Deborah Fortuna e Marcos Amorozo*
O candidato à Presidência da República pelo PSL, Jair Bolsonaro, usou as redes sociais, nesta quinta-feira, para rebater uma fala do candidato à vice em sua chapa, o general da reserva Hamilton Mourão (PRTB), sobre o 13º salário. Como noticiou este blog, Mourão defendeu, durante palestra no Rio Grande do Sul, uma reforma trabalhista e questionou o 13º salário, que classificou como um dos absurdos da legislação brasileira.
Após repercussão negativa, Bolsonaro publicou em sua conta uma defesa do 13º salário. Sem citar Mourão, afirmou: “O 13º salário do trabalhador está previsto no Art. 7º da Constituição, em capítulo das cláusulas pétreas (não passível de ser suprimido sequer por proposta de emenda à Constituição). Criticá-lo, além de uma ofensa a quem trabalha, confessa desconhecer a Constituição”. Na avaliação de especialistas em Constituição ouvidos pelo Correio, Bolsonaro está certo ao fazer tal afirmação.
Não é a primeira vez que o capitão da reserva contraria seus companheiros de campanha. Na semana passada, o guru econômico de Bolsonaro, Paulo Guedes, havia proposto o retorno da extinta Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Por meio do Twitter, também, Bolsonaro descartou a volta do tributo e postou uma foto com o economista para amenizar especulações de divergências na campanha.
Reação de adversários
A fala de Mourão gerou reações de outros candidatos à Presidência. Geraldo Alckmin (PSDB) criticou a postura e as atitudes da família do candidato. “A campanha de Bolsonaro é lamentável. O filho, vereador pelo RJ, passa o dia me atacando com mentiras. Ontem, imitando o pai, fez apologia à tortura. O vice, depois de ofender indígenas, negros e mulheres, ataca agora o 13º e as férias dos trabalhadores. E querem a volta da CPMF”, escreveu.
O presidenciável Guilherme Boulos (PSol) também criticou a posição de Mourão. “Vice de Bolsonaro disse que é contra o pagamento de férias e 13° salário que seriam “mochilas nas costas” dos empresários. O projeto de Brasil de Mourão é o dos direitos políticos durante a ditadura militar com os direitos trabalhistas de antes da abolição da escravidão”, afirmou.
* Estagiário sob supervisão de Humberto Rezende