Quem aguenta? Os combustíveis dão um susto atrás do outro. Num dia e noutro também, encher o tanque exige mais e mais notas do nosso desvalorizado dinheirinho. Mas a dor não se restringe ao bolso. Afeta também os ouvidos. Repórteres de tevês abertas e fechadas, de rádios AM e FM, de jornalões e jornalinhos anunciam que “o preço da gasolina está mais caro”. Uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! É otite na certa.
Caro e barato
Preço caro? Nem pensar. É redundância. Caro e barato encerram a ideia de preço. Produtos e serviços são caros ou baratos. Preço é alto, baixo, elevado. A moçada mereceria banda de música e tapete vermelho se tivesse dado a informação assim: O preço da gasolina está mais alto. Também poderia ser assim: A gasolina está mais cara.
Times diferentes
Caro e barato jogam em dois times. Podem ser adjetivos ou advérbios. Como lidar com eles?
1. Se pertencerem à classe dos advérbios, mantêm-se invariáveis — sem feminino e sem plural. No caso, a oração se constrói com os verbos custar, pagar ou similares e o complemento do verbo pode ser substituído pelos advérbios pouco ou menos: Nos Emirados Árabes, a gasolina custa barato (pouco). Paguei caro (pouco) pelo litro da gasolina. Em Natal, as lagostas custam mais barato (menos) que em Campina Grande.
2. Se forem adjetivos, variam em gênero e número. No caso, a frase será construída com verbo de ligação (ser, estar, ficar, permanecer, continuar, andar): Com a elevação do preço do petróleo no mercado internacional, a gasolina ficou mais cara. Graças à safra generosa, a cesta básica está mais barata. Produtos de primeira necessidade deveriam ser mais baratos. Como as verduras estão caras!