Desde 1960
aricunha@dabr.com.br
com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br e MAMFIL
Sobram candidatos a cargos no futuro governo Temer. Da mesma forma, sobram propostas de reajustes na economia e retomada do crescimento. No lado prático, o que se tem de fato é escassez de tempo para implementar tantas e necessárias mudanças. O tempo age contra o governo do vice-presidente, ao impor pressa nas ações e forçar medidas açodadas. O problema é como costurar, num mesmo tecido, uma variedade de reformas urgentes e díspares.
No jogo de xadrez político, onde cada estratégia demanda tempo de raciocínio e tempo de ação, montar uma equipe mais ou menos uniforme e de bom nível administrativo é tarefa das mais árduas. Outro problema com a escassez de tempo é que não dá para testar pessoas e métodos. Talvez esse seja o motivo pelo qual Michel Temer vem ensaiando nomes já bem conhecidos para sua equipe.
O que parece pesar neste novo gabinete é que nele aparecem figuras que estão na alça de mira da Justiça, principalmente da Operação Lava-Jato. Outro fator complicador para o novo governo é o PT, que, mesmo antes de sair, aderiu à estratégia de guerrilha, minando o campo da administração pública para dificultar a vida dos novos ocupantes do Palácio do Planalto.
Só no Brasil, um governo que se despede ousaria, em pleno funcionamento das instituições, estabelecer tática antipatriótica de quinta-coluna, para sabotar não um inimigo real, mas o próprio país. A confirmar as denúncias de que o moribundo governo Dilma vem agindo para apagar seus rastros na administração, estará configurado não apenas mais um crime, mas um verdadeiro atentado, dado o estado de penúria em que muitos brasileiros se encontram hoje.
O exemplo dado pelo PSDB, entregando uma agenda mínima de 15 pontos ao governo que entra, demonstra maturidade política e compromisso com o país. Da mesma forma, parcela significativa da população — do empresariado e de vários setores sociais, incluindo parte importante da mídia profissional — tem dado demonstrações claras de esperança no governo Temer. Essa confiança depositada no governo que chega é comum entre as partes que ainda não se conhecem. Do mesmo jeito que é conferida, é retirada.
Mais do que ninguém, Temer sabe que as condições em que assumirá a Presidência são extraordinariamente delicadas e sui generis, com a economia arrasada e com mais de 11 milhões de desempregados. Os dias de boa vida de vice, ficaram para trás. Se antes se queixava de ostracismo e de ficar à margem das decisões de governo, desta vez, experimentará o que é ficar diuturnamente no foco dos holofotes, sendo o centro das atenções e da esperança de milhões de brasileiros ansiosos por dias melhores.
A frase que foi pronunciada:
“O caráter é o produto da série de atos dos quais se é o princípio.”
Aristóteles
Medo
Ruth Araújo de Azevedo, da Associação Comercial do DF, envia à coluna um pedido de socorro e um aviso às autoridades. Nas quadras comerciais e residenciais do Plano Piloto, comerciantes e moradores estão vivendo momentos de medo, pânico e insegurança com os constantes assaltos que ocorrem na região, apesar da boa vontade de Polícia Militar. Lojas são assaltadas em plena luz do dia e os moradores estão preocupados com a situação, pois os marginais são de uma ousadia que transparece a certeza da falta de punição.
Insegurança
Uma loja foi assaltada na 307 Sul e o proprietário, Henrique Cartaxo, pediu socorro à Associação Comercial do DF. O presidente, Cleber Pires, agiu imediatamente e solicitou à Assessoria Jurídica que encontre mecanismos perante o GDF e a Justiça do Distrito Federal — em especial, da Secretaria de Segurança Pública — para que esses fatos não venham mais a ocorrer, pois assustam funcionários, moradores e todo o setor produtivo da capital federal, causando um esfriamento no comércio dessas quadras e impostos deixam de ser arrecadados pela falta de vendas.
Foco fora do alvo
Para complicar mais o problema, a Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis) acabou de notificar todos os lojistas para que retirem imediatamente as grades de proteção num prazo de cinco dias, uma vez que elas ferem as normas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), sem, entretanto, oferecer alternativas para que comerciantes e moradores se protejam contra a ação da bandidagem, de traficantes de drogas e moradores de rua.
Ponto final
Para Cleber Pires, presidente da ACDF, a medida da Agefis é um absurdo, pois no lugar de encontrar uma solução para o problema, deixa os comerciantes e moradores expostos ao perigo com a onda de assaltos e até mortes. “Somos geradores de empregos e impostos e não vamos ficar de braços cruzados, enquanto a marginalidade age livremente. Somos reféns de bandidos que circulam sem serem molestados, enquanto nós, obrigados a viver e trabalhar enjaulados como se nós fôssemos os transgressores da lei”, disse Cleber Pires.
História de Brasília
Marque no seu caderno de dona de casa a mercearia que explorar a casa de carne que não for correta, o estabelecimento, enfim, que aproveitando da situação, tenha lhe cobrado mais caro por mercadoria que não merece. (Publicado em 5/9/1961)