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MAMFIL com Circe Cunha
Segue, com a divulgação da lista do ministro Fachin, o desenrolar de mais um capítulo da longa trama político-policial levada pela primeira vez ao conhecimento da opinião pública em junho 2005, com a divulgação das negociatas de bastidores envolvendo o Palácio do Planalto e boa parte dos membros do Congresso Nacional.O que, naquela ocasião, parecia ser, pela dimensão, o último grande escândalo da República e o início de novo Estado, constituiu, na verdade, apenas um prólogo do que viria na sequência com as revelações da Operação Lava-Jato. A continuidade delitiva que se estendeu por mais uma década só foi possível porque, naquela ocasião, as investigações não chegaram a atingir de fato o núcleo criminoso, e os mesmos órgãos que sempre descuidaram da fiscalização do dinheiro público continuaram inoperantes e de olhos propositadamente bem fechados.Ainda agora, à mercê das descobertas vergonhosas que vão vindo à tona, é quase certo que muitos ralos por onde escoam os recursos dos contribuintes ainda estejam escancarados. Especialistas no assunto costumam alertar para um fato importante: quando a corrupção é detectada em todas as esferas de um governo e nas principais empresas de um país, é bastante provável que grande parte do tecido social esteja também contaminado. Nesse caso, o que grande parte dos representantes eleitos pela população fazem é reproduzir, nas altas esferas de poder, o que já existe em abundância na própria base da pirâmide.
Assim no céu como na Terra. Em situações como essa, resta apenas ao Poder Judiciário e a polícia agirem para trazer de volta à normalidade jurídica e institucional. No entanto, não basta a existência de juízes eficientes e imunes àcorrupção nem leis modernas que dificultem o desvio de dinheiro público. Mais importante do que tudo isso é a mudança cultural. E é aí que a situação se complica. Mudança cultural requer tempo e persistência a longo prazo e só é atingida, de fato, a partir da educação.Há muito é conhecida a relação existente entre o alto grau de instrução de um povo e o baixo nível de corrupção. Esse fato se explica por uma razão simples: é preciso antes aprender o que é certo e o que é errado. No nosso caso, o baixo grau de informação do povo age como uma espécie de fermento para crescimento da corrupção e seu transporte para as esferas mais altas do poder por meio dos representantes legitimamente eleitos.No Brasil, a corrupção é endêmica e perpassa verticalmente toda a sociedade numa linha contínua, cortando toda a pirâmide — da base ao cume. Trata-se de fenômeno histórico, presente desde que Cabral por aqui aportou em 1500. Só agora despertamos para o combate efetivo desse câncer.
A frase que foi pronunciada
“Nada é tão admirável em política quanto uma memória curta.”
John Galbraith
Reclamação
Entre o Cresspon e o Minas Brasília Tênis Clube, há constantemente queimada de lixo. O fato incomoda demais a vizinhança.
Nova fonte
A Embrapa terá licenciamento para comercializar a tecnologia que desenvolve, e o acesso aos produtores do resultado dessas pesquisas será facilitado. A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado analisa a proposta, que permitirá o recebimento de royalties. O senador Álvaro Dias é o autor e a senadora Kátia Abreu, a relatora. O texto muda a legislação acrescentando as novas fontes de renda à Embrapa.
Ecad
Novamente em pauta as peripécias do mundo nebuloso chamado Ecad. Blindado contra investigações, o Ecad continua com cobranças abusivas e sem a transparência necessária da distribuição dos recursos arrecadados. A deputada Renata Abreu quer garantir a segurança jurídica em relatório que será votado. Quer avançar na transparência, na disponibilização das informações sobre os processos de direitos autorais e mais clareza quando os repasses não são feitos.
Algemas
Lei proibindo que mulheres durante o trabalho de parto e de pós-parto sejam algemadas foi sancionada agora pelo presidente Temer. Trata-se de um instrumento há muito reclamado pela sociedade.
Curiosidade
Com 83 facções nascidas em presídios brasileiros, vamos ver as consequências da convivência com os presos por corrupção.
História de Brasília
Quem quisesse passar um telegrama às 11h20 de ontem no Correio da W3 teria que esperar porque “o funcionário foi tomar um cafezinho e não tem quem o substitua”, segundo informação da moça ao lado. (Publicado em 23/9/1961)