VISTO, LIDO E OUVIDO |
*Criada por Ari Cunha DESDE 1960 |
Interina: Circe Cunha |
Elite política faturou durante a pandemia
Um dos grandes problemas gerados e catalisados pela crise sanitária, e que obrigou o mundo a se fechar num seríssimo regime de pandemia, é que essa doença, ao atingir um país com as características de governança que o Brasil possui – onde as instituições do Estado são, na sua maioria, historicamente estruturadas para atenderem, prioritariamente, as elites no poder – o período extraordinário de calamidade, tem sido utilizado, como uma falsa muleta, para enfeixar, o controle da máquina administrativa pública nas mãos do governo, dos partidos e mesmo do Judiciário.
Nossas autoridades, sem o menor pudor, mas sempre dotada de um senso de oportunismo frio e utilitário, têm aproveitado, como podem, o momento de caos vivido pela população, para materializar seus projetos, tanto aplainando o caminho rumo aos cofres públicos, como erguendo muralhas e restrições para impedir que a sociedade assista a dilapidação dos recursos da nação.
Trata-se aqui de obras que vem sendo erguidas meticulosamente pelos poderosos em meio ao pandemônio que se instalou, quando as atenções dos brasileiros estiveram, todas elas, voltadas para questões básicas de como sobreviver a virose. Com isso vão tornando o país e sobretudo os contribuintes em presas fáceis para seus projetos de apoderamento do Estado. Até mesmo a fase mais crítica do covid 19, quando os cidadãos morriam como moscas, foi aproveitado para impor os desejos pessoais dessa turma, mesmo sob o risco, de num futuro próximo, conduzir toda a nação à falência.
Não há exagero aqui em afirmar que a pandemia foi, mesmo durante o período mais severo da doença, muito lucrativa para as elites políticas. Mesmo em meio à inflação e ao alto desemprego, que se seguiu a doença e que empurram o país para a rabeira dos países em desenvolvimento, com mais de cinquenta milhões de pessoas em situação de fome, nossas lideranças prosseguiram impávidas em seus desígnios, quer turbinando os recursos para as excrescências do Fundo Partidário e para o Fundo Eleitoral, quer cuidando de manipular secretamente o orçamento bilionário da União para enviá-los à seus redutos ou simplesmente embolsá-los, como tem sido noticiado pela própria Polícia Federal recentemente.
Enquanto constroem verdadeiros dutos ligando seus escritórios diretamente aos cofres públicos, outra parte de nossas lideranças vão cuidando de erguer muros para manter todos esses projetos, longe dos olhares de curiosidade da população. Assim é que a própria Lei de Acesso à Informação (LAI), que agora completaria dez anos e que, em tese seria um dos pilares do Estado Democrático de Direito, vai sendo, pouco a pouco, restringido pelo governo, que passou a ampliar, sem qualquer critério legal, o sigilo de inúmeros dados e documentos públicos, aumentado dia a dia as dificuldades para que o cidadão se inteire sobre as ações do governo e seus gastos.
Muitas informações, requisitadas pelos cidadãos ao governo, foram barradas e outras submetidas a sigilos de 100 anos. No mesmo sentido o governo cuidou de interferir na Polícia Federal, mudando delegados que investigava assuntos inconvenientes para as autoridades, punindo-os com transferências e outros mecanismos burocráticos. Isso sem falar no desmonte promovido em órgãos de pesquisa, de ciências e de estatísticas para que não apresentassem dados negativos sobre a atuação governamental em diversas áreas.
Mesmo a Justiça que poderia por um termo nessas ações contra a cidadania e à própria Constituição, emite decisões, para pouco depois fazer o dito pelo não dito, deixando tudo como estava. Esse é o caso agora da decisão do supremo liberando a execução de emendas de relator, ou orçamento secreto, previstas para esse ano, depois de tê-las vetado, sob o argumento de inexistência de transparência.
Por certo, a opacidade dessas emendas continua a mesma. O que muda é o entendimento da Suprema Corte graças a pressões internas e externas. Que a pandemia tenha deixado claro e patente o profundo divórcio existente entre a sociedade e o Estado, isso é um fato que merece não ser esquecido. A questão aqui é saber se esse fato servirá, de alguma forma, para alterar os rumos do país nas próximas eleições de 2022?
A frase que foi pronunciada:
“Líderes são pessoas que criam as normas pelas quais eles julgam a si mesmos e pelas quais estão dispostos a serem julgados.”
Haile Selassie
Gestão eficiente
Levantamento de Governança de Gestão Pública publicou o resultado de 2021 no Plenário do TCU. A estatal Correios disparou no índice de governança e capacidade em gestão orçamentária. Deixou para trás a Petrobras e BB. Foram muitas inovações que facilitaram a vida do cidadão. Além dos clientes o TCU também reconheceu.
História de Brasília
O melhor negócio, hoje, de Brasília, não é mais fornecer luz elétrica, para residências na Cidade Livre. É fundar um clube. A incorporação dá vinte por cento de comissão na venda dos títulos. Um clube vende cinquenta milhões de ações e rende para corretor? A bagatela de dez milhões. É por isto que há clube em Brasília a torto e a direito. (Publicada em 15/02/1962)