Recuo tático

Publicado em coluna Brasília-DF

Políticos enroscados na Lava-Jato que pretendiam conquistar um mandato eletivo para ter prerrogativa de foro começam a rever os planos. É que, com o novo entendimento do STF — de que o foro só vale para crimes cometidos no exercício do mandato e relacionados com a atividade parlamentar ou executiva —, muitos não veem mais vantagens em concorrer. É gastar dinheiro sem a certeza do sucesso e, de quebra, ficar exposto a ataques da oposição, prejudicando o grupo.

Muitos têm pensado seriamente em “mergulhar”, esquecer a campanha e trabalhar em silêncio ao longo do segundo semestre pelo julgamento rápido enquanto o processo ainda está no STF. Afinal, se Gleisi Hoffmann conseguiu ser absolvida em um processo, por que outros não podem ter a mesma sorte?

Bolsonaro torce por Lula
Entre os aliados do pré-candidato Jair Bolsonaro, do PSL, há quem diga que o melhor dos mundos é Lula conseguir a liberdade no próximo dia 26. Assim, o ex-capitão, que já é identificado como o anti-Lula, terá mais chances de manter a polarização. Sem Lula na grande área, as chances de Bolsonaro diminuem.

Chances remotas
Quem conhece o andar da carruagem no Supremo Tribunal Federal pondera que é melhor o PT não ter tantas esperanças de ver Lula solto na semana que vem. É que a tendência é de os ministros tratarem Lula como trataram José Dirceu. O ex-ministro teve um pedido de habeas corpus negado pela Segunda Turma. Dias Toffoli, por exemplo, considerou, no caso de Zé Dirceu, que a Segunda Turma não poderia ter um posicionamento diferente do pleno. E o plenário do STF não mudou o entendimento a respeito da prisão em segunda instância.

Calma, Gleisi, calma
A absolvição de Gleisi Hoffmann e de seu marido, Paulo Bernardo, do crime de corrupção passiva não será suficiente para lhe dar um ingresso de candidata a voos políticos mais altos. É que até o PT deseja ter segurança a respeito de outra investigação sobre o casal, aquela que envolve a empresa Consist, em que há suspeita de pagamento de despesas pessoais. Se o caso não tiver um desfecho antes da eleição — e não terá — a senadora não será a opção dos petistas, na hipótese de Lula não conseguir ser candidato.

Esquerda ou centro-direita?
O PDT prefere um viés de esquerda com o PSB. Se os socialistas fecharem logo o apoio a Ciro Gomes, esfriam ainda mais as conversas com o DEM, que hoje mais dividem do que unem o Democratas. Na semana que vem, passado o julgamento do habeas corpus de Lula, as conversas tendem a se acelerar.

Adelmir Santana candidato a presidente/ Sim, o ex-senador Adelmir Santana (foto) vai concorrer à Presidência. Da Confederação Nacional do Comércio. Fará dobradinha com o deputado Laércio Oliveira (PP-SE), que deve assumir a vaga de primeiro vice na chapa de Santana. O ex-senador apresentou um plano de renovação com cinco eixos e 41 metas para a Confederação. Vai disputar contra José Roberto Tadros, do Amazonas. O atual presidente da entidade, Antônio Oliveira Santos, 91, comanda a CNC há 37 anos.

Depois daquele jantar…/ O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que jantou com o pré-candidato a presidente da República pelo PDT, Ciro Gomes, lembrou a muitos o jeitão do pedetista, na sessão de ontem da Casa. Não usou palavras de baixo calão, mas a rispidez imperou. Por várias vezes reclamou de deputados. “Para de gritar! Eu vou lhe dar a palavra daqui a pouco, tenha paciência!”

Adoça aí/ O humor de Rodrigo já não ia muito bem na véspera. Ele presidia a sessão quando o primeiro vice-presidente, Fábio Ramalho (MDB-MG), aproximou-se e lhe deu de presente um queijo artesanal da Serra da Canastra! Hummmm… Rodrigo colocou o queijo sobre a mesa, fez cara de desentendido. Soltou rapidamente um “obrigado”. Estava concentrado na sessão, ávido por mostrar que a Casa está trabalhando durante a Copa.

É hoje/ A turma formada pelo movimento RenovaBR, do empresário paulista Eduardo Mufarej, estará hoje no auditório do Correio. A ideia do movimento é dar um selo de qualidade a esse grupo de pré-candidatos a deputado federal, com vistas a mudanças no sistema político. Diante de uma legislação eleitoral que tende a favorecer os antigos, o desafio é grande e válido. Falta combinar com o eleitor.