Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960 »

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha e MAMFIL

Desfile de personagens

Para um observador atento, que teve oportunidade ou disposição de assistir de perto o desfile de Sete de Setembro no Eixo Monumental, ficou patente que, no palanque principal, onde estavam as autoridades convidadas, apareciam, logo na primeira fila, uma sequência de novos personagens que, nos próximos dois anos, terão a missão, quase impossível, de operar uma plástica, ao menos cosmética, no rosto envelhecido precocemente de nossa democracia.

Ali estavam perfilados uma pequena mostra dos condutores momentâneos da nossa República, tantas vezes enxovalhada. Cada um com sua história particular. Ao lado de sua jovem esposa, espécie de Marianne à brasileira, o atual presidente, como herdeiro natural e legal, alçado à condição de titular não apenas por obra do destino, mas pelo conjunto da obra cometido pela antecessora, esboçava o ar misto de vaidade e preocupação com o peso da situação que terá pela frente.

Curioso observar que os três principais atores políticos desse novo enredo chegaram ao poder pela força da inércia dos acontecimentos. Temer, pelo esgotamento e a imposibilidade de Dilma em prosseguir adiante. Rodrigo Rollemberg, pela imposição da Justiça, que retirou do páreo ao GDF, o candidato favorito nas pesquisas, Roberto Arruda. Rodrigo Maia, terceiro na hierarquia da República, chegou à Presidência da Câmara dos Deputados no rastro do ex-presidente da Casa, Eduardo Cunha, que, depois de empurrar Dilma para fora do poder e de uma sequência de histórias mal explicadas, perdeu o apoio e a utilidade para seus pares.

Três personagens quase postiços, mas de absoluta necessidade para dar prosseguimento à normalidade institucional. Como coadjuvantes que são, erguidos pela imponderabilidade dos desígnios de nossa história, têm papéis principais a desempenhar. Três personagens em busca de um autor, que neste caso será formado pelo conjunto de eleitores no pleito de 2018.

Brindados ou abalroados pela casualidade, somente o tempo e a sociedade dirão. Em todo caso, é sintomático que o pelotão em desfile que mais foi aplaudido e saudado pela população presente, mais até que as forças armadas, dona da festa de Independência, era formado por um pequeno contingente de policiais federais, todos vestidos de preto, bem em sintonia com o momento grave que atravessamos.

Já o ministro do Supremo, Ricardo Lewandowski, também na linha de frente das autoridades, é, talvez, o único exemplar, entre todos, que, no futuro, não será julgado pelas urnas. Para ele, poderá sobrar um outro veredito, o de ter incorrido diretamente na Teoria da Cegueira Deliberada, quando fechou os olhos para o golpe desferido contra a letra da Constituição, permitindo uma novíssima e sui generis interpretação da Carta de 1988.

A frase que não foi pronunciada

“Quando o mundo vai cansar de morrer com a guerra?”

Fernanda Cavalcante, 5 anos, pensando enquanto vê o sofrimento das crianças refugiadas

Guerra pela paz?

De um lado: “A nossa bandeira jamais será vermelha!”. De outro: “Fora Temer”. Manifestações completamente pacíficas em Brasília. É hora de buscar a paz. O perigo é o desânimo. Vale ver como vão as eleições Brasil afora. Sem ânimo, poucos querem se candidatar. Há prefeitos que serão eleitos com um voto. Começa o perigo com o silêncio dos honestos.

Crime disfarçado

Engana-se quem julga ser a máfia das próteses a mais nefasta da saúde no DF. O número de cesarianas nos hospitais da cidade é um escândalo maior ainda porque, nesse caso, há a autonomia de vontade das parturientes com a anuência e conivência médica.

Importante

Foi um protesto geral a falta de visão humana dos canais abertos. Lucro em primeiro lugar. Totalmente fora das políticas públicas do governo sobre inclusão parece que não tem valido a pena as concessões públicas às tevês. Não é todo o público alvo que gosta de violência. É preciso apresentar contrapartida social e educativa.

Amigo de verdade

Como uma das últimas medidas na crença de que nada vá acontecer, Lula está sim, embaralhando o processo de investigação da Lava-Jato, enquanto aguarda as cartas na mesa. Esse jogo não vai terminar bem, e quem está pronto para cumprir a lei é o ministro Teori Zavascki.

História de Brasília

A indicação do cel. Dagoberto Rodrigues para o DCT é um merecimento. Desgarrado da grande equipe de Brasília, por forças das circunstâncias políticas, poderá se reencontrar com a oportunidade de prestar outro grande serviço ao país. (Publicado em 14/9/1961)

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