Dicas para distinguir narração, descrição e dissertação

Publicado em português

No Enem, você vai escrever uma dissertação. Para ir direto ao ponto, é bom distinguir os tipos textuais. São três — narração, descrição e dissertação. Cada um deles tem um verbo e responde a uma pergunta:

Narração

Pergunta: o que houve?

Verbo: contar

Exemplo: narração de Eduardo Galeano

Certa manhã, ganhamos de presente um coelhinho das Índias. Chegou em casa numa gaiola. Ao meio-dia, abri a porta da gaiola. Voltei pra casa ao anoitecer e o encontrei tal qual o havia deixado: gaiola adentro, grudado nas barras, tremendo por causa do susto da liberdade.

O que aconteceu? Galeano conta a história do coelhinho que tinha medo da liberdade.

Usa verbos de ação: ganhar, chegar, abrir, voltar, encontrar, deixar, tremer.

Descrição

Pergunta: Como ele é? Como ela é?

Verbo: mostrar

Exemplo: descrição de Clarice Lispector

Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer pessoa devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.

Como ela é? Clarice mostra a garota para nós — gorda, baixa, sardenta, peituda. Faz uma fotografia com palavras.

Dissertação

Pergunta: como convencer?

Verbo: provar, demonstrar. Provar o quê? Um ponto de vista.

Exemplo: editorial que apresenta argumentos para provar que temos de acabar com a cultura do desperdício.

Como acabar com a cultura do desperdício? Ela tem de ser desmontada por dentro. É preciso que os brasileiros não joguem fora restos de comida aproveitáveis nem deixem as lâmpadas acesas quando saem de um aposento. É preciso que os livros escolares sejam aproveitados pelos irmãos menores. É preciso não destruir os bens públicos. É preciso, enfim, martelar insistentemente na necessidade de poupar.

Como convencer o leitor da necessidade de acabar com a cultura do desperdício? O autor apresenta argumentos inspirados no dia a dia: restos de comida, lâmpadas acesas, livros escolares, bens públicos, poupança.