Aos mestres com carinho?

Publicado em ÍNTEGRA

 Desde 1960

colunadoaricunha@gmail.com

com Circe Cunha  e Mamfil

Talvez por ter caído num domingo, o 15 de outubro, Dia do Professor, passou em brancas nuvens para muita gente. Passou, assim despercebido, como de costume tem passado a profissão de professor ao longo de toda a história brasileira. Para uma sociedade que, havia menos de um século, era, majoritariamente, formada por pessoas iletradas, o exercício do magistério, à semelhança da catequese dos índios, empreendido séculos antes, sempre foi visto com um misto de admiração por uns e de ressalvas por outros. A tarefa de educar, embora reconhecida como de grande importância para a modernização do país, nunca teve, por parte das autoridades, o tratamento devido. Portanto, não chega a ser surpresa que os professores brasileiros estejam entre os profissionais com os menores salários do mundo.

Segundo dados divulgados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os professores brasileiros ganham menos da metade da média salarial para docentes em 46 países, embora trabalhem mais que a grande maioria deles. Um professor de educação básica recebe, no Brasil, cerca de US$ 12.337 por ano, enquanto, em outros países da OCDE, a média é de US$ 28.700. Essa situação se agrava ainda mais quando se verifica que nem o piso salarial de aproximadamente R$ 2.000 é pago em muitos estados brasileiros.

Na maioria dos países da OCDE, os professores passam , em média, 40 semanas em sala de aula. No Brasil essa média é de 42 semanas e em algumas localidades chegam a 44, sem contar o tempo gasto na preparação de aulas e na correção de exercícios e provas, que são realizados em casa. A evidência de que esse é um processo histórico e enraizado em nossa cultura traz repercussões negativas até para a continuidade do magistério.

Estudos da OCDE demonstram ainda que a maioria dos jovens brasileiros hoje não pretende se tornar um futuro profissional de ensino. As razões são muitas e vão desde as péssimas condições de trabalho, com baixos salários e salas superlotadas, até a violência escolar e as múltiplas enfermidades que esses profissionais sofrem ao longo dos anos. Mesmo os cursos de licenciatura, por razões óbvias, atraem cada vez menos alunos.

De acordo com números apresentados pelo MEC, apenas 16% dos alunos de formação de professores concluem o curso. Estudos da OCDE mostram ainda que o Brasil é, entre todas as nações desse grupo, um dos mais hostis com os professores de escolas públicas. Também o gasto do Brasil com aluno do ensino fundamental ou médio é de cerca de US$ 3,8 mil ao ano, menos da metade da média da OCDE, que é de US$ 8,5 mil, no ensino fundamental e de US$ 9,8 mil no ensino médio.

Não bastassem esses números, o Brasil ainda é considerado o líder no ranking da violência escolar. Em 2014, a OCDE apontou que 12,5% dos educadores sofreram agressões verbais ou intimidação de alunos pelo menos uma vez por semana. A média entre outros membros foi de 3,4%. Em países como a Coreia do Sul, esse índice foi zero.

Os constituintes da Carta de 1988 erraram ao não fixar como teto salarial para o funcionalismo, o salário de professor de universidade pública, com dedicação integral e no fim de carreira. Quem sabe, assim, os parâmetros de ganhos teriam um referencial mais justo e ético, servindo de base para o futuro.

 

A frase que foi pronunciada:

“ Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor.”

Paulo Freire

 

Atenção educadores

Mobilização produtiva. Hoje começa o V ENTEC – Encontro Nacional dos Trabalhadores em Educação e Cultura realizado pela CNTEEC. Com os temas: Desmonte Sindical, Reformas, Crise Social E Moral; o CNTEEC está em busca de novos caminhos.O encontro será na sede da organização que fica no SCS quadra 4 , bloco B. Mais informações pelo telefone 3321-4140.

 

Outro lado

Em relação a nota publicada na coluna “Ari Cunha” sobre a insalubridade a que estão sujeitos os pacientes por conta da proximidade com o Centro de Controle de Zoonoses, o Hospital da Criança de Brasília Jose Alencar (HCB) esclarece que não há qualquer evidência que indique algum risco à saúde dos pacientes do Hospital por conta da proximidade com o referido Centro. As edificações onde ficam os pacientes imunosuprimidos estão a uma distância de quase 300 metros do Centro, a água do Hospital é fornecida pela Caesb e a limpeza e manutenção dos reservatórios são realizadas a cada três meses. O HCB também mantém um controle de pragas realizado a cada 21 dias, no Hospital e em seu entorno, de acordo com a RDC 52 da Anvisa.

 

Do bem

Daniéll Zukko promove, no dia 21 de outubro, a partir das 10h, o Mutirão de Doação #minhabrasilia. O ponto de encontro é no Hemocentro de Brasília na W 1 Sul e a ideia é juntar a força e a boa vontade dos brasilienses, ou quem estiver por aqui, para ajudar quem precisa. “Brasília é uma cidade espetacular! Com gente espetacular! O meu objetivo é juntar 50 doadores nessa manhã. Para participar é só comparecer ao local, no horário marcado, claro que preenchendo os pré-requisitos da Fundação: para saber se você está apto ou não para doar sangue, basta entrar no site do Hemocentro (http://www.fhb.df.gov.br/). É preciso, mais do que nunca, criar o hábito da doação”, explica Daniéll. A VW Brasília, o estúdio móvel que é palco das entrevistas mais bacanas da web (#minhabsb), também estará por lá.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Vem governo, sai governo, e as duas casas dos funcionários da Novacap continuam interrompendo a avenida que liga o Trevo do Presidente ao Iate Clube de Brasília. (Publicado em 06.10.1961)

It's only fair to share...Share on Facebook
Facebook
Share on Google+
Google+
Tweet about this on Twitter
Twitter
Share on LinkedIn
Linkedin