Duas certezas

Publicado em coluna Brasília-DF

As pesquisas divulgadas nessa semana não farão com que os partidos corram esbaforidos em busca de alianças. A ordem agora, passada a prisão de Lula e o prazo de filiações partidárias, é cada um continuar no seu quadrado, tentando aumentar o cacife para uma negociação mais vantajosa quando chegar a hora. Até o Solidariedade, que estava sem candidato a presidente, lança amanhã o nome de Aldo Rebelo no rol dos presidenciáveis para ver o que acontece mais à frente.

Até aqui, duas certezas nessa pré-campanha: 1) Lula não será candidato, apesar de o PT ainda o colocar como o seu plano para outubro. 2) A esquerda não se unirá em torno de um único nome. “Chance zero de Marina ser vice de Joaquim Barbosa ou de estarmos aliados ao PT”, diz Pedro Ivo, porta-voz nacional da Rede de Marina Silva. Ela será candidata independentemente de pesquisa, de Lula e de quem mais chegar. Os partidos de centro, entretanto, tendem a ser mais pragmáticos. Porém, vão esperar mais um pouco. Sabe como é, em tempo de investigações, cautela e caldo de galinha são os ingredientes da hora. Antes do dia dos namorados, ninguém vai propor casamento.

Olho neles
A prisão de vários personagens na “Encilhamento”, que investiga fraudes no regime próprio de previdência dos municípios, colocou muita gente em Brasília sob alerta. É que, entre os investigadores, há quem esteja convicto de que era nessa seara que os sobreviventes do petróleo continuaram seus negócios. Não por acaso, estava no rolo Meire Poza, que trabalhava com Alberto Youssef.

Com ou sem P…
… MDB não vai. Quem acompanha com uma lupa os partidos de centro para saber com quem seguir a partir de julho descarta de pronto uma aliança com o MDB. Nada contra o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles. O problema é que ninguém quer ficar explicando os milhões de Geddel Vieira Lima. A avaliação geral é a de que o fato de o MDB não ter expulsado Geddel é sinal de que tem muita coisa para a sigla colocar sob o tapete.

Apostas no escuro
O centro da política hoje está dividido entre Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o ex-governador Geraldo Alckmin. Se a intervenção no Rio não servir de rampa para a decolagem de Maia, vai sobrar Alckmin nesse campo. Há quem, desde já, preveja inclusive um segundo turno entre Ciro Gomes e Geraldo Alckmin.

Cabral virou Geni
Até Marcinho VP, considerado o chefe do Comando Vermelho, chama Sérgio Cabral de traidor: “O maior Judas que eu já conheci. O maior facínora”, disse ele em entrevista ao jornalista Domingos Meirelles, direto da prisão de Catanduvas. De facínora, Marcinho VP entende.

Salvos pela guerra
Os ataques dos Estados Unidos à Síria serviram de escudo para que políticos brasileiros, em especial o presidente Michel Temer, evitassem falar das mazelas domésticas na Cúpula das Américas, em Lima.

Sonho de Gleisi/ Muita gente estranha o comportamento da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, quando se fala em candidato alternativo. Há quem jure que ela deseja ser a candidata, caso Lula não possa concorrer. Ocorre que ela tem problemas semelhantes aos do ex-presidente, ou seja, tem o que explicar à Justiça.

Pesadelo de Temer/ Ninguém no quadro partidário dá hoje um vintém pela candidatura do presidente Michel Temer a mais um mandato. Nem a maioria do MDB, que hoje cuida mais da própria vida do que de qualquer campanha presidencial.

Data marcada/ A Confederação Nacional da Indústria (CNI) já marcou o tradicional encontro dos presidenciáveis com os pesos-pesados do PIB nacional para 4 de julho. Só tem um detalhe: não sabe ainda quem chamará. Comentário da coluna: pode esperar, pelo menos, mais um ou dois meses para expedir os convites.

Programa novo/ O cientista político Lucas de Aragão virou entrevistador. Ele estreia nesta segunda-feira um programa no site da revista GQ, com a presença do ex-ministro Henrique Meirelles.