desse expediente espúrio, apenas para o benefício de seus dirigentes.
Há ainda questões como o voto proporcional, que elegem candidatos sem maiores expressões, guindados ao poder apenas com os votos da legenda. Outra medida que irá impactar na vida dos brasileiros será a adoção do voto distrital, obrigando o candidato a ter uma extensa lista de trabalhos efetuados em seu distrito em prol da sua comunidade, o que aproximaria, de fato, os políticos de suas bases eleitorais. Dando maior legitimidade e responsabilidade ao mandato.
Outras medidas importantes que caberiam numa reforma política de respeito seriam o fim do voto secreto, a exigência de cumprimento de todo o mandato, o recall para os políticos ineficientes, além, é claro do estabelecimento da ficha limpa para todos e quaisquer candidatos.
Nenhuma reforma política estaria completa sem uma reforma também no sistema eleitoral. Nesse ponto o estabelecimento do voto impresso, como quer a maioria dos eleitores brasileiros, seria uma medida que traria grande segurança ao sistema, acabando com as dúvidas e toda desconfiança que ainda paira sobre o atual modelo.
A frase que foi pronunciada:
“Eu prefiro mandato de cinco anos sem reeleição porque acho que cinco anos é um tempo bom. Isso vai entrar no processo de reforma política. Pretendo convencer os partidos políticos a apresentar o programa de reforma política.”
Lula em 2006
História de Brasília
Os medidores, quando solicitados pelo DFL, custavam uma importância. Não atenderam. Hoje, custam quase três vêzes mais, e ninguém se dispõe a autorizar sua compra. (Publicada em 22.03.1962)
Criada por Ari Cunha desde 1960
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com Circe Cunha e Mamfil
Um dos passivos, e talvez um dos mais nefastos, gerados pelos treze anos de governo petista, com suas pretensões extemporâneas de reerguer o Muro de Berlim, pulverizado com o fim da União Soviética, incidiu, sobremaneira sobre as relações exteriores do Brasil com o restante do mundo.
A nova reorientação nessas relações imposta de cima para baixo, desprezando mais de um século de experiências acumuladas nesse complexo ofício, fazendo o país voltar as costas para seus antigos parceiros, mais do que desconstruir, da noite para o dia, esse intrincado relógio, levou-nos à uma posição de unilateralidade, de onde passamos a enxergar apenas parceiros ligados e simpáticos ao governo de turno. Com isso, foi estabelecida uma nova metodologia nas relações com o exterior, onde o que importava agora não eram os benefícios reais para o Brasil, mas uma construção abstrata que fazia do Brasil uma espécie de farol a guiar o imenso transatlântico à deriva que se tornou o mundo bipolarizado depois de 1989.
Obviamente que numa posição como essa, os ônus para o Brasil em suas relações com o restante do mundo, seriam, como a prática assim confirmou, muito maiores. O que amainou e tornaria esses estragos um pouco menores, num primeiro momento, foram fatores alheios à essa reorientação de viés ideológicos e mais fincados no mundo real e representados, principalmente pelo boom nos preços das commodities. Não fosse por esse momento insólito, propiciado pelas exportações de produtos in natura, e que traria um certo alívio nas finanças públicas, dificilmente o Brasil suportaria a continuação dessa orientação requentada de terceiro mundismo. Como parte didática desse novo Ministério das Relações Exteriores que nascia, artificialmente, de fora para dentro, foi providenciada uma espécie de cartilha ou catecismo a ser seguida pelos profissionais desse métier.
Até mesmo o titular da pasta, num gesto inusitado e sintomático, filiou-se ao partido do governo, transformando-se num executor, dentro do ministério, das diretrizes do partido, alheio, portando, aos interesses do Estado. O preço pago pelo País, por conta dessa nova reorientação poderia até ser medido em termos quantitativos, como, por exemplo, no atraso do programa espacial, no que diz respeito ao mercado de satélites de telecomunicações, entre outros passivos. É de se salientar também que para os planos puramente materiais de nosso País, o novíssimo modelo adotado pelas relações exteriores, resultou numa transferência de bilhões de reais, por meio de um BNDES ardilosamente remodelado para atuar no exterior, aos países que comungavam o mesmo credo e que, como é sabido, não honraram , até hoje esses “empréstimos”.
Os prejuízos mais significativos, e talvez mais duradouros viriam com a perda de credibilidade perante o mundo, construída, a duras penas, ao longo de mais de um século de diplomacia. Deu no que deu.
A frase que foi pronunciada:
“Antes mesmo das reformas política, tributária e previdenciária, o Brasil precisa é de uma reforma psicanalítica”.
Nelson Motta, jornalista brasileiro
Belo dia
Uma beleza passar o dia no Jardim Botânico. Belas trilhas para seguir pedalando. O porteiro e outros funcionários muito educados, brinquedos diversificados para a meninada, latas de lixo para manter o ambiente saudável. Apenas os banheiros estão em estado deplorável. Velhos e sem manutenção. Com pouca verba é possível uma restauração. Nenhuma depredação no local.
Institucional
Um batalhão de servidores públicos do Judiciário, do Legislativo e do Executivo tanto federal quanto distrital aposentado. São pessoas experientes que muito tem a contribuir com o país e com a capital. É hora de termos um conselho de notáveis para ser ouvido pela sociedade.
Regras
Governador Ibaneis Rocha disse que população não admite o pagamento de um salário de R$ 17 mil para o jardineiro da Novacap. Quem não deveria admitir é o GDF. A Controladoria-Geral do Distrito Federal (CGDF) faz pente fino nas folhas salariais das empresas públicas e cargos de diretores também extrapolam a linha do bom senso quanto ao pagamento. O que vai ser feito não foi anunciado.
Exposição
Hoje e amanhã Felipe Morozini (A cidade inspira – Palavras) e Jean Matos (Pulso), apresentam Itinerante em Casa. Na Praça Central do Casapark. No blog do Ari Cunha mais detalhes.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA 27/07/2019
Lamentamos o ocorrido, e louvamos a atitude da Sousenge, prometendo pagamento de cem por cento. Gente honesta, que se meteu num bom negócio, que de uma hora para outra se transformou, por causa do governo inimigo de Brasília, em grandes dificuldades. (Publicado em 25/11/1961)
VISTO, LIDO E OUVIDO – Democracia direta
Criada por Ari Cunha desde 1960
jornalistacircecunha@gmail.com
com Circe Cunha e Mamfil
Ao longo da história, a democracia tem evoluído de modo mais lento do que as sociedades exigem. Há, desde sempre, múltiplos desafios significativos para garantir uma verdadeira participação política igualitária para todos os cidadãos capazes de envolver todo no destino comum do país. Embora com algumas críticas, a participação direta na gestão pública tem sido apontada como um caminho possível. Trata-se de uma abordagem importante para enfrentar os desafios atuais e construir sociedades mais justas e inclusivas. A desilusão com o modelo de representação atual, quando se verifica que os políticos estão mais interessados em resolver suas regalias e seus problemas imediatos, tem levado alguns teóricos a insistir num maior envolvimento da população no governo.
A participação direta requer o envolvimento ativo dos cidadãos nas decisões políticas e na vida pública, sem depender, exclusiva e excessivamente, dos representantes eleitos. Só que isso parece requerer muito trabalho e esforço, além de exigir uma sociedade mais dinâmica e disposta para enfrentar os desafios de governar. De toda a forma, os ingredientes para que isso ocorra de modo racional existem, podendo ser alcançados por meio dos tradicionais mecanismos como plebiscitos, referendos, assembleias populares, audiências públicas e outras formas de consulta direta à população.
Razão para que isso aconteça o mais breve possível existe aos milhões. A participação direta é importante e pode promover uma democracia mais efetiva, inclusiva e com maior igualdade. A participação direta do povo na gestão do país permite que todos os cidadãos tenham a oportunidades iguais de expressar suas opiniões e, com isso, influenciar mais fortemente as principais decisões políticas, sobretudo aquelas que afligem os cidadãos. Esse modelo é, especialmente, relevante para grupos minoritários e marginalizados que, muitas vezes, têm suas vozes ignoradas ou sub-representadas nos processos políticos tradicionais.
Empoderamento cívico é fundamental para sustentar uma democracia sadia. Permitir que os cidadãos participem ativamente do processo político, de forma direta, incentiva o senso de responsabilidade de cada um. Não por outra razão, em países, onde os cidadãos se envolvem mais ativamente no governo e se engajam mais nos assuntos do Estado, alcançam maiores resultados positivos na vida de todos. Esperar que tudo seja feito apenas pelo governo, tem sido um dos pontos fracos de nossa democracia e razão de nossas crises institucionais cíclicas.
A população colocada à margem de tudo o que se passa na gestão pública contribui ainda para que os casos de corrupção aconteçam repetidamente. Quanto mais mal informados sobre os bastidores do poder, mais e mais os cidadãos têm sua vida afetada de forma negativa. O lema que deveria ser adotado por todos os brasileiros doravante poderia ser: “Nada do que ocorre no Estado e no governo me é estranho”.
A vida comunitária depende da vontade de participação de cada um na gestão da coisa pública. Não é segredo para ninguém a afirmação de que a participação direta de todos permite que as pessoas estejam mais envolvidas nas questões políticas do dia a dia e, portanto, tenham acesso às informações relevantes para tomarem decisões in loco e para o bem das comunidades. Isso pode levar a políticas mais bem fundamentadas e melhores resultados para a sociedade como um todo.
O combate à corrupção e clientelismo podem ser sensivelmente reduzidos com a participação direta de todos, minorando o poder concentrado em mãos de poucos e, com isso aumentando a transparência nas decisões políticas. Também a chancela democrática, com a maior inclusão dos cidadãos na tomada de decisões políticas, pode aumentar a legitimidade das próprias políticas públicas, uma vez que elas são resultado da vontade expressa dessa mesma população.
Apesar de seus benefícios, a participação direta também enfrenta desafios, como a necessidade de garantir que as informações sejam acessíveis a todos, evitando a manipulação de opiniões e garantindo que todos os segmentos da população sejam devidamente representados. No entanto, com a adoção de tecnologias adequadas e o compromisso das instituições democráticas em valorizar a participação direta, é possível avançar em direção a sociedades mais justas e inclusivas. O problema é que nossos políticos, principalmente aqueles que adquiriram a condição de políticos profissionais, dificilmente deixarão que isso aconteça. A democracia direta parece ser um risco apenas para aqueles que fazem da política um meio de vida. A democracia que queremos é aquela que nós temos que lutar por ela. Luta, portanto, é uma missão indelegável.
» A frase que foi pronunciada
“A Constituição é a bíblia daqueles que têm fé na democracia.”
Whelchess
» História de Brasília
Ontem, estivemos em Goiânia, na sede da CELG, e participamos do interesse dos seus técnicos na solução do problema. Estão todos voltados para a segunda etapa da Cachoeira Dourada, mas nada podem fazer, senão as obras civis, que estão bem adiantadas. (Publicada em 22/3/1962)
Diz com muita propriedade o Salmo 52 que os peixes morrem pela boca e os homens pela língua. Infelizmente esse é um alerta que poucos têm dado ouvidos, sobretudo a classe política de nosso país, historicamente sempre ávida por marcar posições através daquilo que dizem. Servisse de guia e de orientação a ser seguida, muitos contratempos poderiam ser evitados, sobretudo aqueles que acabam gerando crises institucionais.
Não é de hoje que as crises políticas que abalam o país e que de certo modo atrapalham o pleno desenvolvimento da nação, são geradas por falas mal pensadas ou saídas da boca sem passar antes pelo cérebro. A verborragia é a arte dos parlapatões ou dos boquirrotos. Espremidas e peneiradas pela razão e o bom senso, não sobram, senão salivas. Mas pelo mal que, por séculos, têm causado ao país e aos brasileiros, as falas soltas deveriam ser detidas a tempo de não aumentarem nossos infortúnios, que não são poucos.
Para quem se detém em analisar o que nossas lideranças políticas dizem a torto e a direito e de modo despretensioso, o que deixam escapar, sem querer, e o que dizem é aquilo que gostariam de fazer de fato. Para os parlamentares e os que vivem da fala e do discurso, a tarefa de exercitar a mente para educar a língua é sempre um trabalho difícil, mas necessário.
Curioso que temos nesse momento histórico em que vivemos, dois personagens, situados em lados extremos da política, e de tão antagônicos, praticamente se tocam em similitude quando a questão é verborragia e a língua solta. Lula e Bolsonaro são dois grandes parlapatões da atual cena política nacional, e por esse destempero vocal, transformados num misto de vício e mania, já foram muito além do razoável e já causaram diversos danos a si e aos cidadãos desse país. A diferença aqui é que a frouxidão de Lula com a língua parece se estender também para uma lassidão no campo da ética.
Esses personagens falam, como se diz, pelos cotovelos e se mostram também, nas entrelinhas quem são. De Bolsonaro, pode-se dizer, perdeu a eleição em novembro de 2022, em parte pela sua verborragia durante seu mandato, comprando brigas e intrigas desnecessárias, indispondo-se com a Stablishment e outros próceres do sistema, queimando pontes e causando conflitos, que ao final vieram lhe prejudicar, colocando parte da imprensa, do Judiciário e do Parlamento contra seu governo. O problema aqui, aliado a língua solta, era o excesso de franqueza e de sentimentos contraditórios que percebia em seu entorno e que foram potencialmente elevados, depois da tentativa de assassinato e seus efeitos físicos posteriores, que passou a experimentar com esse atentado.
De fato, Bolsonaro foi o personagem mais atacado em toda a história de nossa República e ainda segue colhendo infortúnios e perseguições de todos os lados. Mesmo tendo sobrevivido à uma verdadeira guerra, travada em diversas frentes contra ele, Bolsonaro, conseguiu a proeza de se tornar querido junto a grande parcela da população brasileira, por onde transita com facilidade e sempre cercado de grande multidão.
Lula, Lula, Lula, como dizia José Dirceu, com reticências cheias de histórias mal contadas, tornou-se um personagem folclórico da história política brasileira, justamente por sua língua solta que parece dançar dentro da boca. Trata-se aqui de um verdadeiro Macunaíma, o herói sem caráter, o encantador de serpentes incautas. Lula vive hoje, por seus malabarismos passados, a contradição de ser, talvez, o único presidente da República que não pode transitar tranquilamente em vias e praças públicas. De tanto que fala, pode-se inferir que nesse personagem ímpar, estão irmanados diversos outros personagens. Sua língua destrambelhada parece comandada por diversas entidades distintas. Foi com essa lábia toda que construiu seu itinerário político e com ela se mantém em pé até hoje. Seu retorno à vida política nacional, não foi obra apenas sua. Foi resgatado do fundo do poço por um Judiciário açoitado pela língua de Bolsonaro.
Hoje a língua solta de Lula causa transtornos na cena nacional e internacional. Diz o que diz e depois se desdiz com a mesma facilidade. Pena que durante os debates políticos transmitidos pela TV, a regras demasiadas estreitas não permitiram que esses dois personagens pudessem duelar livremente, numa batalha de línguas, mais afiadas que espada espartana, mais venenosas que língua de sogra.
A frase que foi pronunciada:
“O problema com ela é que ela tem o poder da fala, não o poder da conversa.”
George Bernard Shaw
Lei Distrital
Uma só festa na Torre Digital foi capaz de incomodar Asa Norte, Lago Norte e Paranoá sem que as autoridades tomassem providências para evitar reincidência. Bastava aplicar a lei do Silêncio, já que a festa foi da tarde do dia anterior até 6h da manhã do dia seguinte. Talvez a solução seja uma lei impondo que todo responsável por festa rave, ou similar, seja obrigado a distribuir fones de ouvido para cada convidado, assim como se faz com os óculos em filmes de 3 dimensões. Que curtam a festa com seus próprios ouvidos, sem incomodar quem paga os impostos em dia.
História de Brasília
O pessoal de portaria é arrebanhado (há exceções) entre os operários das obras, e é incapaz de dar uma informação, de manter asseada uma entrada, de zelar pelo bloco. (Publicada em 21.03.1962)