Escola Parque como parte do ensino integral

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960 »
jornalista_aricunha@outlook.com / com Circe Cunha e MAMFIL

Com a proposta apresentada pelo secretário de Educação, Júlio Gregório, de otimizar os espaços físicos das Escolas Parques, incluindo-os dentro do projeto-piloto de educação integral, está dada a largada para uma grande e desnecessária polêmica.

Grande, porque se trata de usar e substituir uma escola de qualidade, para edificar uma escola de quantidade, de olho apenas nas estatísticas e nos números. A desnecessária polêmica surge do fato de que, por falta de estudos mais aprofundados e balizados e por falta de comunicação, o GDF quer construir um modelo de educação experimental sobre os escombros de outro, revolucionário, eficaz e reconhecido em todo o mundo como exemplo a ser seguido e copiado.

O que mais estarrece é que, com base na ideia de educação integral, querem destruir o modelo de Escola Parque, talvez por ignorarem que ambas foram criadas pela mesma pessoa e visando um único objetivo: educação de qualidade, pública, gratuita, mista, laica, obrigatória, integral e universal. É impossível que o ensino seja integral nas instalações das escolas de hoje. Não há como instalar fisicamente crianças do turno matutino com o turno vespertino em período integral. Era aí que a Escola Parque entrava com aulas de música, teatro, pintura, xilogravura e artes em geral. Era uma escola onde não havia competição. Valia a criatividade, o espírito aventureiro, desbravador, com todo o estímulo dos professores.

Nascida do “Manifesto dos Pioneiros” de 1932, o modelo de Escola Parque foi implementado e testado primeiramente em Salvador, em 1949. Em 1957, Anísio Teixeira, a convite do presidente Juscelino Kubitschek, elaborou o plano de sistema escolar da Nova Capital, incluindo, além do ensino integral, as Escolas Parques, cujo modelo funcionou plenamente até a década de 1990, quando passou a sofrer todo o tipo de ataque, vindo especialmente de políticos, em grande parte formado por gente iletrada, que via erroneamente, naquele sistema um modelo elitista e excludente.
Sob o argumento de que a proposta original de Anísio Teixeira havia sido abandonada havia muito tempo, o secretário de Educação busca justificar a medida tomada às pressas pelos burocratas da Coordenação de Ensino do Plano Piloto, sem estudos, sem planejamento, na expectativa de solucionar problemas imediatistas. Trata-se, obviamente, de uma solução improvisada, mas que trará profundas consequências a longo prazo.

A bem da verdade, o GDF deveria se empenhar por construir todas as Escolas Parques planejadas e, se possível, ir além e construir tantas quanto forem necessárias. Talvez por não compreender o alcance revolucionário dessa modalidade de educação, os atuais gestores, até pela deficiência de formação, acham que podem trocar o certo pelo duvidoso, com olho apenas no horizonte visível das próximas eleições.

Por anos, a população de Brasília e do Brasil tem assistido inerte a entrega de importantes pastas da educação e da saúde, em mãos que desperdiçam tempo e recursos em ideias mirabolantes, que logo são deixadas de lado, quer pela inviabilidade, quer por se tratar de proposta eleitoreira, sem base e sem futuro. Parece ser este o caso atual.

A frase que foi pronunciada

“É preciso substituir o pensamento que isola e separa por um pensamento que distingue e une.”

Edgar Morin

Moda
Tevah é uma loja masculina com seção de roupas sob medida. Já são 43 unidades no Brasil. A marca procura franqueados em Brasília.

Balela
Governadores de estados litorâneos resolveram cercar acessos livres às praias para não deixar que escapem os carros com problemas de licenciamento. O que parece correto é ilegal. O acesso às praias é constitucionalmente livre.

Próximos
Ciro Gomes, Marina Silva, Lula, Aécio, Alckmin, Jair Bolsonaro, Roberto Justus, Joaquim Barbosa, Sérgio Moro. Façam suas apostas (em casa).

Novidade velha
Aumentar imposto para garantir o cumprimento da meta fiscal é a única alternativa aos olhos dos que, de tanta gordura orçamentária, não conseguem vislumbrar nada no espelho. Não se vê um governador substituindo camarão por kani.

Na internet
Por todo o país podemos ver a imagem nababesca de um helicóptero pousado no gramado de um condomínio no lago de Furnas para que um rapaz cercado de amigos pudesse voltar para casa. Tudo seria normal se o deputado sargento Rodrigues não declarasse ao blog O Antagonista que denunciará Fernando Pimentel na Procuradoria-Geral de Justiça de Minas Gerais pelo crime de improbidade administrativa. Depois do réveillon, o filho de Pimentel teve à sua disposição a aeronave do governo para uso particular. Parece que a Lava-Jato não vai servir de lição para ninguém. Então, que paguem!

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