DESDE 1960 »
jornalista_aricunha@outlook.com
com Circe Cunha e MAMFIL
DESDE 1960 »
Ao ser instigado por uma repórter a explicar por que resiste tanto em dialogar com os pichadores, o prefeito de São Paulo, João Doria Júnior, respondeu na bucha: “A minha obrigação é administrar a cidade em nome daqueles que pagam impostos. É, justamente, por não pertencer à tão desgastada classe política que o novo prefeito vem, aos poucos, caindo no gosto dos paulistas, que admiram sua postura assertiva, isenta dos enganosos malabarismos políticos. Obviamente, não tem sido uma tarefa fácil recolocar algum sentido de ordem numa cidade onde os partidos de esquerda, tendo o PT à frente, vêm açulando os baderneiros profissionais a enfrentar as autoridades, com depredações, ocupações e ameaças de todo o tipo.
O que está ocorrendo agora, na maior cidade da América Latina, pode ser o prenúncio de um fenômeno que resgatará a qualidade de vida urbana perdida ao longo desses anos. Durante muito tempo, a administração de nossas cidades tem sido entregue aos cuidados de políticos inescrupulosos e de legendas partidárias que mais se assemelham a quadrilhas organizadas e legalizadas para dilapidar os recursos públicos.
O resultado desse modelo, que adotamos em nome de uma democracia de fachada, não deixa dúvidas. Hoje, a grande maioria de nossas cidades está literalmente falida e mergulhada até o pescoço no mais absoluto caos urbano. Se as cidades vão mal, o mesmo não ocorre com os administradores políticos e seus partidos. É difícil encontrar hoje um prefeito ou governador que não tenha experimentado uma sensível variação positiva em seu patrimônio depois de deixar o cargo.
Nossas cidades e municípios estão quebrados, mas seus antigos administradores nunca viram tanta prosperidade e fartura. Temos de reconhecer, pela abundância de exemplos seguidos, que o atual modelo de administrar nossas cidades é adequado apenas para um seleto grupo que prospera às custas da decadência progressiva da qualidade de vida dos cidadãos.
É preciso, de uma vez por todas, deixar nossas cidades aos cuidados de profissionais probos e com notório saber nas ciências da administração. Caso contrário, teremos pela frente é a perpetuação dos desperdícios que nos obriga a avistar estádios de futebol bilionários e sem uso, cidades administrativas prontas e sem valia, postos comunitários de segurança sendo queimados, hospitais fechados, escolas sucateadas e avenidas inteiras entregues à ação de gangues e de vândalos. A matemática é simples: as cidades estão falidas porque o modelo atual é falido. Até quando vamos insistir no erro?
A frase que foi pronunciada
“O luxo é tudo aquilo que não se vê.”
Coco Chanel
Em off
» Gustavo Rocha bastante comentado para a possibilidade de ocupar o cargo de ministro da Justiça.
Espalhe
» No Canadá, na Colômbia e na Inglaterra, medicamentos estão livres de impostos. No Brasil, 35,7% do preço do remédio são tributos. Em muitas famílias, a sobrevivência de um ente querido custa mais de R$3 mil por mês para uma doença relativamente simples. O senador Reguffe chamou a atenção dos contribuintes sobre esse assunto no plenário do Senado. E mais: trouxe uma informação estranha para os humanos. Nos medicamentos veterinários, os impostos não ultrapassam 15%.
Decifrando
» Se o funcionalismo público tem dados de pagamento pessoal abertos à consulta da população, nada mais natural que os beneficiários do governo também o tenham. Tramita no Senado o PLS 5/2016 que obriga essa divulgação. Nome, CPF e valor do benefício previdenciário e assistencial disponíveis para consulta pela internet. Enquete apresentada na página do Senado mostra que 80% dos internautas são a favor da publicidade desses valores.
Conhecimento
» Por 30 dias, a Emater vai percorrer a área rural do DF visitando propriedades onde a irrigação é utilizada. O objetivo é reduzir de 20% a 30% o consumo de água na Bacia do Descoberto.
Mistério
» Por falar em água, a situação é a seguinte: mesmo com as chuvas, os reservatórios da Caesb estão baixos. Há inúmeras formas de captar água da chuva em tanques para remanejo. Mas a Caesb nunca estimulou os consumidores a investir nesse modo de economia. Pior, se investir, terá a visita de inspetores que estranharão a economia repentina.
História de Brasília
Tarciso Cleto, O Candango: É, indiscutivelmente, o homem que mais conhece psicologia das multidões, razão por que considero, que, quando ele voltar e explicar para o povo as razões de sua renúncia, conseguirá recuperar novamente todo seu prestígio anterior. (Publicado em 22/9/1961)