Autor: Circe Cunha
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com
com Circe Cunha e Mamfil
Com a homologação, feita pelo GDF, da licitação que escolheu as empresas que prestarão serviços de vigilância, por cinco anos, em diversos órgãos públicos da capital, algumas questões de viés ético e outras de natureza econômica se impõem de imediato e, portanto, necessitam ser esclarecidas para os contribuintes. A primeira delas diz respeito ao fato de a maioria das empresas pertencer a políticos com assento no Legislativo local. Apenas por esse critério, torna-se, no mínimo, preocupante e estranho que pessoas com influência dentro do Poder Legislativo e, portanto, com trânsito no governo, possuam empresas que atuam na prestação de serviço ao próprio governo.
Tal situação, por sua natureza peculiar, acaba provocando, na cabeça do cidadão comum, um sentimento de desalento com as instituições rendidas a interesses de grupos econômicos poderosos incrustados na máquina pública. Quem se der ao trabalho de ler as muitas manifestações dos leitores e mesmo de ouvi-las nas emissoras de rádio sobre esse assunto percebe que, absolutamente, todos se manifestam não só contrários à medida, mas a consideram inoportuna e lesiva aos cofres públicos.
Obviamente, o Tribunal de Contas, atrelado à Câmara Legislativa, não enxerga questão sob o mesmo prisma, tanto que deu seu aval aos contratos fabulosos. As empresas Brasfort, Confederal e Multiserv, vencedoras da licitação, vão embolsar R$ 305 milhões anualmente ou R$ 1,525 bilhão em cinco anos, apenas para preencher 1.780 postos de trabalho. Uma fábula se comparada com os valores gastos em outras áreas de interesse da população.
O que chama a atenção para o fato é que, ao longo dos anos, o que o público assiste e reclama, com razão, principalmente depois da Lei 11.079/2004, que estabeleceu as PPPs, são as licitações, os pregões públicos, as parcerias público-privadas e as outras modalidades de delegação de serviços que têm tido o condão até agora de melhorar os serviços prestados aos cidadãos, reduzindo os custos da prestação desse trabalho. O que se vê, por todo o país, são ambulâncias e viaturas policiais amontoadas e em processo de sucateamento em pátios superlotados à espera de licitações e outras formas de concessão de serviços necessários para sua manutenção.
Da mesma forma, escolas públicas sem pessoal para a limpeza e para o preparo de alimentos — todas à espera de contratação, via licitação, para essas tarefas corriqueiras. O mesmo se repete nos hospitais da capital, desfalcados de pessoal terceirizado. Para o escorchado contribuinte, o mais correto seria o GDF contratar diretamente esses serviços por meio de concurso público, preenchendo as vagas com pessoal próprio, de acordo com os novos parâmetros da legislação trabalhista, evitando que casos mal explicados como estes continuem a se perpetuar sob um verniz falso da modernidade.
A frase que foi pronunciada
“Quando percebes que a corrupção é recompensada e que a honestidade se torna autossacrifício, então podes afirmar que a tua sociedade está condenada.”
Ayn Rand, escritora e filósofa russo-americana
Calvície
» Tecnologia americana está no Brasil com total aval da Anvisa. Trata-se do robô Artas. Ele realiza o traço e a perfuração precisos, no transplante capilar. “Ele vai agilizar de forma assombrosa a realização das cirurgias e trazer ainda mais resultado”, explica o dermatologista João Carlos Pereira, especialista em transplante capilar pela Associação Brasileira de Cirurgia de Reconstrução Capilar (ABCRC)
Vontade política?
» Por falar em Anvisa, o Brasil precisa usar os impostos para a compra de medicamentos para a cura do câncer. Há uma defasagem nas modernas medicações dispostas no mundo e nos métodos adotados pelo país. Para o câncer de mama, há novidades com menos efeitos colaterais e com resultados animadores. Mas ainda não chegaram ao SUS.
Portal da PGN
» “Programa Especial de Regularização Tributária”, disponível no menu “Benefício Fiscal” do portal da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. Poderá ser feito pelo devedor principal ou pelo corresponsável constante da inscrição em Dívida Ativa da União. No caso de devedor pessoa jurídica, o requerimento deverá ser formulado pelo responsável perante o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). Sem divulgação. O prazo foi encerrado.
Ideias para todos
» Amil Dental faz uma campanha interessante. Disponibiliza, na página da empresa, acesso aos clientes sobre os atendimentos realizados onde os beneficiários podem conferir em um histórico os atendimentos datados e procedimentos realizados. Qualquer discrepância é comunicada pelo usuário, que deve ter todos os comprovantes em mãos.
Dever do Estado
» Em julho, a notícia sobre o Complexo Penitenciário da Papuda, na ala dos mortais, era a pior possível: 2.600 detentos infectados. Agora outra informação: no Gama, na Penitenciária Feminina impetigo, tineas, furunculose, sarna e pitiríase.
História de Brasília
Há, também, diversas sacas de farinha de trigo, e o gorgulho começa a prejudicar o alimento vindo dos Estados Unidos para a Legião Brasileira de Assistência e Casa do Candango. (Publicada em 3/10/1961)
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Falar em arte e cultura num país onde nem o básico para a sobrevivência de muitos brasileiros está disponível soa como alienação, despropósito ou assunto de interesse apenas das elites. O contingenciamento imposto pelos seguidos desgovernos local e federal só tem agravado ainda mais o problema da produção de arte no Brasil. Mesmo os poucos recursos oficiais disponíveis acabam sendo destinados para determinados nichos, de acordo com a vontade e gosto pessoal de cada governo, e nunca chegam onde são necessários e úteis.
Muitas galerias conhecem essa realidade e tratam de eleger artificialmente alguns artistas, inflando suas biografias e o valor de seus trabalhos. O grande mercado de arte, que existe em pequena quantidade aqui e ali no Brasil, não tem alma ou coração e segue o comportamento comum em todo o mundo, tratando a arte como um segmento da economia, no qual o lucro é a peça mais bela e fundamental a ser exposta.
Ainda assim, é possível afirmar que nunca faltou entusiasmo a muitos artistas e realizadores para seguir em frente, principalmente para aqueles que, desde logo, entenderam a arte como o ofício da paixão, em que o dinheiro, sempre escasso, nunca teve força suficiente para interromper o processo de criação. Esse tipo de gente é motivada muito mais pela largueza da imaginação do que pelo vil metal. Movem-se por um ideário que, às vezes, não sabem nem de onde vem.
O fato é que o que o público brasiliense tem apreciado costumeiramente nos principais teatros e galerias da cidade, nesses últimos anos, é sobretudo o resultado do esforço invisível de pessoas abnegadas, chamadas, com justiça, de quixotescas, tamanho é o esforço com que operam entre a realidade e o sonho. Um desses casos que chamam a atenção e que bem exemplifica, pelo volume e pela qualidade de realizações de sucesso, vem do Museu da República.
Dificilmente, um espaço cultural desse porte teria a efervescência que tem se não fosse o trabalho dedicado e a motivação de Wagner Barja. Na exposição aberta agora ao público, intitulada Não Matarás – Em Tempos de Crise é Preciso Estar com os Artistas, impressiona a todos como é possível realizar tanto com tão pouco ou nenhum recurso. A questão aqui é que, enquanto uns poucos fazem regime por conta dos banquetes pantagruélicos que sorvem com os recursos dos contribuintes, outros passam fome, mas, ainda assim, dividem o pouco que têm.
A frase que foi pronunciada
“Temos duas escolhas nesta vida: uma é aceitar as coisas como são; a outra é assumir a responsabilidade de mudá-las.”
Denis Waitley, escritor americano
Pauta
» O Coro Italiano da UnB faz um convite. Quem gosta da boa música italiana tem a chance de ingressar no grupo. Vagas para todas as vozes. Apenas às terças-feiras, até o dia 29, os candidatos serão recebidos para classificar a voz. Soprano, contralto, tenor ou baixo. Os ensaios e as audições serão sempre das 18h às 18h50 , na Sala BT – 240 – ICC Sul ( ao lado do Anfiteatro 10). Adriano Dantas informou que o local é iluminado e com segurança da UnB em ronda.
Busca
» Vai começar a CPI no Senado sobre os últimos 20 anos de atividades do BNDES. O senador Roberto Rocha, autor do pedido, será o relator. O senador João Alberto conduziu, à Presidência, Davi Alcolumbre e, como vice, o senador Sérgio Petecão. As conclusões desse trabalho dirão mais do que o que aparecerá no relatório. Vale acompanhar.
Superavit
» Sobre a CPI da Previdência, o senador Paim disse que os setores do patronato arrecadam por ano em torno de R$ 25 bilhões e não repassam à Previdência o que cabe ao trabalhador. Segundo o senador, isso é crime; apropriação indébita. Bancos, montadoras e grandes empresas devem mais de R$ 500 bilhões à Previdência.
Release
» Conhecer para gostar. A série #MinhaBrasília Entre Asas e Eixos, dirigida e apresentada por Zukko, teve como inspiração um espetáculo homônimo, do Instituto de Dança Juliana Castro (2009), que gentilmente cedeu a utilização da expressão, que agora batiza a série. Ela vai ao ar todas as segundas-feiras, às 11h, no seu canal do YouTube, #minhabrasilia
Pensamento
» Uma nota de apoio ao governo venezuelano foi publicada em 3/4/2017 e atualizada em 19/7/2017 no site do PT. O texto é assinado por Rui Falcão e afirma que a oposição ao governo venezuelano é maioritária no parlamento e justifica as ações do presidente da seguinte forma: “O que existe é uma situação de desobediência do parlamento no que tange a realizar novas eleições para definir três mandatos de deputados, impugnados pela Justiça Eleitoral, por terem comprado votos para se elegerem. Além disso, como o parlamento se recusou a votar determinadas propostas administrativas advindas do Executivo, o Tribunal decidiu sobre o mérito a pedido do governo. Neste aspecto, não há diferenças entre o que ocorre na Venezuela e o que se passa corriqueiramente no Brasil na relação entre o STF e o Congresso Nacional”, diz a nota.
História de Brasília
Dona Tereza Goulart deve saber que o governo americano mandou, há meses, centenas de sacas de fubá de milho, para serem distribuídos nos acampamentos, e até agora a pilha de sacas está mofando no galpão da Catedral de Brasília. (Publicada em 3/10/1961)
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Quando se fala no poder deletério e de longa duração causado pela maior crise econômica e política da história do Brasil de todos os tempos, é pela gravidade do assunto e, note-se, ainda está apenas em seus preâmbulos. O fechamento de lojas, fábricas, postos de trabalho e outros negócios formam apenas a parte visível e sentida pela população deste momento de recessão prolongada. Contudo, é por trás desse cenário de caos material que se avolumam, a cada dia, problemas centrais e ainda mais sérios, cujas soluções vão requerer providências múltiplas, urgentes e permanentes, sob pena de adiarmos, mais uma vez, a saída do país do ciclo perverso do subdesenvolvimento.
No iceberg da crise, a parte sob a linha d’água esconde o problema central e nervoso representado pelo sucateamento de laboratórios de pesquisa, pela fuga de cérebros para outros países, pelo emperramento da ciência e da tecnologia, pelo abandono e decadência das universidades e pela desmotivação dos professores diante da escassez de recursos.
A formação e a preparação de cientistas de ponta requer tempo e recursos abundantes. O mesmo ocorre com as pesquisas em diversas áreas. A maioria necessita de tempo, investimentos em larga escala e outros incentivos contínuos e de longo prazo para que os primeiros resultados comecem a aparecer.
A formação de pesquisadores e cientistas, nas diversas áreas do saber, é perseguida por todos os países do globo com grande interesse e afinco, pois se trata, na visão de muitos, de peça fundamental não só para a produtividade, mas, sobretudo, para alcançar o tão almejado desenvolvimento e bem-estar humano.
Ciência e tecnologia são mais que investimento, são fonte de riqueza. No entanto, o que leva tempo infinito e recursos suados de toda a nação para começar a produzir resultados pode muito bem ser desfeito da noite para o dia, embora isso nunca ocorra sem que diversos alertas tenham sido previamente emitidos a todo momento. Não se conhecem ainda os números exatos de cientistas que, nos últimos tempos, abandonaram os laboratórios das universidades e outros centros de pesquisa por todo o país.
Há quem fale em centenas de cérebros que simplesmente deixaram o Brasil depois de 2014 e foram se estabelecer em países como EUA, Austrália e Estados da União Europeia, em busca de melhores oportunidades e de segurança para as pesquisas, para si e para as famílias.
A maioria desses países oferecem múltiplas vantagens para profissionais altamente especializados e as ofertas de trabalho são realmente tentadoras. Difícil também é mensurar os prejuízos a longo prazo que as fugas de cérebros ocasionarão para o país, mas, por certo, trata-se de problema gravíssimo que trará repercussões mais sentidas justamente para as gerações futuras, porque o tempo da ciência não é igual ao tempo da política, ainda mais quando se nota que no Brasil o tempo político é preenchido e desperdiçado por pessoas obtusas, sem ética e sem compromisso com o futuro dos brasileiros.
A frase que foi pronunciada
“A vida é aquilo que acontece enquanto você está ocupado fazendo outros planos.”
John Lennon
Perdão
Quem não entende a razão da luz violeta durante o mês de agosto no Congresso Nacional e outros prédios e monumentos do país segue a explicação. Trata-se do Dia Nacional do Perdão. Masataka Ota teve o filho de 8 anos de idade assassinado com a ordem de dois PMs há exatos 20 anos. Os policiais trabalhavam como segurança numa loja de R$ 1,99. Masataka trouxe essa novidade para o Brasil e os negócios iam muito bem. Até o sequestro e morte de Ives. Perdoar os assassinos do filho é o que a mãe, Keiko, e o pai, Masataka, deixam de legado ao mundo depois da dor.
De volta ao passado I
Preocupado, o senador Jorge Viana busca soluções para a entrada de venezuelanos pelo Acre. Depois de receber 4 mil haitianos em anos anteriores, a situação pode se agravar com o andamento político da Venezuela.
De volta ao passado II
Em 2005, depois de os parlamentares brasileiros da oposição serem sitiados na Venezuela, os senadores Vanessa Grazziotin, Roberto Requião, Lindbergh Farias e Telmário da Mota estiveram naquele país. O discurso de moderação até agora não deu certo. À época, o senador Randolfe Rodrigues declarou que o grupo iria para ouvir os dois lados que disputavam o poder. Resta saber o que os senadores pensam agora.
Alerta laranja
Por falar em Venezuela, o PT tem responsabilidade pela situação do país vizinho. Depois do empoderamento do ditador com empréstimos, doações e perdão de dívidas de R$ 18 bi, o caos foi instalado.
Prevenção
Thiago de Andrade, secretário de Estado de Gestão do Território e Habitação, está juntando esforços para revitalizar o Setor Comercial Sul. A própria secretaria tem as instalações naquele local. A atenção maior e preventiva precisa atentar para a entrada e saída do maior caminhão de bombeiros.
História de Brasília
Com isto, os militares estão insatisfeitos porque perdem, dessa forma, uma rara oportunidade de poder comprar imóvel. (Publicada em 3/10/1961)
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Por que será que a maioria dos políticos de bom comportamento, ética, com ficha limpa e respeitada por seus eleitores, quase nunca são lembrados ou indicados por seus respectivos partidos para ocupar cargos no governo? Não raro, deputados e senadores de boa índole moral são sempre alijados na hora de se apontar nomes para ocupar funções de relevância no governo ou dentro da própria legenda. E mais: quando votam com os eleitores e cumprem o preâmbulo da Carta Magna, a primeira providência do partido é a expulsão.
Por alguma razão misteriosa ficam no mais absoluto ostracismo, empurrados para o canto da sala, nem sequer participam das reuniões internas, exercendo o mandato numa espécie de gueto, distante do que chamam “grandes discussões”. A primeira explicação que aparece para clarear esse fenômeno talvez seja a sabedoria do filósofo de Mondubim: “Não se convocam ovelhas para a convenção de lobos”.
Por certo que esse dilema deixa à vista um comportamento que, com o tempo, se tornou padrão na maioria dos partidos. Pessoas absolutamente probas não brilham entre seus pares políticos, embora com eles convivam até de forma amigável. Os nomes e as situações em que esses fatos se verificam são numerosos e se repetem com certa monotonia desde o Brasil Império.
Qualquer pesquisa mostra que esse comportamento, além de comum, tem lógica dentro das primícias políticas que ganharam campo entre nós. Como ensinava Maquiavel: “Quero ir para o inferno, não para o céu. No inferno, gozarei da companhia de papas, reis e príncipes. No céu, só terei por companhias mendigos, monges, eremitas e apóstolos”.
A refinada ciência política, tão importante para as relações humanas e para a construção de uma sociedade justa, se degenerou a ponto de se transformar na arte do malabarismo e da prestidigitação malandra. Talvez, por esse motivo, vemos com frequência o desfile dos mesmos e indecifráveis rostos. Entra e sai governo e eles lá estão, com a mesma gravata da sorte e a pastinha sob os braços, repleta de pedidos inconfessáveis e dossiês comprometedores. Nem mesmo mestres do pensamento, como Norberto Bobbio, tinham explicação para o fenômeno que aflige também outros lugares do mundo. “Quando sinto ter chegado ao fim da vida, disse, sem ter encontrado uma resposta às perguntas últimas, a minha inteligência fica humilhada, e eu aceito esta humilhação, aceito-a e não procuro fugir desta humilhação com a fé, por meio de caminhos que não consigo percorrer. Continuo a ser homem, com minha razão limitada e humilhada: sei que não sei”.
Talvez uma explicação para este comportamento político entre nós esteja no fato de que 62% dos deputados na atual legislatura e 73% dos senadores possuem laços sanguíneos com outros políticos.
A frase que não foi pronunciada
“A melhor hora para formar o caráter de uma criança é uns cem anos antes de seu nascimento.”
William Ralph Inge, escritor inglês
Agefis
» Pouco a pouco, um setor improvisado de galpões na EPPN, altura do condomínio Porto Seguro, está tomando proporções incontroláveis. Colado ao pinheiral do Paranoá, dia a dia aparecem novas construções.
Acredite se quiser
» No Brasil, com a violência comparada à guerra de outros países em relação ao número de mortos, já poderiam haver parcerias que favorecessem a doação de órgãos. De acordo com o Ministério da Saúde, 87% dos transplantes de órgãos no país são realizados pelo SUS.
Realidade
» A falta de estrutura e de pessoal é tanta, que o IML, para atender a demanda do DF, deixa corpos assassinados mais de 24h expostos. Se morreu perto da família, a situação é mais sofrida.
Ah! Bom!
» Chegando 2018 e com ele as eleições é preciso redobrar a atenção nas pesquisas de opinião. As perguntas e porcentagem eram: O que é melhor para o país? Novas eleições, 62%; Temer continuar? 19%; Dilma voltar, 12%; e outras respostas/não sabe, 7%. A fonte da pesquisa é a CUT Vox Populi.
DataSenado
» Por falar em pesquisa, no DataSenado, coordenado por Marcos Rubem de Oliveira, a amostra é escolhida aleatoriamente e segue cada parâmetro estatístico, o que atribui a validade científica ao trabalho. Todos os estados do país são consultados nas pesquisas. Há várias enquetes na internet e pesquisas também são feitas por telefone.
Solidão
» Lá estava ele. Solitário, com um bambu segurando um cartaz de protesto. André Rhouglas, 56, morador de Ponte Nova, em Minas Gerais, foi o único manifestante na Esplanada na decisão sobre o destino do presidente Temer.
Exportação
» Asmarana é um remédio natural elaborado a partir do óleo de rã-touro. Cura a asma. Não é mais encontrado nas farmácias brasileiras. Ao que parece, medicamentos produzidos no Brasil e rejeitados pela Anvisa estão ganhando o mundo.
História de Brasília
A possibilidade da venda dos apartamentos aos atuais ocupantes está despertando uma campanha nos ministérios militares, pela qual esses ministérios adquiririam os apartamentos para seu próprio patrimônio e alugariam aos seus integrantes, posteriormente. (Publicada em 3/10/1961)
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Cabem aos seres humanos resolverem , o quanto antes, os problemas criados por eles mesmos , sobretudo no que diz respeito as relações econômicas, baseadas hoje na produção e no consumo em larga escala. Trata-se aqui de um problema de dimensões planetárias e que agora estão a exigir mudanças revolucionárias, a começar pela reeducação de cada indivíduo, colocando-o realisticamente diante da dupla opção: ou mudar a forma e sua relação com o mundo, ou buscar viver em outro planeta distante.
O esgotamento dos recursos naturais é uma realidade inconteste e da qual não há fuga ou plano B. O consumo diário e crescente de sete bilhões de indivíduos tem exigido, cada vez mais, recursos naturais que vão muito além da capacidade do planeta em prover. O resultado dessa de compensação pode ser evidenciado não apenas no grande número de conflitos armados e nas grandes levas de pessoas que migram em busca de oportunidade e alimentos, mas sobremaneira pela transformação paulatina do equilíbrio ecológico, com a advento do aquecimento global , escassez de água e poluição em níveis alarmantes de todo o ecossistema .
Mais do que em qualquer outra época na história da humanidade, estamos postos agora diante de uma grande encruzilhada. Esse é por exemplo a questão dos lixões à céu aberto e os aterros sanitários e que recentemente vem preocupando autoridades e a comunidade aqui no Distrito Federal. Na busca de uma solução adequada para o descarte de tamanha quantidade de lixo e outros dejetos, temos que reformular o problema em sua origem, mudando nossa forma de produzir e de consumi-los .
Dentro dos modelos que temos atualmente de consumismo desenfreado, feitos a qualquer preço, é óbvio que não poderá existir solução definitiva para as montanhas de lixo produzidas diariamente. Algum dia, todo esse lixo acabará por engolir a todos nos. Com a economia compartilhada, em que o indivíduo divide o uso dos bens econômicos duráveis, dispondo para todos o que antes pertencia apenas à uma só pessoa, surgiu também e vem ganhando cada vez mais adeptos a chamada economia circular.
Inscrita no desenvolvimento sustentável, é também conhecida como ecologia industrial e propõe , basicamente, que os resíduos da indústria sirvam para o desenvolvimento de novos produtos, dentro de um ciclo de reaproveitamento dinâmico e constante., mantendo esses resíduos dentro de um modelo circular positivo ou quase infinito. Em seu aspecto prático a economia circular propõe o prolongamento máximo da vida útil dos produtos, objetivando “ manter componentes e materiais em seu mais alto nível de utilidade e valor o tempo todo”.
Dentro desse novo modelo é privilegiada a mobilidade sustentável e o transporte público, entre outras medidas racionais de uso e desuso. Seus princípios são basicamente a preservação e o aumento do capital natural, a otimização na produção de recursos, o fechamento dos ciclos da economia , onde o desperdício não mais existe, os bens são reparados e reutilizados, com as matérias-primas vindas da reciclagem e não mais da extração direta da terra. Além desses princípios contam também a promoção de um novo paradigma societário, em que as relações sociais entram , transformando o consumidor em utilizador do produto, partilhando em vez de acumulando bens.
Dentro dessa nova forma de pensar a economia do planeta, cunhada em 2011, por Reinaldo Pamponet será importante também na eficácia do sistema, reduzindo danos a produtos e serviços necessários aos humanos como alimentos e habitação. Da economia compartilhada poderá nascer um homem novo ciente de suas responsabilidades com a preservação do planeta e da espécie.
A frase que não foi pronunciada:
“ Não basta que todos sejam iguais perante a lei. É preciso que a lei seja igual perante todos.”
Salvador Allende
Trombone
No cafezinho da Câmara um grupo falava sem censura pela altura da voz que o Congresso se transformou em Mercado de Pulgas.
Segredo
O próximo capítulo da novela política brasileira será a quebra de solidariedade entre Sindicatos. Os dirigentes que desestabilizaram o grande protesto convocando filiados para antecipar a greve estão na mira dos petistas. O frágil suflê que antecipa as eleições 2018 está quase desandando.
Apelo
Fenaj apela para o STF contra a posse de Valéria Baptista Aguiar que foi indicada pela Associação Comercial do Rio de Janeiro para ser suplente na categoria jornalista no Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional. Como não tem registro profissional da categoria a sugestão da Fenaj é Maria José Braga como titular e Beth Costa para suplência.
Na real
Fátima Bezerra disse em uma Comissão que estão comprando mandato parlamentar. Na verdade, os próprios parlamentares são convenientes com essa prática quando permitem que alguém sem ter recebido um voto sequer ocupe as responsabilidades de um senador ou deputado.
Ética
Agora, se a senadora Fátima Bezerra se referia ao uso do orçamento público no montante de R$ 4 bilhões para a liberação de emendas, uma lavradora de Buritirama, na Bahia ensina. Receba tudo o que derem de emenda para melhorar o Brasil e mantenha o seu juramento de votar no que for melhor para o país.
História de Brasília
Hoje é domingo. Você que tem prestígio na sua repartição, que tem carro oficial sob sua guarda, lembre que o carro não é de sua propriedade. Respeite o que é do governo, para poder merecer essa confiança. (Publicada em 01/10/1961)
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Aqui e ali aparecem políticos, no seu sentido real e necessário à comunidade, que se destacam em meio ao mar de egoísmo que inunda a atual legislatura no Congresso Nacional. São esses indivíduos que, justamente por terem luz própria, adquirida tanto na árdua formação intelectual como na experiência de vida, repleta de dissabores e desafios, fazem a diferença e acabam por justificar a própria existência do tão desgastado Poder Legislativo.
Seguidor das ideias de Darcy Ribeiro, também senador e um dos fundadores da Universidade de Brasília, Cristovam Buarque é um desses raros homens de ideias a habitar o mundo iletrado, primitivo e desleal da política nacional. Talvez por essas características pouco usuais, Cristovam não tenha se destacado como um igual junto aos pares, sendo pouco prestigiado e até alvo de críticas injustas, principalmente vindas de ex-companheiros do Partido dos Trabalhadores.
Seus ex-correligionários não perdoam o fato de o senador ter despertado para o grande engodo que é Lula e seu entorno imediato. O fato de ser atacado agora por petistas só aumenta a certeza de que o representante de Brasília no Senado fez a coisa certa ao despir a fantasia da ilusão, afastando-se do seu conterrâneo, cego de poder e vaidades vãs.
Tampouco a bandeira agitada por Cristovam no Congresso faz sucesso. Falar em educação, em meio a pessoas cujo interesse imediato não vai além das próximas eleições, é como pregar no deserto. Nesse sentido, tanto Darcy Ribeiro como Cristovam Buarque e mesmo outros educadores como Anísio Teixeira, por suas pregações pela importância do saber na vida humana, discursam para plenários vazios, povoados por gente de orelhas moucas e pouco interessada nas coisas do humanismo, da ciência e da cultura.
Por certo, nesta altura de vida, o velho senador já tenha se convencido da ineficácia de revolucionar o país por meio da educação de massa, a partir do Legislativo. A ideia de que o Brasil possa repetir o sucesso da Coreia do Sul, que, pela educação, libertou o país do subdesenvolvimento, parece sonho distante, principalmente nestes tempos em que a falta de alma de nossas lideranças é exposta à luz do dia, para o horror de todos.
No derradeiro artigo em que tratou da importância do novo para a construção do futuro, Cristovam mandou um recado para seus pares ao aconselhar que “o novo está mais no dinamismo decorrente da coesão social do que na disputa de interesses de grupos, corporações e classes”. Na sua opinião, “ser moderno é servir aos interesses do público”. O novo, diz, está na educação de qualidade capaz de construir uma sociedade do conhecimento, da ciência, da tecnologia, da informação, da cultura. Obviamente que pregações com esse teor não possuem o dom de atrair a luz da mídia, muito menos a adesão dos mandatários, mas, sem dúvida, marcam a única direção possível, justamente aquela que, por uma maldição divina, por séculos insistimos em recusar.
A frase que foi pronunciada
“A diferença entre um estadista e um político comum é que o primeiro deixa seu país e o mundo muito melhores do que encontrou.”
Mário Vargas Llosa, escritor peruano
Do leitor
» As Quadras 108/308 Norte são as únicas fechadas, ou seja, em que a W-1 é interrompida pela existência de uma escola. Se, de um lado, é bom pela tranquilidade de não termos o fluxo de veículos grandes, proporcionando maior segurança às nossas crianças, o mesmo não ocorre em relação às motocicletas (leia-se os motoboys), pois, para evitarem a volta pelo Eixo-N ou pela W/3, o que fazem? Passam sobre as calçadas, grama e ciclovias, pelas laterais da escola, por trás dos prédios das quadras mencionadas ou entre os blocos dos comércios locais, infernizando, à noite principalmente, com mais intensidade nas sextas, sábados e domingos, o sossego dos moradores com o ronco barulhento das motos que, seguramente, ultrapassam os 80 decibéis legalmente estabelecidos. Opinião de José Airton de Brito.
Estudos
» Hoje termina a segunda chamada para os CILs. Os Centros Interescolares de Línguas são o que há de melhor na educação pública oferecida pelo governo. O projeto recicla alunos e professores da rede que têm a oportunidade de aprender novo idioma. Só há elogios para essa iniciativa.
Metrô
» Por falar em elogios, as estações de metrô continuam limpas e agradáveis. Pena que tenha pouca arte integrada.
Estranho
» O caso aconteceu no BRB. Ao depositar um maço de dinheiro recém-retirado de outro banco, com a cinta de papel descrevendo o valor, o cliente recebeu um aviso. Havia uma nota suspeita no conteúdo e por isso foi retirada do valor total do depósito. E ficou por isso mesmo.
História de Brasília
Lamentável foi a presença do Departamento Federal de Segurança Pública nesses acontecimentos. Uma nota inverídica, forjada sob o espírito do DIP, falava em princípio de incêndio logo debelado, quando toda a cidade viu o avião se queimar durante uma hora, até que nada mais restasse. (Publicada em 1º/10/1961)
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Para onde quer que se olhe, é possível divisar o avanço inevitável das tropas do atraso que, desde 1500, prosseguem no afã de desconstruir o Brasil. No comando dessa quinta coluna, cuja missão é manter o país na vanguarda do passado, estão as inúmeras bancadas políticas que vão proliferando dentro do próprio Congresso, ao sabor das ocasiões e das melhores ofertas do dia. Os nomes são sugestivos e fazem alusão clara a quem servem e o que pretendem. Bancada da Bala, Bancada da Bíblia, Bancada Evangélica, Bancada do Boi, Bancada Ruralista, Bancada do Agronegócio, Bancada da Mineração, Bancada Sindical, Bancada dos Movimentos Sociais e por aí vai.
Muito mais representativa do que os partidos políticos, a movimentação das bancadas obedece a ritual próprio e atende a interesses que, na maioria das vezes, dista milhas daquilo que sonha o cidadão comum. Na verdade, formam um congresso paralelo dentro do Poder Legislativo, agindo e se comportando segundo interesses que de democráticos pouco ou nada têm. Obviamente, a formação desses blocos é resultado direto das fontes de financiamento de campanha. Em outras palavras, de onde vem o dinheiro, vem a ideologia e a pregação. São, portanto, grupos de interesse, verdadeiros clubes fechados e, claro, só devem explicações àqueles que lhes franquearam o acesso ao poder.
Segundo o professor de ciência política da Universidade de Minas Gerais Dalson Britto, a opção é clara: “Entre escolher a fidelidade às diretrizes ideológicas do partido e a lealdade aos financiadores, os parlamentares escolhem a fonte de recursos. Afinal, campanhas eleitorais custam caro e têm que ser arcadas por aqueles que suportam esses custos”.
O resultado prático do trabalho desses grupos fechados pode ser visto e sentido por toda a população e, não raro, conflita com os interesses do eleitor. Um caso emblemático é com relação à bancada da mineração. Formada por parlamentares financiados por grandes mineradoras e com interesses específicos, ela vem se empenhando ferrenhamente na aprovação do Programa de Revitalização da Indústria Mineral, que atende aos interesses imediatos por lucros dessas empresas, muitas, como é o caso da BHP Billiton, com matrizes no exterior.
Problemas como os ocorridos em Mariana, em 2015, em Bento Rodrigues, onde morreram mais de 20 pessoas, não interessam. Da mesma forma, a Bancada Ruralista faz cara de paisagem para o que acontece no outrora rico e multiprodutivo estado de São Paulo. Invadida pela monocultura da cana-de-açúcar, a antiga terra da garoa vive hoje problema típico das regiões do interior do Nordeste, com rios secando, terras destruídas e reservatórios contaminados por agrotóxicos, resultante da loucura e da irracionalidade do programa do álcool. Outras propostas estapafúrdias estão prestes a passar: pagar o trabalhador rural com casa e comida, sem salário, ou permitir que estrangeiros comprem a extensão de terra que quiserem no Brasil.
A frase que não foi pronunciada
“Novas eleições se aproximam. Velhos eleitores aguardam os favores.”
Círculo vicioso eleitoral brasileiro
Release
» Em parceria com o Conselho Regional de Farmácia do DF, a UnB vai realizar processos seletivos para ingresso no programa de extensão Universidade do Envelhecer — UniSer. As inscrições começam em 7 de agosto. São 300 vagas para candidatos a partir dos 45 anos de idade. O curso ministrado será de educador político social em gerontologia, a ser realizado nas unidades da Candangolândia, Taguatinga e Estrutural. Mais informações no portal uniserunb.com.
Chamado
» ParkWay, Lago Norte e Lago Sul estão resolutos em lutar contra a liberação de comércio em área residencial. Qualquer estratégia que o GDF crie para convencer a população será veementemente rechaçada. O ideal seria o governo preservar as áreas públicas, nascentes, como defenderia Rodrigo Rollemberg se não fosse governador. O que vale mais para Brasília? O apoio dos moradores ao governo ou as promessas empresariais? Volte para Brasília, Rodrigo Rollemberg!
Muda já!
» Foi bonita a festa dos garis no ginásio de Sobradinho. O governador esteve presente. Festa é festa, realidade fica à parte. A coluna reforça a campanha de segurança no trânsito. Se é proibido o braço repousar na janela enquanto o carro estiver em movimento, por que até hoje é permitido que os garis andem pendurados com a respiração em cima do lixo?
Estranho
» Parece exploração pagar alto valor por uma viagem internacional e ainda ter que se preocupar em marcar assentos com novo dispêndio financeiro. Normal seria que a cobrança fosse feita no ato do pagamento.
Ensurdecedor
» Nosso leitor acrescenta na nota sobre os motoqueiros barulhentos que eles decidem remover o silenciador da moto ou substituí-lo por outro mais barulhento, operação que leva algumas horas, custa dinheiro e é ilegal de acordo com o Conama e o Código de Trânsito, que é lei, ignorada, mas é lei. A poluição sonora das motos é assunto de saúde pública e de polícia. Em cidades do interior, são o terror das noites. Traficantes se fazem anunciar com o barulho estralado de motos.
História de Brasília
Pela primeira vez, uma comissão de inquérito de uma empresa de aviação trabalhou no local do desastre cercada de jornalistas, esclarecendo a verdade sem subterfúgios, confiando na segurança do seu trabalho, na elite de sua organização. (Publicada em 3/10/1961)
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com Circe Cunha e Mamfil
Com mais de meio século de inaugurada, pouquíssimo se comparada às grandes capitais do planeta, Brasília já apresenta sinais visíveis de envelhecimento e decadência precoces. O crescimento desordenado, a partir de meados dos anos 80, propiciado sobretudo por medidas como a emancipação política da capital, acelerou o processo de desurbanização.
A especulação imobiliária desenfreada e a transformação das terras públicas em moeda de troca política em pouco tempo ajudaram a descaracterizar a capital planejada, aproximando-a das demais cidades brasileiras no quesito favelização e caos urbano. A crise econômica, detonada pelos governos petistas no plano federal e local, fizeram o resto.
Hoje a escassez de recursos e o pouco interesse das autoridades só fazem aumentar e prolongar a deterioração da urbe, ameaçando o status de Patrimônio Cultural da Humanidade, reconhecido pela Unesco. O processo de conurbação, interligando as cidades do DF ao Plano Piloto, ocasionado pelo inchaço populacional sem controle e incentivado por falsas lideranças políticas, contribuiu para aumentar, ainda mais, as mazelas da capital, que hoje sofre com problemas típicos de cidades grandes e antigas, como congestionamentos de trânsito diários, superlotação de hospitais e escolas, além de problemas nas áreas de transporte, segurança e de abastecimento de água, de energia e de coleta adequada de lixo.
O resultado do declínio anunciado é que a capital planejada de todos os brasileiros é, hoje, uma cidade caminhando a passos largos para a decadência, sem ter conhecido o apogeu. O mais preocupante é constatar que os bilhões arrecadados anualmente da população, somados aos repasses da União, que totalizam aproximadamente R$ 30 bilhões, não são suficientes para recolocar a cidade nos trilhos da normalidade.
Para uma urbe que ainda é capaz de despertar a curiosidade do mundo pelo arrojo da arquitetura, Brasília fica a dever muito. Nossas ruas são mal-iluminadas, sujas, sem calçadas e sem segurança. Os turistas, quando anoitece, não se aventuram a sair dos hotéis. Nossa principal avenida (W3 Sul e Norte), cortando o Plano Piloto de ponta a ponta, é o retrato do abandono e da falência.
Os principais pontos culturais como o Teatro Nacional, Espaço Renato Russo, Museu de Arte de Brasília (MAB), Biblioteca Demonstrativa e outros se encontram abandonados e em forma de escombros. O mais triste é que esses problemas, que vão se avolumando aos poucos e ganhando proporções de uma catástrofe, foram previstos há muito tempo, aqui mesmo neste espaço, sem bola de cristal e sem exoterismos. Bastou observar o vaivém enlouquecido das saúvas locais, quando se anunciou que Brasília havia, finalmente, atingido a maioridade política. Não deu outra.
A frase que foi pronunciada
“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, não participa dos acontecimentos.”
Bertolt Brecht, dramaturgo alemão
Beleza
» Festa do Morango é sucesso em Brazlândia. Produtores rurais se reúnem para mostrar o melhor da produção. O pessoal do artesanato aparece também com todo tipo de criatividade em torno do morango. É uma festa bonita que vale para os moradores e para os turistas com ônibus fretados pelos hotéis do Plano Piloto. O evento completa 40 anos com participação das principais entidades representativas da cultura japonesa no Distrito Federal, a Associação Rural e Cultural Alexandre de Gusmão.
Mais uma
» Por falar em Japão candango, começa no primeiro fim de semana de agosto a Quermesse do Templo Budista. A festa mais concorrida e organizada da cidade. Atendimento rápido nas filas para a compra das fichas e entrega dos alimentos, além do atendimento atencioso.
Arrastão
» Passageiros de ônibus para algumas satélites passam por apuros principalmente à noite. Começaram a agir na capital os bandidos que assaltam ônibus. Com o motorista na mira de uma arma, os criminosos, geralmente menores de idade, entram nos coletivos e levam o que podem dos trabalhadores. Alguns ladrões de moto começam o serviço nas paradas. Não há como chamar a polícia. Depois do apuro, são poucos os que acreditam que um Boletim de Ocorrência vá resultar em alguma solução.
Mediador
» O apoio do PSDB a Temer tem provocado racha entre correntes do partido. Um grupo quer rompimento imediato, outro defende a permanência na base do governo. O senador cearense Tasso Jereissati, presidente interino da legenda, tem sido mediador dos diálogos. Ele tem defendido o “compromisso com o Brasil”.
Pouca verba
» Em Fortaleza, os músicos se reúnem durante o pôr do sol à beira-mar atraindo a população e turistas. O sucesso é tão grande que a Secretaria de Turismo de Fortaleza resolveu apoiar o projeto. O custo-benefício valeu.
Xadrez
» O jogo da política traz cenários inesperados. O PSDB ainda está com cada pé em um barco em relação ao apoio ao governo Temer. Quem está no centro do fogo cruzado é o senador Tasso Jereissati, tentando administrar a crise. A frase-chave que ora convence o político mais responsável é: “Nosso compromisso tem que ser com o país.”
História de Brasília
Outra posição simpática foi a da Varig, que defendeu o seu prestígio internacional com esclarecimentos cristalinos, fugindo ao rifão já batido de notas oficiais iniciando com o “lamentamos comunicar…” (Publicada em 1/10/1961)
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Uma coisa é certa: após a passagem da tormenta, provocada pelas revelações dos inúmeros casos de corrupção no seio do Estado, será necessário doravante refazer, por completo, o modelo de funcionamento da máquina pública, sobretudo no que diz respeito ao aperfeiçoamento das instituições, de modo a blindá-las do assédio de políticos inescrupulosos livrando, assim, o dinheiro dos pagadores de impostos da sanha criminosa das aves de rapina.
O que ficou mais do que provado com o desenrolar desses tristes episódios é que as instituições que compõem o Estado não possuem mecanismos suficientemente adequados nem para prever, nem tampouco para deter a dilapidação do patrimônio público. A prova é que, durante mais de uma década em que ocorreram os desvios de bilhões de reais dos cofres públicos, com malas recheadas de dinheiro voando de um lado para o outro, em nenhum momento os órgãos de fiscalização e controle detectaram a revoada incomum dos recursos.
Mesmo as instâncias que suspeitaram da movimentação bizarra de numerário pouco ou nada fizeram para deter a sangria. O pior é que alguns desses órgãos que tinham como missão zelar pelo dinheiro público não raro foram lançados também na fogueira comum em que ardiam os demais acusados de corrupção e outros crimes contra o país. Um caso especial, que chamou a atenção de todos, não só pela displicência e descaso com o bem público, como pelo fato de ter alguns de seus responsáveis aparecido nas listas da corrupção, é o do Tribunal de Contas da União (TCU).
Essa instituição, pelas importantes atribuições nesse quesito, jamais poderia ter fechado os olhos para a pilhagem que correu solta por anos. Não é por outra razão que volta a se ouvir agora, entre os especialistas e entre membros da própria Corte, a voz dos que pretendem uma reforma significativa e urgente na Instituição, principalmente quanto ao modelo de composição da corte.
Para Marcos Bemquerer, presidente da Associação Nacional dos Ministros e Conselheiros-Substitutos dos Tribunais de Contas (Audicon), “não há como falar em reforma do Tribunal de Contas sem falar em composição. Do contrário, seria só perfumaria. Esse é o ponto central”. Em sua avaliação, novo desenho no Tribunal traz uma proposta no sentido de aumento maior da participação técnica, havendo quem defenda que os nove ministros do TCU e os sete dos Tribunais de Contas sejam oriundos das áreas técnicas.
Alguns ministros entendem que a crise pode catalisar aprimoramentos há muito pensados e nunca postos em prática. Para Júlio Marcelo de Oliveira, procurador do Ministério Público de Contas e presidente da Associação Nacional do Ministério Público de Contas (Ampcon), é preciso urgentemente qualificar a composição dos Tribunais de Contas, tanto na formação técnica como na idoneidade moral e na reputação ilibada de seus membros. Trata-se, na opinião de muita gente, de missão quase impossível, já que muitos membros dessas Cortes são oriundos justamente do Poder Legislativo, em que mais de um terço dos componentes estão enrolados, até o pescoço, nos casos recentes de corrupção descobertos pelas investigações policiais.
Por essa lógica, reformar os Tribunais de Contas, que consomem dos contribuintes mais de R$ 10 bilhões por ano, só terá efetividade se antes for reformado também o Poder Legislativo. Como ensina o filósofo de Mondubim, não dá é para amarrar cachorro com linguiça esperando encontrá-la inteira.
A frase que foi pronunciada
“É claro que os brasileiros vão compreender o aumento de impostos. Desviam R$ 200 bilhões por ano praticando corrupção. Agora querem colocar a conta disso tudo no nosso bolso.”
Deltan Dallagnol, procurador que coordenada a força-tarefa da Lava-Jato em primeira instância, ironizando o presidente Temer, no Facebook.
Ceará
» Para o presidente do Tribunal de Contas dos Municípios, conselheiro Domingos Filho, a PEC que pretende extinguir o tribunal traz 4 pontos discutíveis sobre a constitucionalidade. A Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon) e o TCM aguardam apenas a segunda votação no plenário para ingressar novamente no Supremo contra a medida. “Se na 1ª ação houve vício de formalidade, nessa houve ainda mais”, disse.
Zero
» De repente, um cabo de luz partiu no Hospital Santa Helena, onde havia pedestres e motoristas. Alguém ligou para a CEB, aguardou minutos pelas gravações disque isso e aquilo e depois a resposta foi a seguinte: Sem CEP e sem o número da inscrição, não é possível atender ao chamado.
Cara e ruim
» Apesar da seca, a água da Caesb distribuída no Condomínio Porto Seguro está cheia de barro.
Os Terríveis
» Houve um acidente na tesourinha que dá acesso ao Eixinho justamente no final da Asa Norte, onde os carros são desviados para o Eixão. Postado no local, um carro do Detran impedia os motoristas de seguir para o Eixão apesar de a área estar livre. Quando aparecem, não desburocratizam. Lia-se na atitude: Complicar é a nossa meta.
História de Brasília
Uma nota excelente de comportamento foi da Aeronáutica em todos os acontecimentos relacionados ao desastre do Caravelle. Ninguém deu entrevistas, mas as facilidades foram abertas aos jornalistas, que puderam, assim, em pouco tempo, dar a público tudo que se relacionou ao acidente. (Publicada em 1/10/1961)
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com Circe Cunha e Mamfil
Caso a independência dos Poderes fosse, entre nós, uma realidade constitucional consumada e aceita, a sorte dos que se fiam no foro privilegiado há muito estaria condenada, sem choro, sem vela e sem traumas maiores. No Brasil, no entanto — onde a modalidade presidencialista de coalizão vem pervertendo a lógica do estado democrático de direito —, esse veredito pode ser alterado, dependendo apenas dos resultados das negociações que vêm sendo costuradas pessoalmente entre o chefe do Executivo e cada um dos políticos que compõe a bancada “argentarista” no atual Congresso.
A falta de sensibilidade para o momento de crise e para a situação de penúria a que a população foi empurrada não comove nenhum dos dois lados. O custo para livrar o pescoço áureo ainda não foi contabilizado, mas não é coisa pequena, ainda mais quando sacada daqueles que nada têm.
Jornais do mundo inteiro alertam para o fato de que a política de salvação — escancarando os cofres para barrar apenas a primeira de uma série de três denúncias que serão despachadas pela Procuradoria-Geral da República — acende o sinal vermelho na economia cambaleante. A elevação nos impostos que incidem sobre os combustíveis foi apenas o primeiro remendo feitos às pressas nas contas do governo, e suas consequências no processo de inflação ainda são uma incógnita.
De fato, a política da atualidade tem deixado de lado a função de governar. Os de foro privilegiado utilizam, sem remorsos, a máquina pública na busca da remissão dos pecados. Sabedores das agruras e da posição frágil em que se encontram, parlamentares, governo e empresários deitam e rolam com as facilidades oferecidas e avançam sobre as ofertas generosas.
O 5º artigo da Constituição da República é desconsiderado deliberadamente quando há o tratamento diferenciado para autoridades que cometem crime. Todos somos iguais perante a lei. Repousa no Senado o projeto que acaba com a prerrogativa do foro privilegiado, mas até agora não houve interesse em aprovação. Se o Congresso deixa de cumprir a obrigação, abre a guarda para o Supremo Tribunal Federal fazê-lo.
À luz do dia, emendas parlamentares e alívio de dívidas são negociados num grande saldão de inverno.
Perdulários de toda a ordem marcham para a capital em busca de negociações pra lá de vantajosas. O Refis, que arrecadaria para os cofres da União cerca de R$ 13 bilhões, poderá sofrer uma sangria de até R$ 12 bilhões. Para contrabalançar as contas no “Edifício Balança Mas Não Cai do Brasil”, o governo arrocha nos impostos diretos e no furado Programa de Demissão Voluntária, acenando com a dispensa de milhares de funcionários, iludindo a todos com as promessas de “cortar na carne”.
A frase que foi pronunciada
“Sou totalmente a favor do fim do foro privilegiado. É uma excrescência tipicamente brasileira. É uma racionalização da impunidade.”
Joaquim Barbosa
Tráfico de Pessoas
» Promovido pela Associação Brasileira de Estudos Populacionais, o Simpósio de Tráfico de Pessoas/DF — Lei de Tráfico e grupos vulneráveis teve como palestrante uma das maiores autoridades no assunto, o professor Hédel Torres. Além da teoria, grupos de trabalho delimitaram perfis mais vulneráveis a essa modalidade de crime e estruturaram os avanços legislativos sobre tema.
Contrapartida
» Justiça seja feita. No Hospital de Base, falta papel higiênico. No Hospital do Paranoá, os rolos acabavam tão rápido que agora o tubo é preso com cadeado.
Arte
» Festival de Esculturas Itinerantes começou no Museu Nacional da República. Artistas nacionais e estrangeiros mostram diferentes criações, organizadas pelo produtor de artes visuais carioca Paulo Branquinho. “A escultura é uma manifestação vista com olhos em segundo plano, dentro das artes. Então, é muito importante ter as esculturas expostas com esse festival. É admirável a coragem do Paulo Branquinho em ter essa iniciativa”, diz o nosso Sanagê.
Ano que vem
» Comerciantes garantem espaço para a próxima edição da Feira Rua 25 de março — Brasília 2018, que acontecerá entre 11 e 20 de maio, no Pavilhão de Exposição do Parque da cidade. Reúne expositores diversos para retratar cenograficamente um pedacinho de São Paulo, valorizando dois importantes símbolos comerciais paulistanos: a famosa Rua 25 de março e o tradicional Mercado municipal.
Interessante
» Julia Fank, fundadora da Escola de Escrita, faz a defesa das redes sociais quando o assunto é leitura. “Estamos lendo e escrevendo o tempo todo — e temos condições de nos manter bem informados e de ter contatos com textos bons mesmo no feed de notícias do Facebook”, diz. “A questão é que somos condicionados, a partir de algoritmos, a ler apenas aquilo que já lemos e consumir apenas aquilo que já consumimos culturalmente.”
Do escalpe dos servidores e da oneração no custo de vida da população, vai-se armando a “Ponte para o futuro” que permitirá a travessia de homens sós, abandonados pela população.
História de Brasília
A base dessas discussões políticas deve ser o bem-comum, e não o bem partidário, o bem pessoal. O povo já entende isto, e pode não aceitar decisões dessa maneira. (Publicada em 1º/10/1961)