Ano novo ainda com o saldo do passado

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960 »

jornalista_aricunha@outlook.com /

Circe Cunha e MAMFIL

“Digno de espanto, se bem que vulgaríssimo, e tão doloroso quanto impressionante é ver milhões de homens a servir, miseravelmente curvados ao peso do jugo, esmagados não por uma força muito grande, mas aparentemente dominados e encantados apenas pelo nome de um só homem cujo poder não deveria assustá-los, visto que é um só, e cujas qualidades não deveriam prezar porque os trata desumana e cruelmente .”

Etienne de La Boétie em Discurso Sobre a Servidão Voluntária

2017 ainda não será um ano totalmente novo. Restarão pendências do passado a serem resolvidas. A intensidade do ano que termina estende seus múltiplos efeitos para frente. Dependendo da capacidade de mobilização da população e da disposição de parte das autoridades comprometidas com as transformações que são necessárias e prementes, o novo ano será um tempo de preparação para o grande salto, rumo a um Estado moderno, enxuto e eficiente, administrado por pessoas capacitadas técnica e moralmente, livre da interferência predadora de partidos.Se a população ainda não sabe com exatidão o que quer e esperar para 2017, pelo menos já sabe e aprendeu através de árdua experiência o que não quer mais. Nunca mais. Os brasileiros aprenderam a identificar e dar os nomes a cada um dos elementos que formam o “custo Brasil”. Sabe onde estão, o que fingem fazer e o que querem de fato. 2016 ensinou a todos onde eles estão, como se agrupam, como se protegem, a quem recorrem para se livrar das penas da lei. Que ameaças fazem a todos que ousam questioná-los? Trata-se de uma lista extensa, com males copiosos.A sociedade tem em mãos a lista de todos aqueles que têm contribuído para o aumento da pobreza, do desemprego e do desespero. Sabe que, não fatores, mas, pessoas e grupos específicos que cuidam de manter o status quo e de perpetuar a condição de subdesenvolvimento. De Norte a Sul, todos conhecem, de cor, a relação daqueles que enriqueceram com negócios escusos às custas do Estado.A esta altura dos acontecimentos, todos conseguiram identificar o que são fatos e o que são narrativas tecidas com as linhas invisíveis da fantasia. De todas as poucas oportunidades que se apresentaram à nação, desde o ano de 1500, nenhuma é mais oportuna e imperdível do que esta que agora se apresenta. É dado o início do tempo de purgação.Da defenestração sumária de todos os sujeitos do atraso secular. Não haverá um ano novo enquanto tudo o que é apodrecido não for abolido. Da falsa dicotomia do “nós contra eles”, restou agora a certeza de estarmos sós. O subdesenvolvimento brasileiro debitado, por décadas, as parasitoses e anemias ou mesmo as saúvas vorazes, tem agora um diagnóstico preciso, formulado, não por médicos ou agrônomos, mas pela polícia.Que venha 2017, trazendo mais vigor e disposição para que todos os brasileiros possam prosseguir na tarefa de limpar a casa, roçar o mato, eliminar as pragas e as ervas daninhas, caiar o muro e preparar a terra para o plantio.

A frase que não foi pronunciada

“Em qualquer país em que o talento e a virtude não produzam progresso, o dinheiro será a divindade nacional.”

Denis Diderot

Estranho

Surpreendidos pela nova regra interna dos Correios, consumidores questionam a decisão. Todo e qualquer objeto enviado terá que ter na parte externa a nota fiscal ou termo de declaração de conteúdo com o valor. Isso porque a empresa está sofrendo fiscalização e autuação por parte de órgãos de receitas estaduais. Apesar de ser compreensível, não há a publicidade obrigatória para os usuários nem mesmo uma lei sobre o assunto. Apenas memorandos e portarias.

Férias

Planetário abre inscrições para a meninada participar da colônia de Férias. Uma ótima pedida.

Segredo

Nesse ano, Ari Cunha comemora 90 anos de idade. Um presente que Silvestre Gorgulho está quase embrulhando é um registro no livro dos Records como a coluna mais longeva do mundo.

História de Brasília

Aspectos da reunião de ontem cedo no Planalto: Lino de Matos, com raiva porque não foi recebido; Auro Moura de Andrade, sério e sisudo, com os acontecimentos; Anísio Rocha, procurando uma fórmula em torno do nome do marechal Dutra; Herbert Levy, reservado; Almino Afonso, entusiasmado, anuncia a vinda do presidente Goulart e os ministros militares, descendo pela saída direta para a garagem, evitando repórteres. (Publicado em 29/08/1961)

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