Cacófato: uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!

Publicado em português

A mocinha de família foi ao ensaio de uma escola de samba. Chegando lá, um folião suado, banguela, vestido com a camisa de time popular pediu pra dançar com ela. Pra não ser preconceituosa, a jovem aceitou. Mas o cara transpirava tanto que a coitada chegou ao limite. Afastou-se e disse:

— Você sua, hem?

Ele a puxou, lascou-lhe um beijo e respondeu:

— Beleza, gata…. excrusive vô sê seu tamém! É nóis!

É isso. De vez em quando, ocorrem encontros indesejados. Na língua também. O fim de uma palavra se junta com o começo de outra. Cria-se, então, uma penetra:

Pagou R$ 10 por cada peça.

Lá tinha muitos amigos.

Deu uma mãozinha à vizinha.

Maria diz que nunca ganha nada na loteria.

Os fatos calaram a boca dela.

Acredite. Os cacófatos, indelicados e espaçosos, não passam despercebidos. Como pô-los fora da frase? A leitura em voz alta os denuncia. As possibilidades da língua os expulsam:

Pagou R$ 10 por peça.

Tinha muitos amigos lá.

Deu ajuda à vizinha.

Maria diz que jamais ganha nada na loteria.

Os fatos lhe calaram a boca.