Desenhando a própria forca

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com Circe Cunha  e Mamfil

Se for analisada de perto e pela lupa da razão, por certo que a crise cíclica que assola o país e particularmente os estados, tem, como alguns de seus componentes básicos e originários, a total falta de competência, preparo e disposição da maioria das autoridades responsáveis pela administração da máquina pública.

É certo que, ao se aliar a incompetência e o despreparo habituais de nossas lideranças políticas aos atributos nefastos da corrupção e da falta de ética — que rói por dentro os recursos que seriam destinados ao bem-estar — à seguridade e à segurança da sociedade, o que vemos e sentimos bem na nossa frente é um país mergulhado no mais absoluto caos.

Em outras palavras, o que temos no comando da administração pública de modo geral, com as exceções de praxe, são dirigentes subescolarizados. E o que é pior: coniventes com práticas desleais, para não dizer criminosas. A falta de preparo intelectual é, em nosso caso, substituída pela mais refinada esperteza, misturada com uma certa dose de malemolência, que faz da população presa fácil e dócil para a perpetuação dessas anomalias históricas.

De outra forma, como explicar que, sendo o quarto maior mercado de automóveis do mundo e o quinto produtor global desse bem econômico, ocupamos o primeiríssimo lugar do planeta no quesito preço alto dos carros? Como entender que, sendo o maior produtor mundial de proteína animal, com o maior rebanho bovino da Terra, os preços desse produto internamente são os mais altos e, portanto, mais inacessíveis à população?

Da mesma forma, como explicar que, sendo o Brasil um dos campeões globais na produção de grãos, persistimos com valores tão altos? Com 8,5 mil km de costa marinha, nosso peixe é o mais caro. O mesmo se repete com a extração e o refino do petróleo. No entanto, contamos com a gasolina e o diesel mais caros e de qualidades duvidosas do que países onde não se acha uma gota sequer de petróleo.

Uma das explicações que melhor nos aproxima da verdade dos fatos é que prosseguimos com uma das maiores e mais vorazes máquinas públicas do planeta. Operada e habitada por uma elite, na sua maior parte formada por pessoas oriundas de nossas escolas deficientes que insistem em manter o comportamento duvidoso e oscilante de seus ancestrais. E que, obviamente, só estão onde estão porque anseiam ser iguais aos seus antepassados, dentro da perspectiva de que “quem sai aos seus não degenera.”

É por motivos prosaicos como esses que chegamos ao ridículo de assistirmos impassíveis à publicação agora de um edital público oferecendo prêmios às melhores ideias para a geração de receitas extra-tributárias para o Governo do Distrito Federal, organizada pela Escola de Governo (EGOV). É o mesmo que sugerir aos enforcados que projetem um modelo inovador de força ou de guilhotina.

 

A frase que foi pronunciada

“O principal ‘veneno’ da educação dos filhos é a culpa. Culpa de trabalhar fora, quando pensa que devia estar com os filhos. Culpa de estar com os filhos, quando acha que devia estar trabalhando.”

Içami Tiba

 

Saúde

» Hospital Sirio-Libanês, unidade de Brasília, inicia uma campanha com a intenção de chamar a atenção da população da cidade para o câncer de cabeça e pescoço. Esse é o quinto tumor mais comum do mundo. Hoje é o Dia Mundial de combate às duas doenças. Sintomas como nódulos ou caroços no pescoço, feridas na boca que não cicatrizam, dificuldade para engolir ou respirar, e alterações persistentes na voz devem ser observados com atenção. Segundo o oncologista Igor Morbeck, é importante consultar-se regularmente com um dentista. “Geralmente, o dentista é o profissional habilitado para o diagnóstico precoce”, destaca.

 

Memória

» É sempre prazeroso encontrar alguém para rememorar Brasília nos primeiros tempos. De repente, atendo a ligação da dona do Mundo da Criança, única loja de brinquedos da cidade nos anos 1960. Dona Eunice Beze. Com uma memória prodigiosa, ela resolveu, para o bem da história da cidade, escrever um livro sobre tudo o que foi, segundo ela, visto, lido, ouvido e vivido na época. Aguardamos ansiosos pelo resultado.

 

Show

» Agnaldo Timóteo vem a Brasília em 25 de agosto. O nome do show é: “Obrigado, Cauby”. Os ingressso já estão à venda no Teatro dos Bancários ou nas lojas bilheteriadigital.com.

 

Decibéis

» Todas as lanchonetes, pizzarias e restaurantes que entregam em domicílio têm uma fila de motoqueiros aguardando a vez para trabalhar. Ao receber a encomenda, aceleram as motos, muitas com o escapamento furado, o que aumenta o barulho. O resultado disso são moradores com os nervos à flor da pele, não conseguindo dormir até que o comércio feche as portas. Fica a dica para o Ibram, Detran e quem mais de direito.

 

História de Brasília

Há uma revolta popular, de norte a sul, contra as barganhas eleitorais, ou em troca de “apoios”. A insistência do PSP em receber melhor parte do bolo para dar apoio ao primeiro-ministro, a barganha em torno da Prefeitura de Brasília, o escândalo em torno de eleição de atuais governadores por estados diferentes, tudo isso está irritando terrivelmente o povo, e seus líderes precisam tomar conhecimento disso. (Publicada em 01/10/1961)

Por Brasília

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Infelizmente, as heranças pesadas deixadas para Rollemberg por administrações passadas, quando os cofres públicos foram esvaziados pela incúria e pela corrupção, tiveram o efeito prolongado de contaminar seu mandato, provocando estragos e desconfianças no seio da população que ainda não foram totalmente sanados.

A sociedade brasiliense reclama, nestes tempos de tristes revelações feitas pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, que, a partir de 2018, sejam adotadas novas fórmulas e novos métodos de governo, com o enxugamento radical da inchada máquina pública, com total transparência e eficiência. Obviamente, novo modelo de administração vai requerer, também, não apenas novos nomes, mas a indicação de pessoas totalmente ilibadas, sem máculas na Justiça e com notória experiência técnica e política.

Velhos conchavos e velhos arranjos, feitos apenas para turbinar chapas de ocasião, com currais eleitorais e interesseiros, representam, além de retrocesso a um tempo em que o governo era montado e organizado apenas para atender a gula desmedida dos dirigentes e seu grupo, uma aposta errada e arriscada.

A capital do país merece e reclama uma administração com nomes e modelos totalmente opostos a todos esses que até agora têm se insinuado e se apresentado como candidatos. Uma simples visita aos sites dos tribunais demonstra que a maioria dos nomes que aparecem à baila para disputar as próximas eleições no DF, em todos os cargos disponíveis, tem velhos rostos, com velhas propostas, e que, por várias vezes, demonstraram, na prática, os viciados e velhacos modelos de fazer política.

A insistência na escolha do que já foi testado e reprovado N vezes, por seus efeitos deletérios e pelos prejuízos que ainda provocam para a cidade, merece muito mais do que uma simples análise política, uma análise psicológica que explique certas tendências mórbidas por parte dos eleitores em repetir experiências mal-sucedidas.

 

A frase que foi pronunciada

“Deixemos entregues ao esquecimento e ao juízo da história os que não compreenderam e não amaram esta obra.”

Juscelino Kubitschek

 

Impunidade

» O foro privilegiado é fermento e instrumento da impunidade que nós temos hoje neste país. Há países, como Estados Unidos e França, que têm foro privilegiado para presidente e ministros, mas não têm para presidente do parlamento, para parlamentares, para governadores, para prefeitos; países como Alemanha e Itália, apenas para o presidente; a Inglaterra, a Argentina e o Chile não têm para ninguém. Parte do discurso de Reguffe pela aprovação do fim do foro privilegiado.

 

Ideia

» Divulgado pelo e-saude do Ministério da Saúde, um aplicativo em que os pacientes podem obter a informação do posto de saúde ou hospital mais próximo à residência. Melhor seria se a lista trouxesse os médicos de plantão, assim a população teria ferramentas para cobrar pelo atendimento.

 

Incoerência

» Enquanto a Agefis acaba com as pensões na W3 Sul com o argumento de que se trata de área residencial, o plano do GDF é liberar comércio nas residências do Lago Norte.

 

Resposta

» Anualmente, o Sebrae atende a pelo menos 2,5 milhões de pessoas, entre empresários e potenciais empreendedores. O Sebrae, portanto, considera um equívoco interpretar o registro de irrisórias 70 manifestações em um dos canais como sinal de declínio do atendimento da entidade.

 

Dados

» Ocorre que, depois de uma operação investigativa, o grupo Cascol sofreu intervenção do Cade, Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Houve o compromisso de que um quarto dos postos da cidade não participariam mais de cartel. Sobre o novo preço estipulado de surpresa, não foi obedecida a anterioridade nonagesimal.

 

Senado

» Senado anuncia para o fim do recesso quatro comissões de inquérito: duas sobre investigações do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social e empresas do grupo JBS. A CPI dos Maus-Tratos às Crianças, criada em abril, e a CPI da Previdência.

 

Infância

» Acontece nesta semana em São Luís, no Maranhão, o Encontro pela Infância do Estado. Secretários estaduais, prefeitos e Unicef, representado por Anyoli Sanabria López, chefe na Amazônia, discutindo estratégias

sobre como melhorar a vida das crianças maranhenses por meio da realização do Selo Unicef. As informações são de Ida Pietricovsky de Oliveira.

 

História de Brasília

Já que o assunto é Nordeste, o governo precisa ver que de lá surgirá o grande movimento de renovação social e precisa se enquadrar logo nesse movimento, respeitando-lhe as bases e podando as arestas dos arrivistas que surgirão fatalmente. (Publicada em 1/10/1961)

Personagens menores da República

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Num autêntico Estado Democrático de Direito, as instituições republicanas exercem papel fundamental e devem responder no âmbito de suas responsabilidades. Para tanto, esses organismos devem fazer por merecer a mais irrestrita e ampla confiança, de modo que os cidadãos percebam que, no comando do país, nos mais altos escalões da máquina pública, tomam assento os melhores nomes da nação. Ocupam altos cargos homens e mulheres, bem preparados tecnicamente e de comportamento ético irrepreensível. Obviamente, para atingir esse Olimpo, esses indivíduos especiais foram submetidos às mais duras provas, sendo selecionados entre o que o país tem de melhor em material humano. Quando alguns desses requisitos deixam de ser atendidos, o Estado começa a derivar para o caminho das incertezas, da falta de confiança e de apoio da população. A força dos que estão assentados em posição de mando e controle é, ao mesmo tempo, a sua maior fragilidade.

Expostos à vigilância diuturna da sociedade, num tempo de amplas comunicações, qualquer vacilo põe por terra reputações e currículo num piscar de olhos. Dessa forma, não se podem simplesmente deixar de lado, varrendo para baixo do tapete, as diversas revelações que vão vindo à tona com as investigações do Ministério Público e da Polícia Federal acerca dos megaescândalos descobertos até o presente, principalmente no que diz respeito à extensa lista de nomes que aparecem nesses episódios.

Muito se tem falado sobre o envolvimento de políticos e personalidades famosas nos atos  sombrios. Os muitos inquéritos abertos e algumas poucas condenações havidas não tiveram ainda o condão de fazer com que os citados nesses casos rumorosos tenham tomado a iniciativa pessoal de se afastarem dos altos cargos que ocupam até a conclusão final da Justiça. Motiva alguns desses personagens a permanecerem no exercício das nobres funções a certeza da impunidade, a blindagem do foro de prerrogativa, a morosidade da Justiça e a pouca memória dos cidadãos.

Em todo caso, fica a certeza de que muitos desses personagens estão a léguas de distância de merecerem de fato a posição que ocupam. Falta, à maioria de nossas lideranças nesta República tão enxovalhada, o real sentido de nobreza e de desprendimento do cargo ou função e, quando pairam dúvidas sobre as condutas morais, escondem a cabeça num buraco, feito avestruzes assustados, ou se fingem de mortos, como se já não estivessem de fato aos olhos da nação.

 

A frase que foi pronunciada

“Vamos testando a paciência, primeiro aumentando o preço do combustível, que certamente cairá como o efeito dominó nos preços dos supermercados. Se der tudo certo, a população só bater panelas, votaremos o novo Código Penal à nossa moda.”

Diálogo imaginário da ópera de Jorge Antunes

Um governo para nenhum povo.

 

Piratas do Norte

» Mascarados no meio da noite invadem barcos no Rio Amazonas, atacam passageiros e roubam cargas. Quanto mais a população da Amazônia cresce, mais drogas e gangues vão loteando a região. Por enquanto, não há capacidade estrutural do governo de manter a segurança em barcos. Que funcione de dica proativa do policiamento lacustre em Brasília.

 

Administração

» Como é o caso do governador Rollemberg, quem vem depois da bandalheira tem o dobro de esforço para se equilibrar. Pedro Taques, que no Senado foi brilhante, pena como governador de Mato Grosso. Precisa retomar um projeto fraudulento pagando o dobro para salvar uma linha de BRT (com ônibus) no lugar do plano inicial com vagões de trem, que já foram adquiridos e estão parados.

 

Na final

» Levantamento do Congresso em Foco atesta que seis em cada 10 senadores são alvo de inquéritos. Por enquanto, isso quer dizer muito pouco. Depois da sentença é que se conhece a verdade.

 

Na gaveta

» O então deputado federal Expedito Neto estava de olho para autorizar o uso do bitcoin já cobrando taxas e impostos. A inteligência dessa moeda virtual está justamente na descentralização. Talvez taxassem o criador da internet, algum site ou, quem sabe, um algoritmo. A notícia foi publicada pela Agência Câmara.

 

Lá e cá

» Vou conversar com Claudia Lyra para saber sobre a viabilidade de adotar em Brasília a ideia da equipe do governador João Doria. Ele pensa em atrair as seguradoras de veículos para premiar motoristas que conseguirem um ano sem multas.

 

Proteste

» Com o aumento súbito dos combustíveis, a única forma de protestar é exigir a nota fiscal. Mas, para isso, precisaria haver a obrigação dos postos de entregar a nota em menos de dois minutos.

 

Quem?

» Por falarem em protesto, a iniciativa da Caesb de colocar hidrômetros individuais em salas comerciais foi inteligente e prejudicial. Contra a regra do Estatuto do Consumidor, mesmo que a quantidade de água do consumo mínimo não seja entregue, é devidamente paga. Algum deputado distrital tem coragem de apresentar projeto de lei a favor do consumidor?

 

História de Brasília

» Esta a razão pela qual os alojamentos ainda não foram inaugurados, já que são destinados a abrigar os funcionários da Novacap. (Publicada em 1/10/1961)

Problema de saúde pública

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2Depois de inúmeras tentativas para solucionar os problemas decorrentes da perigosa proximidade do canil do Centro de Zoonoses do DF/Dival do Hospital da Criança, a presidente da Confederação Brasileira de Defesa Animal, Confaos — Brasil, Carolina Mourão Albuquerque, protocolou representação judicial no GDF, para que a Secretaria de Saúde do Distrito Federal e os próprios responsáveis pelo canil adotem providências urgentes para a desativação total dessa unidade de descarte de animais.

A proximidade de 150 metros que separam o canil do hospital por si só já seria motivo mais do que suficiente para se constatarem perigos potenciais de contaminação por doenças infectocontagiosas, transmitidas dos animais para as crianças submetidas a delicados e complexos tratamentos oncológicos que, todos sabem, provocam baixas acentuadas no sistema imunológico dos pacientes.

O próprio relatório elaborado pela Polícia Ambiental do DF concluiu que os dejetos infectantes dos animais, sem controle, oferecem alto risco aos que estão, nas proximidades, em tratamento contra o câncer, especialmente os menores carentes. A destacar o elevado risco de contaminação a que as crianças estão expostas, com risco real de perda fatal a qualquer momento.

Há um perigo que pode passar sem que seja percebido. Trata-se do desnível do terreno do canil, construído de forma que favorece, no período de chuva, que o material infectante escorra para a área do hospital — fato que já pode ser um alerta em alto grau para a infecção das crianças. Os pais sabem da situação, mas nenhum quer tratar do assunto por causas óbvias de vulnerabilidade.

O que mais assusta quem deseja se aprofundar nesse assunto é que o canil acredita que a responsabilidade de recolher os animais mortos é da empresa que coleta lixo no DF, o que causa espanto, porque esse material infectante precisaria de incinerador apropriado. Também a Resolução nº 358, elaborada pelo pessoal do Conama, alerta: “Grande ameaça para o ser humano e para os animais, representando grande risco a quem manipula e tendo grande poder de transmissibilidade de um indivíduo para o outro, não existindo medidas preventivas e de tratamento para esses agentes”.

A demanda não é de agora. Há anos o descaso vem chamando a atenção da imprensa. Ratos no local, lixo infectado cheio d’água, galões com material biológico expostos são marcas da falta de interesse, da negligência, imprudência e imperícia para lidar com animais.

O Parque do Cortado, em Taguatinga, recebeu R$ 2 milhões para a reforma de um galpão que até hoje não foi entregue, enquanto, em Mogi das Cruzes, um complexo de tratamento animal foi erguido com R$ 600 mil. Certo é que, se o caso não for resolvido, a solução será arbítrio da Corte Internacional. Onde está a proteção dos direitos humanos quando uma criança vai dormir dizendo ao ouvir os uivos desesperados dos animais: “A gente morre aqui e os cachorrinhos ali”.

 

» A frase que foi pronunciada:

“Quanto melhor conheço os homens, mais amo os cães.”

Charles de Gaulle (ex-presidente da República Francesa)

 

Troféu CLDF

São R$ 240 mil disponíveis na Câmara Legislativa do DF para a escolha dos filmes brasilienses que vão concorrer no 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. A comissão julgadora fará o anúncio dos vencedores até o dia 9 de agosto.

 

Educação

RSS é um boletim atualizado constantemente para os leitores que gostam de acompanhar um assunto específico. Atenção, professor Júlio Gregório. O RSS da Secretaria de Educação está desativado por questão de segurança. Pelo menos é o que diz a página.

 

Fazer

Um grupo da Biblioteca do Senado visitou a Casa do Caminho, em Brazlândia. Pizza e refrigerante fizeram a festa da criançada. Além de momentos para contar histórias, o ponto alto foi a presença do Homem Aranha e da princesa Anna de Arendelle. As crianças foram ao delírio. Tão simples, tão fácil e necessária é essa participação social. Estiveram presentes no evento: Ciro Nunes, Giani Serwy, Pedro Américo, Sandra Claudia, Neide Saraiva, Pedro Mascarenhas (do Prodasen) e a diretora da Biblioteca, Dinamar Cristina.

 

Passado

Do próprio Noticiário da Rádio Vaticano vem a notícia de que, no Coral de Regensburg, 550 crianças foram abusadas e maltratadas entre 1945 e os anos 90. Foram 49 responsáveis pelos abusos devidamente registrados graças às denúncias das vítimas. Nunca se deve negligenciar a fala de uma criança.

 

Release

As autuações da Receita Federal na Lava-Jato já totalizam R$ 11,47 bilhões. Desse total, R$ 6,75 bilhões em créditos tributários, principal, multa e juros, foram constituídos após a deflagração da fase ostensiva das investigações. Mas, antes mesmo disso, a fiscalização já atuava nos casos que causaram prejuízo à Petrobrás, ao realizar autuação de R$ 4,72 bilhões no caso Schain, relativo à produção de plataformas.

 

Gratidão

Nossos agradecimentos pelas manifestações de carinho nas comemorações dos 90 anos deste colunista.

 

» História de Brasília

Nos dias da crise política, a Aeronáutica requisitou todos os colchões dos alojamentos da W4, pertencentes à Novacap. Já passou a crise e até agora nenhum colchão foi devolvido. (Publicada em 1/10/1961)

 

Instituto Hospital de Base tem futuro incerto

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Uma coisa é certa: a permanência do Hospital de Base sob novo formato de Instituto, conforme decisão do GDF que contou com a aprovação da Câmara Legislativa, dependerá muito de eventual reeleição do governador, Rodrigo Rollemberg, seu principal incentivador. Caso o Palácio do Buriti venha a ser ocupado por outro mandatário, principalmente de oposição, o futuro do IHB é incerto, podendo, até, ter os estatutos revistos ou simplesmente anulados.

Trata-se de uma incerteza que põe em risco qualquer ação mais precipitada no sentido de implantar um modelo a toque de caixa antes que as urnas de 2018 sejam abertas. A descontinuidade de projetos de governo é realidade na administração pública brasileira desde sempre. Sobretudo se os projetos e programas tiverem sido implementados por governos considerados de oposição. Quando a coordenação administrativa atravessa o interesse da comunidade, rejeita o esforço dos contribuintes e usa a instituição para fins políticos e não para os fins originários, constrói mais uma máquina de corrupção.

Obviamente quem perde com essas posições melindrosas são os cidadãos que bancaram os programas e correm o risco de ficar sem uma coisa nem outra. Um exemplo típico dessa descontinuidade de projetos e de ações que geram perdas e incertezas pode ser a construção, a custo bilionário, do novíssimo e inoperante Centro Administrativo do GDF, conhecido por Buritinga.

Erguido de forma voluntariosa por governos passados, esse complexo de prédios situados a uns 20 quilômetros do centro da cidade permanece desocupado e, o que é pior, gerando prejuízos seguidos. O mesmo risco corre o IHBDF, caso sua atual estrutura administrativa seja alterada de forma brusca, sem que outro modelo venha não só a ser implantado corretamente, mas apresente resultados no mínimo satisfatórios antes de 2018.

A instabilidade política, com partidos e candidatos sem programas e sem compromissos sérios, coloca em risco os investimentos recolhidos compulsoriamente da população. Agora mesmo, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios e o Ministério Público de Contas do DF entraram com pedido de esclarecimentos, na Secretaria de Saúde, sobre o IHBDF, solicitando que o secretário de Saúde, Humberto Fonseca, anule a Portaria 345/2017, na qual é fixado que os servidores manifestem, num prazo de 45 dias, interesse ou não em migrar para o novo modelo hospitalar. Entendem os MPs que ainda não há estudos suficientes e planejamento claro para a criação do Instituto.

“Não há elementos mínimos de certeza que possam tornar viável a opção. Além disso, sem um estatuto, que marca a constituição legal do Instituto, os servidores não podem validamente manifestar suas opiniões”, diz a Notificação Recomendatória dos MPs. Nas avaliações dos MPs, os servidores não conhecem ainda os estatutos da nova entidade bem como sua futura forma de funcionamento e de financiamento, nem, ao menos, qual é a fonte de recursos que lhe tornará possível a existência e a manutenção.

Não restam dúvidas de que a criação do IHBDF é, na avaliação de muitos entendidos, uma excelente iniciativa. Mas, dadas as incertezas políticas que atravessamos e a exiguidade de tempo até as novas eleições, o que era uma boa ideia pode ficar apenas nas boas intenções e no papel.

 

A frase que não foi pronunciada

“De boas intenções as urnas eleitorais estão cheias.”

Eleitor arrependido

 

Pedestres

» Um urbanista passeando pela cidade pode ficar pasmo com a falta de qualidade das calçadas da capital. Desníveis constantes, buracos, postes no meio, sem rampas de acesso, ocupadas por automóveis. Por seu lado, o estacionamento coberto do Conjunto Nacional é um destaque. Apesar de ser voltado apenas para os carros, os pedestres têm um espaço próprio e seguro para circular.

 

705 Norte

» Prestação de serviços no comércio e atendimento são sofríveis em Brasília. Principalmente em tempos de crise. O consumidor é enganado quando abastece o carro, quando compra pela internet ou mesmo quando tem o cartão de crédito clonado. Conformado, anda a passos curtos em direção aos seus direitos. Por isso a coluna faz hoje um elogio merecido a uma loja honesta na cobrança do preço e competente na execução dos serviços. Stofcar, uma capotaria de primeira linha.

 

Incoerência

» Mudança drástica na linha de notícias radiofônicas. Nas primeiras horas da manhã, quem liga o rádio inicia o dia com matérias sobre morte, atropelamentos, acidentes de carro, assassinatos, estupros, assaltos, roubos e daí para pior. E depois desejam um bom-dia.

 

Queda

» No portal Reclame Aqui, o Sebrae recebeu 70 reclamações nos últimos 12 meses. A maioria por mau atendimento ou baixa qualidade dos serviços prestados. A instituição decaiu.

 

Sem médicos

» Nenhuma entrada no Hospital do Paranoá para atendimento normal. Não há médicos. A região que deveria ser atendida é extensa, mas os pacientes são forçados a se deslocar para a Asa Norte. Interessante é que faltam médicos, mas a folha de pagamento é honrada. É preciso administrar essa falha com competência.

 

História de Brasília

Esta nota vem a propósito de declarações do sr. Alencar Araripe, presidente do Banco do Nordeste, segundo o qual o Banco está “para fechar suas portas” e faz uma alegação que não chega a ser infantil, mas quase o é, para justificar suas palavras. (Publicada em 1/10/1961)

Misturando as coisas

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Definitivamente não tem havido, até o presente momento, por parte dos dirigentes deste país, qualquer demonstração tácita e prática sobre a importância dos princípios republicanos, sobretudo com relação à transparência nos atos de governo e no respeito pela separação entre os bens públicos e os privados.

O princípio republicano deveria ser entendido, na avaliação de muitos juristas, como a viga mestra do Estado Democrático de Direito, mas, infelizmente, não é o que vem ocorrendo, principalmente a partir da redemocratização. “O modo de fazer liberdade e democracia e de tratar da coisa pública numa República, consideram os teóricos do Estado, caracteriza-se pela seriedade, pela antidemagogia e pela fuga da propaganda, pela discrição e despojamento do Estado e dos governantes, pelo rigor, imparcialidade e pluralismo, pela abolição de todos os privilégios, a começar pelos irracionais, e pela transparência total do Estado.”

É justamente com relação à falta de transparência do Estado nas entabulações políticas diversas que residem os principais problemas que impedem os cidadãos de tomarem conhecimento sobre as ações do governo. A rigor, nenhuma repartição pública deveria ser blindada e inacessível aos interesses do cidadão. Nossas lideranças não entenderam ainda que os tempos são outros e o avanço da tecnologia, aliada à informação, acenderam o desejo legítimo e a necessidade por conhecer, a tempo e à hora, tudo o que se passa atrás das portas fechadas dos gabinetes. Não se admitem mais conchavos à voz miúda, longe dos ouvidos da população.

Quem se empenha a ocupar cargo público deveria saber e considerar que, ante a exposição de 400 milhões de olhos e de 400 milhões de ouvidos dos 200 milhões de brasileiros, qualquer sigilo soa como contrassenso surreal. Dessa forma torna-se descabido, para dizer o mínimo, que o presidente Michel Temer autorize agora a instalação, no Palácio do Planalto e em outros gabinetes de ministros na Esplanada, de aparelhos misturadores de vozes, de forma a embaralhar o conteúdo das conversas ao telefone.

Ações no sentido de apagar imagens de visitantes aos palácios e de destruição de arquivos de computadores e de agendas diárias passaram a se tornar rotina logo após a eclosão dos escândalos do mensalão e outros do gênero. Isso sem citar as novas cortinas nas janelas dos palácios. Ressalte-se que essas medidas foram invariavelmente adotadas em prejuízo aos princípios republicanos e, consequentemente, ao bem público, sobremaneira aos brasileiros que têm direito, garantido pela Constituição, de conhecer o que se passa nos meandros do Estado.

Ações como essas, adotadas no passado e repetidas no presente, só têm contribuído para aumentar a desconfiança da sociedade de que alguma coisa de muito podre ainda insiste em acontecer no reino da capital.

 

 

A frase que foi pronunciada

“Todo progresso resulta de pessoas que tiveram a coragem de tomar decisões impopulares.”

Adlai Stevenson, político americano

 

Faz tudo

» Mais novidades em relação ao Bloco D da Comercial da 213 Norte. Um supermercado resolveu adaptar o prédio às suas necessidades. Como as unidades são alugadas, os proprietários nem tomam conhecimento. Mais caixa d´água pesando sobre a estrutura do prédio, reformas, estacionamento em área verde. É bom a fiscalização ser proativa para evitar mais danos.

 

Ônibus

» Mais conservados, os ônibus que circulam pela cidade continuam não agradando aos passageiros. Demoram demais. Por isso o transporte ilegal ganha espaço.

 

Solução

» Uma alternativa de S. Paulo para amenizar o frio por que passam os moradores de rua é liberar o metrô para o repouso noturno. Com os abrigos lotados, há que ter sensibilidade e evitar o absurdo de uma pessoa morrer de frio por falta de apoio do estado.

 

Cores

» São muitas as fotos tiradas por moradores e turistas em Brasília em frente ao ipê roxo. Dois anos atrás, os ipês roxo e amarelo floriram no mesmo mês, julho. Mariinha e Claudio de Oliveira são autores das fotos que mais parecem poesia já postadas no Facebook.

 

Muito melhor

» Neuza Ribeiro comentava que a moda agora é levar uma matula caprichada de casa para as viagens de avião. Nada pode ser comparado com um sanduíche caseiro feito com carinho. O cheiro invade a aeronave, e a tripulação torce para que ofereçam as iguarias.

 

Compulsivos

» Na W3 Sul havia um colecionador compulsivo com a garagem lotada de coisas inúteis entre ratos e baratas. Essa doença, apesar de ser comum, ainda não ganhou uma política pública para livrar os pacientes que passam sem ser percebidos pela comunidade.

 

Dúvida

» Qual a diferença entre Brasília Moto Capital e Brasília Moto Week? Parece que este ano houve uma cizânia! A observação é de Ricardo Guirlanda.

 

História de Brasília

Aliás, em matéria de não saber do que se trata, quando a Varig quis se comunicar com o sr. Berta, em Nova York, e a ligação foi pedida, a telefonista não atendeu porque não sabia “que cidade é esta, dite por letra”. (Publicado em 30/9/1961)

Semelhanças

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20Quem se der ao trabalho de analisar as características que definem o fascismo notará as incríveis semelhanças que aproximam essa forma de radicalismo político, surgida no início do século 20 na Europa, e o atual e decadente Partido dos Trabalhadores. Descontados o tempo e a distância, chegam a ser espantosas as similitudes que aproximam e irmanam fascistas do passado e petistas do presente.

A visão distorcida de um Estado forte e totalitário, que promova a vigilância diuturna de seus membros por meio da mobilização de uma massa de manobra eufemisticamente denominada de movimentos sociais que busca impor, pela violência, regras determinadas pela cúpula do partido, são algumas dessas características comuns a fascistas clássicos e petistas típicos. A hostilidade às diferenças, principalmente à democracia e ao liberalismo, mediante a devoção cega a um líder e a seu partido, ambos minuciosamente construídos pela propaganda maciça, que busca sobretudo valorizar e impor elementos do personalismo, são também semelhanças a aproximar e a unir fascistas de outrora e petistas hodiernos.

Outro elemento que une ambos num mesmo pensamento e numa mesma ação é dado pela noção de que somente com um movimento sindical forte é possível resolver as questões trabalhistas. Para fascistas e petistas importa mais a noção de pai da pátria do que quaisquer outras teorias ou formas de organização política, consideradas por eles como manifestações burguesas e, portanto, indignas de crédito.

Para o historiador italiano Emilio Gentile, os fascistas “acreditam-se investidos de uma missão de regeneração nacional, consideram-se em estado de guerra contra adversários políticos e visam conquistar o monopólio do poder político por meio do terror, política parlamentar e acordos com grupos maiores, para criar novo regime que destrói a democracia parlamentar”. Nada muito diferente do que se tem agora com o petismo. Para ele, os fascistas agiam “como uma religião leiga projetada para aculturar, socializar e integrar a fé das massas com o objetivo de criar um homem novo”. Nada muito distante do que ainda prega o Partido dos Trabalhadores.

Não é por outra razão que, por mais que se apontem crimes cometidos por membros do partido, a fé dos partidários não é abalada, pelo contrário, é reforçada, quer através da retórica, quer através da reação violenta. Não é por outro motivo também que o senador Cristovam Buarque teve que cancelar, na terça-feira, o lançamento de seu livro Mediterrâneos Invisíveis em Belo Horizonte após ser hostilizado e ameaçado por uma horda de desocupados que, insuflados e a soldo do Partido dos Trabalhadores, partiram para cima do parlamentar, chamando-o de golpista e traidor da educação. Nada diferente do que ocorria contra centenas de intelectuais que criticavam o fascismo lá nos anos 20.

 

A frase que foi pronunciada

“Viver é isto: ficar se equilibrando o tempo todo, entre escolhas e consequências.”

Jean-Paul Sartre, filósofo francês

 

Transparência

» Ainda não é ideal o portal da Transparência da Câmara dos Deputados. Há o Projeto de Resolução 120/08, que obriga a Câmara a disponibilizar na internet, em tempo real e de forma detalhada (como valores gastos e beneficiados), as despesas mensais dos deputados com a verba indenizatória, assim como cópia de notas fiscais e documentos que comprovem as informações fornecidas. Não é o que acontece.

 

Participação

» Governo do Distrito Federal avisa à população que, nos dias 7 e 8 de agosto, haverá audiência pública para ouvir a população sobre planos de saneamento e gestão de resíduos. Pela internet será possível contribuir até o dia 9. A reunião será em Taguatinga.

 

Contagem regressiva

» Escolas com pendências ou que não prestaram contas da verba recebida em 2016 vão deixar de receber os recursos do Pdaf (Programa de Descentralização Administrativa e Financeira). O alerta é do subsecretário de Administração Geral da Secretaria de Educação, Isaías Aparecido. O prazo para conhecer as escolas em débito é até amanhã.

 

Corrupção?

» Ministério Público Federal precisa iniciar, com a máxima urgência, uma força-tarefa para avaliar a situação de agrotóxicos e transgênicos no Brasil. A população está consumindo produtos condenados por diversos países por prejuízos à saúde e danos irreversíveis ao solo. Um exemplo é o fene cry nas culturas transgênicas Bt como o milho. A toxina Bt, além dos danos citados, tem efeito fatal sobre os predadores, causando extinção de insetos e surgimento de novos ataques.

 

Mudanças

» É fácil produzir toneladas de lixo e ter na porta quem o recolha. O conforto vai passar a ser cobrado. Quem divulgou a informação foi a diretora do SLU, Heliana Kátia Tavares Campos. Em agosto, as coisas vão mudar. Com uma pitada de revolta, os empresários disseram que, se isso ocorrer, o valor será repassado para os consumidores. Grande novidade.

 

História de Brasília

Aliás, em matéria de não saber do que se trata, quando a Varig quis se comunicar com o sr. Berta, em Nova York, e a ligação foi pedida, a telefonista não atendeu porque não sabia “que cidade é essa, dite por letra”. (Publicado em 30/9/1961)

Cidades e efeitos da corrupção

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

com Circe Cunha e MAMFIL

colunadoaricunha@gmail.com

Pelos valores astronômicos desviados nos inúmeros casos de corrupção revelados pela polícia, apenas na última década e meia, é possível que a população brasileira nunca venha a conhecer o montante exato do dinheiro público que acabou escorrendo para os bolsos de políticos e empresários.

Por seu lado, ficam evidenciados aos olhos de todos os estragos provocados por anos e anos de malversação dos recursos extraídos da população, via impostos, na forma de cidades inteiras arrasadas e à beira do caos. Na capital, é visível a deterioração material da cidade, com ruas e avenidas abandonadas à própria sorte, como bem exemplificam as avenidas W3 Sul e Norte. Sujas, sem iluminação, sem calçadas adequadas, sem policiamento e com centenas de estabelecimentos fechados em função da crise, essas importantes artérias comerciais da cidade vivem dias de abandono e de incerteza.

Os estragos provocados pela incúria de seguidos governantes e pela ação de uma súcia de políticos ladinos emergem à medida que se aprofundam as investigações, deixando à mostra da população os escombros das instituições e dos serviços públicos, dilapidados até o miolo. Em cada estado da Federação, é possível hoje divisar, ao lado de alguma obra faraônica ou elefante branco, as ruínas de outras megaconstruções deixadas inacabadas justamente porque o dinheiro desapareceu de repente.

Em Brasília, o monumental Estádio Mané Garrincha e o abandonado Centro Administrativo são a prova concreta desse período nebuloso em que políticos de variados partidos se uniram a empresários gananciosos para depenar os contribuintes bem debaixo dos olhos dos Tribunais de Contas e de outros órgãos de fiscalização. Mas, de todas as capitais do país vilipendiadas pela ação de criminosos de colarinho branco, talvez a mais emblemática e que melhor demonstra os efeitos da rapinagem gigante e prolongada, seja o Rio de Janeiro.

A antiga capital do país é hoje o retrato da decadência e do caos. Passados o boom dos royalties do petróleo e da fase ufanista do pré-sal e dos jogos da Copa e das Olimpíadas, o Rio de Janeiro vive o pior momento de toda sua história, com os serviços de saúde, educação e segurança sucateados, com a principal universidade pública à beira da falência, com servidores de diversas áreas sem receberem salário há vários meses e com o aumento da violência urbana atingindo níveis nunca vistos.

De cada 100 postos de trabalho fechados no país neste período, 81 foram no Rio de Janeiro. Para chegar a uma situação dessas, a atuação do antigo governador, hoje preso e condenado, e de todos os membros do Tribunal de Contas do estado, afastados pela Justiça, foram fundamentais.

Se a recessão teve papel importante no processo de falência econômica daquele estado, a corrupção e a atuação criminosa de agentes públicos, praticadas em larga escala, acelerou esse processo a alturas jamais vistas, quebrando o ânimo da população, levando-a a desacreditar nas instituições e tornando a retomada da normalidade ainda mais penosa e lenta.

 

A frase que foi pronunciada

“Para bem conhecer o caráter do povo, é preciso ser príncipe e, para bem conhecer o do príncipe, é preciso pertencer ao povo.”

Maquiavel

 

Auditar

» Nos anos 80, Gerson Camata, como governador do Espírito Santo, nomeou centenas de auditores. A receita do estado teve incremento considerável. Auditoria é bom investimento. O estado perdia, segundo o Sindifiscal-ES, R$ 1,2 bilhão por ano pela falta de fiscalização tributária. Hoje, pelo resto do Brasil, não deve ser diferente.

 

Faz sentido

» Por falar em Gerson Camata, quando senador, ele teceu elogios ao presidente Lula. Disse que nem Getúlio Vargas, quando criou a Petrobras, se lembrou de usar a riqueza para um fundo social.

 

Na gaveta

» Por falar em passado, Crivella defendia no Senado a mesma cela para todos. Com ou sem curso superior, quem infringisse a lei deveria ocupar o mesmo espaço atrás das grades. Ele clamava o princípio de igualdade previsto na Constituição Federal. Mas isso faz muito tempo.

 

Esperança

» GDF toma a frente para monitorar os casos de câncer em Brasília. São sete superintendências regionais instituídas em uma comissão que passam a descentralizar o acompanhamento da Gerência de Assistência Oncológica. A partir de agora, a notificação de câncer no DF deixa de ser opcional e passa a ser obrigatória. Bruno Sarmento, gerente de Assistência Oncológica, da Secretaria de Saúde, declarou que a intenção é conhecer o perfil da população diagnosticada com câncer e monitorar o tratamento. São dados fundamentais para incrementar os repasses do Ministério da Saúde.

 

História de Brasília

Os guardas de Trânsito de Brasília, em sua maioria, não sabem o que é a carteira para dirigir automotores. Temos um companheiro do jornal que vai preso pelo menos duas vezes por semana porque dirige lambreta com essa carteira, e os guardas quase sempre não sabem do que se trata. (Publicado em 30/9/1961)

 

Reformas feitas por quem precisa de reforma

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

com Circe Cunha e MAMFIL

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Com a espantosa quantidade de representantes da sociedade enrolados com a Justiça por crime comum, não seria de todo exagerado afirmar que o Estado, diante de situação tão inusitada, está praticamente acéfalo, restando hoje pouquíssimos políticos com credibilidade suficiente para tocar o barco Brasil.

Trata-se de uma constatação ao mesmo tempo triste e preocupante. Num momento de tão grave crise, provocada justamente pelo comportamento, digamos, pouco ético, adotado nas últimas décadas por nossos representantes, fica cada vez mais difícil enxergar um caminho seguro que leve para fora desse labirinto. O que a população parece rejeitar, de forma veemente, e as pesquisas de opinião reforçam é que definitivamente não dá para seguir a trilha traçada por esses personagens.

Aqueles que levaram a população para o abismo não possuem autoridade nem moral, nem estratégica para resgatá-la dessa situação. Dessa forma, fica a questão: que qualidade de reformas podem gerar os Poderes Executivo e Legislativo eivados de pessoas suspeitas de crime de toda ordem? A situação ultrapassa o modo delicado e tem colocado o país num impasse e num imobilismo típicos das nações que perderam o rumo.

Conhecedores das debilidades de um governo ansioso por uma base de apoio que suste as investigações do Ministério Público no âmbito do Congresso, os políticos profissionais vêm repetindo o comportamento reprovável que tiveram na crise que retirou Dilma do poder, usando do momento de crise para depenar o governo, retirando até o último anel do dedo do presidente. Ademais, as pressões vindas de todos os lados possíveis vêm desfigurando paulatinamente as propostas de reformas originais, a tal ponto que o que temos agora são outras propostas, confeccionadas por outros autores, para outro momento.

De um presidente acuado e um Congresso que tem como interlocutores políticos na mira da população o que se tem agora são reformas bem distantes dos anseios dos brasileiros. As reformas que estão saindo com receitas desse tipo atendem apenas ao apetite pantagruélico desses personagens e, por sua distância da realidade, serão de curta duração, perdendo os efeitos tão logo o país reencontre o rumo certo, em outro momento e, obviamente, com outros protagonistas.

 

A frase que foi pronunciada

“Quem quer ganhar dinheiro que tente na indústria, no comércio. Não na política”.

Mujica, ex-presidente do Uruguai

 

Desnecessário

» Se a produção do artista Maikon Kempinski não cuidou das autorizações na administração de Brasília para uma moderna performance, parece que não cabe ao governador Rollemberg pedir desculpas por isso. Mesmo porque quem chamou a polícia foram populares.

 

Vigilância

» Durante todo o dia, havia um carro da PM estacionado na entrada do Varjão. Ontem não havia. Daí a tranquilidade de um motorista que andava em alta velocidade nas vias do Lago Norte ,cortando, fechando e costurando os outros carros. Escolheu o Varjão para entrar. Como não havia polícia nas ruas, estava seguro enquanto os moradores não entendiam o que aquele tresloucado fazia.

 

Release

» Estão abertas as inscrições para o concurso da campanha #MulheresRurais, mulheres com direitos. A agricultora familiar do DF Norma Sueli é a embaixadora do Centro-Oeste nessa ação. A Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), que promove a campanha no Brasil, espera que, assim como dona Norma, outras mulheres contem suas histórias brilhantes e ajudem a promover e a valorizar a atuação feminina no campo, nas águas e nas florestas. As inscrições para o concurso seguem até 15 de agosto. As vencedoras participarão de uma conferência no Paraguai. Mais informações disponíveis no site da secretaria.

 

Em respeito

» Ontem foi a missa de um ano do falecimento do ex-reitor da UnB Lauro Morhy, na igreja São Camillo de Lellis.

 

Nota 10

» Comércio do Núcleo Bandeirante toca na espinha dorsal do sucesso nos empreendimentos. O projeto Gentileza no Comércio trata-se de um curso para o empreendedor que tem a intenção de atrair a clientela pela excelência no atendimento. As inscrições vão até

1º de agosto.

 

Números

» Dados do site Contas Abertas mostram que o número de cargos, funções de confiança e gratificações praticamente não mudou desde que Temer assumiu o país. Interessante a divulgação porque, quando o PT assumiu o poder, todos os cargos comissionados foram ocupados por filiados do partido no Executivo e no Legislativo.

 

Boa-nova

» Uma beleza passar pelo estacionamento 13 do Parque da Cidade e ver a garotada cadeirante ter a oportunidade de se exercitar em barras adaptadas.

 

História de Brasília

Agora, passou à ameaça. Como a Novacap não pagou as dívidas à Celg, o PSD de Goiás procura dar uma nota de força para provar que merece a Prefeitura de Brasília. Na ameaça que fiquem as coisas, e que o espírito de solidariedade supere aos interesses políticos. (Publicado em 30/9/1961)

Educação contra a corrupção

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Desde 1960

com Circe Cunha e MAMFIL

colunadoaricunha@gmail.com

 

Haveria alguma relação visível entre o modelo de educação pública seguido pelo Brasil nos últimos tempos e o alto grau de comprometimento das grandes empresas nacionais em práticas de corrupção, mostrado pelas investigações correntes do tipo Lava-Jato?

Se, à primeira vista, essas questões parecem dissociadas uma da outra, observadas mais de perto, o que se verifica é que, na origem dos modelos do comportamento reprováveis seguidos pelas empresas e por suas lideranças, se acham enraizadas também posturas e arquétipos herdados lá trás, ainda nos primeiros anos de escola.

Não que o modelo de educação tenha contribuído, de forma ativa, para formar cidadãos insensíveis às boas práticas. Mas o modelo de educação seguido em nossas escolas, de alguma forma, tem sido, para usar uma expressão corrente, leniente nos assuntos relativos à formação ética, deixados de lado e suplantados por outros aspectos de natureza mais informativa. Em outras palavras: nossas escolas têm dado relevo e ênfase apenas aos conteúdos relacionados na grade curricular, relegando a segundíssimo plano a parte formativa relacionada diretamente ao comportamento humano, baseado nos princípios da ética e das boas práticas.

Ensinam matemática, mas fecham os olhos para os deslizes de comportamento dos alunos no dia a dia e ainda acabam por estimular as más condutas ao não exercerem, de fato, a autoridade e a disciplina, assuntos que, nos dias correntes, se transformaram em verdadeiros tabus.

A falsa crença de que liberdade total serve aos propósitos de uma escola moderna tem mostrado seus resultados. O crepúsculo paulatino da autoridade do professor, como indutor principal do processo educativo, acabou por ceder lugar a modelo de escola em que os alunos passaram a ser considerados atores soberanos e únicos de seus destinos.

A partir desse ponto, já se prenunciavam tempos difíceis à frente. As revelações trazidas à tona pela sequência de investigações da polícia e do Ministério Público e, posteriormente, a implementação da Lei Anticorrupção, de 2014, estão forçando agora as empresas a se ajustarem a novo tempo em que a transparência e as boas práticas, não só nas relações humanas, mas inclusive com o próprio meio ambiente, são elementos fundamentais para se manterem vivas no mercado.

A adoção tardia do modelo de compliance nas empresas, obrigando-as a agirem em conformidade com as normas da ética e da transparência, reflete o descaso com que nosso sistema de educação e ensino tem tratado, até aqui, assuntos dessa natureza. É possível que o corrupto de hoje, flagrado e algemado pelas autoridades e exposto à humilhação pública, tenha sido outrora um bom aluno em matemática ou biologia. Mas é quase impossível que tenha sido educado para assuntos básicos, como respeitar o próximo e o que pertence a cada um. O que operações como a Lava-Jato têm demonstrado, na prática, é que nossas elites dirigentes podem ter frequentado escolas de ponta, mas não aprenderam nada, não esqueceram nada.

 

A frase que foi pronunciada

“Dinheiro é mansão no bairro errado, que começa a desmoronar após 10 anos. Poder é o velho edifício de pedra, que se mantém de pé por séculos. Não respeito quem não sabe distinguir os dois.”

Do personagem Frank Underwood, de House of Cards

 

Celestial

» Cheio do lenga-lenga dos fiéis, o papa Francisco adotou uma placa “proibido reclamar” e justificou de forma enriquecedora: “Para dar o melhor de si, tem que se concentrar em seu potencial, não em seus limites”.

 

Remuneração

» Ricardo Barros, ministro da Saúde, anuncia biometria para médicos contratados pelo serviço público. Na capital do país, alguns profissionais da saúde conseguiram reduzir a carga horária para 20h semanais.

 

Fora da lei

» Nem a capital do país foge da desatenção à penitenciária. Por causa da falta de higiene e cuidados médicos, quase 700 detentos foram infectados por bactérias. Quem deu o alerta foi o Ministério Público do DF.

 

Gangues

» Inacabada, uma ponte em construção no Trevo de Triagem Norte está completamente pichada.

 

Manutenção

» Por falar em ponte, esta coluna sempre alertou para o perigo constante da Ponte do Bragueto, que não foi projetada para o peso e o movimento atuais.

 

História de Brasília

Estamos fazendo um levantamento sobre o que ocorreu, de fato, com relação aos postes de iluminação do pátio do aeroporto. Em duas oportunidades, foram de uma necessidade extraordinária e não funcionaram. (Publicada em 30/9/1961)