Adjetivo — nota 10 e nota zero

Publicado em português

O adjetivo não deixa alternativa. Dá vida ou mata. Para animar, deve revelar virtudes capazes de especificar melhor o substantivo e restringir-lhe a abrangência. Em outras palavras: precisa acrescentar precisão e economia à frase. Nunca enfeitar o enunciado.

Existem dois tipos de adjetivos. Um: o denotativo, que particulariza o objeto. Não emite opinião, informa. É bem-vindo (mesa redonda, parede branca, homem negro, cabelo loiro). O outro: o subjetivo ou afetivo. Limita-se a registrar o julgamento de quem escreve (cor repousante, mulher bonita, pessoa desagradável). Usá-lo pressupõe que o leitor esteja pedindo a opinião do repórter. É pretensioso.

Nesse time figuram os adjetivos-ônibus — termos vazios e inexpressivos porque se aplicam a qualquer substantivo: maravilhoso, formidável, fantástico, lindo, bonito. Fuja deles.

Certos adjetivos associados a determinados substantivos formam chavões pela insistência do uso. É fácil romper o casamento:

ascensão meteórica (em que consiste?), lucros fabulosos (valor aproximado?), inflação galopante (índice?), monstruoso congestionamento (quantos carros?), prejuízos incalculáveis

(valor aproximado?), vitória esmagadora (número de votos? Percentagem?)